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A mulher trans árabe que ajuda na fuga de países que perseguem e matam LGBT

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Iman Le Caire assumiu como missão ajudar outras pessoas trans a fugir de perseguição, abuso e morte em países do Oriente Médio, já que a pandemia do coronavírus colocou muitas delas em maior perigo. Iman percebeu durante a pandemia que queria ajudar a resgatar outras pessoas trans
Erica Lansner Photography/Via BBC
“Sinto que precisam de uma mãe, precisam de esperança.”
Iman Le Caire sorri enquanto analisa a lista de nomes de pessoas trans que ela ajudou a fugir de perseguição durante a pandemia de coronavírus.
A primeira foi Ritaj, uma jovem mulher trans no Iêmen que estava “mental e fisicamente destruída”, depois de ser condenada a 100 chibatadas por homossexualidade e ser presa.
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Ritaj agora vive na França
Ahmed Al Ahdal/Via BBC
De acordo com a lei iemenita, se Ritaj fosse casada na época e fosse considerada culpada de atos homossexuais, ela poderia ter sido apedrejada até a morte.
Como uma mulher trans, que escapou de sua terrível situação no Egito, Iman diz que não podia mais ficar parada enquanto esse sofrimento continuava a portas fechadas.
“Eu já estive lá, passei pela mesma dor. Nossas famílias cospem em nós com a mesma saliva”, diz Iman.
Iman com um colega ativista e algumas das pessoas que ela ajudou a resgatar
Iman Le Caire/Via BBC
Por meses, Ritaj e Iman falaram ao telefone enquanto preparavam os documentos para a fuga de Ritaj. Elas também criaram uma página GoFundMe para arrecadar verba para as taxas legais, com a ajuda de Aliyah, outra ativista mulher trans.
Ritaj sabia que tinha, nas palavras de Iman, que parecer masculina para que ninguém a questionasse durante a primeira etapa de sua fuga ousada – uma viagem de 36 horas de carro e um voo para o Cairo.
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De lá, um advogado de imigração voou para ajudar a apresentar seu caso ao consulado francês, o que significava que ela poderia ser enviada com um visto humanitário para a França, onde começou uma nova vida.
“Muitas pessoas LGBT em países árabes estão atualmente presas sem ninguém para ajudá-las”, diz Ritaj.
Iman é agora uma artista performática e ativista na cidade de Nova York
Jeff Eason/Via BBC
“Muitos são abandonados por suas famílias, não conseguem encontrar trabalho e ficam sem-teto só porque são LGBT. Os governos precisam criar leis para proteger essas pessoas.”
Isolamento com família hostil
Ainda existem muitos países onde ser trans – quando a identidade de gênero de uma pessoa é diferente do sexo que teve registrado no nascimento – é fortemente estigmatizado.
Iman era coreógrafa e dançarina no Cairo Opera House antes de fazer a transição
Iman Le Caire/Via BBC
A Anistia Internacional advertiu que o clima se tornou particularmente ruim durante a pandemia, com muitas pessoas trans “isoladas com familiares hostis” e sem acesso a cuidados de saúde ou apoio mais amplo.
“A crise sempre foi ruim, mas a pandemia piorou ainda mais. Existem crimes cometidos contra pessoas trans”, diz Iman. “Como você pode viver em um país quando sua família e o governo não querem você lá?”
É uma sensação que ela conhece muito bem. Iman cresceu como um menino em uma aldeia rural no Egito, mas por dentro sempre soube que ela era uma mulher. Ela diz que foi insultada por se comportar de maneira feminina, acusada de ter um “demônio feminino” dentro dela.
Ela descreve sua infância como brutal e implacável. Aos oito anos ela foi estuprada por dois anos por alguém próximo à família, ela diz, um segredo aberto que levou a mais agressões sexuais nas mãos de outras pessoas.
A vergonha e a desonra sentidas pela família foram tão grandes, diz ela, que culminaram com uma facada no peito antes de sua irmã intervir e levá-la às pressas para o hospital.
Mais tarde, quando ela fez a transição, foi o nome de sua irmã – Iman – que ela escolheu por gratidão por ter salvado sua vida.
Dançar tornou-se uma forma de combater a ansiedade, e um trabalho no Cairo Opera House inicialmente parecia uma chance para começar de novo.
Apesar de não conseguir reconhecer que era transgênero, Iman tinha um namorado e diz que, por ser uma pessoa LGBTQ de destaque, ela foi perseguida implacavelmente pela polícia sob acusações forjadas.
