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Festas e Rodeios

Céu surpreende ao cantar músicas alheias com reverência no álbum ‘Um gosto de sol’

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Sem inventar moda, artista dá tratamento delicado a samba de Ismael Silva, canção do grupo Beastie Boys e sucesso mundial do brasileiro Morris Albert, entre outras composições. Capa do álbum ‘Um gosto de sol’, de Céu
Cássia Tabatini
Resenha de álbum
Título: Um gosto de sol
Artista: Céu
Edição: Urban Jungle / Warner Music
Cotação: * * * 1/2
♪ Há duas formas de avaliar o primeiro álbum de Céu como intérprete de músicas alheias, Um gosto de sol, lançado nesta sexta-feira, 12 de novembro, com dois interlúdios entre as 14 faixas.
Injusta, a primeira é buscar o confronto das 12 interpretações da cantora com os registros originais ou mais emblemáticos das músicas abordadas pela artista paulistana com produção musical orquestrada pelo baterista Pupillo Oliveira com os músicos Andreas Kisser (no violão de sete cordas, e não na guitarra que lhe fama mundial no grupo Sepultura), Hervé Salters (teclados), Lucas Martins (baixo) e Jota Moraes (vibrafone).
Mais sensata, a segunda forma é perceber o álbum Um gosto de sol como um inventário afetivo de Céu, uma playlist particular – ora tornada pública – dessa artista que, através da obra autoral como compositora, soube delinear assinatura pessoal na música brasileira do século XXI.
Céu fala ao g1 sobre o álbum Um gosto de sol: “Tive vontade de recorrer aos meus ídolos”
Em disco entrecortado por interlúdios como o inédito tema autoral Salobra (Céu, 2021) e a já clássica peça Sons de carrilhões (João Pernambuco, 1926), ambos formatados com beats e programações do DJ Nyack, a intérprete canta as músicas dos outros com a própria identidade e, na maior parte das vezes, com alta e inesperada dose de reverência – como sinalizara em 15 de outubro o single com a gravação de Chega mais (Rita Lee e Roberto de Carvalho, 1979), feita com arranjo evocativo do registro original deste pop-disco-rock apresentado por Rita Lee na era dos dancin’ days.
Da seleção do repertório, feita por Céu com o auxílio de Marcus Preto, Chega mais é o título mais óbvio pelo fato de a música sempre ter agitado as pistas da pauliceia desvairada antes da pandemia.
Céu canta samba de Antonio Carlos & Jocafi no álbum ‘Um gosto de sol’
Érico Toscano / Divulgação
Surpresa é o disco abrir com o belo samba Ao romper da aurora, joia rara da lavra seminal do bamba Ismael Silva (1905 – 1978) com Lamartine Babo (1904 – 1963) e com Francisco Alves (1898 – 1952).
Em gravação introduzida pelas sete cordas do violão de Andreas Kisser, Ao romper da aurora ilumina de cara o álbum com Céu seguindo respeitosa a cadência e a melodia desse samba lançado em 1932 na voz macia de Mário Reis (1907 – 1981) e gravado por Ismael Silva em 1957.
A propósito, o samba é ritmo dominante no álbum Um gosto de sol. Outra boa surpresa da seleção, Teimosa (1973) é pérola do baú manemolente de Antonio Carlos & Jocafi. Entusiasta da obra dessa dupla baiana que conquistou o Brasil nos anos 1970, o conterrâneo Russo Passapusso faz os vocais que valorizam a gravação.
Já o rapper Emicida imprime fraseado soul na parte que lhe cabe cantar no registro de Deixa acontecer (Carlos Caetano e Alex Freitas, 2001), samba lançado há 20 anos pelo Grupo Revelação na era do pagode de cepa mais pop e romântica.
Pontuada pelo toque do vibrafone de Jota Moraes, a abordagem do sambaião Bim bom (João Gilberto, 1958) – lado B do single com o qual João Gilberto (1931 – 2009) fez a revolução – se revela sedutora e reitera a inteligência de Céu como intérprete.
Samba-canção do repertório de Alcione com o qual Céu anunciou o disco ao participar de live de Teresa Cristina em março deste ano de 2021, Pode esperar (Roberto Corrêa e Sylvio Son, 1978) tem letra que pede a opulência vocal de cantoras como a própria Alcione.
Céu canta ‘Bim bom’, uma das poucas composições de João Gilberto
Cássia Tabatini / Divulgação
Certamente ciente de que a trilha que lhe é mais indicada é a da delicadeza vocal, Céu trata bem a canção I don’t know (Adam Horovitz, Adam Yauch e Michael Diamond, 1998), música lançada pelo grupo norte-americano Beastie Boys no álbum Hello nasty (1998).
Céu segue o caminho do folk em gravação pavimentada pelo violão de Andreas Kisser e pelos vocais harmoniosos do baixista Lucas Martins, sendo salpicada ao fim por efeitos extraídos dos teclados de Hervé Salters.
Sempre no tempo da delicadeza, Céu revive Feelings (1974) – canção que catapultou Morris Albert à fama mundial em carreira embaçada por acusações de a composição ser plágio de Pour toi (1956), música do francês Louis Gasté (1908 – 1995) – com sutis intervenções do vibrafone de Jota Moraes e com a reverência recorrente em disco que Céu parece ter se recusado a inventar moda.
Essa reverência também salta aos ouvidos no registro da música-título Um gosto de sol (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, 1972). Fica nítida no arranjo e no canto a devoção ao universo de Milton Nascimento.
E aí cabe ao ouvinte escolher a já mencionada alternativa para encarar o disco: ouvir Céu cantar Um gosto de sol como se quisesse escutar a voz divina de Milton Nascimento. Ou se deixar levar pelo registro de Céu, intérprete respeitosa do sentido e das intenções dessa música apresentada no antológico álbum Clube da Esquina (1972).
Sim, do ponto de vista do alcance vocal, Céu está longe de ser uma grande intérprete de temas alheios, mas a artista entendeu perfeitamente o que quiseram dizer Fiona Apple e Sade quando se decidiu a cantar Criminal (Fiona Apple, 1997) e Paradise (Sade, Andrew Hale, Stuart Matthewman e Paul Denman, 1998), respectivamente.
É por isso que, seja dando voz a um pagode do Grupo Revelação ou a uma canção de Jimi Hendrix (1942 – 1970), de quem regrava May this be love (1967), Céu faz com que tudo pareça ter sentido e propósito no álbum Um gosto de sol para quem se desvia de comparações com abordagens anteriores de músicas já enraizadas na memória afetiva do universo pop.
Contracapa do álbum ‘Um gosto de sol’, de Céu
Cássia Tabatini / Divulgação

