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Festas e Rodeios

Cacique Raoni acusa cineasta belga, com quem teve parceria por 50 anos, de reter dinheiro arrecadado em seu nome

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Líder indígena disse à agência de notícias Associated Press que diretor Jean-Pierre Dutilleux não repassou aos Kayapó verbas que arrecadou por décadas em nome dos indígenas. Cineasta nega e disse que Raoni ‘diz besteiras. Tem a ver com a idade’. O cacique Raoni e o cineasta belga Jean-Pierre Dutilleux, em Paris, na França, em maio de 2023.
Aurelien Morissard/ AP
Era uma parceria entre um cacique indígena e um ocidental, considerada das mais produtivas no mundo.
Por cinco décadas, o cacique Raoni Metuktire e o cineasta belga Jean-Pierre Dutilleux recrutaram presidentes e a realeza, e até o papa Francisco, para melhorar as vidas dos povos indígenas brasileiros e proteger suas terras. A dupla fez amizade com celebridades e estrelas de cinema. Sting, a lenda da música, foi um de seus maiores defensores.
Poucos meses atrás, o vínculo entre eles parecia mais forte do que nunca. O cacique Raoni, ostentando seu icônico botoque no lábio e um cocar de penas verde-esmeralda, e o cineasta, trajando um smoking, estavam no Festival de Cinema de Cannes para promover o mais recente documentário do belga, intitulado “Raoni: uma amizade improvável”.
De pé no tapete vermelho, em meio a um furor de flashes das câmeras, a dupla estava de mãos dadas, como velhos amigos.
Nos bastidores, porém, o relacionamento estava chegando ao fim. O líder dos Kayapó retornou ao Brasil em maio, e rompeu relações com seu acólito belga pouco tempo depois.
Raoni e pessoas próximas a ele disseram à Associated Press que há muito tempo desconfiavam de Dutilleux e suspeitavam que ele não estivesse transferindo recursos arrecadados para os Kayapó. Eles também o acusavam de explorar a imagem e a reputação do cacique para impulsionar sua própria influência e carreira cinematográfica.
“Meu nome é usado para arrecadar dinheiro”, disse Raoni à Associated Press, durante uma entrevista em Brasília. “Mas o Jean-Pierre não me passou muito para eu fazer alguma coisa.”
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O cacique, dois outros integrantes de sua organização sem fins lucrativos, o Instituto Raoni, e o sucessor de Raoni relataram que Dutilleux se comprometia a transferir a eles dinheiro para financiar projetos sociais, mas só entregou uma fração do que prometeu.
Eles afirmaram também que o cineasta se recusou a ter transparência com o dinheiro arrecadado em nome de Raoni durante as viagens pela Europa, ou proveniente de seus livros e filmes sobre os Kayapó.
Dutilleux nega qualquer irregularidade, repetindo que nunca teve acesso ao dinheiro.
“Ele às vezes diz coisas assim, tem a ver com a idade. Talvez aconteça comigo também, dizer besteiras”, disse Dutilleux, agora aos 74 anos, em uma entrevista à AP em Paris, acrescentando que o dinheiro “não me interessa. Sou um cineasta, um artista. Não sou um contador.”
Apesar das suspeitas de longa data dos Kayapó, que remontam a quase 20 anos, os mais próximos de Raoni consideravam que ele não podia abandonar Dutilleux. Segundo eles, foi uma decisão fundada nos séculos de desequilíbrio de poder que surge quando um povo indígena faz uma parceria com um “kuben” influente, a palavra kayapó para o homem branco.
O cacique
Raoni nasceu em algum momento da década de 1930 — ninguém sabe o ano exato — no ramo Metuktire do povo Kayapó. Naquela altura, o primeiro ciclo da borracha na Amazônia já havia se encerrado, após quase três décadas de exploração muitas vezes brutal das populações indígenas.
Sua família e os integrantes de seu povo eram seminômades, e passavam os dias caçando e pescando na bacia do rio Xingu, uma área do tamanho da França que abriga dezenas de grupos indígenas.
Seu primeiro contato com os kubens foi em 1954. Naquela época, Raoni era um guerreiro carismático e pajé, respeitado por sua perspicácia política e bravura no combate contra os povos rivais e todos que buscavam explorar seus recursos.
Ele aprendeu a falar português, mas não a ler e escrever, e se tornou o principal interlocutor de seu povo com o mundo exterior, além de uma voz de liderança na proteção dos direitos indígenas no Brasil.
Na década de 1970, os povos indígenas estavam sob crescente pressão da ditadura militar brasileira, que, em um esforço para promover o desenvolvimento da Amazônia, construiu rodovias, patrocinou programas de colonização e ofereceu generosos subsídios aos agricultores. Raoni e os demais estavam fazendo tudo o que podiam para impedir a destruição de suas terras ancestrais.
Foi por volta desse período, também, que Raoni salvou a vida de Dutilleux.
O cineasta
Nascido em uma família burguesa de uma cidade provinciana da Bélgica, Dutilleux sonhava com paisagens distantes, e aos 22 anos de idade partiu para o Brasil, onde iria dirigir um filme etnográfico sobre povos indígenas na floresta amazônica.
Lá, um grupo de indígenas Kayapó o confundiu com um dos operários da construção de rodovias, que costumavam levar a morte e doenças para a região, e ameaçou matá-lo. Raoni interveio para evitar a violência, e os dois homens se tornaram amigos.
