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Festas e Rodeios

Álbum definidor de Mônica Salmaso, ‘Iaiá’ sai em LP em edição valorizada pela fartura de informações

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Encarte-libreto detalha a gênese do disco e de cada uma das 11 músicas reproduzidas pelo vinil. Resenha de edição em LP de álbum
Título: Iaiá
Artista: Mônica Salmaso
Edição: Três Selos / Biscoito Fino
Ano da edição original em CD: 2004
Ano da edição em LP: 2021
Cotação: * * * *
♪ Por mais que venha sem duas das 13 faixas da edição original em CD lançada em 2004, por falta de espaço no vinil, a edição em LP do quarto álbum de Mônica Salmaso, Iaiá, tem atrativos para fisgar seguidores dessa cantora paulistana que, revelada com o álbum Os afro-sambas (1996), se impôs ao longo dos últimos 25 anos como uma das grandes vozes da MPB de todos os tempos.
Em que pese a beleza da capa dura que embala o LP com arte inspirada na capa original, sem reproduzir exatamente a arte do CD, o real atrativo da edição em vinil de Iaiá é o encarte em forma de libreto que traz extenso e detalhado faixa-a-faixa do disco, guiado pela artista, além de depoimentos inéditos de nomes como Teresa Cristina, Tom Zé, José Miguel Wisnik e Rodolfo Stroeter, produtor musical do álbum, do qual assina também a direção musical com a própria Mônica Salmaso.
Álbum definidor que impulsionou a carreira de Salmaso, que desde então vem angariando seguidores nos nichos em que ainda se cultua a MPB, Iaiá corroborou e sedimentou a opção da cantora por sonoridade singular, acústica, calcada na precisão dos toques de instrumentistas como André Mehmari (piano), Paulo Bellinati (violão) e Teco Cardoso (saxofone e flautas), além do próprio Rodolfo Stroeter (baixo).
A rigor, essa sonoridade precisa e delicada já vinha sendo experimentada com êxito pela artista nos dois álbuns anteriores, Trampolim (1998) e Voadeira (1999). Aclamado entre os críticos, Voadeira abriu caminho para que Salmaso fosse contratada pela gravadora Biscoito Fino, por onde a cantora lançou Iaiá com repertório primoroso que apontou trilhas que seriam seguidas pela artista em discos posteriores.
Se o registro solene de Por toda a minha vida (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1959) sinalizou o tom cerimonioso adquirido pelo canto da artista (quase) sempre que Salmaso se aproxima do universo da música de câmara com a voz e a alma lírica, Moro na roça (tema de domínio público em adaptação de Xangô da Mangueira e Zagaia) – reverência de Salmaso a Clementina de Jesus (1901 – 1987), feita em gravação assentada sobre a percussão de Robertinho Silva – indicou a trilha ruralista que seria expandida em Caipira (2017), disco em que a cantora redimensionou o conceito de música caipira.
Sinhazinha (Despertar) (Chico Buarque, 1983) apontou o apreço da intérprete pelo cancioneiro lapidar de Chico Buarque, compositor dono de obra abordada majestosamente por Salmaso em Noite de gala – Samba na rua (2007), songbook que gerou DVD e álbum ao vivo em 2009.
Já Doce na feira (Jair do Cavaquinho e Altair Costa, 2002) era a iguaria vinda dos terreiros cariocas em que prolifera o samba, cuja cadência é seguida por Salmaso em Cidade lagoa (Cícero Nunes e Sebastião Fonseca, 1959) e Na aldeia (Alberto Dias, De Chocolat e Silvio Caldas, 1933).
Já Cabrochinha (Maurício Carrilho e Paulo César Pinheiro, 1997) evolui com leveza entre o samba e o choro com a verve de letra rimada, pintada e bordada pelo poeta com palavras em francês usadas na língua portuguesa.
Capa da edição em LP de ‘Iaiá’, quarto álbum de Mônica Salmaso
Marcílio Godoi
Como relatado no informativo libreto que valoriza a edição em LP de Iaiá, parte do repertório do álbum foi recolhida por Salmaso nos roteiros dos oito shows temáticos que idealizou e apresentou no Sesc de São Paulo entre 2002 e 2003 em série intitulada Ponto in comum.
Foi o caso de Vingança (José Maria de Abreu e Francisco Mattoso, 1936), tema de aura trágica, situado em área rural na gravação feita com o toque do acordeom de Toninho Ferragutti.
Outras composições entraram durante o processo de gravação do álbum Iaiá, caso de Estrela de Oxum (Rodolfo Stroeter e Joyce Moreno, 2003), sugerida por Stroeter, autor da melodia letrada por Joyce Moreno.
Música que abre o lado B na disposição das 11 faixas no LP, Assum branco (José Miguel Wisnik, 1997) reforçou o elo de Salmaso com o compositor José Miguel Wisnik, parceiro de Ronaldo Bastos na música que deu título ao segundo álbum da cantora, o já mencionado Trampolim.
Menina amanhã de manhã (Tom Zé e Perna Fróes, 1972) – música que, por feliz coincidência, está incluída na trilha sonora da atual novela das 21h da TV Globo, Um lugar ao sol – completa o repertório irretocável de Iaiá, álbum ora reeditado em LP sem as gravações de É doce morrer no mar (Dorival Caymmi e Jorge Amado, 1941) e Onde ir (Vanessa da Mata, 2002), já que as 13 faixas do CD totalizavam 53 minutos, tempo demais para todas as músicas caberem em um único LP.
Para quem abre mão da limpidez do som do CD (ainda a melhor mídia física no que diz respeito ao áudio), sem se importar de pagar caro pelo prazer de manusear um LP e escutar o som do vinil, a edição em LP de Iaiá é mimo que justifica o investimento de R$ 210 – preço cobrado no site da gravadora Biscoito Fino – pelo requinte do tratamento gráfico e pela fartura de informações reunidas no encarte-libreto.

