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Festas e Rodeios

Por que as comédias de sucesso hoje são mais sombrias e melancólicas

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Séries como ‘BoJack Horseman’, ‘Fleabag’ e ‘Veep’ demonstram como as comédias modernas para TV abraçaram a dor e o sofrimento. Bojack Horseman, animação que estreou em 2014
Netflix
BoJack Horseman começou como mais uma animação para adultos.
A série mostra um homem (na verdade, um cavalo) preso no passado, revivendo seus dias de glória como astro de uma série banal da década de 1980 chamada Horsin’ around. BoJack é dependente, tem muito sexo inseguro e parece deprimido – sinais clássicos das ousadas animações para adultos do século 21, seguindo a tendência dos clássicos do gênero como Simpsons e Family Guy (Uma Família da Pesada, no Brasil).
Como ocorre em muitas outras séries de streaming, os primeiros fãs de BoJack Horseman, quando a série estreou em 2014, diziam que o desenrolar da série era lento, mas que ela melhoraria perto do sétimo episódio.
Mas nem esses defensores iniciais poderiam perceber a seriedade das intenções do criador da série, Raphael Bob-Walksberg: ao longo das suas seis temporadas, ela se tornaria uma dolorosa ruminação sobre o sentido da vida, à medida que BoJack enfrentava o vazio do sucesso mundial, perdas devastadoras, uma série de arrependimentos terríveis e a proximidade da morte.
Aquele cavalo chamado BoJack acabou por ser o rosto da comédia do século 21. Como provou a seleção das 100 melhores séries de TV do século 21 pela BBC, as últimas duas décadas trouxeram uma mudança radical das comédias para TV rumo ao lado sombrio.
BoJack Horseman, Fleabag, Catastrophe, Veep e Crazy Ex-Girlfriend são algumas das séries que abandonaram o antigo formato “sitcom” (comédia de situação, da abreviação em inglês) – adotado em séries como a norte-americana Cheers e a britânica Coupling.
Pelo menos nas séries em língua inglesa – sim, há um viés definido na pesquisa – as comédias para TV simplesmente não são engraçadas hoje em dia. As risadas são acompanhadas por conteúdo emocional muito maior, muitas vezes combinado com luto, vergonha, dependência, corrupção, doenças mentais e questões existenciais sobre o significado da própria vida.
A série ‘Ted Lasso’ tornou-se uma sensação internacional utilizando um cenário clássico de “peixe fora d’água” para explorar os perigos da masculinidade tóxica
APPLE TV+
Por que a mudança para um estilo mais ‘melancólico’ (ou realista)?
À medida que as opções televisivas se multiplicavam exponencialmente na era do streaming, nós passamos a olhar para a TV de forma mais séria, incluindo as comédias. Essa mudança permitiu que as comédias se equiparassem aos dramas em termos de prestígio, o que é comprovado pelas suas frequentes menções na lista das 100 melhores séries (em comparação, a lista dos 100 melhores filmes do século 21 elaborada pela BBC foi dominada por dramas).
A comédia para TV típica do século 21 alterna livremente entre altos e baixos, risos e lágrimas, descobertas e socos no estômago. Isso torna as comédias mais próximas da nossa vida real que, naturalmente, não está tentando se enquadrar em uma categoria de ficção. O cômico está sempre misturado com o sério. Nós não temos escolha.
Faz sentido que essa evolução tenha ocorrido recentemente. A comédia para TV do século 20 era mais direta – como em The Golden Girls (Supergatas, no Brasil) e as loucas desventuras dos personagens da série inglesa Fawlty Towers – e não apresentou grandes evoluções desde o surgimento da televisão até a década de 1990.
Como a televisão era paga pelos anunciantes, os executivos das redes de TV aberta claramente se preocupavam com possíveis ofensas ou situações incômodas para os espectadores. Por isso, a maior parte da programação destinava-se a agradar “a todos” – uma receita para reprimir a criatividade.
Os programas eram constantemente avaliados pelo público, muitas vezes desprezando a criatividade, surpresas ou mesmo suaves desconfortos em favor de mensagens mais amplas. Alguns testes de audiência pediam literalmente aos espectadores que girassem mostradores a cada segundo de um programa para indicar se eles gostavam ou não do que estavam vendo na tela.
