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Festas e Rodeios

Olivia Hime realça belezas atemporais da obra de Francis Hime em disco de atmosfera clássica

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Exceto pela capa inexpressiva, o álbum ‘Se eu te eternizar’ soa sedutor pela sintonia entre melodias, letras, arranjos e o canto maturado da artista de 80 anos. Francis Hime é o arranjador de ‘Se eu te eternizar’, álbum em que Olivia Hime canta 12 músicas do compositor, incluindo a inédita ‘Valsa sedutora’
Nana Moraes / Divulgação
Capa do álbum ‘Se eu te eternizar’, de Olivia Hime
Divulgação
Resenha de álbum
Título: Se eu te eternizar
Artista: Olivia Hime
Edição: Selo Sesc
Cotação: ★ ★ ★ ★ 1/2
♪ Exceto pela capa inacreditavelmente inexpressiva, nada surpreende de fato no 16º álbum de Olivia Hime, Se eu te eternizar, lançado em 29 de setembro pelo Selo Sesc. Dedicado ao cancioneiro de Francis Hime, parceiro da cantora e compositora na vida e na música, o disco está ambientado na mesma atmosfera clássica dos álbuns anteriores da artista carioca, como o antecessor Espelho de Maria – Canções de Dori Caymmi, Edu Lobo e Francis Hime (2018).
Aos 80 anos, Olivia Hime se beneficia da maturação da voz, que soa como bom vinho ao degustar a obra de Francis neste disco tão confortável quanto sedutor por evidenciar belezas eternas de títulos menos conhecidos do cancioneiro do compositor carioca, arranjador do álbum.
Parceria de Francis Hime com Zélia Duncan, a inédita Valsa sedutora já vale o disco pelo arrebatamento da melodia de Francis, da precisão dos versos de Zélia e pelo caráter sublime das cordas da St. Petesburg Studio Orchestra, arranjadas pelo próprio Francis.
Na sequência, um samba requintado – Breu e graal (2014), apresentado por Francis há nove anos no álbum Navega ilumina (2014) com letra de Thiago Amud, discípulo do compositor – se revela épico, no toque da cuíca de Marcos Thadeu, após ser introduzido por farta citação instrumental de Embarcação (1982), admirável samba da parceria de Francis com Chico Buarque.
Nessas águas aliciantes, também emerge Mar enfim, música composta por Francis nos anos 1960, somente agora letrada com propriedade por Olivia Hime e apresentada em gravação em que os versos surgem nas ondas da harpa de Cristina Braga após o ouvinte escutar toda a melodia sem letra.
Antes, Pássara (1980) – mais uma obra-prima da parceria de Francis com Chico Buarque – alça voo de rota imprevisível porque o intrincado arranjos de Francis busca outros caminhos harmônicos na gravação feita por Olivia em dueto com Zélia Duncan. Ao fim, os cantos das artistas parecem se desencontrar, mas sabem perfeitamente por onde caminham.
Líricas imagens aquáticas banham Menino de mar (2019), parceria de Francis com Olivia lançada há quatro anos por Francis no álbum Hoje (2019) e ora reavivada pela cantora com Dori Caymmi, cuja voz parece vir dos profundos mares do patriarca, um certo Dorival Caymmi (1914 – 2008), em gravação que se situa entre a ciranda e a marcha-rancho.
Valsa de contornos cariocas, composta por Francis com Olivia e lançada pelo cantor no já mencionado álbum Navega ilumina, Amorosa (2014) ganha pela primeira vez a voz da parceira, mas com arranjo do violonista Paulo Aragão e o toque clássico do Quarteto Maogani.
Olivia Hime canta músicas menos conhecidas do cancioneiro de Francis Hime, como ‘Anunciação’ e ‘Ribeirinho’, no álbum ‘Se eu te eternizar’
Nana Moraes / Divulgação
Com letra escrita por Paulo César Pinheiro por volta de 1973, Círculo fechado se abre para o público após 50 anos. Inédita, a música versa sobre as tramas do tempo e da vida com densidade sublinhada pelas cordas da recorrente St. Petesburg Studio Orchestra – cordas que também emolduram com classe a canção Meu melhor amigo (1977), composição que há 46 anos abriu a parceria de Francis com Olivia Hime.
Não por acaso, o título original do álbum Se eu te eternizar era Canções do meu melhor amigo até que Olivia decidiu rebatizar o disco com o verso inicial da Valsa sedutora.
Com o toque do bandolim de Pedro Amorim e das sete cordas do violão de Maurício Carrilho, Ribeirinho (1982) desenha paisagem rural na cadência de choro-canção. Lançada por Francis no álbum Pau Brasil (1982) e desde então nunca mais gravada, Ribeirinho é música melancólica com letra de Cacaso (1944 – 1987), um dos maiores poetas da canção brasileira.
E por falar em poeta, Paulo César Pinheiro reaparece no álbum Se eu te eternizar como letrista do samba Anunciação, parceria com Francis apresentada pelo grupo MPB4 em 1969 na quarta edição do Festival Internacional da Canção (FIC).
Nunca mais gravada, a música se alterna entre a cadência do samba e o compasso de valsa na gravação feita por Olivia com Sérgio Santos. O arranjo majestoso de Francis valoriza a música, menos imponente no conjunto grandioso das obras dos compositores.
Na sequência, a cantora desfolha A invenção da rosa (2006), samba mais calmo composto por Francis com letra do poeta Geraldo Carneiro. No arremate do álbum, Eterno retorno (Francis Hime e Geraldo Carneiro, 2009) tem a harpa de Cristina Braga a sublinhar o tom onírico e alucinado das imagens que vem à mente do eu-lírico da canção.
Gravado por Lucas Ariel no Estúdio Biscoito Fino, entre 24 de outubro e 16 de novembro de 2022, sob direção musical de Pauloi Aragão, o álbum Se eu te eternizar é valorizado pela seleção corajosa de repertório em que Olivia Hime ilumina belezas já esquecidas do cancioneiro de Francis Hime.
Por tudo que se ouve neste disco de alto nível artístico, trabalho que terá daqui a 50 anos o mesmo valor que tem hoje, o álbum Se eu te eternizar merecia capa à altura das canções, dos arranjos e da voz maturada da cantora.

