Connect with us

Festas e Rodeios

Obra de Chico Buarque é a trilha sonora aliciante que guia o povo brasileiro na cena de musical que vai de 1968 a 2022

Published

on

A atriz Cyda Moreno faz solo contra o genocídio do povo negro na cena de maior voltagem emocional do musical ‘Nossa história com Chico Buarque’
Renato Mangolin / Divulgação
♫ OPINIÃO SOBRE MUSICAL DE TEATRO
Título: Nossa história com Chico Buarque
Artistas: Artur Volpi, Cyda Moreno, Felipe Frazão, Flávio Bauraqui, Heloisa Jorge, Laila Garin, Larissa Nunes, Luísa Vianna, Odilon Esteves e Soraya Ravenle.
Cotação: ★ ★ ★ ★ ★
♪ Quando a atriz Cyda Moreno arrepia o público do Teatro Riachuelo ao fazer indignado solo contra o genocídio do povo negro, o musical Nossa história com Chico Buarque alcança pico de emoção e atualidade. Aplausos espocam em cena aberta nas sessões do espetáculo em cartaz na cidade do Rio de Janeiro (RJ), de quinta-feira a domingo, até 6 de outubro.
Feita ao som de Construção e Deus lhe pague, músicas de 1971, a impactante cena de Cyda poderia se passar em 2024 ou em qualquer ano recente marcado pelos assassinatos de negros inocentes por policiais, fato recorrente no cotidiano nacional, sobretudo nas comunidades. Só que o solo da atriz está situado em 1968 na engenhosa arquitetura da narrativa do musical escrito pelo diretor Rafael Gomes em parceria com Vinicius Calderoni.
Os dramaturgos se desviam da já exausta fórmula dos musicais biográficos com a criação de trama estruturada em três atos – situados em 1968, 1989 / 1992 e 2022, anos emblemáticos na história política do Brasil – que vão se interligando à medida em que a ação avança no tempo.
Artur Volpi (à frente) é um dos destaques do coeso elenco do musical ‘Nossa história com Chico Buarque’, vivendo vários personagens nos três atos
Renato Mangolin / Divulgação
A costura do texto é alinhavada pelo amor nunca vivido entre duas mulheres, Beatriz e Carolina, em paixão que atravessa três gerações de duas famílias numa saga que envolve 21 personagens interpretados por 10 atores.
Homogêneo, o elenco – Artur Volpi, Cyda Moreno, Felipe Frazão, Flávio Bauraqui, Heloisa Jorge, Laila Garin, Larissa Nunes, Luísa Vianna, Odilon Esteves e Soraya Ravenle – soa afinado em todos os sentidos quando dá voz ao texto e às canções de Chico Buarque com arranjos do diretor musical Alfredo Del-Penho.
Por ter sido composta ao longo de 60 anos por um dos maiores compositores do mundo em todos os tempos, a trilha de Nossa história com Chico Buarque resulta inevitavelmente irretocável. São canções que, na cena e fora dela, guiam o povo brasileiro na luta por liberdade política, afetiva e sexual. Sem jamais ter sucumbido ao panfleto, a obra do compositor hasteia bandeiras erguidas pela própria natureza política do artista.
No roteiro do musical, aberto por Paratodos (1993) no canto de Soraya Ravenle, desfila a própria história do Brasil em narrativa feita sem concessões até o arremate intencionalmente anticlimático ao som de Olhos nos olhos (1976) na voz de Artur Volpi. O painel social montado ao fim do espetáculo é amplo.
Inexiste em Nossa história com Chico Buarque o tom artificialmente festivo dos musicais vocacionados para deixar cair o ano com karaokê entre público e artistas. As cerca de 50 canções foram postas somente a serviço da cena. E é isso que torna Nossa história com Chico Buarque um musical arrojado e, ao mesmo, aliciante, sobretudo pela força perene das canções.
Ah… são bonitas as canções, sejam os cantores falsos ou verdadeiros. E quanta verdade há na cena e no canto do elenco de Nossa história com Chico Buarque! Se Roda viva (1968) gira no primeiro ato contra a corrente e a ditadura endurecida nos anos de chumbo, a canção Trocando em miúdos (Francis Hime e Chico Buarque, 1977) é na voz de Laila Garin a trilha da separação de Carolina ao fim do segundo ato.
Laila Garin brilha ao cantar músicas como ‘Beatriz’ e ‘Trocando em miúdos’ no espetáculo ‘Nossa história com Chico Buarque’
Renato Mangolin / Divulgação
Enfim, por estar entranhado na alma e na memória do povo brasileiro, o cancioneiro de Chico Buarque legitima e enobrece a saga política e afetiva posta em cena audaciosa na produção da empresa Sarau Cultura Brasileira.
A entusiasmada afluência do público à temporada carioca do musical somente corrobora a potência e o viço da obra do compositor, uma das mais perfeitas traduções da bagunça dos corações e também das dissonâncias sociais que pautam o Brasil, terra que ainda parece longe de cumprir qualquer ideal enquanto soarem atuais solos como o feito por Cyda Moreno na cena de maior voltagem emocional do espetáculo Nossa história com Chico Buarque.
A atriz Heloisa Jorge em solo vocal do musical ‘Nossa história com Chico Buarque’, em cartaz no Teatro Riachuelo, no Rio de Janeiro (RJ)
Renato Mangolin / Divulgação
Flávio Bauraqui é o escritor Nelson no primeiro ato do musical escrito pelo diretor Rafael Gomes com Vinicius Calderoni e faz o papel de Fernando no segundo
Renato Mangolin / Divulgação

