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‘BBB22’: pessoas com vitiligo dizem que presença de Natália ajudou a debater preconceito

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Dermatologista diz que uma criança com vitiligo que ele atendia tomou durante anos um copo com fígado de boi cru e caju batidos, na crença de que as manchas diminuíssem. Natália no BBB
Reprodução/Globoplay
Nenhuma palavra. Apenas olhares de julgamento, nojo, repulsa, negação e dó.
“Isso é o mais dolorido para quem tem vitiligo”, disse Maika Celi, de 43 anos, ativista e mentora da primeira lei de conscientização sobre o vitiligo no Brasil. Ela contou à BBC News Brasil que a maior parte dos relatos de quem a procura é sobre a rejeição das outras pessoas por conta da doença.
Em resposta a esse julgamento silencioso, quem descobre ter vitiligo costuma usar maquiagem, calça comprida, camiseta de manga longa e luvas. Independentemente da temperatura ou ambiente onde estão, numa tentativa contínua de esconder o próprio corpo.
O debate sobre a doença autoimune que causa uma despigmentação da pele cresceu nas últimas semanas, por conta da presença da modelo e designer de unhas, Natália Deodato, no “Big Brother Brasil”. Com vitiligo em grande parte do corpo, ela acendeu um debate sobre o assunto e se tornou alvo de ofensas.
Nas redes sociais, surgiram piadas sobre a doença, mas ao mesmo tempo surgiu um exército para defender as pessoas com vitiligo. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, dados oficiais apontam que o vitiligo atinge cerca de 1% da população mundial e aproximadamente 1 milhão de pessoas no Brasil.
Especialistas consultados pela reportagem afirmaram que, além de não ser transmissível, o vitiligo reduz a chance de a pessoa ter câncer de pele. O principal contraponto é tornar a área sem as células de melanina, atacadas pelo próprio corpo, mais sensível ao sol.
Depois que um colega de trabalho fez uma piada nas redes sociais sobre o vitiligo de Maika Celi, em 2016, a ativista disse ter se sentido muito magoada, mas usou o Facebook para fazer um desabafo e responder à agressão.
Maika Celi disse que olhares de nojo, dó e julgamento são comuns em relação a pessoas com vitiligo
Arquivo pessoal/BBC
“Veio uma força maior e um sentimento de que ninguém mais me humilharia por conta do vitiligo. Até então, eu sempre me colocava como vítima, mas mudei para protagonista. Eu não imaginava que a publicação fosse alcançar tantas pessoas. Foi quando iniciei o projeto ‘Meu lugar ao Sol’, com uma página para compartilhar minhas experiências e de outras pessoas com vitiligo”, conta.
O alcance das publicações cresceu repentinamente. Maika foi chamada para dar entrevista na TV e, em pouco tempo, passou a receber mensagens de pessoas dizendo ter sido inspiradas a aceitar e a deixar de sentir vergonha por ter a doença.
“Eu recebi até a mensagem de uma mulher com vitiligo que nunca tinha usado um short perto do filho. Ela usou uma saia, como gesto para presentear o filho dela no dia do aniversário dele, depois de ler meus depoimentos. Aquilo foi libertador. Ela disse: ‘Maika, por favor, eu te peço, não pare’, afirmou.
A ativista disse que trabalha para que o processo de aceitação de outras pessoas em relação à doença seja “mais leve” e para que elas não passem por momentos de tristeza profunda devido à falta de informação e de conscientização.
Ela conta que ficava muito abalada com comentários e “olhares de julgamento” por conta do vitiligo dela. Mas hoje diz que o principal motivo de seu bem-estar é estar segura de si mesma.
“A pessoa deve entender que, quando ela está bem com suas imperfeições, ninguém tem o poder de desequilibrá-la ou humilhá-la. É um trabalho de autoconfiança e autoconhecimento que traz essa segurança e não permite que ela se abale com qualquer conceito”, disse.
Ela se vê como uma referência para pessoas que descobrem a doença e não sabem lidar com o preconceito, estão à procura de informações ou querem apenas ouvir alguém com mais experiência.
“Não é sendo arrogante, mas muitas pessoas me procuram. Uma seguidora disse que entrou num restaurante e uma pessoa ficou olhando para as manchas dela. Ela pensou: ‘O que a Maika faria? Empinaria o nariz, encararia a pessoa e daria um sorriso’, me contou”.
