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Festas e Rodeios

Teresa Cristina mostra que aprendeu as lições de Maria Bethânia em show com o lado quente do ser feminino

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Descalça em cena, com os cabelos naturais, a cantora se deleita na casa Vivo Rio ao dar voz às delícias e dores do amor e do sexo em repertório extraído da discografia da intérprete baiana. Teresa Cristina no show ‘Teresinha – As canções que Bethânia me ensinou’ na casa Vivo Rio
Ricardo Nunes / Divulgação Vivo Rio
Resenha de show
Título: Teresinha – As canções que Bethânia me ensinou
Artista: Teresa Cristina
Local: Vivo Rio (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 20 de abril de 2023
Cotação: ★ ★ ★ ★ ½
♪ “Boa noite, senhores”, gracejou Teresa Cristina, se dirigindo ao público da casa Vivo Rio com a saudação típica de Maria Bethânia. O gracejo foi feito após Teresa ter entrado no palco de forma teatral para cantar Teresinha (Chico Buarque, 1977), música-título do show em que a cantora carioca faz, como ela mesma disse no palco, “declaração de amor” a Bethânia.
Mesmo sendo “show de fã”, como caracterizou a artista nas emocionadas falas confessionais do segundo ato, Teresinha – As canções que Bethânia me ensinou se impõe como um dos ápices da trajetória artística iniciada por Teresa Cristina há 25 anos no circuito de bares do bairro carioca da Lapa.
Sim, segundo ato! Seguindo a fórmula de Bethânia, Teresa apresentou show com dois atos, dois figurinos e duas horas com direito a um interlúdio em que a banda tocou Sem fantasia (Chico Buarque, 1968) e Drama (Caetano Veloso, 1972) antes de a cantora voltar ao palco a tempo de arrematar a interpretação dessa canção que batizou álbum lançado por Bethânia em 1972.
Em cena, solta como se não via desde o show Melhor assim (2010) e pela primeira vez com o belo cabelo natural (visto sem trança ou alisamento), Teresa Cristina mostrou que aprendeu não somente as canções, mas também as lições de Bethânia, entidade baiana que baixa no palco como estivesse em um terreiro.
Mesmo sem ter a voz e a magia únicas de Bethânia, Teresa também fez do palco do Vivo Rio o terreiro da artista em show que evidenciou o lado quente do ser feminino.
A propósito, a canção O lado quente do ser (Marina Lima e Antonio Cicero, 1980), revivida no bis, foi uma das boas surpresas do roteiro baseado na memória afetiva da artista, que contou em cena que, aos seis anos, pegou a anágua da mãe e foi para a frente do espelho cantar Foi assim (Lupicínio Rodrigues, 1952), música que ouviu com Bethânia no disco ao vivo de 1975 que perpetua números do show da intérprete com Chico Buarque.
E por falar no cancioneiro amargurado de Lupicínio Rodrigues (1914 – 1974), Teresa ficou com as mãos sujas do sangue da canção Loucura (1973) ao arrebatar o público com a interpretação dessa música gravada por Bethânia no álbum Mel (1979), título referencial na memória afetiva de Teresa, assim como o disco anterior da cantora baiana, Álibi (1978), ambos com repertórios dominantes no roteiro ao lado do álbum Âmbar (1996).
Teresa Cristina arrebata ao cantar ”Loucura’ no show ‘Teresinha – As canções que Bethânia me ensinou’
Ricardo Nunes / Divulgação Vivo Rio
A estreia transcorreu sedutora e fluente, ainda que a longa fala de Teresa ao fim do segundo ato – justificada pela emoção da artista, que bancou o show do próprio bolso – tenha quebrado momentaneamente essa fluência.
Orquestrado com banda formada por oito músicos, entre eles Alexandre Caldi (nos sopros) e Samara Líbano (no violão de sete cordas), o show transitou entre o bolero, o samba-canção e o samba de forte acento afro-brasileiro, embasado pelas percussões de Leonardo Reis e Paulinho Dias. Cabe lembrar que a magia das religiões de matriz afro-brasileira é ponto de contato entre as discografias de Bethânia e Teresa, que já gravou Gema (Caetano Veloso, 1980) no álbum Delicada (2007).
Teresa foi crescendo ao longo do show e terminou gloriosa, com a voz de uma pessoa vitoriosa. Se ainda falta burilar as interpretações de Como vai você? (Antonio Marcos e Mário Marcos, 1972) –única música do roteiro dissociada da voz de Bethânia, embora a intérprete a tenha cantado no show Drama – 3º ato (1973) – e Esse cara (Caetano Veloso, 1972), música que pede mais sensualidade na interpretação, Carcará (João do Vale e José Cândido, 1965) voou alto em número de voz e pandeiro, tocado pela própria Teresa.