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Estrutura importada, ‘truque’ e só um ensaio: Os bastidores do voo de Ivete Sangalo no Rock in Rio

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Em entrevista ao g1 depois do show, cantora contou como conseguiu fazer tudo funcionar: ‘Todo o protocolo de segurança foi obedecido dentro de um arranjo musical’; veja VÍDEO. Os bastidores do voo de Ivete Sangalo no Rock in Rio
Quatro torres de sustentação foram instaladas numa área central do Rock in Rio para que Ivete Sangalo pudesse fazer um voo mágico sobre a plateia do festival nesta sexta-feira (20). Durante sua apresentação no Palco Mundo, a cantora foi suspensa por cabos sobre o público, enquanto cantava o clássico “Eva”. Foi o ponto alto do show — com o perdão do trocadilho.
O festival será transmitido todos os dias, a partir das 15h15, no Globoplay e no Multishow.
Uma operação complexa foi necessária para fazer tudo funcionar como planejado. Ivete só teve um dia para ensaiar a performance na Cidade do Rock, local onde acontece o evento, na zona oeste do Rio. Minutos depois da apresentação, ela disse em entrevista ao g1:
“Conseguimos graças à minha equipe. Minha moçada é da pesada. é um nível profissional altíssimo. Se só temos um dia para ensaiar, vamos conseguir executar.”
Ivete Sangalo voa sobre a plateia, beija Liniker e maceta resistência roqueira pela 19ª vez no Rock in Rio; saiba como foi o show
Ivete Sangalo ‘sobrevoa’ show no Rock in Rio 2024
Stephanie Rodrigues/g1
A estrutura que segurou a cantora no ar foi importada da Holanda especialmente para a performance — ela não usou equipamentos do próprio festival. Mas o verdadeiro segredo do número foi uma espécie de “truque musical”, nas palavras de Ivete.
Enquanto cantava “Rua da Saudade”, ela desceu do palco para abraçar fãs na plateia, o que a deixou mais perto do ponto de decolagem. Ao fim da música, ela teve cerca de 3 minutos para vestir todo o equipamento de segurança antes do voo.
Enquanto isso, não se via a cantora em lugar nenhum, mas a banda continuava tocando. Ela explicou:
“Tudo foi cronometrado: a saída do palco, o momento de vestir o equipamento e o que a banda ia tocar isso enquanto isso. Todo o protocolo de segurança foi obedecido dentro de um arranjo musical.”
“Tanto que foi imperceptível. Quando as pessoas viram, eu já estava voando”, acrescentou Ivete, que confirmou não ter medo de altura. “Quem tem fé não tem medo.”
Ivete Sangalo ‘sobrevoa’ show no Rock in Rio 2024
Stephanie Rodrigues/g1
19ª vez no Rock in Rio
O voo sobre o público foi um truque repetido do show que comemorou os 30 anos de carreira da cantora, no Maracanã, em dezembro de 2023. Mas o público do Rock in Rio se emocionou como se fosse a primeira vez. E Ivete também. No alto, ela chorou e, já em terra firme, celebrou durante a apresentação: “Que experiência maravilhosa!”.
Foi a 19ª participação de Ivete no festival, considerando edições do Brasil, Portugal, Espanha e Estados Unidos. Em 2024, além do número de flutuação, a novidade foi “Seus Recados”, música recém-lançada com a paulista Liniker, que apareceu no palco para cantar. As duas deram selinhos, celebrados pelos fãs.
Ivete Sangalo ‘sobrevoa’ show no Rock in Rio 2024
Stephanie Rodrigues/g1