Maika Celi diz que os quatro principais pilares para quem tem vitiligo são: aceitação, amor próprio, conscientização e permitir-se
Arquivo pessoal/BBC
Surgimento das manchas
Em entrevista à BBC News Brasil, o dermatologista especialista em vitiligo, Paulo Luzio, disse que é necessário ter uma genética para desenvolver a doença, aliada a um grande estresse.
“A pessoa pode ter a genética e passar a vida inteira sem que a doença se manifeste. Para ela entrar em atividade, é necessário um fator ambiental: o estresse. Ela é uma doença 100% ligada ao emocional e, na maioria dos casos, você tem uma história clara do que desencadeou”, afirmou.
No caso da Maika, a doença foi desencadeada após um acidente de moto que ela sofreu aos 22 anos. Após lesionar algumas partes do corpo, ela percebeu que as feridas pareciam não voltar à cor anterior e outras manchas surgiram.
Depois de procurar especialistas, Maika disse que ouviu o diagnóstico de maneira depreciativa por uma médica. “Nossa, que pena, você tem vitiligo”, conta a ativista.
Maika diz ainda que não aceitava a pele dela assim que descobriu a doença. Evitava frequentar lugares onde poderia expor sua pele, como praia, parques e churrascos.
“Quando surgiu no meu rosto, eu me maquiava demais. Só usava calça e blusa de manga longa, mesmo no calor de 40ºC. As pessoas perguntavam se eu estava bem e eu dizia que sim, mas por dentro eu estava assando”, lembrou.
O modelo Roger Monte, de 38 anos, disse que tem vitiligo desde os 23, quando a doença se manifestou a partir de um furo que ele tinha no queixo e se agravou por conta de um estresse causado pelo término de um relacionamento. Mas, só aos 35 anos ele passou a aceitar as mudanças no corpo e, aos poucos, passou a ser procurado para ser fotografado.
“Até então, eu não frequentava a praia porque ficava com medo da maquiagem que eu passava derreter e as pessoas verem minha pele. Passei mais de 10 anos me escondendo, fazendo tatuagens grandes apenas para esconder manchas no corpo. Hoje, quanto mais eu mostro, melhor”, afirmou em entrevista à BBC News Brasil.
Tanto Maika Celi quanto Roger Monte, citaram Winnie Harlow, modelo canadense com vitiligo, como referência de pessoa com autoconfiança e auto aceitação. Quebrando paradigmas, a modelo se tornou uma figura conhecida mundialmente e já acumula 9,3 milhões de seguidores no Instagram.
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“No Brasil, nunca tive uma referência dessa, então, quero ser a referência e a ajuda que eu não tive”, afirmou o modelo Roger Monte.
“Como eu costumo dizer, as coisas mudaram quando eu comecei a mudar a forma como eu me olhava. O julgamento das pessoas e a maneira que elas se afastavam de mim, me doíam e eu levava para o coração. Uma vez, um senhor na estação do metrô me disse que o irmão dele tomou sangue de tatu para curar a doença. Em outra situação, uma mulher no ônibus falou que eu tinha que tratar porque o vitiligo poderia me matar. Depois que ela desceu, eu senti todo mundo me olhando e fiquei de cabeça baixa. Aquilo nunca saiu da minha memória. Hoje, como acho minha pele linda, quando sinto alguém me olhando assim ou querendo me passar receitas, apenas ignoro”, disse Roger Monte.
Visibilidade no BBB
Os entrevistados pela reportagem da BBC disseram que a presença da Natália Deodato no “Big Brother” estimula o debate sobre o vitiligo e quebra paradigmas sobre o assunto. Maika disse que essa presença inaugura uma nova fase da história do vitiligo no Brasil.
“A escolha dela foi mais uma quebra de paradigmas no que diz respeito a padrões na nossa sociedade. Quando fui ao supermercado, a moça do caixa me falou: você viu que no ‘BBB’ tem uma pessoa igual você? Isso pra mim foi uma vitória”, afirmou.
Para ela, a visibilidade e o estímulo ao debate causado pela presença da Natália no ‘BBB’ serão essenciais para ajudar principalmente a derrubar antigos mitos, como o de que o vitiligo é contagioso.
