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BookTok: como TikTok está transformando jovens em leitores e autores em best-sellers

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A hashtag BookTok acumula cerca de 215 bilhões de visualizações e a hastag BookTokBrasil 20,4 bilhões de visualizações Os ‘booktokers’ dão dicas de leitura no TikTok
Reprodução/TikTok/via BBC
“Pensa em um casal perfeito. Eles se casam, são felizes e está tudo perfeito. E aí a esposa descobre que ela está com uma doença terminal e, sabendo disso, ela resolve escrever 12 cartas para o marido para ajudá-lo a lidar com a situação. Então, é uma carta para cada mês do ano depois que ela se for”.
É assim que a criadora de conteúdo Ana Júlia Barros, de 21 anos, com mais de 262 mil seguidores no TikTok, começa um dos seus vídeos que falam sobre leitura e livros.
Há pouco mais de três anos, ela, assim como diversas outras pessoas, incluindo muitos jovens, têm usado a rede social para falar sobre literatura e dar dicas de leitura — fenômeno que ficou conhecido pela hashtag #BookTok.
“Sempre gostei muito de ler e comecei a compartilhar esse tipo de conteúdo porque nunca tive amigos leitores, meus amigos não liam nada, e eu sentia uma necessidade muito grande de falar sobre os livros que eu lia”, diz Ana Júlia.
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“Não tinha quem me ouvisse, então, criei uma conta e comecei a falar para a internet, para quem quisesse ouvir sobre o tema.”
Ana Júlia conta que não tinha o hábito de ler até a adolescência, mas, sempre que ia ao shopping, gostava de entrar nas livrarias, ver os lançamentos e levar uma obra para casa, mesmo que ficasse na estante.
Foi quando ela precisou fazer um exame médico demorado que pegou gosto pela leitura.
“Decidi levar um livro para ler no hospital enquanto aguardava, mesmo imaginando que não leria. Levei, li e amei”, conta. “Era o livro do Harry Potter e, depois, acabei lendo todos os livros da série e percebi que ler era realmente divertido.”
Ana Júlia diz que hoje lê ao menos 40 livros por ano — e tudo é compartilhado com seus seguidores, que vão de adolescentes a idosos.
A divulgação no TikTok, diz ela, tem contribuído para que muitos jovens conheçam o hábito da leitura e se apaixonem por isso.
“Recebo muitas mensagens de pessoas falando que nunca gostaram de ler e que depois começaram a acompanhar o meu conteúdo e passaram a ler cada vez mais”, diz Ana Júlia.
“É muito gratificante quando eu vejo alguém lendo algo que indiquei ou demonstrando interesse em ouvir as minhas indicações.”
A criadora de conteúdo diz que, nas palestras em escolas, encontra crianças que têm o hábito de ler.
“É uma coisa que eu não via na minha época de escola. Então, vejo claramente o impacto que as redes sociais têm na vida de futuros jovens leitores.”
‘Pessoas falam que passaram a ler mais depois de ver meus vídeos’, diz a ‘booktoker’ Ana Júlia Barros
Arquivo pessoal/via BBC
Busca por livro agora é na internet
Pode até parecer estranho que uma rede social conhecida por seus vídeos curtos e dancinhas virais seja também um ambiente de incentivo à leitura.
Até alguns anos atrás, os apaixonados por livros buscavam livrarias e sebos para encontrar suas próximas leituras.
Hoje, o TikTok cumpre esse papel. Virou um espaço para debater as obras e até mesmo aumentar a popularidade dos livros e seus autores, principalmente entre os mais jovens.
A hashtag #BookTok reúne uma comunidade para pessoas interessadas em literatura.
Por meio dela, é possível encontrar vídeos curtos com indicações de obras, resenhas, críticas e comentários sobre enredos e personagens.
Tudo é produzido pelos booktokers, como são chamados os criadores de conteúdo literário no TikTok.