Continue Reading
Click to comment

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Festas e Rodeios

Ivete Sangalo voa sobre a plateia, beija Liniker e maceta resistência roqueira pela 19ª vez no Rock in Rio

Published

on

By

Artista mais recorrente do festival, cantora enfileirou hits de carnaval e apresentou música inéditas Ivete Sangalo voa sob plateia do Palco Mundo no Rock in Rio
Ivete Sangalo abriu o dia das divas pop no Rock in Rio, nesta sexta-feira (20), mostrando por que, há 30 anos, é a maior diva pop do Brasil. Em um show com surpresas, ela voou sobre a plateia presa a cordas e beijou a cantora Liniker ao apresentar uma música inédita.
O festival será transmitido todos os dias, a partir das 15h15, no Globoplay e no Multishow.
Foi a 19ª participação de Ivete no festival, considerando edições do Brasil, Portugal, Espanha e Estados Unidos. Ao longo das participações, baiana já levou tombo, anunciou o sexo de suas filhas gêmeas no palco e fez um dueto com Shakira durante a performance da colombiana no Rock in Rio de 2011.
Ivete Sangalo interage com plateia durante show no Rock in Rio
“Sabe por que eu estou nesse palco há 19 anos e vou estar sempre que eu quiser?”, questionou antes de fazer o público explodir num “ôôô” no refrão de “Tempo de Alegria”, música de 2014.
É uma alfinetada aos que sempre resistiram à sua recorrente participação no festival. Em 2011, quando Ivete foi escalada para o Rock in Rio pela primeira vez, a escolha foi recebida com insatisfação por uma parcela roqueira mais conservadora do público: na época, muitos disseram que o evento deveria ser rebatizado como “Axé in Rio” e alguns guardam essa mágoa até hoje.
A cada show, no entanto, Ivete maceta a rejeição com a experiência e a energia de quem está acostumada a orquestrar uma multidão de cima de um trio elétrico por horas a fio. “Macetando”, hit absoluto do carnaval de 2024, teve milhares de pessoas na plateia reproduzindo a coreografia viral.
Mas o momento de maior êxtase veio com “Eva”, música de Umberto Tozzi regravada pela Banda Eva em 1997, numa versão que se tornou clássica. Depois de um breve sumiço, Ivete reapareceu suspensa por uma estrutura de cordas sobre o público. “Quero ficar mais perto de vocês”, disse, flutuando por todos os cantos da plateia.
Foi um truque repetido do show que comemorou seus 30 anos de carreira, no Maracanã, em dezembro de 2023. Mas o público do Rock in Rio se emocionou como se fosse a primeira vez. E Ivete também. No alto, ela chorou. Já em terra firme, celebrou: “Que experiência maravilhosa!”.

Ivete Sangalo abre Palco Mundo, nesta sexta-feira (20), no Rock in Rio
Stephanie Rodrigues/g1

Continue Reading

Festas e Rodeios

Rock in Rio 2024: veja fotos de famosos no 5º dia do festival

Published

on

By

Pabllo Vittar, Vivi Wanderley e Viviane Araújo são alguns dos famosos que foram curtir a sexta-feira (20) na cidade do rock. Viviane Araújo no quinto dia de Rock in Rio
Claudio Andrade /Agnews
A influencer Vivi Wanderley no quinto dia de Rock in Rio
Victor Chapetta / Agnews
Pabllo Vittar no quinto dia de Rock in Rio
Rogério Fidalgo Agnews

Continue Reading

Festas e Rodeios

‘Gandalf’ de 58 anos diz que saiu de Curitiba para ver Katy Perry no Rock in Rio

Published

on

By

Manoel Lucas se vestiu de personagem de ‘Senhor dos Anéis’ para o festival. ‘Esse é um cosplay que eu faço’, disse. ‘Gandalf’ saiu de Curitiba para ver show de Katy Perry no Rock in Rio.
Rafael Nascimento/g1 Rio
O curitibano Manoel Lucas, de 58 anos, compareceu ao Rock in Rio em uma roupa especial. Apesar do calor na Cidade do Rock, ele chegou vestido de Gandalf, personagem de “Senhor do Anéis”.
“Eu sempre uso a roupa do Gandalf. Esse é um cosplay que eu faço e o Rock in Rio era um local para ele estar. Estava quente mais cedo, mas agora refrescou”, explica.
Segundo Manoel, ele saiu de Curitiba para assistir ao show da headliner, Katy Perry, desta sexta-feira (20). O evento é especial porque marcará o aniversário do “Gandalf”.
“Viemos de Curitiba, eu, a minha família e amigos para comemorar o meu aniversário no show da Katy Perry. Faço 59 anos no momento do show dela”.
‘Gandalf’ saiu de Curitiba para ver show de Katy Perry no Rock in Rio.
Rafael Nascimento/g1 Rio

Continue Reading

Trending

Copyright © 2017 Zox News Theme. Theme by MVP Themes, powered by WordPress.