Com medo por sua vida, ela partiu com um visto de turista para Nova York, onde se candidatou a receber asilo.
Iman em manifestação Black Lives Matter (Vidas negras importam)
Madison Swart/Via BBC
Sozinha em uma nova cidade, ela entrou em depressão e começou a usar drogas antes de conhecer seu futuro marido, Jean-Manuel, e fazer a transição física para se tornar uma mulher na casa dos trinta anos.
Despertar político
Depois de passar por tanta coisa, Iman decidiu se manter discreta e se concentrar em seu trabalho como artista performática.
Mas um despertar político veio com a morte de George Floyd em maio de 2020 e os protestos Black Lives Matter. Iman diz que a “masculinidade tóxica” que alimentou os problemas a lembrou da maneira como havia sido tratada no Egito.
“E então de repente a pandemia aconteceu. Eu estava com muito medo. Eu saí para protestar e encontrei minha cura, eles estavam lutando pelas vidas negras e pelas vidas trans”.
Algumas semanas depois, Iman foi mobilizada ainda mais pelo suicídio de Sarah Hegazy, uma lésbica de 30 anos que havia sido presa por hastear uma bandeira de arco-íris em um show – parte da repressão implacável do Egito contra os direitos LGBT.
Sarah Hegazy estava morando no Canadá depois de receber asilo, mas havia passado por estresse pós-traumático e depressão depois de ser torturada na prisão, de acordo com relatórios da Anistia Internacional.
“Ela não aguentou. E eu me identifiquei com ela. Tendo estado na prisão no Egito, eu sei o que eles fazem com as pessoas”, disse Iman.
Vida trans no Oriente Médio
Por Nada Menzalji – repórter da BBC Arabic
No Oriente Médio, as pessoas LGBTQ + são frequentemente estigmatizadas e sujeitas a assédio e violência com base em sua sexualidade e identidade de gênero, muitas vezes nas mãos de suas próprias famílias.
Para pessoas trans, a vida pode ser particularmente perigosa. Ser trans é frequentemente considerado “imoral”, e as pessoas trans são frequentemente consideradas “criminosas ou blasfemadoras”.
De acordo com um relatório da Human Rights Watch de 2020, as mulheres transgênero na região são frequentemente vistas como homens gays, e são alvos pelos mesmos motivos e processadas sob as mesmas acusações amplas de “ter relações carnais contra a ordem da natureza” ou “imitar mulheres ” A punição para o sexo gay varia de prisão em países como a Síria até a pena de morte em alguns casos no Iêmen e na Arábia Saudita.
A transição também pode ser um desafio para pessoas trans. De acordo com a maioria das legislações árabes, a aprovação de um comitê formado por médicos e clérigos deve ser obtida, mas a cirurgia é considerada apenas para corrigir um defeito de nascença nos órgãos reprodutivos de alguém.
Alguns optam por fazer a transição secretamente, colocando suas vidas em risco em clínicas locais que não atendem aos padrões médicos. Mas mesmo após a transição, obter um documento de identidade que reflita o nome e gênero apropriados de um homem ou mulher trans será impossível na maior parte do mundo árabe.
Protesto nas ruas
Durante as manifestações Black Lives Matter, Iman foi protestar na Marcha de Libertação do Brooklyn, que viu 15 mil pessoas se reunirem em frente ao museu do Brooklyn para exigir segurança para trans negros.
Fotos dela na passeata levaram Ritaj a contatá-la e se tornar seu primeiro caso. Desde então, surgiram muitos outros, principalmente do Oriente Médio, mas também de outros países onde há risco, como a Jamaica.
Iman acabou ingressando em uma organização chamada TransEmigrate, que fornece suporte logístico para aqueles que tentam se mudar para países mais seguros, antes de fundar uma organização irmã, a Trans Asylias, que ajuda pessoas trans perseguidas a se candidatarem a asilo.
Ela dá conselhos, ajuda a verificar suas inscrições para pedido de asilo, mantém o ânimo deles com videochamadas regulares e arrecada dinheiro para a mudança.
Infelizmente, diz Iman, para cada pessoa trans ou não binária que conseguiu deixar seu país, muitas outras ainda vivem com medo da perseguição e da morte.
Seu maior sonho é construir uma comunidade “com belas casas, espaços verdes e médicos, onde todas as pessoas trans e com inconformidade de gênero que enfrentaram todas essas coisas horríveis possam receber tratamento e melhorar, como quando as pessoas cuidaram de mim”.
Veja os vídeos mais assistidos do g1