Por outro lado, o dermatologista Paulo Luzio afirma que também é importante esclarecer que a afirmação da Natália de que o vitiligo pode “evoluir” para o albinismo é incorreta.
“São genéticas e doenças diferentes. No albinismo, você tem as células de pigmento em número normal, mas elas não funcionam, de maneira simplificada. No vitiligo, há células, mas elas vão morrendo pelo sistema imunológico. Quando ela atinge mais de 70% do corpo, é chamada de vitiligo universal, mas não é albinismo”, afirmou.
O médico, membro da Global Vitiligo Foundation e que, há 16 anos, trata apenas casos da doença, disse ainda que o albinismo aumenta a chance de o paciente ter câncer de pele, enquanto o vitiligo diminui.
“O vitiligo tem a proteína P53, que corrige danos no DNA e que diminui a chance de ter um câncer. Por outro lado, as manchas do vitiligo queimam mais facilmente e podem dar bolhas, o que exige que a pele esteja sempre com protetor solar”, afirmou.
O especialista explica ainda que ter a genética do vitiligo não significa que ela se manifestará no paciente. Segundo ele, o fato de alguém na família ter vitiligo aumenta as chances em torno de 30%.
O médico afirma que alguns tratamentos com laser, uso constante de protetor solar e outros cremes ajudam a diminuir as manchas causadas pelo vitiligo, mas que a doença não causa nenhum problema de saúde.
“O tratamento é uma opção, mas a autoaceitação é o mais importante. Temos que nos aceitar como a gente é. Cerca de 20% dos pacientes reclamam de coceira no local da mancha, especialmente quando elas estão surgindo. Depois, é basicamente tomar cuidado para não queimar no sol”, afirmou.
Entre os mitos e simpatias usados para tentar curar a vitiligo, o médico disse já ter ouvido dezenas de relatos diferentes. Entre eles, está o uso de chás e produtos de origem animal, como tomar sangue de tatu e cágado cru.
“Eu atendi uma paciente que era uma criança e que tomou, instruída pelos responsáveis, um copo de fígado de boi cru batido com caju durante anos. A crença deles era de que isso diminuiria as manchas”, contou o médico.
Ele disse que a medicina avançou e hoje há diversos tratamentos e medicamentos disponíveis para quem deseja reduzir as manchas. Há remédios de uso oral, utópico, fototerapia, injeções e até mesmo transplante de melanócito.
Para a ativista Maika Celi, há quatro pilares principais que devem ser considerados por quem tem vitiligo: aceitação, amor próprio, conscientização e permitir-se.
“Eu levanto isso como assunto principal. Sempre digo quantas oportunidades perdi por não me permitir. Se a Natália está no BBB, é porque se permitiu. Ainda tem outro fator como mulher preta. imagine o tabu que ela precisou quebrar”.
Segundo o dermatologista Paulo Luzio, uma das limitações para o tratamento do vitiligo é ter poucos profissionais qualificados para avaliar e tratá-lo. Ele menciona que os americanos são fortes em realizar pesquisas, mas têm poucos pacientes para tratar.
Em congressos americanos que promovem encontros com especialistas em dermatologia, contou à reportagem, comparecem apenas cerca de 30 dedicados ao vitiligo e, geralmente, são sempre os mesmos.
“Hoje, em livros de dermatologia com 3.500 páginas, por exemplo, apenas 3 páginas são dedicadas ao vitiligo, e não falam coisa com coisa. É decepcionante. É como se fosse menos importante”, afirma o dermatologista.
Lei de conscientização ao vitiligo
Em 2018, Maika Celi entrou em contato com a Câmara de Vereadores de Piracicaba, cidade onde ela vive no interior paulista, para relatar que estava sentindo falta de uma lei municipal que tratasse sobre o vitiligo.
“Eles acharam interessante e, em 2019, foi criada a Lei Municipal de Conscientização do Vitiligo, lembrada sempre no dia 25 de junho, o Dia Mundial de Conscientização do Vitiligo. Depois dessa iniciativa, outros municípios sentiram a necessidade de levar essa ideia e já foram aprovadas leis semelhantes em Saltinho e Santa Bárbara d’Oeste”, contou.