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Cyndi Lauper entrega grande performance sem playback em estreia no Rock in Rio, após começo confuso

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Cantora americana de 71 anos apresentou no Palco Mundo, nesta sexta-feira (20), hits como ‘Time After Time’ e ‘Girls Just Want to Have Fun’. Leia crítica do g1. Cyndi Lauper canta em coro o sucesso ”Girls Just Want to Have Fun” no Rock in Rio
Cyndi Lauper é um ícone da música pop, do feminismo e da moda, mas já teve que lidar com críticas de que não manda bem ao vivo. Nesta sexta-feira (20) de Rock in Rio, a cantora nova iorquina de 71 anos oscilou um pouco, principalmente no começo. Mesmo assim, entregou um grande show.
O festival será transmitido todos os dias, a partir das 15h15, no Globoplay e no Multishow.
Tudo foi dando certo ao longo da noite. E há de se levar em conta que ela canta bem e não usa recursos dos quais outras cantoras abusam. Quase tudo o que se ouve vem do gogó dela e de seus vocalistas de apoio.
Parte da performance explicou por que ela e seus empresários sempre tentaram evitar que ela fizesse grandes shows, desde o estouro nos anos 80. Em arranjos mais viajados, ela se perdeu.
Cyndi Lauper canta ”Time After Time” no Rock in Rio
Em “All Through the Night”, pareceu ter dificuldade de acompanhar o andamento e passou parte da música com a mão no ouvido, querendo ouvir melhor seus backing-vocals e sua banda. A performance confusa também contaminou “Sisters of Avalon”, faixa-título de seu bom álbum lançado em 1997.
Mas os bons momentos predominaram, como no hino da masturbação “She Bop” e com “The Goonies ‘R’ Good Enough”, trilha de “Os Goonies”, de 1985. Nessas e em outras canções mais diretas, de pegada pop rock, ela segurou muito bem nos vocais.
“Eu planejava falar em português, mas até meu inglês é ruim”, ela disse logo no começo. No Rio, Cyndi entregou um show melhor do que a visto no festival inglês Glastonbury, em junho passado. Por lá, ela sofreu com problemas técnicos e teve a performance achincalhada pelos críticos locais.
Cyndi Lauper canta ”True Colors” no Rock in Rio
No Rock in Rio, não foi para tanto. Talvez o melhor exemplo seja o clássico romântico “Time after time”. Cyndi pressionou o fone de ouvido para escutar melhor o som, estendeu o microfone para aumentar o coro dos fãs e colou na guitarrista para se guiar pelos acordes. Todos esses expedientes funcionaram: a versão ao vivo da balada é bonita, bem melhor do que a de outras apresentações recentes da cantora.
A explosão de “Money Changes Everything”, cover correta da banda americana The Brains, emendou com a balada “True Colors”, na performance vocal mais inspirada da noite. Poucos artistas cantam com essa emoção. Cyndi terminou a música suada e emocionada.
Já perto do final, o frenesi tomou conta da Cidade do Rock, com o maior hit da carreira dela: “Girls Just Want to Have Fun”. Em um dia de tantas divas, não havia uma trilha melhor para ser cantada por um coral tão grande de fãs de pop.

