No dia em que é lançado o último episódio da série ‘As Aventuras de José e Durval’, que conta a história de Chitãozinho e Xororó, g1 relembra a criação do nome da dupla. Chitãozinho e Xororó com os atores que interpretam os irmãos na série “As Aventuras de José & Durval”: Rodrigo Simas, Felipe Simas, Pedro Tirolli e Pedro Lucas
Bob Paulino
Entre as diversas assinaturas da música sertaneja, uma das que mais provoca interesse e comentários bem-humorados é o nome artístico o qual as duplas escolhiam para “fugir” dos verdadeiros. Por muitas vezes, por serem comuns demais ou por “não soarem tão bem comercialmente”, os nomes de batismo foram – e ainda são – substituídos por combinações inusitadas.
Os 50 anos de carreira, o sucesso e o legado de, para muitos, a maior e mais importante dupla do gênero, transformaram Chitãozinho e Xororó em uma combinação nem tão inusitada assim, considerando o quanto o nome já ficou comum ao público. Mas, no início, nem os próprios cantores gostaram tanto da “invenção”.
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A passagem da transformação do nome de José de Lima Sobrinho e Durval de Lima, que se apresentavam no início da carreira como “Irmãos Lima”, em Chitãozinho e Xororó, é exibida, em partes, no segundo episódio da série “As Aventuras de José e Durval”, do Globoplay, que terá o oitavo e último capítulo disponibilizado na plataforma de streaming nesta sexta-feira (8). 📺
A série, feita em parceria com a O2 Filmes e que comemora os 50 anos de carreira da dupla, mistura realidade e ficção e está na quarta posição entre os conteúdos mais assistidos do Globoplay. Para marcar o fim da produção, o g1 conta, abaixo, como José e Durval viraram Chitãozinho e Xororó em uma história que passa por uma música homônima de 1939 e pela sugestão de quem ficou conhecido como o descobridor da dupla. Veja abaixo:
Os irmãos Rodrigo e Felipe Simas são José/Chitãozinho e Durval/Xororó em ‘As Aventuras de José & Durval’, série inédita Original Globoplay
Divulgação/Globo
💭 A ideia que mudou a história
O que mostra na série sobre a criação do nome é justamente a participação de Geraldo Meirelles na mudança de nome da dupla. Meirelles, que tinha o apelido de “marechal da música sertaneja”, era apresentador, radialista e compositor, e ficou conhecido na história do gênero, entre outros feitos, por ter “descoberto” Chitãozinho e Xororó quando começaram a cantar ainda crianças no Paraná – atualmente os irmãos moram em Campinas (SP) desde a década de 1980.
Todos os conteúdos biográficos relacionados a Chitãozinho e Xororó, inclusive a série recém-lançada, mostram que, ao conhecer José e Durval ainda como Irmãos Lima, Geraldo Meirelles não gostou do nome e sugeriu a mudança para Chitãozinho e Xororó. As referências dele para a sugestão foi justamente um clássico da moda caipira de 1939, composto por Serrinha e Athos Campos, que também atuou na sugestão da mudança de nome.
A canção, que chama Chitãozinho e Xororó e já foi regravada por diversos artistas da música sertaneja, conta a história de um homem que só ficava feliz ao ouvir o cantar de duas aves: o inhambu-chintã e o inhambu-chororó. Na época, o “novo batismo” causou estranhamento aos dois cantores, ainda que a relação com os passarinhos se fizessem presentes também pelo tom alto alcançado por Xororó desde muito novo.
“A gente apareceu lá no escritório com o nome de irmãos Lima: José e Durval. Aí eles queriam arrumar o nome, porque iríamos gravar um disco e eles produziriam nosso primeiro. A música já existia há muitos anos, já era um clássico do sertanejo, e foi assim que a gente assumiu o nome de Chitãozinho & Xororó”, disse Chitãozinho durante uma entrevista ao programa Altas Horas, da TV Globo.
“Eu achei horroroso. (…) A gente, desde molequinho, queria fazer uma música sertaneja para jovens também. A música sertaneja na época era só para quem era do interior, mas, na nossa cabeça, a gente tinha que levar a música sertaneja para as grandes cidades também. E ‘Chitãozinho e Xororó’ a gente achou caipira demais”, afirmou Xororó à época do lançamento da série.
🐦 Os passarinhos…
O Terra da Gente, da EPTV, afiliada da TV Globo, chegou a explicar particularidades das duas aves. Elas são tinamídeos, aves com hábitos terrestres que só voam quando é extremamente necessário. Os inhambus têm a cabeça bem pequena, bico avermelhado e um canto bem particular, sendo mais ouvidos do que vistos.
Ambos têm o dorso em variações de castanho e barriga e pescoços acinzentados e também pernas em tons de vermelho. Nas duas espécies, as fêmeas são maiores que os machos. As aves não estão ameaçadas de extinção.
O estranhamento logo passou e José e Durval assumiram e eternizaram os nomes Chitãozinho e Xororó ao longo dos 53 anos de carreira. Inclusive, a marca da dupla durante um período da trajetória foi justamente dois passarinhos entre os nomes, presente em todos os discos dos artistas de 1985 a 1997. Relembre alguns abaixo.
Chitãozinho e Xororó – Meu disfarce
Arquivo Chitãozinho e Xororó
Chitãozinho e Xororó em foto para capa do LP Cowboy do Asfalto
Reprodução
Chitãozinho e Xororó – Os meninos do Brasil
Marcello Carvalho/g1
🎵 Só me alegro quando pia…
Eternizada nas vozes dos próprios Chitãozinho e Xororó, além de Sérgio Reis e Tonico e Tinoco, “Chitãozinho e Xororó” foi lançada em 1939 por Serrinha e Athos Campos. Um dos expoentes do gênero da moda de viola, a música utiliza o processo narrativo de valorizar a vida no campo por meio de um caboclo que praticamente só dá importância na vida para os dois passarinhos.
“Eu não troco meu ranchinho, amarradinho de cipó, por uma casa na cidade nem que seja bangalô. Eu moro lá no deserton sem vizinho eu vivo só. Só me alegra quando pia lá praqueles cafundó, o inhambu-xitã e o chororó. É o inhambu-xitã e o chororó”, diz um trecho da canção.
Chitãozinho & Xororó abrem última noite de shows da Festa do Peão de Barretos e são reverenciados por arena lotada
Érico Andrade/g1
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