Ela disse que a aprovação da lei ajuda na promoção de eventos, rodas de conversa, palestras e exposição de fotos em áreas públicas e escolas, por exemplo. Agora, a intenção de Maika é pressionar os órgãos públicos para que seja fornecido filtro solar pelo sistema público de saúde às pessoas com vitiligo.

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Longas caminhadas, busca por sombra, filas para banheiro: g1 mostra que o público se diverte, mas também ‘rala’ no Rock in Rio

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Cidade do Rock tem 385 m² e sete palcos, onde acontecem atrações simultâneas. O espaço foi preparado para receber 700 mil pessoas, mas só tinha um estande vegano. Quanta experiência cabe dentro dos sete dias do Rock in Rio? Durante a cobertura do festival, o g1 acompanhou os fãs em êxtase com os artistas, mas também viu que nem tudo são flores: tem que andar muito de um palco para o outro, pegar sol na cabeça, fila para banheiro… Ou seja, o público se diverte, mas também tem que ter disposição (veja no vídeo acima).
O festival tem um palco principal e um palco secundário, que já são bem conhecidos do público. Mas, há também outros cinco palcos que fazem as atrações acontecerem, muitas vezes, de forma simultânea.
No Global Village, por exemplo, as apresentações étnicas acontecem quase que ininterruptamente. Nesse contexto, é preciso muita disposição para caminhar ou se locomover dentro dos 385 m² da Cidade do Rock.
Um grande espaço, com pouca cobertura. Tirando os lounges e as cabines dos banheiros, o público não tinha muitas opções de lugares com um teto sobre as cabeças, ficando à mercê do clima.
Na primeira semana, um solzinho insistente fez a galera abusar do protetor solar, óculos escuros e bonés. Na segunda semana, uma ventania chegou trazendo chuva e uma mudança no visual: as capas de chuva e manga comprida dominaram. No domingo, o sol reapareceu com muito calor.
Entre um show e outro dos palcos principais, o público revezava o local de descanso. Ora as cangas eram estendidas no gramado próximo ao Mundo; ora próximo ao Sunset. O dormitório a céu aberto, no entanto, foi desfeito, no final da tarde de sábado (21) por conta da chuva.
Banheiros bem cuidados, mas com filas
Os banheiros estavam sempre limpos, arrumados e abastecidos com papel e sabonetes. Cada unidade possuía dezenas de cabines. Mas, para um grande evento, capaz de receber 700 mil pessoas, não é de se espantar que, vez ou outra, as filas davam voltas pelas grades divisórias. Principalmente próximo ao término de algum show.
Outras filas chamativas eram as dos brindes. De algumas marcas, as pessoas chegaram a esperar quase duas horas para participar das atividades.
E não parou por aí. Pois a busca pelos mimos foi tão intensa, que chegou a ter planilha criada pelo público para elencar os melhores presentes dentre cosméticos, comidas, acessórios e roupas.
Comidas e brinquedos
Fila para roda gigante no Rock in Rio neste domingo
Raoni Alves/g1
As opções de comidas no Rock in Rio foram muitas. Mas estande vegano só teve um. Diferente dos hamburgueres, que em cada ponto de alimentação, havia várias opções de marcas diferentes.
Os brinquedos do Rock in Rio sempre foram uma atração à parte, né? Mas, para conseguir se aventurar no parque do rock, era preciso ser rápido.
Os portões do festival abriram, todos os dias, por volta das 14h. Mas, às 14h30 o agendamento para alguns já havia sido encerrado.

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Rock in Rio 2024: Os melhores e os piores shows… Os destaques e as decepções do festival

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Leia as críticas do g1, veja os rankings baseados nestas análises e assista aos principais momentos dos shows mais marcantes do festival (para o bem e para o mal). Mariah Carey canta ‘I want to know what love is’
A edição de 2024 do Rock in Rio, que terminou neste domingo (22), não teve o clássico Dia do Metal, mas viu surgir novos dias temáticos.
O Dia Delas, só com mulheres na programação, foi o melhor do festival, com shows surpreendentes e algumas das melhores performances deste ano. O Dia Brasil, por outro lado, teve mais baixos do que altos, com problemas técnicos, ausências de atrações e atrasos.
