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Festas e Rodeios

Gal Costa é a estrela-guia que brilha quase sem querer ao conduzir o público em show aquecido com canções dos anos 1980

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Com o tempero do samba-jazz, ‘Cravo e canela’ foi a novidade da estreia carioca de espetáculo que parte da obra de Milton Nascimento para conectar vários pontos da trajetória luminosa da cantora. Resenha de show
Título: As várias pontas de uma estrela
Artista: Gal Costa
Local: Vivo Rio (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 12 de novembro de 2021
Cotação: * * * * 1/2
♪ Desde que a voz de Gal Costa foi ouvida na casa Vivo Rio na noite de ontem, 12 de novembro, entoando a capella uns poucos versos de Ponta de areia (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1974) na estreia carioca do show As várias pontas de uma estrela, a cantora personificou a estrela-guia que, a partir da obra de Milton Nascimento, norteou em cena caminhos trilhados pela própria Gal desde 1964, ainda na cidade natal de Salvador (BA).
Uma estrela que brilhou quase sem querer, como ressaltaria liricamente – três números depois – ao dar voz a uma canção de Vitor Ramil que propagou há 40 anos no álbum Fantasia (1981).
No roteiro estruturado pelo diretor Marcus Preto, a delicada canção de Ramil – Estrela, estrela (1981) – iluminou caminho seguro que desembocaria, ao fim do show, em músicas lançadas por Gal nos anos 1980, década em que a artista atingiu picos de popularidade e vendas de discos.
Sim, no show As várias pontas de uma estrela, a artista alinha canções afáveis como Açaí (Djavan, 1981), Nada mais (Lately, Stevie Wonder, 1980, em versão em português de Ronaldo Bastos, 1984), Sorte (Celso Fonseca e Ronaldo Bastos, 1985), Lua de mel (Lulu Santos, 1984) – bolero sensual havaiano que inspirou o título do controvertido álbum de tom tecnopop, Lua de mel como o diabo gosta, lançado por Gal em 1987 – e Um dia de domingo (Michael Sullivan e Paulo Massadas, 1985).
Revivida na abertura do bis na estreia carioca do show, ocupando o lugar que nas duas apresentações paulistanas de As várias pontas de uma estrela foi de Lua de mel (deslocada para o meio do show), a melodiosa balada Um dia de domingo foi o pretexto para a cantora fazer breve discurso sobre a patrulha sofrida por ter gravado músicas da dupla Sullivan & Massadas nos anos 1980.
Gal Costa em cena na estreia carioca do show ‘As várias pontas de uma estrela’ na casa Vivo Rio
Ricardo Nunes / Divulgação Vivo Rio
A alta concentração de canções populares e românticas no terço final do show potencializou a energia (boa) da plateia que lotou a casa Vivo Rio. O coro do público deu o tom caloroso da apresentação em músicas como a citada Nada mais, número que representou pico de intensidade do canto da estrela.
A propósito, a apresentação transcorreu intensa. Havia uma força estranha no ar, talvez porque para cantora e público o show simbolizasse a retomada da vida neste momento de reabertura dos palcos.
“Eu tô achando tudo estranho ainda”, admitiu Gal após percorrer a luminosa Estrada do sol (Antonio Carlos Jobim e Dolores Duran, 1958), número que relacionou com o momento solar em que o Brasil vislumbra (nova?) normalidade.
A emenda de Estrada do sol com Solar (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1982) exemplificou a astúcia do diretor Marcus Preto ao ligar as várias pontas da estrela em roteiro que, na apresentação carioca, gerou ovação quando Gal voltou à seminal canção Baby (Caetano Veloso, 1968), música emblemática na trajetória dessa estrela tropicalista, presente nas três lives da cantora, mas ausente nos repertórios dos shows das duas turnês nacionais anteriores da artista.
Pode-se questionar a ausência no roteiro da música-título do show As várias pontas de uma estrela. Pode-se até lamentar o esquecimento de uma das mais belas canções de Milton Nascimento e Fernando Brant (1946 – 2015), Me faz bem (1987), composição sensual lançada pela própria Gal no mencionado álbum Lua de mel como o diabo gosta, nunca revisitada pela cantora e somente regravada uma única vez, em 2010, pelo próprio Milton.
Contudo, seria injusto deixar de ressaltar a total fluência do roteiro seguido por Gal já como entidade da música brasileira. “Deusa!”, corroborou, aos gritos, espectador mais desinibido assim que Gal, afiada, terminou de cantar Fé cega, faca amolada (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1974) na sequência da abertura do show.
