Ao g1, Aly Muritiba diz que está montando equipe com atores, amigos e produtores que vivem nos Estados Unidos. ‘Vamos tentar levar o filme para o maior número de telas.’ Assista ao trailer de ‘Deserto Particular’, do diretor Aly Muritiba
“Deserto particular” foi pré-indicado pelo Brasil para disputar uma vaga na categoria de melhor Filme Internacional no Oscar 2022. Veja o trailer acima.
O anúncio da Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais, feito nesta sexta-feira (15), fez o diretor Aly Muritiba começar desde já a pensar em uma estratégia para fazer o longa ter chances na premiação.
“A gente tem que bolar toda uma estratégia de campanha no exterior. Temos uma agente internacional de vendas, tem a Pandora [distribuidora] aqui no Brasil”, diz Muritiba ao g1. “Fomos pegos de surpresa e estamos ainda bolando essa estratégia.”
Segundo ele, a equipe de “Deserto Particular” já começou a conversar com produtores brasileiros que fizeram campanhas no Oscar.
Relembre a campanha de ‘A vida invisível’
“Estamos contactando atores, amigos, produtores que vivem nos Estados Unidos, principalmente em Los Angeles”, conta o cineasta. “Vamos tentar montar uma equipe forte para levar o filme para o maior número de telas possíveis e para os membros da Academia de Cinema norte-americana.”
A primeira lista de pré-selecionados ao Oscar sai no dia 21 de dezembro de 2021. A lista final de indicados, incluindo os cinco selecionados para a categoria Filme Internacional, será divulgada no dia 8 de fevereiro de 2022. A premiação é em 22 de março.
Qual a história do filme?
‘Deserto particular’
Divulgação
O filme conta a história de Daniel (Antonio Saboia), um policial exemplar, mas que comete um erro que coloca em risco sua carreira. Ele sai de Curitiba e vai para o sertão baiano em busca uma mulher com quem se relaciona virtualmente.
“Deserto particular” foi premiado no Festival de Veneza deste ano na mostra paralela Venice Days, com o Premio Del Pubblico BNL.
O filme estará na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, que começa no dia 21 de outubro, e estreia nos cinemas do Brasil no dia 25 de novembro.
Muritiba também dirigiu os filmes “Para minha amada morta” (2015), “Ferrugem” (2018) e a série “Caso Evandro”, do Globoplay, entre outros.
Cena do filme ‘Deserto particular’
Divulgação
Após o anúncio, o diretor disse que recebeu a notícia “com muita alegria”. “Me sinto muito honrado por ter sido escolhido pela Academia Brasileira de Cinema para representar o Brasil na disputa do Oscar de 2022”.
“‘Deserto Particular’ é um filme de amor e acho que ele vem num momento muito salutar, em que a gente precisa construir narrativas de amor. A gente passou quase dois anos em casa trancafiados, perdendo pessoas, vivendo sob a égide de governos conservadores, como o caso do Trump nos EUA e do Bolsonaro no Brasil, em que o discurso de ódio era o discurso preponderante.”
“Então aparecer um filme que fala de tolerância, encontros e amor nesse momento de ódio é muito salutar. Estou feliz e honrado, com uma responsabilidade grande que pretendo levar com leveza, carinho, afeto e amor”, finalizou o diretor.
Brasil nunca ganhou Oscar
Quatro brasileiros já foram indicados a Melhor Filme Estrangeiro: “Central do Brasil” (1999), “O que é isso, companheiro?” (1998), “O quatrilho” (1996) e “O pagador de promessas” (1963).
Na história do Oscar, o Brasil nunca ganhou, mas teve vitórias parciais. “Orfeu negro” ganhou o prêmio de filme estrangeiro, mas representava a França. Ele foi filmado no Brasil, tinha atores brasileiros e era baseado na peça “Orfeu da Conceição”, de Vinicius de Moraes.
Em 1986, William Hurt ganhou a estatueta de melhor ator pelo trabalho no filme “O beijo da mulher aranha”, dirigido por Hector Babenco. O longa era uma coprodução Brasil e Estados Unidos.
Em 2005, o uruguaio Jorge Drexler recebeu o prêmio de melhor canção por “El otro lado del rio”. A música estava no filme “Diários de motocicleta”, do diretor brasileiro Walter Salles.
Em 1993, Luciana Arrighi ganhou um Oscar de Melhor Direção de Arte (hoje chamado de Design de Produção) pelo filme “Retorno a Howards End”, com Anthony Hopkins e Emma Thompson. Ela nasceu no Rio, em 1940, mas saiu do Brasil com dois anos e tem nacionalidade australiana.