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Caça a brindes no Rock in Rio vira trend no TikTok com planilhas e listas de dicas; veja prêmios

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Thay Martins, uma usuária da rede social, viralizou ao montar uma planilha detalhada sobre os brindes, os patrocinadores e como conseguir cada um deles. Público do Rock in Rio conta como conseguir brindes dos patrocinadores
Reprodução TikTok
Quem visita a Cidade do Rock, como é chamado o espaço onde acontecem as apresentações do Rock in Rio, não curte apenas grandes shows. Para além das atrações musicais e dos brinquedos, como a roda-gigante e a tirolesa, o público também se diverte procurando os brindes dos patrocinadores do evento.
O interesse é tanto que a caça aos brindes virou até trend no TikTok, com pessoas dando dicas de como conseguir os prêmios.
Thay Martins, uma usuária da rede social, viralizou ao montar uma planilha detalhada sobre os brindes, os patrocinadores e como conseguir cada um deles. No vídeo, que já acumula milhares de visualizações, ela conta que a planilha foi feita antes mesmo de ir ao evento (o ingresso dela é para o domingo (22), que tem Shawn Mendes como atração principal).
“Eu já me antecipei e fiz uma planilha toda detalhadinha com as informações que eu consegui coletar dos brindes que estão sendo distribuídos no Rock in Rio 2024”, diz ela no vídeo.
Protetor solar e glitter em gel, por exemplo, estavam sendo distribuídos por uma marca de produtos de beleza no gramado. Mas a ação ia além: quem participasse da ativação de apertar um botão poderia ganhar até acesso à área vip do festival.
Ed Sheeran canta ‘Shape of You’ no Rock in Rio
Outro patrocinador ofereceu como brinde um copo do evento com um QR code. Sortudos que pegassem o item premiado ganhavam acesso ao backstage ou passe rápido para os brinquedos (direito a “furar” a fila).
Dicas como as compiladas por Thay podem ser encontradas em diversos vídeos da trend. Julia Saraiva, outra usuária do TikTok, contou como ganhou um casaco corta-vento em tons de verde de uma marca de chiclete.
Ela disse que entrou em uma sala e precisou responder a uma pergunta — qual o show mais curto do Rock in Rio. Sem saber a resposta, o acerto aconteceu no chute (uma apresentação de seis minutos). Segundo ela, esse foi o prêmio mais legal do Rock in Rio
Em outro vídeo, Julia mostra “tudo que ganhou” em um dia de Rock in Rio. É possível ver viseiras, copos, escova de dentes, enxaguante bucal, pochete, porta celular à prova d’água, batom, creme de mãos, leque, ventilador portátil e até uma almofada para pescoço (que ainda a fez concorrer a uma viagem internacional).