Cabe lembrar que o link inicial dessa abertura, com Ponta de areia e Fé cega, faca amolada, reproduz a costura feita por Elis Regina (1945 – 1982) em julho de 1979 em apresentação no Montreux Jazz Festival eternizada postumamente em álbum ao vivo editado em 1982. Só que Elis prosseguia na costura com Maria, Maria (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1976), música com a qual Gal encerra o show em número que, na estreia carioca, resultou apoteótico.
Gal Costa em apresentação do show ‘As várias pontas de uma estrela’ em São Paulo
Manu Scarpa / Divulgação
Caracterizado em cena por Gal como “um show sobre a memória afetiva do Brasil”, As várias pontas da uma estrela tangencia musicalmente a ambiência de concerto, com arranjos mais sutis e eventualmente minimalistas, executados com os toques precisos do trio formado pelos músicos André Lima (teclados), Fábio Sá (baixo elétrico e acústico) e Victor Cabral (bateria e percussão).
Só que o clamor e coro popular – incentivados por Gal, ávida pela comunhão presencial com o público – exteriorizaram a maioria das emoções e das músicas. Inclusive Desafinado (Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça, 1959), samba cheio de bossa em que Gal se conectou com a introvertida Gracinha da juventude, devota de são João Gilberto (1931 – 2019).
As conexões com a trajetória da estrela, aliás, foram várias. Além de ter reacendido Hotel das estrelas (Jards Macalé e Duda Machado, 1970) com dissonâncias evocativas do Brasil amordaçado pela ditadura de 1964, em arranjo que evidenciou os vocais do baixista Fábio Sá, Gal celebrou o grande amor pelo filho ao dar voz à valsa-canção Gabriel (Beto Guedes e Ronaldo Bastos, 1978) – alocada antes de Mãe (Caetano Veloso, 1978), em outro link sagaz do roteiro – e expôs o elo permanente com Caetano Veloso em músicas como Minha voz, minha vida (Caetano Veloso, 1982) e o bolero Dom de iludir (Caetano Veloso, 1977).
E por falar em bolero, Nua ideia (Leila XII) (João Donato e Caetano Veloso, 1990) se revestiu do balanço caribenho típico da obra de João Donato enquanto Cravo e canela (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, 1971) – música acrescentada ao roteiro na estreia carioca – ganhou o tempero apimentado do afro-samba-jazz em momento luminoso de interação da cantora com o trio.
Heranças da última live da artista, Último blues (Chico Buarque, 1985) e A história de Lily Braun (Edu Lobo e Chico Buarque, 1983) evidenciaram a empatia de show que amarra várias pontas da carreira da estrela, com ênfase no repertório dos anos 1980.
Música ainda necessária no roteiro do Brasil de 2021, como enfatizou Gal no bis, o rock-samba Brasil (Cazuza, George Israel e Nilo Romero, 1988) arrematou apresentação catártica da estrela-guia, ponto cristalino na constelação da música brasileira desde os anos 1960.
Gal Costa incentiva o canto do público no show ‘As várias pontas de uma estrela’
Manu Scarpa / Divulgação
♪ Eis o roteiro seguido por Gal Costa em 12 de novembro de 2021 na estreia carioca do show As várias pontas de uma estrela na casa Vivo Rio, na cidade do Rio de Janeiro (RJ):
1. Ponta de areia (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1974) – citação /
2. Fé cega, faca amolada (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1974)
3. Hotel das estrelas (Jards Macalé e Duda Machado, 1970)
4. Estrela, estrela (Vitor Ramil, 1981)
5. Paula e Bebeto (Milton Nascimento e Caetano Veloso, 1975)
6. Quem perguntou por mim (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1985)
7. Minha voz, minha vida (Caetano Veloso, 1982)
8. Desafinado (Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça, 1959)
9. Estrada do sol (Antonio Carlos Jobim e Dolores Duran, 1958)
10. Solar (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1982)
11. Nua ideia (Leila XII) (João Donato e Caetano Veloso, 1990)
12. Dom de iludir (Caetano Veloso, 1977)
13. Último blues (Chico Buarque, 1985)
14. A história de Lily Braun (Edu Lobo e Chico Buarque, 1983)
15. Baby (Caetano Veloso, 1968)
16. Gabriel (Beto Guedes e Ronaldo Bastos, 1978)
17. Mãe (Caetano Veloso, 1978)
18. Cravo e canela (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, 1971)
19. Açaí (Djavan, 1981)
20. Lua de mel (Lulu Santos, 1984)
21. Sorte (Celso Fonseca e Ronaldo Bastos, 1985)
22. Nada mais (Lately, Stevie Wonder, 1980, em versão em português de Ronaldo Bastos, 1984)
23. Maria, Maria (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1976)
Bis:
24. Um dia de domingo (Michael Sullivan e Paulo Massadas, 1985)
25. Brasil (Cazuza, George Israel e Nilo Romero, 1988)

