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Festas e Rodeios

Maria Gadú afirma a identidade ao dar voz a canções alheias no álbum ‘Quem sabe isso quer dizer amor’

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Artista mergulha em universo particular ao regravar músicas de Beto Guedes, Caetano Veloso, Paulinho Moska, Renato Russo, Rita Lee e Zé Ramalho. Capa do álbum ‘Quem sabe isso quer dizer amor’, de Maria Gadú
Arte de Lua Leça, Maria Gadú e Rebeca Brack
Resenha de álbum
Título: Quem sabe isso quer dizer amor
Artista: Maria Gadú
Edição: slap / Som Livre
Cotação: * * * *
♪ Quarto álbum de estúdio de Maria Gadú, Quem sabe isso quer dizer amor é e não é o disco de canções que os seguidores da cantora e compositora paulistana esperam desde o álbum blockbuster de 2009.
Gadú vem de já longínquo disco de estúdio autoral, Guelã (2015), em que procurou fugir do formato tradicional da canção popular entre sons e silêncios inesperados.
Guelã simbolizou o voo livre de artista que decidiu descontruir o sucesso massivo após ter tido a imagem triturada no olho do furacão pop no início dos anos 2000.
Disco lançado na véspera do aniversário de 35 anos dessa cantora, compositor e multi-instrumentista nascida em 4 de dezembro de 1986, como exposto na capa criada por Gadú com Lua Leça e Rebeca Brack, Quem sabe isso quer dizer amor reconcilia Gadú com a canção ao mesmo tempo em que mostra que a artista continua no comando.
O disco justifica o uso da expressão-clichê íntimo e pessoal porque foi gravado (entre julho 2019 e setembro de 2021) com produção musical orquestrada pela própria Gadú com a colaboração de Big Rabello e Felipe Roseno. Multi-instrumentista, Gadú toca todos os instrumentos ouvidos ao longo das 12 faixas do álbum.
Nesse sentido, Quem sabe isso quer dizer amor não é o disco que vai repor Gadú no topo das playlists porque trata-se de imersão da artista em universo bem particular, sem concessão aos padrões da música rotulada genericamente como pop.
Por outro lado, Quem sabe isso quer dizer amor é, sim, disco mais acessível do que Guelã porque, entre as 12 músicas de lavras alheias, há canções que pedem para serem cantadas. É o caso de O sal da terra (Beto Guedes e Ronaldo Bastos, 1981), música lançada há 40 anos que soa ainda mais atual em 2021, funcionando com a trilha da esperança de um mundo que precisa ser reconstruído com base na fraternidade.
Maria Gadú fecha o álbum com bela canção do compositor uruguaio Fernando Cabrera
Loiro Cunha / Divulgação
Se a compositora fica momentaneamente afastada na seleção do repertório de Quem sabe isso quer dizer amor (Gadú gravou um ainda inédito disco autoral no mesmo ano de 2019 em que registrou as 12 canções alheias do atual álbum), a cantora brilha com maturidade somente esboçada no disco de estreia lançado em 2009 com instantâneos hits autorais como Bela flor e Shimbalaiê.
A evolução vocal está exposta tanto no tom aveludado com que Gadú refina Flying without wings (Wayne Hector e Steve Mac, 1999) – balada da esquecida boyband irlandesa Westlife – como na angústia crescente que aparece no canto de Um móbile no furacão (Paulinho Moska, 1999).
Já o canto de Coisas da vida (1976) mixa inquietude e doçura em abordagem reverente ao registro original de Rita Lee enquanto a música-título Quem sabe isso quer dizer amor (Lô Borges e Marcio Borges, 2002) gira com pausas e climas que dão outra dinâmica a essa canção de grande poder de sedução.
Sem se render aos sucessos de luaus e karaokês, Gadú somente soa óbvia quando reconta a saga de João de Santo Cristo em Faroeste caboclo (Renato Russo, 1987) – faixa que ultrapassa os dez minutos – sem nada acrescentar à gravação da banda Legião Urbana.
Essa obviedade passa ao largo da escolha da canção Este amor (1989), composição de Caetano Veloso – artista com quem Gadú fez turnê pelo Brasil entre 2010 e 2011 no auge da popularidade – pouco lembrada, tendo sido regravada somente pelas cantoras Vânia Bastos e Regina Machado, em 1992 e 2000, respectivamente.
Outra surpresa é Abololô (Marisa Monte e Lucas Santtana, 2000). Música até então nunca regravada desde que foi apresentada por Marisa Monte no álbum Memórias, crônicas e declarações de amor – Textos, provas e desmentidos (2000), Abololô adensa o disco ao versar sobre ausências e vazios provocados pela saudade em gravação assentada sobre base percussiva.
Música do repertório do cantor e compositor italiano Daniele Silvestri, A me ricordi il mare (Daniele Silvestri e Vincenzo Leuzzi, 2007) embota a fluência do disco, em sintetizada atmosfera sonora, ao mesmo tempo em que reforça a singularidade do mergulho de Gadú neste álbum em que a cantora regrava Lindo lago do amor (Gonzaguinha, 1984) com a mesma personalidade com que dá voz ao aboio Admirável gado novo (Zé Ramalho, 1979) em tom árido – como se o canto estivesse suspenso no ar – em gravação que marca a posição política dessa artista alinhada com as causas indígenas e com as lutas do povo brasileiro contra a opressão.
Canção do artista uruguaio Fernando Cabrera, gravada por Gadú com a letra original em espanhol, El tiempo está después (1989) reforça o tom social do álbum Quem sabe isso quer dizer amor e o arremata com dose de esperança de reencontros em outro Carnaval sem as aflições e solidões do tempo presente.
Sim, na voz engajada de Maria Gadú, tudo isso quer dizer amor.