A equipe do g1 que esteve na Cidade do Rock e cobriu o festival escreveu críticas sobre todos os shows dos palcos Mundo e Sunset.
Abaixo, leia os rankings dos melhores e dos piores shows do Rock in Rio 2024. Esta lista não leva em conta apenas a relevância e o talento de cada artista. A reação da plateia, a escolha do setlist, a execução das músicas e a parte técnica também foram consideradas.
ENQUETE: Não concorda? Vote no seu show favorito
Os 10 melhores shows do Rock in Rio 2024
10º – Planet Hemp e Pitty
Planet Hemp canta ‘Legalize já’ no Palco Sunset
O Planet Hemp foi da maconha à floresta queimada em show que corrigiu um erro histórico do Rock in Rio. Ainda aceso, a banda entregou finalmente o show que os fãs esperaram por 23 anos no festival. “Vários filhos da p… mandando tacar fogo no Brasil inteiro. Vai se f…, e não quem está tacando fogo, mas quem está mandando tacar. Só barão do agronegócio, só falso pastor gigante”, disse BNegão a uma multidão inflamada por discursos e músicas contundentes. Chamada só nos minutos finais da apresentação, a presença de Pitty foi tímida. Leia mais sobre o show de Planet Hemp e Pitty no Rock in Rio 2024.
9º – Charlie Puth
Charlie Puth canta ‘See You Again’ no Rock in Rio
Charlie Puth esteve de volta ao Rock in Rio depois de sua estreia na edição de 2019. De lá para cá, ele engordou o setlist com mais hits de pop certinho, em sua maioria, dançantes. E ainda teve uma promoção: foi do Palco Sunset para um horário nobre no Palco Mundo. Com mais experiência, Puth garantiu bons momentos com público, em uma espécie de “esquenta” para Ed Sheeran. No fim, porém, Charlie acabou entregando mais do que o headliner. Leia mais sobre o show de Charlie Puth no Rock in Rio.
8º – OneRepublic
OneRepublic canta ‘Counting Stars’ no Rock in Rio
O assovio de “I ain’t worried”, do OneRepublic, foi o sinal para todo mundo levantar os celulares. E gritos emocionados ecoaram pelo Rock in Rio 2024 neste sábado (14). Ryan Tedder, que lidera o grupo, mostrou que é um showman. A ideia dele é fazer um karaokê no festival. E não foi nada difícil. Eles selecionaram um roteiro certeiro para engajar coros e mãos para cima formando ondas. E celulares também. Leia mais sobre o show do OneRepublic no Rock in Rio 2024.
7º – Deep Purple
Deep Purple toca ‘Smoke on the Water’ no Rock in Rio 2024
Se o tema do Rock in Rio esse ano é a celebração de 40 anos de existência, no dia do rock, era impossível ficar sem um representante de peso do rock clássico. A banda convocada para ocupar o espaço foi o Deep Purple. O cultuado grupo inglês mostrou que resistiu às mudanças de formação. Em “Smoke on the water”, ficou bonito quando eles jogaram para a galera cantar o refrão. Leia mais sobre o show do Deep Purple no Rock in Rio 2024.
6º – Matuê com Wiu e Teto
Matuê: ‘Já que a gente não pode acender no palco…’ ao início da música ‘Quer Voar’
Se há um astro do rap com apelo jovem no Brasil, o nome dele é Matuê. Em sua estreia no Palco Mundo, o artista cearense de 30 anos rimou sobre sexo e maconha para uma multidão formada principalmente por garotos adolescentes. “Já que a gente não pode acender no palco…”, brincou antes de emendar: “Passa o Bic, põe no ar…”. Maior sucesso do artista, “Quer Voar” serviu para colocar fogo na plateia. Matuê é quase um sinônimo da versão brasileira do trap — uma vertente mais arrastada do rap, que tem feito sucesso nas paradas musicais. Leia mais sobre o show de Matuê no Rock in Rio 2024.
