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Festas e Rodeios

Memórias musicais de Nelson Motta ainda cativam na edição ampliada de livro indispensável para seguidores da MPB

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Resenha de livro
Título: Noites tropicais – Solos, improvisos e memórias musicais (nova edição, revista e ampliada)
Autor: Nelson Motta
Edição: Harper Collins
Cotação: ★ ★ ★ ★ ★
♪ Best-seller da bibliografia musical brasileira, Noites tropicais – Solos, improvisos e memórias musicais (2000) se confirma título indispensável para quem gosta de MPB – entendendo-se por MPB as muitas ramificações da música popular produzida no Brasil no século XX, precisamente a partir de 1958 – na edição revista e ampliada posta nas livrarias pela editora Harper Collins neste primeiro semestre de 2023.
O mérito é todo do autor, Nelson Motta, paulista acidental de alma musical carioca que veio ao mundo no mesmo ano de 1944 que gerou Chico Buarque, um dos muitos personagens da narrativa construída com admirável fluência ao longo de 496 páginas repletas de histórias, casos – inclusive o do autor com Elis Regina (1945 – 1982) no alvorecer da década de 1970 – e causos sobre estrelas da MPB, Jovem Guarda, Tropicália, a new wave e a geração roqueira da década de 1980.
Testemunha ocular de partes fundamentais da história da música brasileira, Motta escreve como se estivesse jogando conversa dentro na mesa de um bar. Noites tropicais é livro que jamais se move para o terreno pantanoso da fofoca – até porque o jornalista, compositor, produtor, escritor e roteirista sempre preferiu perder as notícias do que os amigos. Nem por isso Motta deixa de desfiar memórias saborosas.
Toda a gênese de Marisa Monte como cantora – arquitetada com ações de antimarketing que se revelaram certeiras – é relatada pelo autor com a intimidade de quem foi coprotagonista do capítulo inicial da trajetória artística de Marisa, para citar somente um entre muitos possíveis exemplos.
Estruturada em ordem cronológica, com a (inteligente) despreocupação de documentar os fatos com datas e informações precisas que poderiam prejudicar o fluxo do texto, a narrativa também descortina os bastidores da criação do grupo feminino Frenéticas na era dos febris dancin’ days, fase iniciada em 1976 com a abertura por Motta de discoteca construída em então fantasmagórico shopping da zona sul da cidade do Rio de Janeiro (RJ). A propósito, o autor do livro figura nos créditos dos dois maiores sucessos das Frenéticas, Perigosa (Roberto de Carvalho, Nelson Motta e Rita Lee, 1977) e Dancin’ days (Ruban e Nelson Motta, 1978).
Pode ser que o telespectador que ouve o escritor tecer comentários sobre música no Jornal da Globo nas noites de sexta-feira talvez ignore que Nelson Cândido Motta Filho é grande nome da MPB. O início pífio em 1964 – como esforçado violonista do efêmero grupo Os Seis em Ponto (cuja formação incluía o genial pianista e compositor Francis Hime) – foi pista falsa.
A vocação musical de Motta apareceria como letrista e (futuramente) como produtor musical de álbuns diferenciados nas discografias de cantoras como Elis Regina (a dobradinha Ela e …Em pleno verão, de 1970 e 1971), Sandra de Sá (o infelizmente pouco ouvido Sandra!, de 1990) e Elba Ramalho (Felicidade urgente, de 1991).
Parceiro de Dori Caymmi em canções como Saveiros (1966), obra-prima ultrajada pelas inflamadas plateias dos festivais, Motta escreveria as letras de algumas das melhores e mais conhecidas músicas de Lulu Santos, casos do bolero havaiano Como uma onda (Zen-surfismo) (1982) e a balada Certas coisas (1984).
Tudo isso está relatado em Noites tropicais, mas sem o peso ambicioso de algumas autobiografias. A leveza do texto memorial de Nelson Motta talvez seja a maior razão do sucesso do livro. Fracassos notórios na vida afetiva e na trajetória profissional – como o fiasco comercial do espetáculo Feiticeira (1975), musical protagonizado pela atriz e cantora Marília Pêra (1943 – 2015) – são recordados sem mágoas e ressentimentos, com a consciência de que são o outro lado da moeda do sucesso tão bem conhecido por escritor.
Focados na vida do autor em Nova York (EUA), entre 1992 e 2000, os três capítulos inéditos adicionados à narrativa nesta nova edição são interessantes, mas sem poder para alterar o status do livro. O suprassumo de Noites tropicais reside no conteúdo já conhecido da edição original.
Contudo, como já se passaram 23 anos dessa primeira edição, a versão revista das memórias de Motta pode alcançar novos leitores e gerações.
Livro escrito sem pretensões didáticas, e por isso mesmo a narrativa é tão saborosa por disseminar conhecimento sem tom professoral, Noites tropicais é a melhor porta de entrada – pela leitura – para quem que se iniciar na história da música brasileira a partir da revolução bossa nova. Com a vantagem de que, no novo tempo, como ressalta o autor em breve nota introdutória da edição de 2023, já é possível ler o livro e ouvir em qualquer aplicativo as cerca de 90 músicas citadas nas 496 páginas das memórias musicais de Nelson Motta

