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Festas e Rodeios

Como Cornershop criou hit ‘complicado’ com mistura indiana, após queimar foto do Morrissey

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Ao g1, vocalista relembra 30 anos da banda de britpop dona do sucesso ‘Brimful of Asha’, amizade com Oasis e treta com ex-Smiths. ‘Quando eu hitei’ relembra artistas que sumiram. Quando eu hitei: Cornershop teve hit ‘complicado’ com mistura indiana
Em 1998, um remix de uma música de uma banda de britpop com um vocalista de origem indiana foi parar no topo das paradas da Inglaterra. A banda era o Cornershop, o remix era do FatboySlim, e a música se chamava “Brimful of Asha”.
O Cornershop era uma banda queridinha da crítica. Era comum ver os álbuns nas listas de melhores do ano de revistas como a “Spin” e “Rolling Stone”. O som era uma mistura de batidas psicodélicas, com hip hop, folk, country, muita percussão e arranjos bem funkeados.
Aqui no Brasil, eles também foram super elogiados e o clipe de “Brimful of Asha” passou muito na MTV. A Asha que eles cantam é a artista indiana Asha Bhosle, famosa por cantar em filmes indianos. Mas a música não é só uma ode a essa estrela de Bollywood.
Na série semanal “Quando eu hitei”, artistas do pop relembram como foi o auge e contam como estão agora. São nomes que você talvez não se lembre, mas quando ouve a música pensa “aaaah, isso tocou muito”. Leia mais textos da série e veja vídeos ao final desta reportagem.
Tjinder Singh e Ben Ayres, membros do Cornershop
Divulgação/Site oficial
“Brimful of Asha” tem versos sobre um monte de discos de uma pessoa que colecionava vinis de sete polegadas, que normalmente tocavam 45 resoluções por minuto. É por isso que o vocalista e guitarrista Tjinder Singh fica repetindo “45!” toda hora na música.
“A música é o que nos faz seguir desde a manhã quando acordamos até a noite quando nós vamos dormir e é o amor pela música e ter uma trilha sonora ao seu redor que pode inspirá-lo por toda a vida”, resume Singh ao g1 (ouça trechos da entrevista no vídeo acima).
Na letra, são citados cantores indianos como Mohammed Rafi, Lata Mangeshkar e a própria Asha. Esses artistas ficaram famosos dublando em Bollywood. Mas lista tem espaço para gente de fora da Índia, como o inglês Marc Bolan, líder do T. Rex, e o francês Jacques Dutronc.
A letra fala ainda de mudança climática e de política: “Não nos importamos com nenhum aviso do governo / Sobre a promoção da vida simples / E as barragens que estão construindo”.
“A música tem muitos elementos nela. Obviamente, colecionar discos é um dos elementos. É uma música bastante complicada, embora tenha um refrão muito simples. Mas dentro de cada linha há mais significado ou abre a porta para outras coisas ou outro tema.”
Cena do clipe de ‘Brimful of Asha’, do Cornershop
Reprodução/Youtube da banda
A versão original de “Brimful of Asha” foi bem, mas foi preciso um remix para ela chegar ao topo da parada britânica e estourar de vez no mundo todo. Ele foi feito pelo Norman Cook, DJ e músico que atende pelo codinome Fatboy Slim.
“Recebemos o disco pelo correio, porque era assim que você fazia naquela época”, recorda. “Nós tocamos de manhã cedo, eu e minha esposa, e assim que ouvimos, sabíamos que seria um sucesso. Tinha algo nela. Parecia que seria bem grande. Sempre amamos.”
Para ele, a nova versão não fez com que a música perdesse seu “imediatismo”. “Ela ainda é bastante válida e tem funcionado muito bem ao longo do tempo. Seguiu até que bem atual. Independentemente da voz mais rápida, os outros elementos dela estão em sintonia com o que é o som moderno.”
A original tem todo um charme do arranjo de cordas: é mais simples, não tem um baixo marcante. Foi justamente por isso que o Fatboy Slim, baixista de formação, quis fazer uma versão acelerada, botando um baixo mais forte.
Mas o sucesso da original e do remix não trouxe apenas momentos de euforia para Tjinder e seus companheiros de banda. “De certa forma, a pior coisa que aquela música fez por nós foi tirar os holofotes do álbum nos Estados Unidos, que estava indo muito bem”, reconhece.
Tjinder Singh e Ben Ayres formam o Cornershop
Divulgação/Facebook da banda
“Então, isso foi lamentável, mas você não pode ficar chateado com uma música… você não consegue fazer isso com uma música. Você não pode se decepcionar com uma música, só pode se decepcionar com pessoas”, completa, com um breve risinho.
Mas o Cornershop não quer decepcionar ninguém, segue na ativa. O que mudou após 30 anos de banda? “Nosso último álbum foi muito bem recebido e dizem que é o nosso melhor álbum. Eu acho que a banda é a mesma, só outras coisas mudaram”, responde, citando “England Is a Garden”, de 2020.
Tjinder emana uma energia meio “não sou rockstar, não fui um grande nome do britpop elogiado por todo mundo”. É quase um discurso do tipo “cara, eu só trabalho aqui”.
“Mas tivemos a sorte de estar trabalhando nos anos 90. Porque aquela era uma época em que os músicos podiam sobreviver e se sair moderadamente bem, fazendo turnês e lançando álbuns que fizeram sucesso.”