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Rock in Rio 2024: Veja fotos do 6º dia

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Sábado (21) é dedicado ao Dia Brasil e terá shows de Chitãozinho e Xororó, Baianasystem, Duda Beat e muitas outras estrelas nacionais. Sexto dia de Rock in Rio
Thaís Espírito Santo/g1
Sexto dia de Rock in Rio
Thaís Espírito Santo/g1
Público recebe pulseira de led para sexto dia de Rock in Rio
Thaís Espírito Santo/g1
Público aguarda entrada para o sexto dia de Rock in Rio
Thaís Espírito Santo/g1
Público chega para o sexto dia de Rock in Rio
Thaís Espírito Santo/g1
Público chega para o sexto dia de Rock in Rio
Thaís Espírito Santo/g1
Sexto dia de Rock in Rio
Rafael Nascimento/g1

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A caminho do Rock in Rio, MC Livinho invade reportagem ao vivo sobre tragédia na Dutra, faz dancinha e recebe críticas na web

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Funkeiro foi escalado para o Espaço Favela neste sábado (21). Depois, pediu desculpas. MC Livinho invade reportagem ao vivo sobre tragédia em rodovia para dancinha e recebe críticas na web
MC Livinho foi alvo de críticas neste sábado (21) depois que invadiu uma reportagem ao vivo sobre o acidente de ônibus na Dutra para fazer dancinhas. Pelo menos 3 pessoas morreram na tragédia. Depois, o cantor pediu desculpas.
A repórter Isabela Campos falava para o RJ1 sobre o atendimento aos feridos quando o funkeiro apareceu no vídeo, se aproximou da câmera, hesitou por alguns segundos e começou a dançar. A imagem foi tirada do ar, e, no lugar, entraram cenas do veículo acidentado, enquanto Isabela terminava de dar as informações.
Ônibus de turismo tomba na descida da Serra das Araras, em Piraí
Reprodução
A tragédia
O coletivo tombou na descida da Serra das Araras, em Piraí, no Sul Fluminense, por volta das 10h, com atletas do time de futebol americano Coritiba Crocodiles. A equipe vinha de Curitiba ao Rio de Janeiro para jogar contra o Flamengo Imperadores pelo Brasileirão de Futebol Americano. A partida foi cancelada.
De acordo com a CCR RioSP, concessionária que administra a rodovia, o ônibus transportava 43 passageiros e 2 motoristas.
As vítimas que morreram são:
Daniel Santos, 44 anos
Lucas de Castro Rodrigues Barros, 19 anos
Lucas Padilha, 42 anos
Veja mais sobre os jogadores que perderam a vida.
Sete pessoas foram socorridas, 1 delas com ferimentos graves, e encaminhadas aos hospitais Geral de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e São João Batista, em Volta Redonda.
De acordo com a concessionária, 35 pessoas não se feriram. Um ônibus foi enviado ao local para buscá-las.
As críticas
Antes mesmo de o funkeiro se pronunciar, internautas foram a postagens antigas dele para criticar a invasão.
“Atitude de moleque. Fazendo palhaçada durante transmissão de notícia de acidente”, disse um.
“3 mortos, e você dançando durante a notícia do acidente”, escreveu outro.
“Tem pessoas medíocres que pagam pra ir no show desse cara? Como pode fazer dancinha em uma tragédia? Atitude de homem, rapaz!”, postou mais um.
“Não precisa ser muito inteligente pra saber que se tem uma equipe de reportagem e congestionamento na estrada, e provavelmente ambulância e viaturas passando pelo caminho, é porque algo sério aconteceu. Completamente sem noção”, falou outro.
“Parabéns, fazendo dancinha enquanto pessoas sofriam o luto. Quer aparecer a todo custo, né? Tudo pela fama, tudo pela mídia! Sem noção”, disse uma.
“Ah, coitado, ele não percebeu um acidente com veículo batido na rua, ambulância e polícia. Coitado, só quis biscoitar e aparecer”, ironizou outra.
“Você se considera um ser humano?”, indagou um.
As desculpas
MC Livinho pede desculpas após invadir reportagem ao vivo sobre tragédia na Dutra