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Rock in Rio 2024: Veja fotos do 6º dia

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Sábado (21) é dedicado ao Dia Brasil e terá shows de Chitãozinho e Xororó, Baianasystem, Duda Beat e muitas outras estrelas nacionais. Sexto dia de Rock in Rio
Thaís Espírito Santo/g1
Sexto dia de Rock in Rio
Thaís Espírito Santo/g1
Público recebe pulseira de led para sexto dia de Rock in Rio
Thaís Espírito Santo/g1
Público aguarda entrada para o sexto dia de Rock in Rio
Thaís Espírito Santo/g1
Público chega para o sexto dia de Rock in Rio
Thaís Espírito Santo/g1
Público chega para o sexto dia de Rock in Rio
Thaís Espírito Santo/g1
Sexto dia de Rock in Rio
Rafael Nascimento/g1

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A caminho do Rock in Rio, MC Livinho invade reportagem ao vivo sobre tragédia na Dutra, faz dancinha e recebe críticas na web

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Funkeiro foi escalado para o Espaço Favela neste sábado (21). Depois, pediu desculpas. MC Livinho invade reportagem ao vivo sobre tragédia em rodovia para dancinha e recebe críticas na web
MC Livinho foi alvo de críticas neste sábado (21) depois que invadiu uma reportagem ao vivo sobre o acidente de ônibus na Dutra para fazer dancinhas. Pelo menos 3 pessoas morreram na tragédia. Depois, o cantor pediu desculpas.
A repórter Isabela Campos falava para o RJ1 sobre o atendimento aos feridos quando o funkeiro apareceu no vídeo, se aproximou da câmera, hesitou por alguns segundos e começou a dançar. A imagem foi tirada do ar, e, no lugar, entraram cenas do veículo acidentado, enquanto Isabela terminava de dar as informações.
Ônibus de turismo tomba na descida da Serra das Araras, em Piraí
Reprodução
A tragédia
O coletivo tombou na descida da Serra das Araras, em Piraí, no Sul Fluminense, por volta das 10h, com atletas do time de futebol americano Coritiba Crocodiles. A equipe vinha de Curitiba ao Rio de Janeiro para jogar contra o Flamengo Imperadores pelo Brasileirão de Futebol Americano. A partida foi cancelada.
De acordo com a CCR RioSP, concessionária que administra a rodovia, o ônibus transportava 43 passageiros e 2 motoristas.
As vítimas que morreram são:
Daniel Santos, 44 anos
Lucas de Castro Rodrigues Barros, 19 anos
Lucas Padilha, 42 anos
Veja mais sobre os jogadores que perderam a vida.
Sete pessoas foram socorridas, 1 delas com ferimentos graves, e encaminhadas aos hospitais Geral de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e São João Batista, em Volta Redonda.
De acordo com a concessionária, 35 pessoas não se feriram. Um ônibus foi enviado ao local para buscá-las.
As críticas
Antes mesmo de o funkeiro se pronunciar, internautas foram a postagens antigas dele para criticar a invasão.
“Atitude de moleque. Fazendo palhaçada durante transmissão de notícia de acidente”, disse um.
“3 mortos, e você dançando durante a notícia do acidente”, escreveu outro.
“Tem pessoas medíocres que pagam pra ir no show desse cara? Como pode fazer dancinha em uma tragédia? Atitude de homem, rapaz!”, postou mais um.
“Não precisa ser muito inteligente pra saber que se tem uma equipe de reportagem e congestionamento na estrada, e provavelmente ambulância e viaturas passando pelo caminho, é porque algo sério aconteceu. Completamente sem noção”, falou outro.
“Parabéns, fazendo dancinha enquanto pessoas sofriam o luto. Quer aparecer a todo custo, né? Tudo pela fama, tudo pela mídia! Sem noção”, disse uma.
“Ah, coitado, ele não percebeu um acidente com veículo batido na rua, ambulância e polícia. Coitado, só quis biscoitar e aparecer”, ironizou outra.
“Você se considera um ser humano?”, indagou um.
As desculpas
MC Livinho pede desculpas após invadir reportagem ao vivo sobre tragédia na Dutra