Mas isso acabou com o novo milênio. A explosão da programação a cabo fortaleceu a qualidade, inovação e as técnicas de gravação, retirando o gênero cômico das estruturas tradicionais de comédias de situação em estúdios de gravação com trilha de risadas.
O cenário cada vez mais competitivo – que começou no início dos anos 2000, quando as redes a cabo começaram a produzir programas originais para concorrer com as redes abertas – exigiu programas que causassem forte impacto. Isso inicialmente levou os produtores a enfatizar o constrangimento – um parente do pastelão em abordagem mais ousada, mas ainda dentro do campo da comédia pura já conhecida.
Esse constrangimento era muitas vezes acentuado por técnicas “realísticas”, como o uso da câmera na mão e o formato de falso documentário – como em Curb your Enthusiasm (Segura a Onda, no Brasil) e nas duas versões de The Office (no Brasil, Vida de Escritório). Isso abriu as portas para retratar ainda mais desconforto à medida que o novo século avançava.
Protagonistas desagradáveis ou anti-heróis tornaram-se mais comuns nas comédias e também em dramas, como Larry David (Segura a Onda) e David Brent e Michael Scott (The Office, nas versões britânica e americana), até Tony Soprano (Os Sopranos) e Dexter Morgan (Dexter).
O crescimento dos streamings trouxe muito mais liberdade: o gênero era menos importante, porque não havia mais grades de horários; as comédias deixaram de ser exibidas em blocos de 30 minutos agrupados e os dramas não eram mais pressionados em espaços com uma hora de duração tarde da noite, na hora mais “séria” da audiência. E a duração dos episódios e das temporadas podia variar, livre da programação das redes de TV.
O público no estúdio e as trilhas de risada haviam sido abolidos há tempos, seguindo uma tendência iniciada com séries “sitcom” de redes abertas como 30 Rock (Um Maluco na TV, no Brasil), mas precipitada pelo maior orçamento dos streamings. E destacar-se agora é melhor do que enquadrar-se, já que a capacidade infinita de programação dos serviços de streaming possibilitou um conjunto imenso de escolhas.
Phoebe Waller-Bridge em cena de “Fleabag”
Divulgação
‘Bálsamo para tempos incertos’
Eventos mundiais catastróficos provavelmente contribuíram para levar as comédias para o lado sombrio.
Os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 foram apenas o começo de um desgaste contínuo das ilusões de segurança e garantia de progresso características da vida no mundo ocidental nas décadas de 1980 e 1990. Com o medo permanente do terrorismo, guerras, colapso dos mercados financeiros, tiroteios, polarização política e a pandemia de covid-19, as duas últimas décadas marcaram a perda da inocência para muitos ocidentais que criaram a maior parte das séries em língua inglesa.
Os dramas já vinham se tornando mais complexos e sombrios antes do 11 de Setembro com o sucesso fenomenal, nos Estados Unidos, de The Sopranos (no Brasil, Família Soprano), após sua estreia em 1999. E muitas séries vinham ignorando a barreira entre a comédia e o drama – antes e depois do 11 de Setembro – graças, muito provavelmente, à liberdade criativa oferecida, primeiro pela TV a cabo e, depois, pelo streaming.
Mas existe algo mais estimulante na descoberta dos momentos mais sombrios e profundos infiltrados nas comédias. Embora o humor negro fosse um gênero reconhecido no cinema e no teatro há décadas, a televisão havia tradicionalmente evitado os experimentos no setor. Por isso, no século 21, as comédias para TV se tornaram um espaço para discutir as contradições do mundo, reconhecendo que, mesmo nos nossos melhores momentos, a vida pode nos dar um soco no estômago – e, principalmente, que podemos rir até nos nossos momentos mais tristes.
Um exemplo claro da evolução desse gênero é a série Ted Lasso, recente sucesso internacional, com sua premissa ampla que teria facilmente se transformado em uma série “sitcom” clássica de antigamente: um técnico de futebol americano simples e folclórico (interpretado pelo cocriador da série, Jason Sudeikis) muda-se para o Reino Unido e recebe a tarefa de treinar um time de futebol inglês – mas ele não compreende o jogo e não se enquadra na cultura totalmente diferente do país.