O sucesso é tanto que os vídeos com essa hashtag já acumulam cerca de 215 bilhões de visualizações e com a hashtag #BookTokBrasil, 20,4 bilhões de visualizações.
A popularidade das obras pode acabar transbordando para fora do mundo digital e influenciando nas vendas.
“O que vemos é a possibilidade de um livro viajar rapidamente por centenas de milhares, até milhões de jovens, e a procura estourar nas livrarias”, diz Roberta Machado, diretora de comunicação do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e CEO da editora Record.
Foi o que aconteceu com a escritora americana Colleen Hoover, que teve suas obras entre as mais lidas do último ano.
Ela se tornou um fenômeno conhecido em diversos países, incluindo o Brasil, graças à divulgação de suas obras na rede social e criou a própria hashtag, #ColleenHoover, que acumula mais de 4,8 bilhões de visualizações.
“A Colleen Hoover é caso fortíssimo, vendeu 4 milhões de livros só no Brasil desde que explodiu em 2021”, diz Machado.
Foi justamente influenciada pelos vídeos que falavam sobre o livro É assim que acaba (Galera, 2020) de Collen que fez a babá Francielly Aparecida de Assis, de 23 anos, se interessar pela primeira vez pelos livros, em 2021.
“Após ver os vídeos, fiquei curiosa pela história. Um dia, passando em frente a uma livraria, decidi entrar e comprar”, diz Francielly.
Hoje, ela afirma que lê, em média, quatro livros por mês e assina uma plataforma de livros para ter acesso a muitas obras.
“No começo, foi um pouco cansativo ler, mas depois passei a gostar e, desde então, não parei mais”, conta.
Collen Hoover não foi a única que conquistou o público mais jovem.
A também americana Taylor Jenkins Reid também viu obras conquistarem o público após o livro Os sete maridos de Evelyn Hugo (Paralela, 2019) ser presença constante nas indicações dos booktokers.
O sucesso foi tanto que o livro liderou o ranking de best-sellers do New York Times por 32 semanas, e a história está sendo adaptada por um serviço de streaming.
Francielly Aparecida de Assis diz que começou a ler mais por causa do TikTok
Arquivo pessoal/via BBC
Impacto no mercado
Um grande sinal deste fenômeno é o espaço que o TikTok vem ganhando no mercado literário.
Na última Bienal do Livro de São Paulo, a rede social foi um dos patrocinadores oficiais e teve um estande no evento.
Em várias livrarias, é possível encontrar seções intituladas “Livros do TikTok”, que mostram as obras populares na rede social.
“O mercado de ficção para jovens tem crescido muito, e o BookTok é talvez o principal vetor disso”, diz Roberta Machado, da Record. “O jovem, que antes tinha suas leituras decididas pelos pais ou professores, quer agora fazer suas escolhas por meio de suas bolhas, seus algoritmos.”
O mercado respondeu investindo menos nas lojas físicas, como pilhas gigantes em vitrines e livrarias, e em anúncios em ônibus e outdoor e mais em conteúdo digital.
As editoras fazem parcerias pagas com booktokers e contratam profissionais com faro para tendências digitais, que avaliam o que esses novos consumidores de livros querem ler e esperam das obras.
Em um negócio em que as verbas de divulgação não são altas, diz Machado, o desafio de marketing para vender livros sempre foi estimular a indicação de obras e o boca-a-boca.
“Aí o TikTok entra com esse mecanismo de viralização mundial, atingindo em cheio a geração Z (jovens nascidos entre o final dos 1990 e o início dos anos 2000), entregando conteúdo para muito mais gente que qualquer outra rede”, diz Machado.
“O jovem está ali, atento e querendo ele mesmo fazer a escolha do que consumir. É o melhor veículo de marketing editorial atual e o mais barato.”
A hashtag #BookTok reúne pessoas interessadas no universo dos livros
Getty Images/via BBC
Aline Frederico, professora de Editoração da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP), explica que as recomendações costumam ter um grande impacto no desempenho de um livro no mercado.
