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Festas e Rodeios

Letrux solta os bichos em álbum que a mantém fora da jaula que aprisiona artistas no padrão pop nacional

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Dedicado a Rita Lee, o disco traz Lulu Santos em ‘Zebra’, uma das dez músicas em que a indomável cantora reitera a forte personalidade artística ao se inspirar na fauna para versar sobre a natureza humana. Capa do álbum ‘Letrux como mulher girafa’, de Letícia Novaes
Katja Täubert
Resenha de álbum
Título: Letrux como mulher girafa
Artista: Letrux
Edição: Altafonte
Cotação: ★ ★ ★ 1/2
♪ Após enxugar as lágrimas, Letrux solta os bichos e volta para a pista com álbum que reitera a força da personalidade artística de Letícia Novaes, a criadora de Letrux.
No terceiro disco solo, Letrux como mulher girafa, a cantora e compositora carioca encara as feras do mundo da música, sempre dispostas a aprisionar artistas em jaulas e padrões mercadológicos – ao ponto de, mais uma vez, ter apresentado álbum inteiro em 30 de junho sem singles prévios, como manda a lei da indústria fonográfica.
Sintomaticamente, o disco é dedicado à libertária Rita Lee (1947 – 2023), “uma mulher girafa especial em minha vida”. A propósito, ecos do pop dançante de Rita na fase áurea dos anos 1980 reverberam em Teste psicológico animalesco (Arthur Braganti, Letícia Novaes e Thiago Vivas), uma das dez músicas de álbum engordurado com seis vinhetas que apresentam fragmentos de canções e conversas que soam como piadas internas sem relevância para o ouvinte.
Se escutado na disposição das 16 faixas, Letrux como mulher girafa peca pelo excesso de vinhetas. Se ouvido sem a introdução, os quatro “intervalos” – termo usado pela artista para caracterizar as vinhetas – e sem o encerramento, o álbum se impõe como o melhor título de obra solo que ganhou impulso logo no primeiro disco, Letrux em noite de climão (2017), ao qual se seguiu Letrux aos prantos (2020), álbum prejudicado por ter sido lançado em involuntária sincronia com a chegada da pandemia de covid-19 ao Brasil.
Esses dois álbuns anteriores foram feitos com produção musical de Arthur Braganti (piano e synths) e Navalha Carrera (guitarra). Letrux como mulher girafa chega ao mundo com o diferencial de ter produção musical de João Brasil, DJ carioca que deu forma ao álbum Estilhaça (2015) – derradeiro título da discografia do duo Letuce, formado por Letícia Novaes com Lucas Vasconcellos – e que, em era pregressa, formou a banda Ménage à Trois com a então iniciante cantora.
Curiosamente, e surpreendentemente, inexiste ruptura na sonoridade de Letrux como mulher girafa em relação aos dois álbuns antecessores, mas um prosseguimento, o que fortalece a personalidade artística da cantora e compositora.
Desprendidas das vinhetas, as dez músicas soam coesas e integradas a um universo sonoro eletrônico encorpado com camadas e efeitos que embutem certo teor psicodélico – sobretudo em Formiga (Letícia Novaes), música bilíngue com versos em inglês e português – e beats de pegada roqueira, perceptível no refrão de As feras, essas queridas (Letícia Novaes), música eleita para gerar o primeiro clipe do disco.
Entre texturas, ruídos e sons de animais, como as gaivotas ouvidas em Louva a deusa (Letícia Novaes), Letrux usa os bichos como metáforas e analogias para versar sobre emoções e sentimentos das criaturas da noite na eterna procura por amor. Em outras palavras, a fauna é o pretexto para Letrux escancarar a natureza humana.
“Uma vez basta pra saber que desse mato não sai cachorro / E se sair, o que é que vou fazer? / Liga pro pronto socorro!”, reflete a artista em Hienas (Arthur Braganti e Letícia Novaes). “I gave you my crocodile tears for you to believe me”, avisa a artista, prometendo lágrimas de crocodilo, com certo cinismo, no verso inicial da letra em inglês de Crocodilo (Letícia Novaes e Arthur Braganti).
Se Zebra (Letícia Novaes e Thiago Vivas) traz a guitarra e a voz grave de Lulu Santos, que (a pedido de Letrux) fala em vez de cantar na faixa, Leões (Letícia Novaes e Thiago Vivas) mostra as garras pop de um disco dançante e palatável enquanto Abelha (Letícia Novaes e Lucas Vasconcellos) – sobra inédita do repertório duo Letuce – destila mel que, de certa forma, faz Letrux se curva à realeza de Maria Bethânia.
Já Aranha (Letícia Novaes) tece teia inspirada pela obra da artista plástica Louise Bourgeois, confirmando que ninguém doma Letrux, a mulher girafa que solta o bichos neste disco conceitual que a mantém longe das garras das feras do mercado.
Letícia Novaes alinha dez músicas inéditas e seis vinhetas no terceiro álbum solo, ‘Letrux como mulher girafa’, lançado em 30 de junho
Julia Rodrigues / Divulgação

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Gavin Creel, ator de ‘Hair’ e ‘Alô, Dolly!’, morre dois meses após receber diagnóstico de câncer