É um cenário clássico de “peixe fora d’água”, exibido em toda a história da televisão, desde a série norte-americana Green Acres, na década de 1960, até 3rd Rock from the Sun (Uma Família de Outro Mundo, no Brasil), nos anos 1990. Mas, como fenômeno do século 21, a série se transformou em algo completamente diferente na segunda temporada: exploração dos perigos da masculinidade tóxica e dos poderes redentores da vulnerabilidade, honestidade e do reconhecimento dos colegas. A série ainda é, às vezes, muito engraçada. A vida de Ted poderá ter mais dificuldades que a dos seus parceiros do século passado, mas o panorama da série, pelo menos após duas temporadas, é abertamente otimista.
As comédias sombrias incluídas na lista das 100 melhores da BBC podem não ser tão idealistas, mas a maioria delas encontra-se no lado do otimismo ponderado.
A personagem-título da série britânica Fleabag trabalha com seu luto, enquanto Rebecca de Crazy Ex-Girlfriend aprende a lidar com seu transtorno de personalidade limítrofe (“borderline”). Elas sobrevivem a sérias dificuldades e conquistam seus finais felizes – muitas vezes aceitando um trauma e seguindo em frente para se tornar uma pessoa mais sensata.
Isso faz com que essas séries sejam o bálsamo perfeito para tempos incertos: elas não tentam nos convencer de que tudo é positivo – elas abordam as dificuldades do mundo real, que só se agravaram no final da década de 2010 e ao longo de 2020.
Cena de ‘Succession’
Divulgação/HBO
O fim dos gêneros
Naturalmente, algumas das grandes séries cômicas do século 21 são totalmente sombrias, sem uma abertura sequer para a luz. Veep terminou com uma condenação profundamente cínica da política dos Estados Unidos, enquanto Succession ainda precisa revelar algum traço de otimismo sobre a família Roy, a rica dinastia norte-americana das comunicações que protagoniza a história.
A aclamação da crítica e o frenesi que cultua a atual temporada da série Succession ressaltam a ressonância do público com a exibição da ganância, incompetência e impunidade dos super-ricos que administram impérios midiáticos de bilhões de dólares. Para os personagens da série, as mudanças de poder e as loucuras desesperadas são dramáticas; para nós, o público, elas são absurdamente cômicas.
Na verdade, é difícil classificar Succession em um gênero. Seus episódios têm uma hora de duração, com muitas reviravoltas dramáticas; a série é deliberadamente shakesperiana; e o prêmio Emmy de 2021 a chamou de drama. Mas ela oferece momentos hilariantes em cada episódio.
Em Succession, existe a comédia no estilo de O Gordo e o Magro entre o genro Tom e o primo Greg. Há o filho ambicioso Kendall, com seu conceito misto de comédia tradicional e “cringe comedy” (humor com a vergonha alheia) de como é importante seu pai, o patriarca da família. E existe ainda o pequeno detalhe das manchetes falsas divulgadas pelo canal noticioso da família Roy (similar à Fox News), ATN, como: “Imigrantes ilegais de gênero fluido podem estar entrando no país ‘duas vezes'”.
A única palavra que temos no momento para descrever Succession é o neologismo “dramédia” – ou comédia dramática, que historicamente indicava um drama leve, como Ally McBeal (Ally McBeal: Minha Vida de Solteira, no Brasil) ou The Marvelous Mrs. Maisel (no Brasil, A Maravilhosa Sra. Maisel), em oposição às comédias mais sombrias.
Todas as comédias sombrias mencionadas na lista das 100 melhores séries da BBC são em língua inglesa e somente uma série cômica em língua não inglesa foi incluída na lista: a francesa Dix Pour Cent.
Paralelamente, diversas séries dramáticas em outros idiomas foram mencionados – The Bridge (A Ponte, no Brasil), Borgen, La Casa de Papel e outras, o que sugere que as comédias geralmente são traduzidas com mais dificuldade, especialmente as comédias sombrias, com suas sutilezas.
Isso havia sido confirmado anteriormente: os trocadilhos e as expressões misantrópicas da série Seinfeld, sensação norte-americana dos anos 1990 que foi evidente precursora das comédias sombrias atuais, representaram um evidente desafio para os tradutores e a audiência internacional de Seinfeld foi muito inferior à de Friends, que era mais simples e leve.