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Fã de Luan Santana acampa na fila do Rock in Rio para ver 49º show do cantor: ‘Maior loucura que já fiz por ele’

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Professora é fã do Luan Santana há 17 anos e divide tempo com rotina de shows, fã clube e paixão pela pedagogia após enfrentar depressão. Thayane Basseto dormiu na fila para garantir lugar na apresentação de Luan Santana no Rock in Rio.
Acervo pessoal
O 6° dia de Rock in Rio, neste sábado (21), tem somente atrações brasileiras e a estreia do sertanejo no festival. O evento começou com uma fila pequena em comparação com os outros dias, mas Thayane Basseto, de 28 anos, fez questão de garantir o primeiro lugar.
A professora é de Campinas, São Paulo, e não mede esforços para assistir a shows do Luan Santana. Segundo ela, a maior loucura que já fez pelo cantor foi vir ao Rock in Rio.
Ela chegou na cidade por volta de 18h desta sexta (20) e, em seguida, veio direto para os portões da Cidade do Rock. Às 20h, ela estava preparada com seu colchão para dormir enquanto aguardava o dia clarear para assistir seu 49º show do artista. A jovem já rodou em diversos estados acompanhando a agenda do cantor, e o último foi há duas semanas.
“Estar aqui é a maior loucura que já fiz por ele. Fui em outros estados, mas isso aqui é o maior, ainda mais acampar sozinha. Fiz tudo sozinha. Peguei moto Uber cheia de sacola, BRT sem saber andar aqui. Na hora que o Luan curtiu minha foto, comecei a pular e chorar que nem maluca aqui. Nosso sonho só se torna realidade porque a gente é real e faz acontecer”, conta.
Para enfrentar a madrugada, ela conta que teve ajuda dos policiais que estavam patrulhando a região, que trouxeram até lanche e suco para ela. A produção do cantor também providenciou um lanche para a jovem, que disse não ter sentido medo.
Apaixonada pelo Luan, ela fundou o fã clube “Coisas de Luanete” e se dedica à página enquanto divide seu tempo com a pedagogia.
A professora Thayane Basseto é fã de Luan Santana e foi a primeira a chegar na fila do Rock in Rio neste sábado (21).
Acervo pessoal
No entanto, entre posts apaixonados e dedicações para acompanhar o ídolo, a professora afirma receber hate pelas loucuras que faz pelo cantor.
“Tem gente que reclama até do calor que a gente paga em ingresso, manda mensagem para nossos familiares, invade nossas vidas”, relata.
Segundo Thayane, ela encontra forças nas letras do cantor para enfrentar as adversidades da vida.
“Eu costumo dizer que eu tenho 2 anos de vida, porque há dois anos eu tentei suicídio. Foi muito difícil passar pela depressão e eu cheguei em um momento que eu não queria mais estar viva. Luto muito para não voltar para esse lugar, porque doeu perder um filho, doeu saber que eu fui fruto de um abuso sexual, muita coisa doeu e foi nele que encontrei essa força para sair da depressão”.
“Meu psicólogo disse: ‘você precisa encontrar algo que te faça mais forte do que sua depressão’, e é isso que eu faço. A gente precisa se agarrar ao que nos faz feliz”, declara a jovem.
A professora Thayane Basseto é fã de Luan Santana e foi a primeira a chegar na fila do Rock in Rio neste sábado (21).
Thaís Espírito Santo/g1 Rio

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