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Além da Broadway, artista trabalhou em filmes e séries de TV como ‘Eloise no Plaza’, ‘As Enroladas Aventuras da Rapunzel’ e ‘American Horror Story’.
Gavin Creel apresenta ‘Hair’, na Broadway, em 2009
Peter Kramer/AP
O ator americano Gavin Creel morreu nesta segunda-feira (30), aos 48 anos. Sua morte acontece dois meses depois de ele receber o diagnóstico de um câncer raro no nervo periférico.
Creel estrelou musicais da Boradway como “Caminhos da Floresta”, “Hair”, “Alô, Dolly!”, além de peças da West End – a clássica rua dos teatros de Londres –, como “Mary Poppins” e “Waitress”.
Ele também trabalhou em filmes e séries de TV, atuando em produções como “Eloise no Plaza”, “O Natal de Eloise”, “As Enroladas Aventuras da Rapunzel” e “American Horror Story.”
Em 2002, ele recebeu sua primeira indicação ao prêmio Tony (o principal troféu do teatro), por “Positivamente Millie”. Oito anos depois, voltou a ser indicado, por “Hair”, e em 2017, levou o Tony de melhor ator coadjuvante, por “Alô, Dolly!”.
Gavin Creel ganha Tony por ‘Alô, Dolly!’, em 2017
Michael Zorn/Invision/AP
“O Tony foi como receber um abraço da comunidade que participo há 20 anos”, disse ele ao jornal americano “The San Francisco Chronicle”, em 2018. “Isso é bom. Eu literalmente não consigo fazer mais nada na minha vida e ainda sou vencedor do Tony. Nunca deixarei de fazer isso.”
Além de trabalhar nos palcos e em frente às câmeras, Creel também chegou a gravar música e apresentar concertos. Inclusive, em “She Loves Me”, ele estrelou o primeiro musical da Broadway transmitido ao vivo.

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Ex-Skank Henrique Portugal tenta se firmar como cantor, com parceria com Zélia Duncan, após EP com big band

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Capa do single ‘No meu paraíso’, de Henrique Portugal
Divulgação
♫ ANÁLISE
♪ Em março de 2023, o Skank saiu de cena na cidade natal de Belo Horizonte (MG) com show apoteótico no estádio conhecido como Mineirão. Dois anos antes dessa derradeira apresentação do Skank, Henrique Portugal – tecladista do quarteto mineiro projetado no início dos anos 1990 – já lançou o primeiro single sem a banda, Razão pra te amar, em parceria com Leoni.
Desde então, o músico vem tentando se firmar como cantor em carreira solo com série de singles que, diferentemente do que foi anunciado em 2021, ainda não viraram um álbum ou mesmo EP solo.
Após sucessivas gravações individuais e duetos com nomes como Frejat e Marcos Valle, Henrique Portugal faz mais uma tentativa com a edição do inédito single No meu paraíso, programado para 18 de outubro. Trata-se da primeira parceria do artista com Zélia Duncan, conexão alinhavada por Leoni há mais de quatro anos.
“Já conhecia Zélia, mas a parceria foi incentivada pelo Leoni. Eu conversei com ela sobre alguns temas, mandei a música e Zélia me devolveu a letra em 15 minutos”, conta Henrique.
O single com registro da canção No meu paraíso sai quatro meses após o EP Henrique Portugal & Solar Big Band (2024), lançado em 7 de junho com o tecladista no posto de vocalista da big band nas abordagens de músicas de Beatles e Roberto Carlos, entre outros nomes.
A rigor, o single No meu paraíso e sobressai mais pelo som pop vintage dos teclados do músico do que pelo canto de Henrique Portugal.
“No meu paraíso / Te quero a princípio / Se nada é perfeito / Me arrisco e me ajeito / Quem dirá que é amor? / Qual olhar começou? / Nesse ‘não’ mora um ‘sim’? / O que eu sei mora em mim”, canta Henrique Portugal, dando voz aos versos da letra escrita por Zélia Duncan em 15 minutos.

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Juiz nega pedido de novo julgamento para armeira de ‘Rust’ condenada por morte de diretora de fotografia

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Hannah Gutierrez-Reed foi considerada culpada pela morte de Halyna Hutchins, atingida por um tiro disparado por uma arma segurada pelo ator Alec Baldwin, em outubro de 2021. Alec Baldwin chora após Justiça anular acusações de homicídio culposo
Um juiz do Novo México negou nesta segunda-feira (30) o pedido da armeira Hannah Gutierrez Reed do filme “Rust” para um novo julgamento e manteve sua condenação por homicídio culposo pela morte da diretora de fotografia Halyna Hutchins em 2021. Gutierrez Reed vai permanecer sob custódia para cumprir o restante de sua sentença de 18 meses.
Hannah Gutierrez-Reed havia carregado o revólver com o qual Baldwin estava ensaiando, em outubro de 2021, durante a filmagem em um rancho do Novo México. Além da morte da diretora de fotografia, o incidente deixou o diretor Joel Souza ferido. A arma estava carregada com munição real e não cenográfica. Além de estrelar “Rust”, o Baldwin também era produtor do filme.
Em seu julgamento, os promotores argumentaram que Hannah violou repetidamente o protocolo de segurança e foi negligente. O advogado de defesa argumentou que ela era o bode expiatório pelas falhas de segurança da administração do set de filmagem e de outros membros da equipe.
Hannah Gutierrez-Reed, ex-armeira de ‘Rust’, comparece a julgamento em 27 de fevereiro pela morte de Halyna Hutchins
Luis Sánchez Saturno/Pool/AFP
Juíza anula acusação de Baldwin
No dia 12 de julho, o ator Alec Baldwin chorou após a Justiça dos Estados Unidos anular as acusações de homicídio culposo. A juíza entendeu que houve má conduta da polícia e dos promotores ao ocultar as provas da defesa.
À Justiça, os advogados do ator afirmaram que as autoridades “enterraram” evidências sobre a origem da bala que matou a diretora. Segundo a defesa, munições reais foram apreendidas como parte das evidências, mas não foram listadas no arquivo das investigações.
Vídeo com Alec Baldwin na gravação de ‘Rust’ é divulgado

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