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Raoni Ventapane, neto de Martinho da Vila, assina o samba-enredo da Unidos de Vila Isabel no Carnaval de 2025

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♪ É inevitável recorrer ao clichê de que “na casa de Martinho da Vila, todo mundo é bamba” quando chega a notícia de que um dos netos do compositor fluminense integra o time campeão dos compositores que assinam o samba-enredo escolhido pela Unidos de Vila Isabel na madrugada deste sábado, 28 de setembro, para o desfile das escolas de sambas do Rio de Janeiro no Carnaval de 2025.
Integrante da Ala de Compositores da agremiação azul-e-branca que Martinho da Vila carrega no sobrenome artístico, Raoni Ventapane assina com Ricardo Mendonça, Dedé Aguiar, Guilherme Karraz, Miguel Dibo e Gigi da Estiva o samba criado a partir do enredo Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece.
Filho de Analimar Ventapane, Raoni é cantor, compositor e ritmista da Swingueira de Noel, nome do grupo de bateristas da Unidos de Vila Isabel.
O samba-enredo de Raoni Ventapane venceu outros dois sambas na disputa realizada na quadra da escola, que será a última a desfilar na segunda-feira de Carnaval.
Raoni Ventapane (ao centro) celebra a vitória do samba-enredo ‘Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece’ na disputa encerrada na madrugada de hoje
Divulgação / Unidos de Vila Isabel
♪ Eis a letra do samba-enredo campeão da Unidos de Vila Isabel no Carnaval de 2025:
Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece
(Raoni Ventapane, Ricardo Mendonça, Dedé Aguiar, Guilherme Karraz, Miguel Dibo e Gigi da Estiva)
“Embarque nesse trem da ilusão
Não tenha medo de se entregar
Pois nosso maquinista é capitão
E comanda a multidão que vem lá do boulevard…
O breu e o susto em meio a floresta
Por entre os arbustos, quem se manifesta?…
Cara feia pra mim é fome
Vá de retro lobisomem, curupira sai pra lá.
No clarão da lua cheia
Margeando rio abaixo
Ouço um canto de sereia
Ê caboclo d’água
Da água que me assombra
A sombra da meia noite
Foi-se a noite de luar
Na tempestade, encantada é a gaiola
Chora viola, pra alma penada sambar
Nas redondezas credo em cruz ave maria
Quanto mais samba tocava, mais defunto aparecia
Silêncio…
Ao som do último suspiro vai chegar
A batucada suingada de vampiros
Quando o apito anunciar….
Eu aprendi que desde os tempos de criança
A minha vila sempre foi bicho papão
Por isso, me encantei com esse feitiço
Que hoje causa reboliço dentro desse caldeirão
Solta o bicho minha vila dá um baile de alegria
É o povo do samba virado na bruxaria
Quanto mais eu rezo, quanto mais eu faço prece
Mais assombração que aparece”