Por isso, muitas comédias para TV fora do mundo de fala inglesa também distorceram os gêneros recentemente. A série japonesa Hibana: Spark usa seu ambiente fundamentalmente cômico – dois comediantes que trabalham juntos – para se tornar um tanto existencial. A série sul-coreana One More Time é uma comédia romântica em forma de novela sobre um músico preso em um laço temporal. A francesa A Very Secret Service é uma paródia do gênero de espionagem e a sueca Fallet representa o nórdico sombrio.
Estas séries não são tão sombrias quanto Succession, mas parece provável que haverá outras misturas de gêneros internacionais à medida que o streaming oferecer acesso a programas de todos os países para o público internacional.
E, é claro, existem muitas exceções para a mudança das séries cômicas para o lado sombrio no século 21.
30 Rock/Um Maluco na TV tinha um tom satírico cínico, mas ainda era essencialmente uma “sitcom” tradicional no local de trabalho, recheada com mais piadas por segundo que talvez qualquer outro programa na história da TV. Parks and Recreation (Confusões de Leslie, no Brasil) oferecia uma clara visão leve da política local na era Obama. E a série canadense Schitt’s Creek atingiu inicialmente uma postura irônica – com aquelas pessoas desagradáveis que haviam sido ricas e agora eram forçadas a viver no meio do nada – para depois contradizer essa imagem a todo momento, ao criar uma visão utópica da vida nas cidades pequenas que recebem todas as pessoas.
A questão real não é se a leveza ou o aspecto sombrio irá prevalecer nas comédias para TV à medida que avança o século 21. BoJack Horseman é o exemplo perfeito de como a comédia real pura – boba, engraçada, simplória e animada – pode se transformar em uma delicada meditação sobre o sentido da vida.
Na cena final da série (atenção: spoiler!), BoJack, que saiu da cadeia por um dia para ir a um casamento, senta-se no teto de uma casa com sua amiga Diane – a mais próxima de uma alma gêmea que ele chegou a conhecer. Ele conta a ela um pouco sobre a vida na prisão e ela encolhe os ombros. “É, mas o que podemos fazer?”, diz ele. “A vida não presta e a gente morre, não é?”
“Às vezes”, responde ela. “Às vezes a vida não presta e a gente continua vivendo.” Pausa. “Mas hoje está uma bela noite, não é?”
“É”, diz ele. “Uma bela noite.”
O título do episódio é Nice While it Lasted (no Brasil, Bom Enquanto Durou).
Ele traz de volta a antiga questão: quando a distinção entre comédia e drama irá se tornar irrelevante? Quando estaremos prontos para admitir que a via é engraçada e triste, bela e trágica, e que a arte, na sua melhor forma, reflete tudo isso, seja ela qual for?
E até, talvez especialmente, a televisão.

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Cerveja fabricada no interior de SP abastece o Rock in Rio; saiba como funciona a produção da bebida

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Quase 1 milhão de litros de cerveja e ‘chopp’ estão sendo servidos na 40ª edição do festival do RJ. A bebida do festival foi produzida por três cervejarias do país. O g1 visitou uma delas em Jacareí, no interior de São Paulo, para mostrar como funciona o processo de produção. Imagem de arquivo – Cerveja e chopp são bebidas muito consumidas durante o Rock in Rio.
Érico Andrade/g1
Além de shows com artistas renomados do mundo inteiro, o Rock in Rio conta também com outras ações para o público, como brinquedos de aventura, atividades para ganhar brindes e uma estrutura que funciona como uma praça de alimentação. No ramo das bebidas, um número chama a atenção: são quase um milhão de litros de cerveja e chopp para atender o público.
Segundo a organização, foi montada uma grande estrutura para servir as bebidas durante a edição que comemora os 40 anos do festival na Cidade do Rock, zona oeste do Rio de Janeiro.
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Segundo a indústria que produz a cerveja, pelo menos 850 mil litros dos produtos saíram de três cervejarias diferentes – Jacareí (SP), Araraquara (SP) e Blumenau (SC) – em 15 carretas, com capacidade de 35 mil litros cada, e 6 mil barris que totalizam 300 mil litros das bebidas.
O g1 visitou a fábrica da Heineken em Jacareí (SP), onde boa parte da cerveja e do ‘chopp’ do Rock in Rio foram produzidos, para entender como funciona o processo de fabricação desses produtos que são grandes paixões do brasileiro.