Alguns anos depois, Dutilleux voltou ao Xingu para filmar um documentário focado no pajé. O cineasta convenceu Marlon Brando a narrar a versão americana, que foi indicada ao Oscar em 1979. O sucesso do filme transformou Raoni em uma das principais figuras dos povos indígenas, e Dutilleux se tornou seu guardião.
Quase imediatamente, alguns defensores da causa e lideranças indígenas manifestaram preocupação com a possibilidade de que Dutilleux estivesse mais interessado em lucrar com Raoni do que em apoiar a causa indígena.
Um dos que suspeitou de Dutilleux foi Alexis de Vilar, um fotógrafo espanhol que fundou a organização sem fins lucrativos Tribal Life Fund, dedicada à proteção dos povos indígenas.
A Tribal Life Fund patrocinou a estreia do documentário nos EUA, com um evento de gala no Mann’s Chinese Theatre, um local icônico em Hollywood. A cerimônia de gala foi apresentada por Jon Voight e Will Sampson, que estrelou “Um estranho no ninho”, e atraiu um público do primeiro escalão.
“Hollywood inteira estava lá”, recorda-se Vilar. Considerando que alguns convidados haviam desembolsado milhares de dólares por um ingresso, Vilar esperava que sua organização fosse receber pelo menos 50 mil dólares, que haviam dito que seriam usados para financiar vários projetos sociais.
Mas, segundo Vilar, a Tribal Life Fund não recebeu nada. Dutilleux era o responsável por receber o pagamento dos ingressos e nunca entregou nenhuma parte desses valores. “Não havia dinheiro, nem para construir uma escola”, conta o fotógrafo.
Dutilleux defende que o evento não gerou nenhum lucro.
O músico
Uma década depois, Dutilleux apresentou o cacique ao ex-vocalista do grupo The Police, um encontro que transformaria Raoni em uma celebridade ainda mais conhecida. Depois de fazer um show no Rio de Janeiro, Sting viajou para a Amazônia e se tornou um aliado entusiasmado de Raoni e dos Kayapó. Ele e Dutilleux criaram a Rainforest Foundation, uma organização sem fins lucrativos que até hoje promove a proteção de florestas em todo o mundo.
Em 1989, Sting deixou seu baixo para viajar pelo mundo com Raoni e Dutilleux e chamar a atenção para a situação dos povos indígenas. Seus esforços contribuíram bastante para que o governo brasileiro reconhecesse, e, teoricamente, protegesse, a Terra Indígena Menkragnoti, uma área de cinco milhões de hectares.
Apesar dessa vitória, o trio já havia se desentendido.
Dutilleux foi afastado da Rainforest Foundation após ser acusado por Sting de tentar lucrar com a instituição, retendo os direitos autorais de um livro sobre sua turnê. De acordo com a capa do livro, os valores correspondentes aos direitos autorais deveriam ser destinados aos povos indígenas.
Em sua entevista à AP, Dutilleux disse que seu relacionamento com Sting havia se rompido em razão de suas “visões distintas”.
O belga continuou a arrecadar dinheiro em nome de Raoni por meio da Association Forêt Vierge, uma das diversas organizações sem fins lucrativos criadas para receber doações durante sua turnê mundial com Sting. Dutilleux atuou como presidente da organização entre 1989 e 1999, e é “presidente honorário” desde então.
Em 1991, ele organizou uma campanha na Europa para arrecadar 5 milhões de dólares com o objetivo de criar um vasto parque nacional no Brasil e proteger uma área três vezes maior que a Bélgica.
Segundo informou a um jornal belga, os projetos teriam sido concebidos por um diretor da Funai.
Mas a autoridade em questão, Sydney Possuelo, negou qualquer envolvimento com a iniciativa. Ele chamou de “idiotas” os planos do parque, e descreveu os cálculos como “absurdos”.
Possuelo, um especialista mundialmente reconhecido em povos isolados, disse à AP que considera Dutilleux “nocivo aos povos indígenas”.
“Ele é um grande aproveitador”, acrescenta o especialista, de 83 anos. “A questão indígena para ele é um negócio para ganhar dinheiro. Toda vez que ele aparece, é para tirar vantagem de alguma forma de pessoas como Raoni.”
Raoni não participou da campanha, na época, e não se sabe ao certo quanto dinheiro Dutilleux arrecadou. O cineasta declarou à AP que a campanha foi cancelada, e culpou as críticas de Possuelo pelo fracasso.
Apesar do contratempo, Dutilleux voltou ao Xingu – “meu coração tribal”, como ele descreveu. Em suas visitas a Raoni e outras tribos indígenas, Dutilleux tentava envolvê-los em uma nova proposta de arrecadação de recursos, fosse livro, filme ou turnê.
“Ele vem sempre usando (Raoni)”, diz seu sobrinho, o cacique Megaron Txucarramãe.
Megaron, que provavelmente será o sucessor de Raoni, conta que aconselhou seu tio repetidas vezes a não se associar a Dutilleux. “Vai acontecendo toda vez que ele viaja, essa falta de clareza, de transparência com arrecadação e doação de dinheiro”, disse Megaron à AP.
Raoni confrontou Dutilleux sobre falta de pagamentos em diversas ocasiões. Em 2002, após uma viagem em que o então presidente da França, Jacques Chirac, se comprometeu a ajudar a lançar o Instituto Raoni, o cacique apresentou uma petição ao Ministério Público, solicitando medidas para que o dinheiro não fosse direcionado por intermédio de Dutilleux. A denúncia não chegou a lugar nenhum, perdida no pântano do sobrecarregado sistema judiciário do Amazonas.
A barragem