Amigos do Oasis
Tjinder Singh e Ben Ayres, do Cornershop
Divulgação
Em uma dessas turnês nos Estados Unidos, o Cornershop abriu para o Oasis. E a partir daí as duas bandas viraram amigas. O Noel sempre tocava a última música do setlist do Cornershop, até quando não era convidado.
“Nos demos muito bem com eles. Bem, eles são do Norte da Inglaterra. Eu e Ben [Ayres, outro membro fundador] estudamos no Norte da Inglaterra e tem um tipo de senso de humor muito diferente, que é bastante sem expressão, mas é bem definido e todos nos dávamos bem.”
Tjinder sabe que conquistou admiradores naquela turnê, mesmo que os fãs dos irmãos Gallagher não estivessem sempre prestando muito atenção nos shows do Cornershop.
“É adorável ouvir esses fãs falando até agora…. eles ainda vêm me dizer: ‘Oh, bem, nós vimos um show de vocês. Quer dizer, nós ouvimos, não vimos. Estávamos muito ocupados no bar’.”
Para ele, conhecer uma banda enquanto você está bebendo, sem prestar atenção direito, meio por acaso é a melhor forma de conhecer uma banda. Ele também disse que eles sempre se encontravam e se divertiam nos camarins.
“Não acho que exista outras duas bandas que combinem tanto uma com a outra. Porque não éramos a mesma banda. Tem que levar em conta que o Kasabian… eles são apenas uma cópia em papel carbono do que é o Oasis.
Inimigos do Morrissey
A banda Cornershop bota fogo em uma foto de Morrissey em 1992
Divulgação/Site da banda
O Cornershop faz valer essa dos artistas de britpop de serem bem provocadores. No começo da carreira, em 1992, eles tiraram várias fotos botando fogo em uma imagem do Morrissey, o controverso ex-vocalista dos Smiths.
“Foi uma decisão muito séria, porque naquela época, a ala direita na Inglaterra estava começando a ganhar força de novo. E houve algumas mortes de pessoas da Ásia, particularmente na região de East End em Londres. Certamente havia muitas brigas acontecendo em todas as regiões do país.”
Tjinder decidiu protestar contra Morrissey por ele ser “alguém que era tão influente em termos de vegetarianismo, em termos de atitude, em termos de moda, em termos de política, em termos de ter uma opinião sobre como devemos viver a vida”.
“Sentimos que ele era muito silencioso sobre a subjetividade de sua música e ajudando a promover os elementos de racismo que estavam ao seu redor. Ele se calou sobre suas letras, se calou sobre o que pensava dos negros principalmente, ele se calou sobre a imagem de skinhead que ele tinha.”
Resumindo, segundo ele foi meio que “um protesto contra o silêncio de alguém que tinha sido muito falante no passado”.
Essa postura combativa não rolou só nesse momento. Na hora de escolher o nome da banda, eles usaram Cornershop em referência ao preconceito que indianos sofrem no Reino Unido. Existe um estereótipo de que se você é indiano, você é dono dessas vendinhas de esquina, os “cornershops”.
O mesmo cara que fala mal de Morrissey também não morre de amores pelo britpop. Como toda banda de britpop o Cornershop não curte o rótulo britpop.
“Não era nem um tipo de música muito parecido. Não tocávamos músicas semelhantes às de muitos outros grupos de britpop, mas estávamos lá ao mesmo tempo.”
“Se você olhar para todas as pessoas que deveriam ser os maiores nomes do britpop, como Blur ou como Pulp, eles ficariam muito envergonhados se você dissesse que eles são britpop. Portanto, é mais o que outras pessoas percebem do que os músicos reais ou a música em si.”tw
Folk da Índia
Mohammed Sadiq e Ranjit Kaur
Reprodução
Mas para não terminar este texto com essa frase tão incisiva quanto pessimista, Tjinder deu um conselho musical em um estilo do qual é especialista.
Ele é muito fã de música folk punjabi, que é o idioma falado por mais de 100 milhões de habitantes de regiões da Índia e do Paquistão. Se eu pudesse ouvir apenas um cantor ou cantora de folk punjab, qual seria e por quê?
“Bem, seriam duas pessoas, que eram casados”, responde, sem pensar muito. “Seriam Mohammed Sadiq e Ranjit Kaur, porque o folk Punjabi que eles propuseram era muito cru, muito básico, muito… às vezes muito engraçado e contava uma história e às vezes, obviamente, em forma de dueto.”
“Eu sempre pensei que a música folk punjabi era a precursora do hip hop no sentido de que tem grandes batidas em torno dela, é tocado de forma muito simples e sempre conta uma história da aldeia, com as coisas boas e coisas ruins sobre a vila. E é muito acessível e muito atualizada também, muito contemporânea em termos das questões que aborda.”
Muhammad Sadiq e Ranjit Kaur também eram um homem muçulmano e uma mulher sikh. Ou seja, de religiões diferentes. “Então, isso é ter um pensamento muito avançado. É cru, poderoso e maravilhoso. É como se Roxanne Shante tivesse acabado de bater em você”, conclui, citando a rapper americana.
Foi nessa hora que Tjinder mais se abriu, falando da paixão pela música. A mesma paixão pela música que ele canta em “Brimful of Asha”.
VÍDEOS: QUANDO EU HITEI
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Gaby Amarantos alfineta Rock in Rio ao cobrar presença de artistas do Pará em show de MPB no festival