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Festas e Rodeios

‘Acabou vindo para cima de mim porque perdeu a cabeça’, diz ex de Ryan SP após foto em que funkeiro parece agredi-la

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Giovanna Roque reclamou de repercussão de imagem e disse que o músico está sendo alvo de ‘gente muito suja’ que deseja prejudicá-lo. MC Ryan SP e Giovanna Roque
Reprodução/Instagram
A influenciadora Giovanna Roque publicou no Instagram um vídeo em defesa de seu ex-namorado, MC Ryan SP. O post foi feito nesta sexta (27), horas após o vazamento de uma imagem em que o funkeiro parece estar dando chutes nela.
“O Ryan não é essa pessoa ruim que vocês estão pensando que ele é”, afirmou a influenciadora. “Ocorreu, sim, uma discussão no último término que a gente teve. O Ryan tinha aprontado e, nesse dia, eu perdi muito a cabeça, fiquei muito nervosa. Quebrei o telefone dele, fui para cima dele. E aí, ele ficou muito nervoso por conta dessas coisas e acabou vindo para cima de mim também, porque ele perdeu a cabeça. A gente deu abertura pro inimigo. Isso nunca aconteceu antes.”
Roque reclamou da repercussão da imagem e também disse que o músico está sendo alvo de “gente muito suja” que deseja prejudicá-lo. Os dois têm uma filha de nove meses.
“A gente realmente brigou”, afirmou ela. “Então, quer dizer que ele não pode errar uma vez?”
A assessoria do funkeiro disse que, por enquanto, não vai se pronunciar. Ryan é conhecido por hits como “Let’s Go 4”, “Filha do Deputado” e “Vai Vendo”.

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Quinteto Villa-Lobos irmana Caymmi, K-Ximbinho, Noel Rosa, Pixinguinha e Jacob nos sopros do álbum ‘Sempre’

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Quinteto Villa-Lobos lança o álbum ‘Sempre’ em 1º de outubro
Daniel Erbendinger / Divulgação
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♪ Em cena desde 1962, o Quinteto Villa-Lobos sempre cruzou as fronteiras entre a música erudita e a canção popular brasileira ao longo dos 62 anos de atividade profissional.
Sempre – álbum que o grupo de sopros lançará na terça-feira, 1º de outubro, em edição da gravadora Biscoito Fino – investe nessa mistura de linguagens através dos registros fonográficos de temas de compositores brasileiros como Dorival Caymmi (1914 – 2008), Jacob do Bandolim (1918 – 1969), Joel Nascimento, K-Ximbinho (1917 – 1980), Noel Rosa (1910 – 1937) e Pixinguinha (1897 – 1973).
Formado atualmente por Aloysio Fagerlande (fagote), Cristiano Alves (clarinete), Philip Doyle (trompa), Rodrigo Herculano (oboé) e Rubem Schuenck (flauta), o Quinteto Villa-Lobos assina a direção musical e a produção do álbum em que irmana esses grandes compositores brasileiros nos sopros de Sempre.
Gravado no estúdio A casa, o álbum Sempre reproduz quatro arranjos de Paulo Sérgio Santos – como os do samba-canção Só louco (1955) e de Modinha para Gabriela (1975), temas de Caymmi – em tributo a este clarinetista que integrou o Quinteto Villa-Lobos por cerca de cinco décadas.
O repertório do disco inclui Ainda me recordo (Pixinguinha e Benedito Lacerda, 1932), Noites cariocas (Jacob do Bandolim, 1957), Teleguiado (K-Ximbinho, 1958) e O pássaro (Joel Nascimento, 1978), além de Visitando Noel, medley que agrega Feitiço da Vila (Vadico e Noel Rosa, 1934), As pastorinhas (Braguinha e Noel Rosa, 1934), Conversa de botequim (Noel Rosa e Vadico, 1935) e Palpite infeliz (Noel Rosa, 1935).
Capa do álbum ‘Sempre’, do Quinteto Villa-Lobos
Divulgação

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