Os dois homens fizeram as pazes depois que Dutilleux se ofereceu para escrever a biografia de Raoni, que foi publicada em 2010. Naquele ano e em 2011, eles fizeram uma turnê para divulgar o livro e arrecadar dinheiro para os Kayapó.
Na época, a construção da gigantesca hidrelétrica de Belo Monte estava em curso, colocando em alerta as comunidades indígenas, preocupadas com a possibilidade de que ela secasse vastas extensões do rio Xingu.
Durante décadas, Raoni e outras lideranças indígenas combateram agressivamente a construção da barragem, alegando que ela deslocaria dezenas de milhares de pessoas.
Em suas reuniões com governantes europeus durante a campanha de 2011, porém, Raoni e Dutilleux não discutiram realmente Belo Monte, segundo Christian Poirier, que estava à frente da campanha da organização sem fins lucrativos Amazon Watch para interromper as obras.
Poirier, que já tinha ouvido falar do histórico questionável de Dutilleux na Amazônia, fez uma investigação, e considerou que o cacique havia sido mantido longe dos opositores à construção da barragem e recebido traduções de baixa qualidade, e que Dutilleux havia minimizado intencionalmente as objeções de Raoni.
Embora Raoni estivesse desesperado para interromper o projeto, Dutilleux disse à imprensa local que esse não era o foco da viagem.
Em um e-mail obtido pela AP, Dutilleux escreveu a integrantes de sua organização que era muito arriscado lutar contra a hidrelétrica. As críticas poderiam comprometer sua capacidade de angariar recursos, escreveu, e colocar em risco uma possível reunião com uma poderosa empresa de energia francesa.
Quando Raoni voltou ao Brasil e descobriu que os ativistas estavam frustrados porque ele não havia falado sobre Belo Monte, ele e outros líderes Kayapó ficaram furiosos.
Eles emitiram um comunicado dizendo que Dutilleux não estava mais autorizado a receber doações em seu nome. Ressaltaram que haviam recebido muito pouco dinheiro em relação ao que Dutilleux havia prometido caso Raoni o acompanhasse em reuniões com pessoas influentes na França em 2011.
Robert Dardanne, presidente da Association Forêt Vierge, disse à AP que a organização entregou ao Instituto Raoni todo o dinheiro que era devido. A organização forneceu registros indicando a remessa de 14.200 euros (76 mil reais) após a viagem de arrecadação de recursos em 2011, e pouco mais de 80.000 euros (430 mil reais) após a campanha de 2019.
Não foram apresentados registros de pelo menos quatro campanhas anteriores, no entanto, sob a alegação de que a legislação francesa só exige que eles sejam conservados por uma década.
Raoni e outros próximos a ele dizem que esses valores são insignificantes em comparação aos milhões que Dutilleux lhes havia reiteradamente prometido.
Raoni acusou Dutilleux publicamente em 2016 de tê-lo induzido a assinar um documento mal traduzido, que dificultava a captação de recursos por uma organização sem fins lucrativos concorrente. O cacique também acusou Dutilleux de usar sua imagem para fins comerciais.
Dutilleux não se deixou abalar pelas acusações. Em 2019, ele abordou Raoni e se ofereceu para mediar um encontro entre o cacique e o presidente francês Emmanuel Macron, além de outras importantes figuras europeias.
Durante as reuniões, Macron concordou em doar um milhão de euros (5,3 milhões de reais) para o Instituto Raoni e outro povo do Xingu.
O Instituto Raoni e outros envolvidos nas negociações com os representantes de Macron contaram à AP que as autoridades do governo buscaram desesperadamente alternativas para contornar a organização sem fins lucrativos de Dutilleux. O dinheiro acabou sendo enviado ao Instituto Raoni por intermédio da Agência Francesa de Desenvolvimento e da organização Conservação Internacional.
O rompimento
No ano passado, Dutilleux visitou Raoni e o convenceu a embarcar em uma última viagem para ajudar a promover seu mais recente documentário, prometendo ao cacique que arrecadariam recursos expressivos para seu povo.
Raoni aceitou a proposta com relutância. A situação já se tornara mais grave na Amazônia. Madeireiros e garimpeiros ilegais ganharam espaço no governo de extrema direita de Jair Bolsonaro, e o desmatamento aumentou drasticamente. Mesmo após a eleição de Lula, que prometeu acabar com o desmatamento ilegal, estima-se que 240 hectares da Amazônia brasileira sejam derrubados a cada dia.
Raoni e líderes Kayapó viam as promessas de Dutilleux com ceticismo. Mas aqueles que conhecem o cacique dizem que não se surpreenderam com sua decisão de se unir ao cineasta na Europa.
“Ele vê muito além das disputas mesquinhas entre egos e famílias”, diz o ambientalista francês Philippe Barre, que já trabalhou com Raoni no passado. “O que importa para ele é que os assuntos importantes surjam (…) mesmo que alguém encha os próprios bolsos no processo.”
Os Kayapó mais próximos de Raoni disseram à AP que o cacique finalmente cortou relações com Dutilleux. Como prova disso, destacaram que ele não compareceu à estreia no Rio, em outubro, do filme de Dutilleux, “Raoni: uma amizade improvável”.
Em outra entrevista concedida à AP naquele mês, Raoni falou bastante sobre seu legado e as pessoas que ajudaram a causa ao longo dos anos. Mas não quis sequer pronunciar o nome do cineasta.