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Ivete Sangalo voa sobre a plateia, beija Liniker e maceta resistência roqueira pela 19ª vez no Rock in Rio

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Artista mais recorrente do festival, cantora enfileirou hits de carnaval e apresentou música inéditas Ivete Sangalo voa sob plateia do Palco Mundo no Rock in Rio
Ivete Sangalo abriu o dia das divas pop no Rock in Rio, nesta sexta-feira (20), mostrando por que, há 30 anos, é a maior diva pop do Brasil. Em um show com surpresas, ela voou sobre a plateia presa a cordas e beijou a cantora Liniker ao apresentar uma música inédita.
O festival será transmitido todos os dias, a partir das 15h15, no Globoplay e no Multishow.
Foi a 19ª participação de Ivete no festival, considerando edições do Brasil, Portugal, Espanha e Estados Unidos. Ao longo das participações, baiana já levou tombo, anunciou o sexo de suas filhas gêmeas no palco e fez um dueto com Shakira durante a performance da colombiana no Rock in Rio de 2011.
Ivete Sangalo interage com plateia durante show no Rock in Rio
“Sabe por que eu estou nesse palco há 19 anos e vou estar sempre que eu quiser?”, questionou antes de fazer o público explodir num “ôôô” no refrão de “Tempo de Alegria”, música de 2014.
É uma alfinetada aos que sempre resistiram à sua recorrente participação no festival. Em 2011, quando Ivete foi escalada para o Rock in Rio pela primeira vez, a escolha foi recebida com insatisfação por uma parcela roqueira mais conservadora do público: na época, muitos disseram que o evento deveria ser rebatizado como “Axé in Rio” e alguns guardam essa mágoa até hoje.
A cada show, no entanto, Ivete maceta a rejeição com a experiência e a energia de quem está acostumada a orquestrar uma multidão de cima de um trio elétrico por horas a fio. “Macetando”, hit absoluto do carnaval de 2024, teve milhares de pessoas na plateia reproduzindo a coreografia viral.
Mas o momento de maior êxtase veio com “Eva”, música de Umberto Tozzi regravada pela Banda Eva em 1997, numa versão que se tornou clássica. Depois de um breve sumiço, Ivete reapareceu suspensa por uma estrutura de cordas sobre o público. “Quero ficar mais perto de vocês”, disse, flutuando por todos os cantos da plateia.
Foi um truque repetido do show que comemorou seus 30 anos de carreira, no Maracanã, em dezembro de 2023. Mas o público do Rock in Rio se emocionou como se fosse a primeira vez. E Ivete também. No alto, ela chorou. Já em terra firme, celebrou: “Que experiência maravilhosa!”.

Ivete Sangalo abre Palco Mundo, nesta sexta-feira (20), no Rock in Rio
Stephanie Rodrigues/g1

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Rock in Rio 2024: veja fotos de famosos no 5º dia do festival

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Pabllo Vittar, Vivi Wanderley e Viviane Araújo são alguns dos famosos que foram curtir a sexta-feira (20) na cidade do rock. Viviane Araújo no quinto dia de Rock in Rio
Claudio Andrade /Agnews
A influencer Vivi Wanderley no quinto dia de Rock in Rio
Victor Chapetta / Agnews
Pabllo Vittar no quinto dia de Rock in Rio
Rogério Fidalgo Agnews

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