“Pesquisas voltadas ao setor da leitura mostram que a indicação de outra pessoa é o segundo fator principal que faz uma pessoa escolher um livro, ficando atrás apenas do assunto”, diz Frederico.
Isso ganha ainda mais força quando ocorre por meio de meios de comunicação de massa, como as redes sociais, explica a professora.
A divulgação de obras nestas plataformas e, consequentemente, seu sucesso ou viralização dependem de alguns fatores: as tendências em alta, os assuntos do momento e os influenciadores que comentam sobre uma obra.
“Encontrar o seu público e buscar os canais corretos para falar com ele são essenciais”, diz Frederico.
“Por isso que o TikTok é tão importante para a literatura para jovens e adultos, porque é o canal onde a editora consegue chegar no público diretamente.”
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João Gilberto é cantado no tempo de Bebel Gilberto em show que marca a estreia no Brasil de turnê internacional

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♫ NOTÍCIA
♪ Em abril do ano passado, Bebel Gilberto ainda nem havia lançado o álbum João quando, ao fazer show na cidade de São Paulo (SP), cantou o repertório do disco que somente chegaria ao mundo em 25 de agosto de 2023. Tudo fez sentido porque o propósito do show era promover a edição do álbum póstumo João Gilberto – Ao vivo no Sesc_1998, lançado em abril daquele ano de 2023.
Se o disco ao vivo trazia à tona gravação inédita de show feito pelo criador da bossa nova na mesma cidade de São Paulo (SP), o álbum de Bebel simbolizava declaração de amor da filha para o pai João Gilberto Prado Pereira de Oliveira (10 de junho de 1931 – 6 de julho de 2019) através da abordagem de 11 músicas do repertório irretocável do cantor.
No show feito em Sampa em abril de 2023, Bebel cantou essas músicas no formato de voz e violão. Depois que o álbum foi lançado, a cantora saiu em turnê internacional que, desde o segundo semestre de 2023, transitou por 30 países, totalizando mais de 60 apresentações do show João.
É essa turnê João que Bebel traz enfim ao Brasil no próximo fim de semana, com três apresentações agendadas no Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros, em São Paulo (SP), de 27 a 29 de setembro.
Desta vez, em vez do solitário violão, Bebel Gilberto terá o toque de banda formada pelos músicos Bernardo Bosisio (violão e guitarra), Dennis Bulhões (bateria e percussão) e Didi Gutman (piano, teclados e programações).
Sob direção de Talita Miranda, a cantora dará voz a músicas como Adeus, América (Geraldo Jacques e Haroldo Barbosa, 1948), Caminhos cruzados (Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça, 1958), Desafinado (Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça, 1959), O pato (Jayme Silva e Neusa Teixeira, 1960) e Você e eu (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes, 1961).

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Homem destrói escultura de Ai Weiwei em exposição na Itália

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A obra Porcelain Cube fazia parte da exibição ‘Who am I?’ e o curador da mostra descreveu o ato como ‘imprudente e sem sentido’. Um homem tcheco de 57 anos foi preso. Escultura chinesa de Ai Weiwei é destruída
OperaLaboratori via AP
Um homem destruiu a escultura Porcelain Cube, do artista chinês Ai Weiwei, durante uma exposição no Palazzo Fava, em Bologna, norte da Itália. De acordo com informações da AP, Arturo Galansino, curador da mostra, descreveu o ato como “imprudente e sem sentido”.
Porcelain Cube fazia parte da exposição “Who am I?”, que será inaugurada no sábado (28). A imprensa italiana afirmou que polícia prendeu um homem tcheco de 57 anos, que disse ser artista. Ele é conhecido por ter como alvo obras de artes importantes. Ainda de acordo com a agência, não está claro como o homem conseguiu acesso ao evento na sexta (20), que era apenas para convidados.