5º – Travis Scott
Travis Scott incendeia palco mundo no Rock in Rio
Travis Scott fechou o primeiro dia de Rock in Rio, uma sexta-feira dominada pelo trap, sub estilo do rap que vai muito bem nas paradas, e chamou três fãs ao Palco Mundo. Mesmo começando com 40 minutos de atraso, o show foi o auge de uma noite de batidas graves, vozes distorcidas e letras sobre os vários prazeres da vida. Ao som de beats psicodélicos e pesados, Travis versa sobre o caos e provoca o caos. Poucos rappers em atividade têm esse poder de fazer um monte de gente se esgoelar, pular o mais alto que pode ou se jogar em rodas com tanta intensidade. Leia mais sobre o show de Travis Scott no Rock in Rio 2024.
4º – Pra Sempre Sertanejo
Chitãozinho e Xororó cantam o hino ‘Evidências’ no Palco Mundo do Rock in Rio
Poucos shows desta edição tiveram tanto engajamento do público quanto um bloco de apresentações dedicada ao sertanejo. Contra a resistência de parte dos frequentadores (especialmente de uma parcela roqueira mais conservadora), o estilo fez sua estreia no festival, após 40 anos de espera. A organização acertou ao escolher Chitãozinho e Xororó para conduzir o show com participações de Simone Mendes, Ana Castela, o rapper Cabal e Junior, filho de Xororó. Luan cancelou sua participação por causa de atraso na programação. Leia mais sobre o show Para Sempre Sertanejo no Rock in Rio.
3º – Cyndi Lauper
Cyndi Lauper canta em coro o sucesso ”Girls Just Want to Have Fun” no Rock in Rio
Cyndi Lauper é um ícone da música pop, do feminismo e da moda, mas já teve que lidar com críticas de que não manda bem ao vivo. Nesta sexta-feira (20) de Rock in Rio, a cantora nova iorquina de 71 anos oscilou um pouco, principalmente no começo. Mesmo assim, entregou um grande show. Tudo foi dando certo ao longo da noite. E há de se levar em conta que ela canta bem e não usa recursos dos quais outras cantoras abusam. Quase tudo o que se ouve vem do gogó dela e de seus vocalistas de apoio. Leia mais sobre o show de Cyndi Lauper no Rock in Rio.
2º – Ivete Sangalo
Ivete Sangalo voa sob plateia do Palco Mundo no Rock in Rio
Ivete Sangalo mostrou por que, há 30 anos, é a maior diva pop do Brasil. Em um show com surpresas, ela voou sobre a plateia presa a cordas e beijou a cantora Liniker ao apresentar uma música inédita. A cada show, no entanto, Ivete maceta a rejeição com a experiência e a energia de quem está acostumada a orquestrar uma multidão de cima de um trio elétrico por horas a fio. “Macetando”, hit absoluto do carnaval de 2024, teve milhares de pessoas na plateia reproduzindo a coreografia viral. Leia mais sobre o show de Ivete Sangalo no Rock in Rio.
1º – Mariah Carey
Mariah Carey canta ‘We belong together’
Mariah Carey entregou o que seus fãs queriam: dois looks que vão ser comentados durante toda semana e uma sequência de hits super bem cantados que a fizeram vender mais de 150 milhões de discos. A cantora americana faz o maior show da história do Palco Sunset em retrospectiva da carreira sem playback e com seus agudinhos característicos. Com uma plateia tão entregue e emocionada, não existe motivo para perpetuar o clichê roqueiro de que o Rock in Rio é um festival para quem não gosta de música. Talvez ele seja um festival para quem gosta de música que VOCÊ não gosta. Leia mais sobre o show de Mariah Carey no Rock in Rio.
Os 5 piores shows do Rock in Rio 2024
5º pior – 21 Savage
21 Savage anima público do Rock in Rio com o hit “Rockstar”
O rapper 21 Savage fez a sua estreia em solo brasileiro com uma apresentação de menos de uma hora. Seu DJ, Marc B, foi o responsável por convocar o público para frente do palco em uma performance de 15 minutos. Com pouca interação e sem tantos hits próprios, o clima de sua primeira vez no Brasil foi mais de contemplação do que de empolgação. Faltaram as tradicionais rodinhas, coros gritados e celulares para cima comuns em shows de trap. Leia mais sobre o show de 21 Savage no Rock in Rio.