Cyndi Lauper se apresenta no Rock in Rio.
Stephanie Rodrigues/g1

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Tyla faz show sexy, rebola com funk e celebra África do Sul e Brasil no Rock In Rio

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Cantora se apresentou pela primeira vez no Brasil e fez show carismático com os hits de funk ‘Tá Ok’ e ‘Parado no Bailão’. Tyla canta ‘Safer’ no Rock in Rio
Foi esbanjando muita sensualidade que Tyla se apresentou pela primeira vez no Brasil. A cantora subiu ao Palco Sunset, do Rock in Rio, na noite desta sexta-feira (20), e fez um show não apenas sexy, mas também com homenagens à música brasileira e à música sul-africana.
Do início ao fim da apresentação, havia um enorme tigre inflável no centro do palco — os fãs da cantora são chamados de “tigers” (tigres, em inglês). Em destaque, o bicho endossou a imagem felina de Tyla, que já chegou sensualizando. Ora em pé, ora agachada, a artista apareceu no Sunset rebolando ao som de “Safer”. Como sempre, seu vocal estava marcado por sussurros e gemidos sutis.
A sul-africana vestia um shortinho e um cropped com as cores e símbolos da bandeira brasileira, além de argolonas nas orelhas.
Tyla se apresenta no Rock in Rio 2024
Miguel Folco/g1
“Eu sou da África do Sul e, agora, vou mostrar algo de lá para vocês”, disse a cantora antes de uma sequência de beats de amapaiano, gênero sul-africano, de estética dançante e tropical — Tyla é conhecida por mesclar o estilo com pop e R&B.
Em “Bana Ba”, o telão foi tomado por imagens de naturezas exuberantes, em tom alaranjado, numa possível referência aos safáris da África do Sul. Enquanto isso, seu balé roubou as atenções, intercalando entre passos de sarradas, rebolados e pés deslizantes.
Além de celebrar o amapiano, a artista homenageou o funk brasileiro e balançou bastante sua bunda ao som dos hits funkeiros “Parado no Bailão”, dos MCs L Da Vinte e Gury, e “Tá Ok”, de Kevin O Chris — essa com um remix de “Water”.
Tyla dança em ‘Parado no Bailão’
Além de dançar funk com um gingado que lembra o brasileiro, a artista interagiu bastante com os fãs. Em “No. 1”, ela chegou a descer do palco e levar o microfone até alguns deles, que completaram os versos.
Primeira artista sul-africana a emplacar um hit na Billboard Hot 100 desde 1968, Tyla despontou no ano passado, quando emplacou “Jump” e “Water” em trends no TikTok e paradas musicais. “Water”, inclusive, rendeu à cantora seu troféu Grammy de melhor performance de música africana. Maior sucesso da artista, a faixa encerrou o show.
Na contramão da maioria das popstars de sucesso, Tyla dispensa recursos como a dobra vocal, que consiste no uso de sons pré-gravados como auxílio ao artista. Ela canta tudinho sozinha (e muito bem, por sinal).
Em entrevista ao g1, a cantora havia dito que seu show no Rock in rio seria “uma festa, com danças e energia sul-africana”. E ela cumpriu a promessa sem decepcionar.
Promissora, a artista deve voltar a aparecer em outros festivais no país — e, quem sabe, com performances mais maduras e arrojadas.
Tyla apresenta remix de ‘Water’ e ‘Tá OK’
Tyla convida fãs para cantar ‘No 1.’
O festival será transmitido todos os dias, a partir das 15h15, no Globoplay e no Multishow.

Tyla se apresenta no Rock in Rio 2024.
Miguel Folco/g1
Tyla se apresenta no Rock in Rio 2024
Miguel Folco/g1

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