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Fã de Luan Santana acampa na fila do Rock in Rio para ver 49º show do cantor: ‘Maior loucura que já fiz por ele’

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Professora é fã do Luan Santana há 17 anos e divide tempo com rotina de shows, fã clube e paixão pela pedagogia após enfrentar depressão. Thayane Basseto dormiu na fila para garantir lugar na apresentação de Luan Santana no Rock in Rio.
Acervo pessoal
O 6° dia de Rock in Rio, neste sábado (21), tem somente atrações brasileiras e a estreia do sertanejo no festival. O evento começou com uma fila pequena em comparação com os outros dias, mas Thayane Basseto, de 28 anos, fez questão de garantir o primeiro lugar.
A professora é de Campinas, São Paulo, e não mede esforços para assistir a shows do Luan Santana. Segundo ela, a maior loucura que já fez pelo cantor foi vir ao Rock in Rio.
Ela chegou na cidade por volta de 18h desta sexta (20) e, em seguida, veio direto para os portões da Cidade do Rock. Às 20h, ela estava preparada com seu colchão para dormir enquanto aguardava o dia clarear para assistir seu 49º show do artista. A jovem já rodou em diversos estados acompanhando a agenda do cantor, e o último foi há duas semanas.
“Estar aqui é a maior loucura que já fiz por ele. Fui em outros estados, mas isso aqui é o maior, ainda mais acampar sozinha. Fiz tudo sozinha. Peguei moto Uber cheia de sacola, BRT sem saber andar aqui. Na hora que o Luan curtiu minha foto, comecei a pular e chorar que nem maluca aqui. Nosso sonho só se torna realidade porque a gente é real e faz acontecer”, conta.
Para enfrentar a madrugada, ela conta que teve ajuda dos policiais que estavam patrulhando a região, que trouxeram até lanche e suco para ela. A produção do cantor também providenciou um lanche para a jovem, que disse não ter sentido medo.
Apaixonada pelo Luan, ela fundou o fã clube “Coisas de Luanete” e se dedica à página enquanto divide seu tempo com a pedagogia.
A professora Thayane Basseto é fã de Luan Santana e foi a primeira a chegar na fila do Rock in Rio neste sábado (21).
Acervo pessoal
No entanto, entre posts apaixonados e dedicações para acompanhar o ídolo, a professora afirma receber hate pelas loucuras que faz pelo cantor.
“Tem gente que reclama até do calor que a gente paga em ingresso, manda mensagem para nossos familiares, invade nossas vidas”, relata.
Segundo Thayane, ela encontra forças nas letras do cantor para enfrentar as adversidades da vida.
“Eu costumo dizer que eu tenho 2 anos de vida, porque há dois anos eu tentei suicídio. Foi muito difícil passar pela depressão e eu cheguei em um momento que eu não queria mais estar viva. Luto muito para não voltar para esse lugar, porque doeu perder um filho, doeu saber que eu fui fruto de um abuso sexual, muita coisa doeu e foi nele que encontrei essa força para sair da depressão”.
“Meu psicólogo disse: ‘você precisa encontrar algo que te faça mais forte do que sua depressão’, e é isso que eu faço. A gente precisa se agarrar ao que nos faz feliz”, declara a jovem.
A professora Thayane Basseto é fã de Luan Santana e foi a primeira a chegar na fila do Rock in Rio neste sábado (21).
Thaís Espírito Santo/g1 Rio

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