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‘Pará tem muitos artistas que poderiam estar nesse palco’, disse a cantora. Em abril, anúncio da programação do Dia Brasil sem nomes do estado foi criticado. Gaby Amarantos se apresenta no Rock in Rio 2024
Miguel Folco/g1
A cantora Gaby Amarantos aproveitou sua rápida participação no Rock in Rio, neste sábado (21), para alfinetar o festival. Em um show com outros astros da MPB, ela cobrou mais representatividade paraense na programação.
“O Pará tem muitos artistas incríveis, que poderiam estar nesse palco, principalmente nossas artistas mulheres”, disse.
Gaby foi escalada para um bloco de apresentações de MPB no Dia Brasil do Rock in Rio, com line-up dedicado apenas a artistas nacionais.
O festival será transmitido todos os dias, a partir das 15h15, no Globoplay e no Multishow.
Em abril deste ano, quando a programação foi divulgada sem nomes do Pará, público e artistas criticaram o festival.
“O maior festival de música do país tem um Dia Brasil e nos coloca da porta pra fora”, escreveu a paraense Fafá de Belém no Instagram. “A Amazônia não faz parte do Brasil? A cultura amazônica, nortista, não é parte deste país? Onde está Dona Odete, Gaby Amarantos, vencedora do Grammy, Joelma, Aíla, onde estou eu?”.
Em nota divulgada em meio à polêmica, o Rock in Rio disse que ainda não havia finalizado as negociações da programação do Dia Brasil. Depois, incluiu no line-up, além de Gaby, Zaynara, Gang do Eletro e as Suraras do Tapajós.
Ao surgir para cantar o hit “Ex My Love”, Gaby Amarantos já havia avisado ao público que foi a primeira cantora do estado a pisar no Palco Mundo. Ela cantou outras três músicas e passou a bola para a baiana Majur.
Problemas no som
Daniela Mercury
Miguel Folco/g1
Em um dia de shows com horários atrasados, astros da MPB fizeram uma apresentação corrida no Palco Mundo, que enfrentou problemas técnicos. O som dos instrumentos ficou com volume desregulado e, em alguns momentos, o batuque muito alto da percussão assustou o público.
Além de Gaby Amarantos e Majur, Ney Matogrosso, Zeca Baleiro, Carlinhos Brown, Daniela Mercury e a banda Baiana System se revezaram no Palco Mundo, cantando de três a nove músicas cada um.
Carlinhos e Daniela foram os que tiveram mais espaço, na metade final da apresentação. Ele pediu o fim da homofobia ao apresentar “A Namorada” e, cantando um trecho do clássico “Mais que Nada”, homenageou Sergio Mendes, músico que espalhou a bossa nova pelo mundo e morreu neste mês.
Já a cantora entrou com o microfone desligado. Com o som já normalizado, ela mostrou sucessos do carnaval da Bahia, com o público abrindo rodas de dança. Em “Macunaima”, gritou em defesa da Amazônia e dos povos indígenas.
Margareth Menezes, anunciada na programação do show, não participou.
Carlinhos Brown no Rock in Rio 2024
Miguel Folco/g1

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Luan Santana cancela participação no Rock in Rio 2024 por causa de atraso do festival

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Sertanejo tem show em SC no mesmo dia e atraso de mais de uma hora inviabilizou apresentação. Luan Santana percorre 17 anos de carreira com multidão na Arena da Festa do Peão de Barretos 2024
Érico Andrade/g1
Luan Santana cancelou sua participação no Rock in Rio 2024, neste sábado (21), por causa do atraso de mais de uma hora nos shows do festival.
O cantor tem uma apresentação em São José (SC) no mesmo dia.
O festival será transmitido todos os dias, a partir das 15h15, no Globoplay e no Multishow.

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VÍDEOS Rock in Rio: o melhor do dia 21/9

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