Antes de Carcará, Teresa se deliciou ao entrar na roda de Reconvexo (Caetano Veloso, 1989). Mais tarde, a cantora se lambuzaria feliz com Mel (Caetano Veloso e Waly Salomão, 1979) em número de puro deleite para a artista e o público.
Já Motriz (Caetano Veloso, 1983) foi levada no trilho da emoção com que Teresa cantou essa música tão enraizada na vivência pessoal de Bethânia e Caetano na infância em Santo Amaro da Purificação (BA).
Detalhe dos pés descalços de Teresa Cristina no palco da casa Vivo Rio no show ‘Teresinha – As canções que Bethânia me ensinou’
Ricardo Nunes / Divulgação Vivo Rio
Já senhora da cena, Teresa Cristina fez Ronda (Paulo Vanzolini, 1952) com propriedade, celebrou a comunhão carnal e afetiva de Amando sobre os jornais (Chico Buarque, 1979) e afirmou a força do samba-canção Negue (Adelino Moreira e Enzo Almeida Passos, 1960) com arranjo evocativo da passionalidade do tango.
Estava tudo aceso, tudo ardendo na cantora, como Teresa enfatizou ao iluminar Âmbar (Adriana Calcanhotto, 1996), ao saborear a virada do jogo afetivo em Olhos nos olhos (Chico Buarque, 1976) e as delícias do sexo em Cheiro de amor (Jota Moraes, Duda Mendonça, Paulo Sergio Vale e Ribeiro, 1979) e no samba Infinito desejo (Gonzaguinha, 1979), estas duas últimas pérolas extraídas do repertório do já mencionado álbum Mel.
Foi como se Teresa Cristina – iluminada como o samba homônimo de Jorge Portugal e Roberto Mendes gravado por Bethânia no álbum Âmbar (1996) – tivesse personificado em todo o show o ser extasiado de amor que Chico César perfilou com genialidade na letra da canção Estado de poesia (2012).
Brincando (com seriedade) de viver no palco o amor por Maria Bethânia, voz do lado mais quente do ser que ninguém vai superar, Teresa Cristina irradiou luz própria sem jamais imitar a mestra.
Teresa Cristina com o vestido vermelho usado no segundo ato do show ‘Teresinha – As canções que Bethânia me ensinou’
Ricardo Nunes / Divulgação Vivo Rio
♪ Eis o roteiro seguido por Teresa Cristina em 20 de abril de 2023 na estreia nacional do show Teresinha – As canções que Bethânia me ensinou na casa Vivo Rio, na cidade do Rio de Janeiro:
Ato I
1. Teresinha (Chico Buarque, 1977)
2. Imitação (Batatinha, 1977)
3. Foi assim (Lupicínio Rodrigues, 1952)
4. Como vai você? (Antonio Marcos e Mario Marcos, 1972)
5. Esse cara (Caetano Veloso, 1972)
6. Reconvexo (Caetano Veloso, 1989)
7. Carcará (João do Vale e José Cândido, 1965)
8. Coração ateu (Sueli Costa, 1975)
9. Dona da casa me dá licença / Pedrinha miudinha (temas tradicionais de domínio público)
10. Motriz (Caetano Veloso, 1983)
11. Queda d’água (Caetano Veloso, 1979)
12. Gema (Caetano Veloso, 1980)
13. Lua vermelha (Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown, 1996)
14. Loucura (Lupicínio Rodrigues, 1973)
15. Ronda (Paulo Vanzolini, 1953)
16. Amando sobre os jornais (Chico Buarque, 1979)
Interlúdio
17. Sem fantasia (Chico Buarque, 1968) – número instrumental
18. Drama (Caetano Veloso, 1972) – número instrumental com a voz de Teresa Cristina ao fim
Ato II
19. Diamante verdadeiro (Caetano Veloso, 1978)
20. Noite de uma verão de sonho (Nelson Motta e Xixa Motta, 1980)
21. Mel (Caetano Veloso e Waly Salomão, 1979)
22. Olhos nos olhos (Chico Buarque, 1976)
23. Explode coração (Gonzaguinha, 1978)
24. Cheiro de amor (Jota Moraes, Duda Mendonça, Paulo Sergio Vale e Ribeiro, 1979)
25. Negue (Adelino Moreira e Enzo Almeida Passos, 1960)
26. A voz de uma pessoa vitoriosa (Caetano Veloso e Waly Salomão, 1978)
27. Infinito desejo (Gonzaguinha, 1979)
28. Âmbar (Adriana Calcanhotto, 1996)
29. Iluminada (Roberto Mendes e Jorge Portugal, 1996)
30. Maria Bethânia, a menina dos olhos de Oyá (Alemão do Cavaco, Almyr, Cadu, Lacyr D Mangueira, Paulinho Bandolim e Renan Brandão, 2015)
Bis:
31. O lado quente do ser (Marina Lima e Antonio Cicero)
32. Estado de poesia (Chico César, 2012)
33. Brincar de viver (Guilherme Arantes e Jon Lucien, 1983)
Teresa Cristina canta descalça no show ‘Teresinha – As canções que Bethânia me ensinou’
Ricardo Nunes / Divulgação Vivo Rio