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Fritz Escovão, exímio ritmista fundador do Trio Mocotó, ‘Jimi Hendrix da cuíca’, morre em São Paulo aos 81 anos

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♫ OBITUÁRIO
♪ “O Jimi Hendrix da cuíca!”. O comentário do músico André Gurgel na publicação da rede social em que o Trio Mocotó informou a morte de Fritz Escovão traduz muito do pensamento geral de quem viu em ação este percussionista, pianista, violonista e cantor carioca que marcou época no Trio Mocotó, grupo de samba-rock do qual foi fundador.
Gigante da cuíca, instrumento que percutia com exuberância e incrível destreza, Luiz Carlos de Souza Muniz (13 de dezembro de 1942 – 1º de outubro de 2024) morre aos 81 anos, em São Paulo (SP), de causa não revelada, e sai de cena para ficar na galeria dos imortais do ritmo brasileiro, perpetuado com o nome artístico de Fritz Escovão. O enterro do corpo do artista está previsto para as 8h30m de amanhã, 2 de outubro, no cemitério de Vila Formosa, bairro paulistano.
Fritz Escovão era carioca, mas se radicou em São Paulo (SP), cidade em que fez história a partir de 1968, ano em que o Trio Mocotó foi formado na lendária boate Jogral por Fritz com o carioca Nereu de São José (o Nereu Gargalo) e com o ritmista paulistano João Carlos Fagundes Gomes (o João Parahyba).
Matriz do samba-rock, o grupo foi fundamental para a ressurreição artística de Jorge Ben Jor a partir de 1969. Foi com o toque do Trio Mocotó que Jorge Ben apresentou a visionária música Charles, anjo 45 em 1969 na quarta edição do Festival Internacional da Canção (FIC).
A partir de 1970, ano em que gravou single com o samba-rock Coqueiro verde (Roberto Carlos e Erasmo Carlos), o Trio Mocotó alçou voo próprio sem se afastar de Jorge Ben, continuando a fazer shows com o cantor, com quem gravou álbuns como Força bruta (1970) e o politizado Negro é lindo (1971).
A discografia solo do Trio Mocotó com Fritz Escovão destaca os referenciais álbuns Muita zorra (“…São coisas que glorificam a sensibilidade atual”) (1971), Trio Mocotó (1973) e Trio Mocotó (1977), discos de samba-rock que ganharam status de cult a partir da década de 1990 no Brasil e no exterior, sobretudo o álbum de 1973 em que o trio adicionou à cadência toques de jazz, soul e rock à cadência do samba.
Sempre com a maestria de Fritz Escovão. Em 1974, o Trio Mocotó gravou disco com Dizzy Gillespie (1917 – 1993), em estúdio de São Paulo (SP), mas o trompetista norte-americano de jazz nunca lançou o álbum (foi somente em 2010, 17 anos após a morte do jazzista, que o veio à tona o álbum Dizzie Gillespie no Brasil com Trio Mocotó, editado no Brasil em 2011 via Biscoito Fino).
Em 1975, o grupo saiu de cena. Retornou somente em 2001, após 26 anos, com o álbum intitulado Samba-rock. Um ano depois, em 2002, Fritz Escovão deixou amigavelmente o Trio Mocotó para tratar de problemas de saúde.
Foi substituído em 2003 por Skowa (13 de dezembro de 1955 – 13 de junho de 2024), músico morto há menos de quatro meses. Hoje quem parte é o próprio Fritz Escovão, para tristeza de quem testemunhou o virtuosismo do “Jimi Hendrix da cuíca”.