Tanques de cerveja da fábrica da Heineken em Jacareí (SP)
Léo Nicolini/g1
🍺Processos de fabricação da cerveja
Antes de entender os processos de fabricação da cerveja, é preciso entender quais são os ingredientes usados no produto. São quatro ingredientes básicos, mas, dependendo da marca, são adicionadas frutas, especiarias e essências. Confira:
Água: compõe mais de 90% da cerveja e é usada em toda a cadeia – do plantio de cereais à produção.
Malte de cevada: a cevada é o principal cereal usado na cerveja. Ela passa por um processo de malteação, em que os grãos são germinados, sendo então capaz de determinar a cor, o aroma e outras características do produto final.
Levedura: são micro-organismos usados na produção para fermentar a bebida. Eles consomem o açúcar extraído do malte de cevada e o transformam em álcool e gás carbônico. Esse ingrediente também ajuda a definir o aroma e o sabor das cervejas.
Lúpulo: é uma planta cujas flores fêmeas são usadas na produção da cerveja. A flor contém glândulas que determinam o nível do amargor do produto. Outro benefício desse ingrediente é que ele age como um conservante natural e evita a contaminação.
Lúpulo, uma das matérias-primas da cerveja
Darlan Helder/g1
O processo de fabricação da cerveja começa justamente na escolha e tratamento dos ingredientes, mas há uma série de outras etapas. Veja abaixo:
Mosturação: os grãos de cevada são moídos e cozidos em alta temperatura, convertendo o amido do cereal em açúcares fermentáveis e produzindo o mosto.
Fervura: o lúpulo é adicionado ao mosto e perde parte do amargor. Nesta etapa, o sabor e o aroma da cerveja já começam a ganhar forma.
Decantação: é um processo de filtragem que retira o resíduo sólido do lúpulo e componentes insolúveis da mistura.
Resfriamento: como está em alta temperatura, o mosto passa por resfriamento para uma média de 10°C (a temperatura varia dependendo da marca e tipo da cerveja).
Fermentação: é a etapa em que a levedura é adicionada ao mosto para consumir o açúcar do malte e transformá-lo em álcool e gás carbônico, que gera a espuma da cerveja.
Maturação: é o momento em que o excesso de levedura é retirado do líquido e o aroma e o sabor da cerveja são lapidados – inclusive quando são adicionadas essências na cerveja, como por exemplo algum extrato de fruta.
Filtração: nesta etapa, o líquido passa por uma nova filtração, mas dessa vez com o objetivo de deixá-lo mais límpido e claro – algumas cervejas mais escuras não passam por esse processo.
Envase: a cerveja é armazenada em tanques e, em seguida, colocada e rotulada nos diferentes recipientes, como latas, long necks, garrafas de vidro e barris.
Pasteurização: última etapa da fabricação da cerveja, em que o líquido passa por um ‘choque térmico’ para aumentar a validade do produto. O líquido é envasado gelado, a até 2°C, e passa para 60°C na pasteurizadora. Depois, é novamente resfriado e mantido em temperatura ambiente até a venda para as distribuidoras.
Simulação do setor de envase das cervejas da Heineken em Jacareí (SP)
Divulgação/Heineken
Segundo a empresa, o tempo de produção depende de cada marca, mas o processo é quase sempre o mesmo, começando pela malteação: o grão de cevada sai do campo e é malteado por fornecedores. Depois, o malte é levado para as cervejarias e é transformado através do processo de fabricação. Na sequência, é adicionada o lúpulo e o líquido é fervido, chegando no ‘mosto’.
“Depois a gente passa por um processo de fermentação, maturação desse líquido e filtração, para depois partir para a área de envasamento nas latas, garrafas, barris, nas embalagens que a gente tem para poder atender as necessidades do consumidor”, explicou o vice-presidente de produção do Grupo Heineken no Brasil, Rodrigo Bressan.
No caso das cervejas que estarão no Rock in Rio, a produção leva no mínimo 21 dias e no máximo 28 dias. Outras marcas podem demorar bem menos para serem produzidas – cerca de 11 dias.
Cerveja no Rock in Rio
Divulgação/Grupo Heineken
❓ Qual a diferença entre chopp e cerveja?
A principal diferença é que o chopp não passa pelo processo de pasteurização. Isso quer dizer que, até passar pela pasteurização, toda cerveja ainda é chopp.
