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Festas e Rodeios

Martinho da Vila canta o Brasil em tom maior na estreia do show ‘Unidos e misturados’ no Rio

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Martinho da Vila conquista o público na estreia do show ‘Unidos e misturados’ na casa Qualistage, na cidade do Rio de Janeiro
Cristina Granato / Divulgação
Resenha de show
Título: Unidos e misturados
Artista: Martinho da Vila
Local: Qualistage (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 16 de abril de 2022
Cotação: * * * *
♪ Quando Martinho da Vila puxou o acalanto Tom maior (1968) na cadência do samba-canção, na estreia do show Unidos e misturados, o público da casa carioca Qualistage entendeu e aplaudiu o adicional sentido político que os versos dessa composição – apresentada no início da carreira do artista em gravações dos cantores Roberto Silva (1920 – 2012) e Eliana Pittman – adquirem no Brasil de 2022.
Arquiteto modernista do samba-enredo na segunda metade dos anos 1960, década em que também trouxe o partido alto para dentro da casas das famílias de classe média com o álbum blockbuster de 1969 que projetou sambas como Casa de bamba e O pequeno burguês, Martinho cantou o Brasil em tom maior no palco da casa Qualistage na noite de sábado, 16 de abril.
Nem os problemas de som da primeira metade do show – o microfone do cantor falhou logo no primeiro número, Quem é do mar não enjoa (1969), e microfonias se tornaram recorrentes no canto de músicas iniciais como Saideira (Martinho da Vila e Paulo César Pinheiro, 1979) – atravessaram o samba de Martinho. “Desculpaê…”, disse o cantor para a plateia.
Em cena, Martinho segurou tudo sem perder o bom humor e a leveza costumeiras, inclusive no diálogo com banda formada por músicos como Paulinho Black (bateria), Pretinho do Baixo e Vitor Neto (sopros). A propósito, Segure tudo (1971) foi uma das lembranças de roteiro que somente se desviou da cadência bonita e manemolente do samba de Martinho quando o cantor deu voz ao xote Vidas negras importam (2021), parceria com Noca da Portela que, embora lançada em single no ano passado, integra o repertório do recente álbum Mistura homogênea (2022).
Deste disco lançado em março, o bamba também cantou o samba roceiro Unidos e misturados (Martinho da Vila e Zé Katimba, 2021) – com a presença da filha Alegria Ferreira – e Era de Aquarius (2021) sem o rap de Djonga, além de Sim senhora (2022), parceria com Geraldo Carneiro com o qual tenta se redimir da acusação de ter feito eventualmente sambas com letras machistas (“Eu tenho algumas músicas bem machistas… mas todo mundo gosta”, gracejou em cena).
Martinho da Vila canta sambas-enredos no show ‘Unidos e misturados’
Cristina Granato / Divulgação
Aos 84 anos, sem alterar o passo, exceto quando acelerou o ritmo ao fim de alguns números, Martinho da Vila saboreou em cena o fato de já ser lenda viva do Brasil. Bastava o pot-pourri com sambas-enredos do porte de Onde o Brasil aprendeu a liberdade (1971) e Sonho de um sonho (Martinho da Vila, Rodolpho de Souza e Tião Graúna, 1979) para segurar o público e atestar que o compositor é dez no quesito.
Contudo, Martinho ainda se permitiu arriscar sambas menos conhecidos como Pra Mãe Tereza (1989), parceria Beto Sem Braço (1940 – 1993) entre sucessos infalíveis como Disritmia (1974) e Ex-amor (1981).
O Brasil em tom maior de Martinho José Ferreira é o país negro dos pretos velhos, das kizombas, dos partidos mais altos, do semba dos ancestrais angolanos, das cirandas e das rodas que giram sem sair do círculo familiar.
E por falar em família, filhas e a mulher do artista fizeram boas intervenções na apresentação. Se a filha Maíra Freitas jazzificou O show tem que continuar (Sombrinha, Arlindo Cruz e Luiz Carlos da Vila, 1988), evocando nos calorosos scats a deusa-mulher Elza Soares (1930 – 2022) e surfando sobre o ritmo do samba, o bailado da mulher do cantor, Cleo, valorizou o canto de Roda ciranda (1994). Já Analimar dançou o miudinho no samba Devagar devagarinho (Eraldo Divagar, 1995), composição que, embora seja de lavra alheia, traduz bem a alma pacífica de Martinho, patriarca de casa de bamba.
Após o bis, dado com Madalena do Jucu (1989) e Mulheres (Toninho Geraes, 1995), a bateria e o puxador do samba da escola de Unidos de Vila Isabel protagonizaram um segundo bis para mostrar o samba-enredo Canta, canta, minha gente! A Vila é de Martinho! (André Diniz, Dudu Nobre, Evandro Bocão, Leno Dias, Marcelo Valença, Mauro Speranza e Professor Waldimir), escolhido pela agremiação carioca para celebrar Martinho em desfile programado para a madrugada do próximo domingo, 24 de abril.
Se a Vila é de Martinho, Martinho é voz resistente de um Brasil em tom maior que pede passagem para renascer das cinzas e entrar novamente na avenida.
Martinho da Vila lembra sambas como ‘Pra mãe Tereza’ no show ‘Unidos e misturados’
Cristina Granato / Divulgação