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Caça a brindes no Rock in Rio vira trend no TikTok com planilhas e listas de dicas; veja prêmios

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Thay Martins, uma usuária da rede social, viralizou ao montar uma planilha detalhada sobre os brindes, os patrocinadores e como conseguir cada um deles. Público do Rock in Rio conta como conseguir brindes dos patrocinadores
Reprodução TikTok
Quem visita a Cidade do Rock, como é chamado o espaço onde acontecem as apresentações do Rock in Rio, não curte apenas grandes shows. Para além das atrações musicais e dos brinquedos, como a roda-gigante e a tirolesa, o público também se diverte procurando os brindes dos patrocinadores do evento.
O interesse é tanto que a caça aos brindes virou até trend no TikTok, com pessoas dando dicas de como conseguir os prêmios.
Thay Martins, uma usuária da rede social, viralizou ao montar uma planilha detalhada sobre os brindes, os patrocinadores e como conseguir cada um deles. No vídeo, que já acumula milhares de visualizações, ela conta que a planilha foi feita antes mesmo de ir ao evento (o ingresso dela é para o domingo (22), que tem Shawn Mendes como atração principal).
“Eu já me antecipei e fiz uma planilha toda detalhadinha com as informações que eu consegui coletar dos brindes que estão sendo distribuídos no Rock in Rio 2024”, diz ela no vídeo.
Protetor solar e glitter em gel, por exemplo, estavam sendo distribuídos por uma marca de produtos de beleza no gramado. Mas a ação ia além: quem participasse da ativação de apertar um botão poderia ganhar até acesso à área vip do festival.
Ed Sheeran canta ‘Shape of You’ no Rock in Rio
Outro patrocinador ofereceu como brinde um copo do evento com um QR code. Sortudos que pegassem o item premiado ganhavam acesso ao backstage ou passe rápido para os brinquedos (direito a “furar” a fila).
Dicas como as compiladas por Thay podem ser encontradas em diversos vídeos da trend. Julia Saraiva, outra usuária do TikTok, contou como ganhou um casaco corta-vento em tons de verde de uma marca de chiclete.
Ela disse que entrou em uma sala e precisou responder a uma pergunta — qual o show mais curto do Rock in Rio. Sem saber a resposta, o acerto aconteceu no chute (uma apresentação de seis minutos). Segundo ela, esse foi o prêmio mais legal do Rock in Rio
Em outro vídeo, Julia mostra “tudo que ganhou” em um dia de Rock in Rio. É possível ver viseiras, copos, escova de dentes, enxaguante bucal, pochete, porta celular à prova d’água, batom, creme de mãos, leque, ventilador portátil e até uma almofada para pescoço (que ainda a fez concorrer a uma viagem internacional).