4º pior – Akon
Akon tenta se jogar no público dentro de bola inflável, mas equipamento esvazia
Akon parecia estar mais interessado em oferecer uma experiência festiva do que um show voltado à sua própria carreira. A segunda metade da apresentação soou como uma balada sem identidade, com hits desconexos. O cantor cometeu uma gafe ao falar “São Paulo”. Imediatamente, os fãs levantaram um coro dizendo: “Rio de Janeiro”. Mas isso não pareceu constrangê-lo. O músico ficou mesmo com vergonha quando apareceu dentro de uma bolha inflável que estourou após poucos segundos de uso. “Eu queria fazer algo especial pra vocês”, disse ele, tímido, após se arremessar para a plateia de dentro da bolha. Muitas gafes para um show só. Leia mais sobre o show de Akon no Rock in Rio.
3º pior – Luísa Sonza
Luisa Sonza canta ‘Folhetim’ e emenda em ‘Chico’
Para fisgar o público em sua estreia no Palco Mundo, Luísa Sonza privilegiou seu repertório mais dançante, com coreografias virais reproduzidas por uma multidão. Na correria para incluir a maior quantidade de sucessos, ela cortou músicas já curtas originalmente. Deu a sensação de estar vendo o TikTok. A voz teve mais espaço num bloco de canções mais intimistas, no meio do show. Luísa evoluiu vocalmente. Mas, na ânsia para deixar isso bem claro, ela exagera na gritaria em músicas como “Penhasco”. Leia mais sobre o show de Luísa Sonza no Rock in Rio.
2º pior – Will Smith
Will Smith agita o público no Rock in Rio com o hit “Gettin’ Jiggy With It”
Escalado de última hora para cantar no festival e alavancar as vendas desta quinta-feira, Will Smith fez uma performance de 25 minutos no Palco Sunset. É maldade dizer que o papel de rapper em recomeço de carreira seja um dos piores já interpretados por ele. Mas não deixa de ter certo sentido. Acompanhado de dez dançarinas, Smith começou pocket show rimando em português, em uma parte da música “Bad Boys”. Mas, na maior parte do tempo, o som estourado e mal equalizado impedia a maioria de ouvir o que ele estava cantando. Leia mais sobre o show de Will Smith no Rock in Rio.
1º pior – Journey
Veteranos do Journey cantam ‘Don’t Stop Believin’ no Palco Mundo
O show do Journey instaurou um clima de vergonha alheia. Com exceção de “Don’t Stop Believin'” e “Anyway You Want it”, quase nada animou o público. Para piorar, o som não foi dos melhores. Começou bem baixo — a ponto de o vocalista Arnel Pineda ficar perguntando para o público se dava para ouvir os instrumentos direito. Além disso, seu gogó parecia o de alguém que trabalha com qualquer função que não seja cantar. Um vocal simultaneamente desafinado, estridente e afobado. Sem dúvidas, não será fácil tirar de Arnel o título de pior vocalista desta edição do festival. Leia mais sobre o show do Journey no Rock in Rio 2024.

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Shawn Mendes mostra que cresceu em retomada da carreira com músicas do novo álbum no Rock in Rio

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Cantor encerrou a edição de 40 anos do festival, na noite deste domingo (22). Ele vai lançar o seu quinto trabalho de inéditas em outubro. Leia a crítica do g1. Shawn Mendes canta “Heart of Gold”
O show de Shawn Mendes que encerrou esta edição do Rock in Rio neste domingo (22) foi um reencontro seu com seus fãs depois de dois anos de pausa na carreira. Ele mostrou que cresceu, se entregou e está pronto para uma nova empreitada.
Mendes não fazia um show de fato desde 2022, quando interrompeu a turnê “Wonder” para cuidar da saúde mental.
Agora, de volta ao jogo, ele anunciou seu quinto álbum de inéditas, “Shawn”, previsto para outubro. Ele chegou a mostrar as novas músicas em duas apresentações, em Londres e Nova York.
Sem uma turnê anunciada, era difícil prever o que poderia rolar no show por aqui. Mendes optou por trazer um pouco do roteiro da turnê de “Wonder” e agradar os fãs brasileiros dando uma palhinha do novo trabalho, uma não, quatro, entre elas, “Heart of gold”, que ainda não foi lançada.
Público vibra e canta junto com Shawn Mendes o hit “Señorita”
O roteiro começou já com um dos seus sucessos, “There’s nothing holdin’ me back”, do álbum “Illuminate”, fogos de artifício e muitos, muitos coros, e muitos pulinhos também.