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A famosa prisão onde rapper Diddy está detido: ‘O caos reina’

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Na semana passada, um juiz de Nova York ordenou que o rapper Sean ‘Diddy’ Combs fosse preso lá depois de promotores federais o terem acusado de tráfico sexual, extorsão e transporte para se envolver em prostituição. Ele se declarou inocente. Sean ‘Diddy’ Combs em foto de 2017, em Nova York.
Lucas Jackson/Reuters
Normalmente, o juiz distrital dos Estados Unidos Gary J Brown teria enviado o homem para a prisão federal local para cumprir a pena por fraude fiscal.
Mas uma coisa o deteve: “As condições perigosas e bárbaras que existem há algum tempo no Centro de Detenção Metropolitana do Brooklyn”.
A famosa prisão, comumente conhecida como MDC, está mais uma vez sob os holofotes devido ao seu mais recente detento celebridade.
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Na semana passada, um juiz de Nova York ordenou que o rapper Sean “Diddy” Combs fosse preso lá depois de promotores federais o terem acusado de tráfico sexual, extorsão e transporte para se envolver em prostituição. Ele se declarou inocente.
Réus importantes como Combs às vezes recebem proteção especial quando são presos, e o magnata da música estaria em uma seção do MDC no Brooklyn para detidos que necessitam de proteção especial.
Combs está, de acordo com relatos da mídia local, compartilhando um dormitório com o empresário de criptomoedas Sam Bankman-Fried, que já dirigiu uma empresa avaliada em bilhões, mas foi condenado por múltiplas acusações de fraude em março.
E por ser a única prisão federal na cidade de Nova York, para onde são levadas pessoas envolvidas em casos importantes, a dupla é apenas o último de uma extensa lista de nomes notáveis ​​que passaram pelas portas da instalação.
Essa lista inclui o rapper R Kelly, bem como Ghislaine Maxwell, sócia de Jeffrey Epstein, bilionário acusado de tráfico sexual de menores de idade e que foi encontrado morto em sua cela em 2019.
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Em nova denúncia, mulher diz que foi dopada e estuprada pelo rapper em estúdio
Mas para muitos dos 1.200 presidiários atuais do MDC Brooklyn, a história é diferente.
Numa decisão de condenação em agosto, o juiz Brown citou vários casos de colegas juristas que hesitaram em enviar condenados para a prisão devido às péssimas condições do local.
“As alegações de supervisão inadequada, agressões desenfreadas e falta de cuidados médicos suficientes são apoiadas por um conjunto crescente de provas, com certos casos que são irrefutáveis”, disse ele.
“O caos reina, juntamente com a violência descontrolada”, acrescentou o juiz Brown.
Sua decisão incluiu o caso de um réu que foi esfaqueado várias vezes, mas relatou não ter recebido cuidados médicos, ficando trancado em sua cela por 25 dias. O juiz citou a falta de pessoal e a piora das condições após a pandemia de covid-19.]
Se o Departamento de Prisões decidisse enviar um condenado no caso de fraude fiscal para o MDC, escreveu o juiz, ele anularia a sentença.
Uma história conturbada
O MDC Brooklyn foi inaugurado na década de 1990 e seus problemas remontam a anos.
Em 2019, um incêndio elétrico no auge do inverno causou um apagão, mergulhando a instalação na escuridão e em condições geladas.
Em junho de 2020, um preso, Jamel Floyd, morreu após ser atingido com spray de pimenta lançado por agentes penitenciários da cadeia.
Sua família processou o governo federal por sua morte. Uma análise do Departamento de Justiça concluiu que havia “evidências insuficientes” de que as autoridades penitenciárias “se envolveram em má conduta administrativa”, mas reconheceu que o uso de spray de pimenta violava as regras.
O juiz Brown não é o único juiz a criticar duramente a instalação.
Em janeiro, o juiz Jesse Furman, do Tribunal Distrital Federal de Manhattan, recusou-se a enviar para lá um homem que se declarou culpado em um caso de tráfico de drogas
Depois de inicialmente permitir que o homem, Gustavo Chavez, aguardasse a sentença em liberdade supervisionada, o juiz Furman acabou por deixá-lo fora da MDC e apresentar-se diretamente na prisão onde cumpriria a sua pena.
Em julho, Edwin Cordero, de 36 anos, morreu após ser ferido em uma briga enquanto cumpria pena no MDC.
“As condições decrépitas são realmente alimentadas por este tipo de terrível combinação de circunstâncias”, disse Andrew Dalack, advogado de Cordero e Chávez, à BBC News. “Superlotação, falta de pessoal e falta de vontade política para corrigir as condições.”
Como defensor público baseado no Brooklyn, Dalack representou vários clientes que foram enviados ao MDC. “É um lugar realmente assustador para se estar”, disse ele.
Após a morte de Cordero, o congressista Dan Goldman, que representa o distrito onde está localizada a instalação de Brooklyn, apelou a uma maior supervisão federal para abordar a “falta crônica de pessoal, o confinamento solitário perpétuo e a violência generalizada”.
O Departamento Federal de Prisões, que administra a instalação, afirmou em comunicado que “leva a sério nosso dever de proteger os indivíduos sob nossa custódia, bem como de manter a segurança dos funcionários correcionais e da comunidade”.
Um porta-voz da agência apontou para a criação de uma equipe de ação urgente, que procuraria resolver problemas no MDC, e um esforço contínuo para contratar mais pessoal e resolver um atraso de pedidos de manutenção.
Um relatório de fevereiro de 2024 compilado pelo escritório da Defensoria Federal, onde Dalack trabalha, atribuiu problemas de superlotação ao fechamento de outra problemática prisão localizada em Manhattan, que o governo fechou em 2021 – dois anos após a morte sob custódia de Jeffrey Epstein nesse local.
Eles também disseram que a presença de drogas e outros contrabandos contribui para a atmosfera perigosa das instalações.
A prisão mantém indivíduos que foram condenados por crimes federais, mas uma parte substancial da população aguarda julgamento nos tribunais federais da cidade e ainda não foi considerada inocente ou culpada.
As condições pesaram sobre os clientes do Dalack, que já enfrentavam a perspectiva de um encarceramento mais permanente.
“Não deveria ser o caso de que, enquanto sua vida e sua liberdade estão em risco, você tenha que ser completamente despojado de sua humanidade”, disse ele. “O MDC Brooklyn tem um jeito de realmente derrubar as pessoas e fazê-las se sentirem menos que humanas.”