Essa etapa tem como objetivo aumentar a validade do produto – enquanto o chopp tem duração de cerca de 60 dias, a cerveja (a depender da marca) tem duração de cerca de nove meses.
A fábrica da Heineken em Jacareí pertencia à Kaiser desde 1987, mas foi comprada pela empresa holandesa em 2010.
G1 em 1 Minuto: Quanto custa comer no Rock in Rio? Balde de pipoca sai por R$ 60
Tanques horizontais de cerveja da fábrica da Heineken em Jacareí (SP)
Léo Nicolini/g1
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Sertanejo vence tabu roqueiro e chega ao Rock in Rio pela 1ª vez após 40 anos

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Ana Castela, Simone Mendes, Luan Santana e Chitãozinho e Xororó foram incluídos em dia só com atrações nacionais. Decisão gerou fúria de metaleiros e não é consenso nem entre artistas; entenda. Rock in Rio 2024: o melhor do dia 21
Este sábado (21) de Rock in Rio ficará marcado na história do festival como o dia em que o sertanejo subiu ao palco pela primeira vez. Foram necessários 40 anos para o maior festival de música do Brasil se render ao gênero musical mais ouvido do país — enfrentando o grande tabu de uma ala roqueira mais conservadora.
Veja, no VÍDEO acima, como será o dia de estreia do sertanejo no Rock in Rio
Astros da música sertaneja foram incluídos no Dia Brasil, com programação exclusivamente brasileira. Num bloco de apresentações dedicada ao estilo, vão subir ao palco Ana Castela, Simone Mendes, Luan Santana e Chitãozinho e Xororó.
A ideia começou a tomar forma durante o último Rock in Rio, em 2022. Roberto Medina, idealizador do festival, passou a sinalizar em entrevistas o desejo de incluir nomes do sertanejo no line-up de 2024, citando nominalmente o cantor Luan Santana. Ele é conhecido pela megaprodução de seus shows.
Luan Santana durante apresentação em Campo Grande
Rafaela Palieraqui
Em entrevista ao g1 em setembro de 2022, o próprio Luan disse que seria “uma honra” se apresentar no evento:
“Desde o começo da minha carreira, eu nunca defini qual público eu queria atingir: faixa etária, classe social… Nunca direcionei: ‘minha música é pra essa tribo’. Minha música sempre foi para todo mundo.”
Mas uma tribo em específico não gostou de ver Luan e seus pares na programação do festival. O anúncio do Dia Brasil, feito em abril de 2024, gerou a fúria de metaleiros na internet, principalmente porque, este ano, não há um dia de Rock in Rio dedicado a eles.
Nas edições anteriores, ao menos um dia de line-up reuniu atrações do rock pesado: em 2019, se apresentaram Helloween, Scorpions e Iron Maiden; em 2022, Dream Theater; Gojira e (de novo) Iron Maiden.
ANÁLISE: Sertanejos merecem estar no Rock in Rio 2024 para diluir preconceito contra o gênero
Ana Castela no Festival de Inverno Bahia, no sudoeste do estado
Laécio Lacerda
A decisão também não é consenso entre artistas. Antes de se apresentar no Palco Sunset do festival no último domingo (15), BNegão, vocalista do Planet Hemp, criticou em entrevista a jornalistas:
“Eu acho que não tem nada a ver, mas quem faz o festival são os caras do festival. Se fosse o meu festival, eu não colocaria. Mas se quiserem colocar, está tudo certo.”
Em entrevista ao jornal O Globo, Roberto Medina definiu a chegada do sertanejo ao Rock in Rio como “o início de uma caminhada”. E alfinetou: “Para desespero dos meus amigos roqueiros”.
“Ficam loucos comigo, querem me matar. Quando anuncio o pop, é a mesma coisa. Eles são barulhentos, fazem confusão e gritam pelas redes, mas faz parte”, disse.
Escalada do funk
Se a previsão de Medina se concretizar, o sertanejo deve seguir no Rock in Rio um caminho semelhante ao trilhado pelo funk. O estilo também enfrentou resistência dos críticos e da própria organização do festival.