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Zizi Possi enfrenta ‘temporais’ de Ivan Lins e Vitor Martins em disco que traz também músicas de Gabriel Martins

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Fabiana Cozza, Leila Pinheiro e Rita Bennedito também integram o elenco feminino do EP ‘Elas cantam as águas’, previsto para ser lançado em 2025. ♫ NOTÍCIA
♪ Iniciada em 1974, a parceria de Ivan Lins com o letrista Vitor Martins se firmou ao longo das décadas de 1970 e 1980 nas vozes de cantoras como Elis Regina (1945 – 1982) e Simone, além de ter embasado a discografia essencial do próprio Ivan Lins.
Uma das pedras fundamentais da MPB ao longo destes 50 anos, a obra de Ivan com Vitor gera frutos. Previsto para 2025, o disco Elas cantam as águas reúne seis gravações inéditas.
Três são abordagens de músicas de Ivan Lins e Vitor Martins. As outras três músicas são de autoria do filho de Vitor, Gabriel Martins, cantor e compositor que debutou há sete anos no mercado fonográfico com a edição do álbum Mergulho (2017).
No EP Elas cantam as águas, Zizi Possi dá voz a uma música de Ivan e Vitor, Depois dos temporais, música que deu título ao álbum lançado por Ivan Lins em 1983 e que, além do autor, tinha ganhado registro somente do pianista Ricardo Bacelar no álbum Sebastiana (2018).
Fabiana Cozza mergulha em Choro das águas (Ivan Lins e Vitor Martins, 1977), canção que já teve gravações de cantoras como Alaíde Costa, Tatiana Parra e a própria Zizi Possi. Já Guarde nos olhos (Ivan Lins e Vitor Martins, 1978) é interpretada por Adriana Gennari.
Da lavra de Gabriel Martins, Chuvarada – parceria do compositor com Belex – cai no disco em gravação feita por Leila Pinheiro (voz e piano) com a participação de Jaques Morelenbaum no toque do violoncelo e com produção da própria Leila, que também assina com Morelenbaum o arranjo da faixa que será lançada em 11 de outubro como primeiro single do disco.
Já Rita Benneditto canta Plenitude (Gabriel Martins e Carlos Papel). Completa o EP a música Filha do Mar [Oh Iemanjá], composta somente por Gabriel Martins e com intérprete ainda em fase de confirmação.
Feito sob direção musical de Gabriel Martins em parceria com a pianista, arranjadora e pesquisadora Thais Nicodemo, o disco Elas cantam as águas chegará ao mercado em edição da gravadora Galeão, empresa derivada da Velas, companhia fonográfica independente aberta em 1991 por Ivan com Vitor Martins e o produtor Paulinho Albuquerque (1942 – 2006).