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Uma noite com (a música de) Djavan na trilha ao vivo de bar do Rio de Janeiro

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♫ COMENTÁRIO
♩ Jantei hoje à noite em bar-restaurante do centro da cidade do Rio de Janeiro (RJ). No cardápio, música ao vivo na voz de um (bom) cantor. Um cantor de barzinho, como tantos que ganham a vida anonimamente na noite enquanto batalham por lugar ao sol no mundo da música.
Além da voz bem colocada do cantor, me chamou a atenção a predominância do cancioneiro de Djavan no repertório do artista. Em cerca de meia hora, duas músicas, Outono e Se…, ambas do mesmo álbum do cantor e compositor alagoano, Coisa de acender (1992).
É curioso o poder da música de Djavan. Passam os anos e passam as modas do mundo da música, mas Djavan nunca sai de moda. Todo mundo canta junto. Todo mundo gosta. E olha que Djavan nunca fez canções do estilo tatibitate.
Se… ainda pode ser considerada uma canção radiofônica, embora muito acima do padrão das canções feitas para tocar no rádio. Já Outono é balada pautada pela sofisticação poética e harmônica.
Mesmo assim, Outono resiste como uma trilha dos bares em todas as estações ao lado de joias do mesmo alto quilate como Meu bem querer (1980), Samurai (1982), Sina (1982), Lilás (1984) e, claro, Oceano (1989). Isso para não falar nos sambas como Fato consumado (1975).
Djavan tem essa particularidade. É um compositor extremamente requintado, mas, ao mesmo tempo, consegue empatia com o público. Todo mundo sabe cantar as músicas de Djavan.
Deve ser por isso que o artista, já com mais de 50 anos de carreira, ainda reina nas trilhas dos bares e restaurantes com música ao vivo. Parece banal, mas é preciso ser gênio para ocupar esse trono ao longo de décadas.