Em 2013, o g1 perguntou à diretora do Rock in Rio se Anitta e Naldo um dia poderiam subir ao palco. Roberta Medina, filha de Roberto, respondeu que sim, mas que os dois não tinham “o perfil do evento”. Curiosamente, ela descreveu o Brasil como um país “do sertanejo e do axé”, ignorando o funk. Naquele ano, Beyoncé terminou seu show no festival dançando “ah, lelek lek lek…”.
Em 2019, o evento criou o Espaço Favela, palco menor e afastado dos principais, que inclui artistas de funk e outros estilos. A ideia foi controversa e virou verso sarcástico do rapper Djonga: “O mais perto que cês chegaram do morro é no palco favela do Rock In Rio”, ele canta na música “Ladrão”.
ANÁLISE : Como o funk entrou em festivais? Estilo entrou pelas beiradas e Anitta foi figura importante, mas não única
Anitta no Palco Mundo do Rock in Rio 2019
Marcelo Brandt/G1
No mesmo ano, a estreia do funk em tamanho proporcional à sua influência e popularidade aconteceu com Anitta no Palco Mundo, após anos de cobranças dos fãs. Depois da apresentação, porém, a relação entre a cantora e o festival ficou estremecida. Em uma sequência de posts nas redes sociais, ela foi enfática:
“Eu não piso neste festival nunca mais. Só se um dia eles resolverem dar aos artistas que falam português o mesmo respeito que dão aos estrangeiros.”
Anitta acusou o Rock in Rio de incluir o funk na programação porque, do contrário, a reputação do evento ficaria ameaçada. Seja como for, o fato é que, depois dela, as portas se abriram para o ritmo. Neste ano, a sexta-feira (13), primeiro dia de festival, teve Ludmilla no Palco Mundo e MCs em quase todos os espaços da Cidade do Rock.

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Katy Perry, Karol G, Ivete, Cyndi Lauper e Iza comandam ótimo dia cheio de surpresas no Rock in Rio

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Sexta-feira (20) foi o dia das divas pop. Veja o que rolou nos palcos Mundo e Sunset. Katy Perry se apresenta no Rock in Rio 2024
Stephanie Rodrigues/g1
O “Dia Delas” do Rock in Rio fez desta sexta-feira (20) o melhor dia até agora do festival. Em uma programação só com mulheres, os shows destacaram o poder das divas pop.
Foi também uma noite de surpresas. Iza convidou Ivete, após a popstar baiana voar em seu show. Primeira atração de reggaeton no festival, a colombiana Karol G chamou Pabllo Vittar, a iraniana Sevdaliza e a francesa Yseult para a primeira performance ao vivo do hit “Alibi”, gravado pelo trio.
Para fechar, Katy Perry cumpriu sua promessa e fez um “show único”, pensado apenas para o Rock in Rio. Foi um setlist cheio de convidadas, de novidades do recém-lançado álbum “143” e de clássicos da carreira em versões vigorosas.
A Cidade do Rock recebeu veteranas como Cyndi Lauper e Gloria Gaynor, as duas em ótima forma.
Katy Perry
Havia um mistério no ar quanto à principal atração do dia: qual versão de Katy Perry subiria ao Palco Mundo? A cantora do álbum “143” (lançado no mesmo dia do show), ou a popstar que marcou a década passada com vários hits potentes? Suspense que só surgiu porque, 15 anos atrás, ela vivia o auge de sua carreira, mas, agora, está imersa em uma crise — em termos artísticos, de sucesso e de reputação. Para a alegria da multidão que assistiu à apresentação no Rock in Rio, porém, a cantora soube dosar bem suas apostas atuais e deu foco na nostalgia, além de cravar ali um momento histórico ao cantar ao lado de Cyndi Lauper. Foi um show emocionante. Bonito do começo ao fim. Leia mais sobre o show de Katy Perry no Rock in Rio.
Iza
Iza canta ‘Meu Talismã’ com Ivete Sangalo no Rock in Rio
Existia uma expectativa dos fãs para que Iza trouxesse para seu show no Rock in Rio 2024, nesta sexta-feira (20), um pouco mais de seu último trabalho, “Afrohit”. E para esse show, diferentemente no último The Town, em São Paulo, ela incluiu mais algumas músicas do álbum no bom mix com singles e faixas seu primeiro disco, “Dona de mim”. Para o espetáculo, com troca de figurinos e projeções belíssimas no telão, ela ainda contou com Ivete Sangalo, só para arrebatar de vez os fãs. Leia mais sobre o show de Iza no Rock in Rio.