Conforme desejo do artista, os fragmentos da obra foram cobertos com um pano e retirados. Eles serão substituídos por uma impressão em tamanho real e uma etiqueta explicando o que aconteceu. Ai Weiwei divulgou nas redes sociais imagens da câmera de segurança que mostram o momento em que a obra foi destruída.
“O ato de vandalismo contra a obra ‘Porcelain Cube’ de Ai Weiwei é ainda mais chocante quando consideramos que várias das obras expostas exploram o próprio tema da destruição”, disse o curador da exposição Arturo Galansino.
Escultura chinesa de Ai Weiwei
OperaLaboratori via AP
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Vestido usado por Ana Castela no Rock in Rio tem 2,5 kg de pedraria e levou 120 horas para ser bordado

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Estilista desenhou e bordou à mão a peça, integrando referências da carreira da cantora. Vestido foi feito com exclusividade para cantora usar no festival. Ana Castela no Rock in Rio
Leo Franco/AgNews
Ana Castela fez sua estreia no palco do Rock in Rio usando um vestido preto todo bordado à mão e feito exclusivamente para cantora vestir no evento.
Questionando se aquele era o palco que a Katy Perry havia pisado, Ana desfilou pela passarela com o tubinho de alcinha preto coberto por quase 2,5 quilos de pedrarias.
A cantora foi uma das convidadas por Chitãozinho e Xoxoró para o show Pra Sempre Sertanejo, no sábado (21).
Para o evento especial, a stylist da cantora, Maria Augusta Sant’Anna, procurou a marca Hisha, que traz peças bordadas por mulheres mineiras.
A estilista Giovanna Resende foi a responsável por criar a peça, desenhando à mão alguns elementos que fazem referências à carreira da cantora, como o cavalo gigante usado por Ana na gravação de seu primeiro DVD. A guitarra do Rock in Rio, notas musicais, natureza e ferradura completaram a peça.
Segundo a assessoria da cantora, as bordadeiras levaram 120 horas para finalizar a peça.
No palco, Ana cantou “Sinônimos” com Chitãozinho e Xororó, além de um trechinho de seus hits “Nosso Quadro”, “Solteiro Forçado” e “Pipoco”.
Vestido usado por Ana Castela no Rock in Rio
Divulgação
Show Pra Sempre Sertanejo
Entre os shows que já aconteceram no Rock in Rio 2024, poucos tiveram tanto engajamento do público quanto um bloco de apresentações dedicado ao sertanejo no sábado (21), penúltimo dia do evento. Contra a resistência de parte dos frequentadores — especialmente de uma parcela roqueira mais conservadora –, o estilo fez sua estreia no festival, após 40 anos de espera.
E foi uma estreia gloriosa. Para tornar o som mais palatável para quem não gostou da ideia, a organização escalou a Orquestra Heliópolis para criar os arranjos. O verdadeiro acerto, porém, foi a escolha de Chitãozinho e Xororó para conduzir o roteiro de performances e guiar a plateia. No universo sertanejo, a dupla desperta idolatria do nível de rockstars.
Chitãozinho e Xororó
Miguel Folco/g1
A ideia de incluir o sertanejo no Rock in Rio começou a tomar forma durante a edição de 2022. Roberto Medina, idealizador do festival, passou a sinalizar em entrevistas o desejo de escalar nomes do ritmo no line-up de 2024, citando nominalmente o cantor Luan Santana. Ele é conhecido pela megaprodução de seus shows.
Em entrevista ao g1 em setembro de 2022, o próprio Luan disse que seria “uma honra” se apresentar no evento. Mas ele não apareceu no palco.
Com um compromisso marcado em Santa Catarina na mesma noite, Luan cancelou de última hora a participação no show e citou como motivo um atraso na programação deste sábado. O bloco sertanejo começou cerca de uma hora e meia depois do horário inicialmente previsto.
Simone Mendes, Junior e Cabal foram outras participações no show.
Leia crítica completa do show.
Chitãozinho, Xororó e Ana Castela falam sobre a estreia do sertanejo no Rock in Rio

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