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Pedro Madeira confirma a expectativa com bom álbum entre o samba e o soul

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Cantor e compositor carioca lança o coeso disco autoral ‘Semideus dos sonhos’ em 10 de outubro. Capa do álbum ‘Semideus dos sonhos’, de Pedro Madeira
Gabriel Malta / Divulgação
♫ OPINIÃO SOBRE DISCO
Título: Semideus dos sonhos
Artista: Pedro Madeira
Cotação: ★ ★ ★ ★
♪ Em 2018, Pedro Madeira era mais um na multidão de fãs de Iza, na primeira fila de show da cantora, quando ganhou o microfone da artista e, da plateia, fez breve participação no show. Ali, naquele momento, o carioca morador da comunidade de Pau Mineiro, no bairro de Santa Cruz, fã de Iza e de Beyoncé, se revelou cantor para ele mesmo.
Decorridos seis anos e três singles, Pedro Madeira já é cantor e compositor profissional e se prepara para lançar o primeiro álbum, Semideus dos sonhos, em 10 de outubro.
Exposto na capa do álbum em expressiva foto de Gabriel Malta, Madeira já lançou três singles – Chuva (2022), Pássaros (2023) e Bem que se quis (2023) – em que transitou pelo soul nacional da década de 1970 (sobretudo em Chuva) e pelo pop ítalo-brasileiro na (trivial) abordagem do sucesso de Marisa Monte.
No quarto single, Só mais um preto que já morreu, o cantor cai no samba em gravação que chega ao mundo amanhã, 27 de setembro, duas semanas antes do álbum.
Com letra que versa sobre o genocídio cotidiano do povo preto, o samba Só mais um preto que já morreu é composto por Pedro com Bruno Gouveia, parceiro nesta música (e em Pássaros) e produtor musical do álbum em função dividida com Raul Dias nas duas faixas (Raul assina sozinho a produção das outras dez faixas).
Fora do arco autoral em que gravita o disco, Pedro Madeira enaltece o ofício de cantor em Minha missão (João Nogueira e Paulo César Pinheiro, 1981) em arranjo que se desvia da cadência do samba, tangenciando clima transcendental na atraente gravação calcada na voz e nos teclados de Victor Moura.
O canto afinado de Pedro se eleva em Petições (Ozias Gomes e Pedro Madeira), canção que soa como oração de clamor por paz na Terra enquanto lamenta a situação do mundo atual. Arranjo, canto e composição se harmonizam em momento épico do disco.
Entre vinhetas autorais como O outro lado e Introdução ao amor (faixas com textos recitados), Pedro Madeira expõe a vocação para o canto e o som afro-brasileiro na música-título Semideus dos sonhos. Já o fluente ijexá Cheiro de flor exala o perfume do amor entranhado no repertório deste disco feito sem feats e modas.
Parceria de Pedro com o produtor Raul Dias, Perigo é pop black contemporâneo formatado com os músicos da banda-base do álbum Semideus dos sonhos, trio integrado por Jeff Jay (percussão), o próprio Raul Dias (guitarra e baixo) e Victor Moura (teclados). No fecho do disco, o pop soul Terra arrasada se joga na pista para tentar colar um coração partido.
Com este coeso primeiro álbum, Semideus dos sonhos, Pedro Madeira confirma a boa expectativa gerada quando o single Chuva caiu no mundo em novembro de 2022.
Iza teve faro quando deu o microfone para Pedro Madeira na plateia há seis anos.
Pedro Madeira regrava o samba ‘Minha missão’ entre as músicas autorais do primeiro álbum, ‘Semideus dos sonhos’
Gabriel Malta / Divulgação

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