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Uma noite com (a música de) Djavan na trilha ao vivo de bar do Rio de Janeiro

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♫ COMENTÁRIO
♩ Jantei hoje à noite em bar-restaurante do centro da cidade do Rio de Janeiro (RJ). No cardápio, música ao vivo na voz de um (bom) cantor. Um cantor de barzinho, como tantos que ganham a vida anonimamente na noite enquanto batalham por lugar ao sol no mundo da música.
Além da voz bem colocada do cantor, me chamou a atenção a predominância do cancioneiro de Djavan no repertório do artista. Em cerca de meia hora, duas músicas, Outono e Se…, ambas do mesmo álbum do cantor e compositor alagoano, Coisa de acender (1992).
É curioso o poder da música de Djavan. Passam os anos e passam as modas do mundo da música, mas Djavan nunca sai de moda. Todo mundo canta junto. Todo mundo gosta. E olha que Djavan nunca fez canções do estilo tatibitate.
Se… ainda pode ser considerada uma canção radiofônica, embora muito acima do padrão das canções feitas para tocar no rádio. Já Outono é balada pautada pela sofisticação poética e harmônica.
Mesmo assim, Outono resiste como uma trilha dos bares em todas as estações ao lado de joias do mesmo alto quilate como Meu bem querer (1980), Samurai (1982), Sina (1982), Lilás (1984) e, claro, Oceano (1989). Isso para não falar nos sambas como Fato consumado (1975).
Djavan tem essa particularidade. É um compositor extremamente requintado, mas, ao mesmo tempo, consegue empatia com o público. Todo mundo sabe cantar as músicas de Djavan.
Deve ser por isso que o artista, já com mais de 50 anos de carreira, ainda reina nas trilhas dos bares e restaurantes com música ao vivo. Parece banal, mas é preciso ser gênio para ocupar esse trono ao longo de décadas.