Karol G
Pabllo Vittar, Sevdaliza e Yseult cantam ‘Alibi’ no show de Karol G
Pela segunda vez no Brasil neste ano, Karol G levou ao Rock in Rio nesta sexta-feira (20) um show dedicado, com mimos ao público do país. Não foi como qualquer outra apresentação: ela está obstinada a conquistar os brasileiros. Primeira artista de reggaeton a pisar no Palco Mundo, escalada para preparar o terreno para Katy Perry, a colombiana contou com a ajuda de uma amiga brasileira. No momento mais empolgante do show, ela convidou Pabllo Vittar para uma apresentação conjunta de “Alibi”, com a cantora iraniana de pop experimental Sevdaliza e a francesa Yseult, que também apareceram. Leia mais sobre o show de Karol G no Rock in Rio.
Cyndi Lauper
Cyndi Lauper canta em coro o sucesso ”Girls Just Want to Have Fun” no Rock in Rio
Cyndi Lauper é um ícone da música pop, do feminismo e da moda, mas já teve que lidar com críticas de que não manda bem ao vivo. Nesta sexta-feira (20) de Rock in Rio, a cantora nova iorquina de 71 anos oscilou um pouco, principalmente no começo. Mesmo assim, entregou um grande show. Tudo foi dando certo ao longo da noite. E há de se levar em conta que ela canta bem e não usa recursos dos quais outras cantoras abusam. Quase tudo o que se ouve vem do gogó dela e de seus vocalistas de apoio. Leia mais sobre o show de Cyndi Lauper no Rock in Rio.
Gloria Gaynor
Gloria Gaynor encerra show com seu maior hit ‘I Will Survive’
Poucas cantoras fazem jus àquela desgastada expressão “caminhou para que as outras pudessem correr”. Gloria Gaynor é uma dessas. A americana de 81 anos se apresentou no Palco Sunset para fãs de divas pop como Dua Lipa, Doja Cat, Lady Gaga e, claro, Katy Perry. Todas essas, em maior ou menor dose, já beberam na disco music da qual Gloria é pioneira. Hits próprios (como “I will survive”) e no medley em tributo a Donna Summer (1948-2012) deixam o Palco Sunset com um delicioso clima de karaokê coletivo ou festa de casamento. Leia mais sobre o show de Gloria Gaynor no Rock in Rio.
Tyla
Tyla dança em ‘Parado no Bailão’
Foi esbanjando muita sensualidade que Tyla se apresentou pela primeira vez no Brasil e fez um show não apenas sexy, mas também com homenagens à música brasileira e à música sul-africana. Do início ao fim da apresentação, havia um enorme tigre inflável no centro do palco — os fãs da cantora são chamados de “tigers” (tigres, em inglês). Em destaque, o bicho endossou a imagem felina de Tyla, que já chegou sensualizando. Leia mais sobre o show de Tyla no Rock in Rio.
Ivete Sangalo
Ivete Sangalo voa sob plateia do Palco Mundo no Rock in Rio
Ivete Sangalo mostrou por que, há 30 anos, é a maior diva pop do Brasil. Em um show com surpresas, ela voou sobre a plateia presa a cordas e beijou a cantora Liniker ao apresentar uma música inédita. A cada show, no entanto, Ivete maceta a rejeição com a experiência e a energia de quem está acostumada a orquestrar uma multidão de cima de um trio elétrico por horas a fio. “Macetando”, hit absoluto do carnaval de 2024, teve milhares de pessoas na plateia reproduzindo a coreografia viral. Leia mais sobre o show de Ivete Sangalo no Rock in Rio.
Luedji Luna convida Tássia Reis e Xênia França
Luedji Luna convida Tássia Reis e Xênia França para show no Rock in Rio
Miguel Folco/g1
A apresentação de Luedji Luna ao lado de Tássia Reis e Xênia França, fez reverência à ancestralidade negra e religiões de matrizes africanas. O ritmo puxado para o R&B envolveu o público em uma dança melodiosa e afetiva para quem chegava à Cidade do Rock. A apresentação coroa a mistura de ritmos das artistas, que cantam do rap até letras mais puxadas para o jazz. Leia mais sobre o show de Luedji Luna, Tássia Reis e Xênia França no Rock in Rio.

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