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Ivete Sangalo voa sobre a plateia, beija Liniker e maceta resistência roqueira pela 19ª vez no Rock in Rio

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Artista mais recorrente do festival, cantora enfileirou hits de carnaval e apresentou música inéditas Ivete Sangalo voa sob plateia do Palco Mundo no Rock in Rio
Ivete Sangalo abriu o dia das divas pop no Rock in Rio, nesta sexta-feira (20), mostrando por que, há 30 anos, é a maior diva pop do Brasil. Em um show com surpresas, ela voou sobre a plateia presa a cordas e beijou a cantora Liniker ao apresentar uma música inédita.
O festival será transmitido todos os dias, a partir das 15h15, no Globoplay e no Multishow.
Foi a 19ª participação de Ivete no festival, considerando edições do Brasil, Portugal, Espanha e Estados Unidos. Ao longo das participações, baiana já levou tombo, anunciou o sexo de suas filhas gêmeas no palco e fez um dueto com Shakira durante a performance da colombiana no Rock in Rio de 2011.
Ivete Sangalo interage com plateia durante show no Rock in Rio
“Sabe por que eu estou nesse palco há 19 anos e vou estar sempre que eu quiser?”, questionou antes de fazer o público explodir num “ôôô” no refrão de “Tempo de Alegria”, música de 2014.
É uma alfinetada aos que sempre resistiram à sua recorrente participação no festival. Em 2011, quando Ivete foi escalada para o Rock in Rio pela primeira vez, a escolha foi recebida com insatisfação por uma parcela roqueira mais conservadora do público: na época, muitos disseram que o evento deveria ser rebatizado como “Axé in Rio” e alguns guardam essa mágoa até hoje.
A cada show, no entanto, Ivete maceta a rejeição com a experiência e a energia de quem está acostumada a orquestrar uma multidão de cima de um trio elétrico por horas a fio. “Macetando”, hit absoluto do carnaval de 2024, teve milhares de pessoas na plateia reproduzindo a coreografia viral.
Mas o momento de maior êxtase veio com “Eva”, música de Umberto Tozzi regravada pela Banda Eva em 1997, numa versão que se tornou clássica. Depois de um breve sumiço, Ivete reapareceu suspensa por uma estrutura de cordas sobre o público. “Quero ficar mais perto de vocês”, disse, flutuando por todos os cantos da plateia.
Foi um truque repetido do show que comemorou seus 30 anos de carreira, no Maracanã, em dezembro de 2023. Mas o público do Rock in Rio se emocionou como se fosse a primeira vez. E Ivete também. No alto, ela chorou. Já em terra firme, celebrou: “Que experiência maravilhosa!”.

Ivete Sangalo abre Palco Mundo, nesta sexta-feira (20), no Rock in Rio
Stephanie Rodrigues/g1

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Rock in Rio 2024: veja fotos de famosos no 5º dia do festival

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Pabllo Vittar, Vivi Wanderley e Viviane Araújo são alguns dos famosos que foram curtir a sexta-feira (20) na cidade do rock. Viviane Araújo no quinto dia de Rock in Rio
Claudio Andrade /Agnews
A influencer Vivi Wanderley no quinto dia de Rock in Rio
Victor Chapetta / Agnews
Pabllo Vittar no quinto dia de Rock in Rio
Rogério Fidalgo Agnews

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