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Pedro Madeira confirma a expectativa com bom álbum entre o samba e o soul

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Cantor e compositor carioca lança o coeso disco autoral ‘Semideus dos sonhos’ em 10 de outubro. Capa do álbum ‘Semideus dos sonhos’, de Pedro Madeira
Gabriel Malta / Divulgação
♫ OPINIÃO SOBRE DISCO
Título: Semideus dos sonhos
Artista: Pedro Madeira
Cotação: ★ ★ ★ ★
♪ Em 2018, Pedro Madeira era mais um na multidão de fãs de Iza, na primeira fila de show da cantora, quando ganhou o microfone da artista e, da plateia, fez breve participação no show. Ali, naquele momento, o carioca morador da comunidade de Pau Mineiro, no bairro de Santa Cruz, fã de Iza e de Beyoncé, se revelou cantor para ele mesmo.
Decorridos seis anos e três singles, Pedro Madeira já é cantor e compositor profissional e se prepara para lançar o primeiro álbum, Semideus dos sonhos, em 10 de outubro.
Exposto na capa do álbum em expressiva foto de Gabriel Malta, Madeira já lançou três singles – Chuva (2022), Pássaros (2023) e Bem que se quis (2023) – em que transitou pelo soul nacional da década de 1970 (sobretudo em Chuva) e pelo pop ítalo-brasileiro na (trivial) abordagem do sucesso de Marisa Monte.
No quarto single, Só mais um preto que já morreu, o cantor cai no samba em gravação que chega ao mundo amanhã, 27 de setembro, duas semanas antes do álbum.
Com letra que versa sobre o genocídio cotidiano do povo preto, o samba Só mais um preto que já morreu é composto por Pedro com Bruno Gouveia, parceiro nesta música (e em Pássaros) e produtor musical do álbum em função dividida com Raul Dias nas duas faixas (Raul assina sozinho a produção das outras dez faixas).
Fora do arco autoral em que gravita o disco, Pedro Madeira enaltece o ofício de cantor em Minha missão (João Nogueira e Paulo César Pinheiro, 1981) em arranjo que se desvia da cadência do samba, tangenciando clima transcendental na atraente gravação calcada na voz e nos teclados de Victor Moura.
O canto afinado de Pedro se eleva em Petições (Ozias Gomes e Pedro Madeira), canção que soa como oração de clamor por paz na Terra enquanto lamenta a situação do mundo atual. Arranjo, canto e composição se harmonizam em momento épico do disco.
Entre vinhetas autorais como O outro lado e Introdução ao amor (faixas com textos recitados), Pedro Madeira expõe a vocação para o canto e o som afro-brasileiro na música-título Semideus dos sonhos. Já o fluente ijexá Cheiro de flor exala o perfume do amor entranhado no repertório deste disco feito sem feats e modas.
Parceria de Pedro com o produtor Raul Dias, Perigo é pop black contemporâneo formatado com os músicos da banda-base do álbum Semideus dos sonhos, trio integrado por Jeff Jay (percussão), o próprio Raul Dias (guitarra e baixo) e Victor Moura (teclados). No fecho do disco, o pop soul Terra arrasada se joga na pista para tentar colar um coração partido.
Com este coeso primeiro álbum, Semideus dos sonhos, Pedro Madeira confirma a boa expectativa gerada quando o single Chuva caiu no mundo em novembro de 2022.
Iza teve faro quando deu o microfone para Pedro Madeira na plateia há seis anos.
Pedro Madeira regrava o samba ‘Minha missão’ entre as músicas autorais do primeiro álbum, ‘Semideus dos sonhos’
Gabriel Malta / Divulgação

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‘The Last of Us’: 2ª temporada ganha trailer; ASSISTA

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Prévia mostra Kaitlyn Dever como a antagonista Abby. Novos episódios da adaptação de games estreia em 2025. Assista ao trailer da 2ª temporada de ‘The Last of Us’
A segunda temporada de “The Last of Us” ganhou seu primeiro trailer completo nesta quinta-feira (26). Assista ao vídeo acima.
Os novos episódios devem adaptar o segundo game da franquia e estreiam em algum momento de 2025.
A prévia mostra o retorno de Pedro Pascal (“The Mandalorian”) como Joel e Bella Ramsey (“Game of thrones”) como Bella, dois sobreviventes que formam uma ligação imprevista em um mundo pós apocalíptico dominado por criaturas monstruosas.
Também apresenta as primeiras imagens de Kaitlyn Dever (“Fora de série”) como a grande antagonista da história, Abby.
A série da HBO estreou em 2023 e foi uma das mais indicadas ao Emmy daquele ano.

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