Uma decepção para quem estava lá no fundo: o telão não funcionou até a metade da música e ficou impossível ver o rapaz.
“Eu te amo”, soltou de cara em português.
Ele seguiu com “Wonder” e “Treat you better” continua levantando os fãs mais apaixonados.
“Faz muito tempo que eu não estava em um palco assim. Isso é lindo”, disse. “Muito obrigado, Rio”
Nessa pegada mais de balada, o cantor mandou “Monster”, sua parceria com Justin Bieber.
Ele tem presença, se joga na performance e segura a onda apenas com a banda, que fica afastada ao fundo.
Lá nos idos de 2017, Mendes, então com 19 anos, fez a sua estreia no Rock in Rio, já no Palco Mundo. Era o caçula entre as atrações e estava encarando a maior plateia da sua carreira até então.
O moço provou que tinha competência, numa pegada soul pop à la John Mayer, sem falcatruas. Mas também mostrou que ainda precisava amadurecer, especialmente, nos vocais.
Agora, já com o status de estrela do pop, ele foi alçado a headliner do Palco Mundo, para encerrar o festival.
Ficava difícil acompanhar o espetáculo que Mariah Carey fez minutos antes de Sunset. Mas ele conseguiu engajar, mostrou que amadureceu e ainda exibiu mais habilidade vocal.
Mendes faz brincadeiras, conversa, conta sobre seus últimos anos, tira a camisa, pergunta como a plateia está e solta “te amos” em português.
Do repertório, “Señorita”, que divide com Camila Cabello, é um hit que rodou o mundo e a recepção aqui não poderia ser diferente.
Os coros na levada mais sexy dominaram todo o espaço do Rock in Rio. Ele retribui com o sorriso orgulhoso ver a multidão cantar junto.
“Stitches” é outra que causa reação bonitinha da plateia, do tipo cantarem de olhos fechados.
“Eu lembro quando eu vim para cá pela primeira vez, em 2017. E genuinamente, meu coração se abriu. Alguma coisa aconteceu que meu coração abriu”, disse para a plateia.
“Nos últimos dias, fiquei pensando no país e nas pessoas daqui, a verdade é que apesar de o Brasil sofrer, tem as pessoas mais iliminadas. A gente vem e vocês dançam, cantam, amama. Vocês têm muito a ensinar ao mundo”, falou antes de lembrar um trecho de “Mas que nada”.
Antes de “It’ll be olkay”, ele contou sobre sua pausa na carreira. Disse, entre outras coisas, que não sabia se voltaria a pisar novamente em um palco.
“Passei tempos com a minha família e meus amigos e percebi que não estou sozinho no mundo”, disse. “E de volta no palco, eu não precisava fazer muita coisa, porque eu tenho 200 mil brasileiros comigo. Vocês fazem ficar divertido.”
O momento deu o gancho para o bloco das músicas novas, parte de “Shawn”. O álbum é mais pessoal, de seus questionamentos sobre a vida e até um olhar para a simplicidade das coisas.
“Isn’t that enough” foi a primeira delas, seguida por “Nobody knows”, ambas de pegada mais country e que já foram lançadas como singles.
Ele contou também sobre a perda de um de seus melhores amigos, anos atrás, por overdose, e do difícil processo de aceitar a morte.
“Pensei nele nesses últimos anos e decidi que escreveria uma carta”, contou, antes de apresentar “Heart of gold”, que ainda inédita. A música foi emendada com trecho de “Pumped up kicks”, do Foster the people.
“Está calor?”, pergunta para a plateia. Ele ainda arranca alguns decibeis a mais dos fãs quando é convencido de tirar a regata branca.
Sem camisa, Mendes conseguiu fazer quem estava sentado levantar e gritar com toda força — ele aproveitou a turma pulando para mandar a animadinha “Why why why”, também da nova safra.
O cantor retorna para a reta final do show, com a música “If I can’t have you”, o cover de “Message in a bottle”, do The Police, “Mercy” e encerra com o hit “In my blood”.
Shawn Mendes está mesmo afim de voltar aos palcos. A expectativa agora é que ele volte ano que vem para o Lollapalooza, com um show novinho em folha.

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