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Morre Fritz Escovão, do Trio Mocotó, grupo que fez brilhar o samba rock

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Ao lado de Jorge Ben Jor, grupo ficou famoso pelo suingue inebriante que dá vida ao samba rock. Fritz Escovão, fundador do Trio Mocotó
Reprodução
Morreu Fritz Escovão, fundador do Trio Mocotó. A morte do artista foi confirmada no Instagram do grupo, nesta terça-feira (1º). A causa não foi revelada.
“Cantor, violonista, pianista e percussionista, [ele] marcou a música brasileira pela sua voz inigualável à frente do Trio Mocotó até 2002, com seu clássico ‘Não Adianta’ e como um dos maiores, se não o maior, dos cuiqueiros que o Brasil já viu”, diz a publicação do grupo.
Conhecido como Fritz Escovão, Luiz Carlos Fritz fundou o Trio Mocotó em 1969: ele na cuíca, João Parahyba na bateria, e Nereu Gargalo no pandeiro.
Juntos, os três fizeram sucesso ao lado de Jorge Ben Jor, com um suingue inebriante que deu vida ao samba rock.
A partir de 1970, o Trio Mocotó alçou voo próprio sem se afastar de Jorge Ben, fazendo shows com o cantor em um primeiro momento da carreira e gravando discos como “Negro é lindo”.
Escovão deixou o grupo em 2003. Atualmente, quem assume a cuíca é Skowa.

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Sean Diddy Combs é alvo de 120 novas acusações de abuso sexual; ações serão movidas nas próximas semanas, diz advogado

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Alvo de processos envolvendo suspeitas de tráfico sexual e agressão, o músico foi preso após meses de investigações. Sean ‘Diddy’ Combs.
Mark Von Holden/Invision/AP
Sean “Diddy” Combs está sendo acusado de abusar sexualmente de 120 pessoas. Foi o que informou o advogado americano Tony Buzbee, em uma coletiva online feita nesta terça-feira (30). Segundo ele, nas próximas semanas serão abertos 120 processos contra o cantor, que está preso em Nova York desde 16 de setembro.
“Nós iremos expor os facilitadores que permitiram essa conduta a portas fechadas. Nós iremos investigar esse assunto não importa quem as evidências impliquem”, disse Buzbee, na coletiva. “O maior segredo da indústria do entretenimento, que, na verdade, não era segredo nenhum, enfim foi revelado ao mundo. O muro do silêncio agora foi quebrado.”
Alvo de processos envolvendo suspeitas de tráfico sexual e agressão, o músico foi preso após meses de investigações. Ele, que ainda não foi julgado, nega as acusações que motivaram sua prisão.
Caso seja julgado culpado das acusações, ele pode ser condenado a prisão perpétua.
Caso Diddy: entenda o que é fato sobre o caso
Quem é Sean Diddy Combs?
Seu nome é Sean John Combs e ele tem 54 anos. Nasceu em 4 de novembro de 1969 no bairro do Harlem, na cidade de Nova York, nos EUA. É conhecido por diversos apelidos: Puff Daddy, P. Diddy e Love, principalmente.
O rapper é um poderoso nome do mercado da música e produtor de astros como o falecido The Notorious B.I.G. Ele é considerado um dos nomes responsáveis pela transformação do hip-hop de um movimento de rua para um gênero musical hiperpopular e de importância e sucesso globais.
Diddy começou no setor musical como estagiário, em 1990, na Uptown Records, uma das gravadoras mais famosas dos EUA, e onde se destacou de forma meteórica e chegou a se tornar diretor. Em 1994, fundou sua própria gravadora, a Bad Boy Records.
Um de seus álbuns mais famosos, “No Way Out”, de 1997, rendeu a Diddy o Grammy de melhor álbum de rap. Principalmente depois do estouro com a música, Diddy fez ainda mais fortuna com empreendimentos do setor de bebidas alcoólicas e da indústria da moda, principalmente.
Ele também foi produtor de inúmeros artistas de sucesso e está por trás de grandes hits cantados por famosos. Muita gente, inclusive, o vê mais como um produtor e empresário do que como um músico.

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