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Médico que ajudou a fornecer cetamina a Matthew Perry se declara culpado por morte do ator

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Conhecido por atuar em ‘Friends’, Matthew Perry morreu em outubro de 2023 por overdose. Mark Chaves é uma das cinco pessoas que enfrentam acusações federais pela morte do ator Matthew Perry
Mike Blake/Reuters
O médico Mark Chavez se declarou culpado por fornecer cetamina ao ator Matthew Perry, morto por overdose em outubro de 2023. O americano fez sua declaração nesta quarta-feira (2), no tribunal federal de Los Angeles (EUA), e se tornou a terceira pessoa a admitir culpa pela morte do ator, que ganhou fama ao interpretar Chandler em “Friends”.
Até a conclusão da sentença, Chavez está livre sob fiança. Ele concordou em entregar sua licença médica. Seu advogado, Matthew Binninger, havia dito em 30 de agosto que ele estava arrependido e tentava “fazer tudo para corrigir o erro”.
Além de Chavez, há dois envolvidos na morte de Perry: Kenneth Iwamasa, assistente do ator, e Erik Fleming, outro fornecedor de droga.
Perry foi encontrado morto em uma banheira de hidromassagem. Quem achou seu corpo foi Iwamasa, que morava com ele.
O assistente admitiu que várias vezes injetou cetamina no ator sem treinamento médico, inclusive no dia de sua morte. Já Fleming alegou ter comprado 50 frascos de cetamina e repassado para Iwamasa.
A Justiça americana ainda investiga mais duas pessoas: Salvador Plasencia, outro médico, e Sangha, suposta traficante conhecida como “Rainha da Cetamina”.
O ator Matthew Perry, morto aos 54 anos, em imagem de 2009
Matt Sayles, File/AP
Um ano antes de morrer, Perry havia lançado sua autobiografia: “Friends, Lovers and the Big Terrible Thing”.
“Existe um inferno”, escreveu Perry, no livro, que narra sua luta contra a dependência química durante os últimos anos de gravação de “Friends”. “Não deixe ninguém lhe dizer o contrário. Eu estive lá; isso existe; fim de discussão.”
O ator, que, na época do vício, passou pela clínica de reabilitação, havia dito que já se sentia melhor e queria que o livro ajudasse as pessoas.
Médio Mark Chavez e Matthew Perry.
Robyn Beck / AFP e Willy Sanjuan/Invision/AP

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Dinho fala de sertanejo no Rock in Rio e revela que Capital Incial fará turnê de 25 anos do ‘Acústico MTV’

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‘Meu instinto é dizer que eles têm o Rock in Rio deles, eles têm Barretos’, diz cantor. No g1 ouviu, ele revelou que banda sairá em turnê comemorativa a partir de março de 2025. Sertanejo no Rock in Rio? Dinho Ouro Preto opina
Dinho Ouro Preto, vocalista do Capital Inicial, opinou sobre a estreia do sertanejo no Rock in Rio. O cantor foi o entrevistado do g1 Ouviu, o podcast e videocast de música do g1, nesta quarta-feira (2).O Capital é uma das atrações que mais tocou no festival, com nove apresentações ao todo.
“Meu instinto é dizer que eles têm o Rock in Rio deles, eles têm Barretos. E ali eu via como a nossa Marques de Sapucaí. Era nossa vez, nossa turma. Mas me lembraram que o primeiro Rock in Rio também foi mais eclético”, ele opinou.
O cantor ainda afirmou ter sentido falta de ter visto mais shows de rock e de pop no festival. Para ele, uma solução poderia ser separar melhor os dias. Na edição deste ano, em setembro, astros da música sertaneja foram incluídos no Dia Brasil, com programação só brasileira. Num bloco de apresentações dedicada ao estilo, vão subir ao palco Ana Castela, Simone Mendes e Chitãozinho & Xororó.
Foram necessários 40 anos para o maior festival de música do Brasil se render ao gênero musical mais ouvido do país – enfrentando o grande tabu de uma ala roqueira mais conservadora.
Turnê dos 25 anos do Acústico MTV
Na entrevita ao g1, Dinho também revelou que o Capital Inicial sairá em turnê comemorativa para celebrar os 25 anos do álbum “Acústico MTV”.
O disco foi lançado em 2000 e colocou a banda em outro patamar, segundo ele. A turnê terá Kiko Zambianchi, que também tocou no acústico, e deve passar por 25 cidades brasileiras, a partir de março de 2025.
Dinho Ouro Preto dá entrevista ao g1 Ouviu
Fabio Tito/g1

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