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Festas e Rodeios

Criolo canta sobre luto e desigualdade em volta ao rap: ‘A gente morre todo dia, assim, de picadinho’

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‘Sobre Viver’ marca retorno a disco de inéditas após ‘Espiral de Ilusão’ (2017). Morte da irmã e fé estão presentes em faixas com a mãe, Milton Nascimento, Liniker, Hariel e Mayra Andrade. Criolo fala sobre desigualdade no Brasil ao lançar ‘Sobre Viver’
Em “Sobre Viver”, Criolo versa sobre a desigualdade no Brasil, tema recorrente em suas letras desde “Nó na Orelha” (2011), e sobre a morte da irmã Cleane Gomes, vítima da Covid-19 em 2021.
“Quem nasce em favela no Brasil, vive sempre com essa ideia de morte, porque vida nunca nos permitiram, vida em sua plenitude assim. Quem vive? Ou quem sobrevive?”, questiona o rapper paulistano ao falar de seu recém-lançado quinto álbum de estúdio, em entrevista ao g1.
A angústia e o caos eram sentimentos muito presentes nas letras que, finalmente, começavam a surgir depois de três anos de “muita dificuldade de construção”.
O último álbum de inéditas, “Espiral de Ilusão”, foi dedicado ao samba e lançado em 2017.
Criolo até se questionou se conseguiria escrever novas músicas. “Será que passou esse meu momento lindo, mágico que eu deixo a minha vida toda ali? Ou será que tudo tem o seu tempo mesmo e a gente não é dono de nada?”.
Aos poucos, as ideias foram se transformando em letras que não só apontavam para a dura realidade do mundo, como também para a esperança. Inicialmente, o novo trabalho até se chamaria “Diário do Kaos”, mas mudou de ideia.
“Outras canções estavam vindo também de um outro jeito. Estava entendendo que o caos continua, mas se a gente não der as mãos, se não tiver um fio de esperança acabou ali? É isso? É essa energia que a gente vai jogar para todo mundo? Então a gente todos os dias vai aprendendo a sobreviver”.
‘A gente morre todo dia, assim, de picadinho’
Criolo em ‘Sobre Viver’
Divulgação
Uma das faixas mais potentes do álbum é “Pequenina”, na qual Criolo canta com MC Hariel, Liniker e com a participação da mãe, Dona Maria Vilani. O arranjo é do maestro Jaques Morelenbaum.
“Eu vou ganhar dinheiro, mãe, porque é só assim que eles respeitam a gente”, canta Liniker no refrão. “Mas pensar assim, Criolo, não é vitória do sistema, tio? Da onde eu vim, fio, sempre é vitória do sistema”, responde ele.
Apesar de ter escrito o desabafo sobre a família “rapidão”, Criolo se emociona ao falar como foi difícil gravar a faixa com a mãe, a poeta Maria Vilani.
“Lembrei de várias coisas… da minha mãe falando lá no barraco em 1982, 1983 que ela sonhava em ter uma filha mulher. Juntou um monte de coisa e veio esse som”.
Ele canta sobre a irmã que morreu aos 39 anos no verso: “Cuidar da minha irmã agora é só em prece, ela não está mais aqui, é que esse mundo não te merece”.
“A desigualdade só destrói, mano. A gente morre todo dia, assim, de picadinho, e colocaram uma naturalidade, uma normalização tão gigante que ninguém está nem aí”, continua o rapper.
“Às vezes, vejo as pessoas falando: ‘Você sofreu, mas foi bom que você deu valor ao você tem hoje, né?’. Eu falo que o sofrimento só traz sofrimento. Esse arco de herói só serve para o Hollywood. Não tem herói aqui”.
Além de “Pequenina”, “Pretos ganhando dinheiro incomoda demais”, “Diário do Kaos” e “Me Corte na Boca do céu, a morte não tem perdão”, com Milton Nascimento, mostram como era só uma questão de tempo para Criolo voltar a escrever com força e competência que o colocaram entre os grandes rappers dos últimos anos.
MAURO FERREIRA: Criolo se movimenta com grandeza entre o luto e a luta que regem o engajado álbum ‘Sobre viver’
Na pegada da esperança, contraponto do álbum, a fé e a ancestralidade aparecem nas faixas “Ogum Ogum”, com Mayra Andrade, e “Iemanjá chegou”, que aliviam as tensões do novo repertório.
“Do mesmo jeito que a desigualdade social impera, é gigantesca, a fé do povo brasileiro é uma coisa inexplicável, inabalável. É uma das coisas que mantém tudo isso aqui de pé, sabe? Então está expresso ali”.
Figurino pró-voto no Lolla
Criolo veste camisa escrito “vote” e público se manifesta contra Bolsonaro
Não foi à toa que Criolo usou uma camiseta com a palavra “Vote” no Lollapalooza 2022. O rapper participou do show com Emicida, Planet Hemp, Rael, Bivolt, Drik Barbosa e outros artistas que substituiu o Foo Fighters, após a morte de Taylor Hawkins.
O engajamento da classe artística para que jovens de 16 e 17 anos se registrassem foi uma das pautas no festival e nas últimas semanas no Brasil. O prazo terminou nesta quarta (4).
Ele lembra de um episódio na Bahia para justificar o figurino político no festival em São Paulo, quando o produtor Daniel Ganjaman o provocou perguntando se ele “só ia interpretar” uma faixa com o bloco Ilê Aiyê.
“Fiquei com aquele aprendizado, e acho que isso, de algum jeito, aconteceu novamente.”
Criolo foi atrás de um lugar que produzisse a camiseta como queria. “Saí da Liberdade correndo para o ponto de encontro, cheguei lá faltando 10 minutos para sair o carro com a minha camisetinha na sacolinha”.
“Foi singelo aquilo ali, mas foi do meu coração, tá ligado? A gente sempre pode estar atento do que a gente pode contribuir um pouco mais, mas cada um faz do seu jeito. Foi um bagulho que conectou todo mundo”.
Sobre as eleições deste ano, ele se não prolonga muito no assunto. “Ela já está acontecendo agora nesse momento. É todo dia. E lá é uma consequência desse nosso dia-a-dia a dia em que cada um vai contribuindo naquilo que acredita, que possa ser o melhor para o futuro”.
Tropkillaz e novo show
Capa do álbum ‘Sobre viver’, de Criolo
Helder Fruteira
Desde o álbum de estreia, Criolo tem como produtores Daniel Ganjaman e Marcelo Cabral, mas em “Sobre Viver” é o duo Tropkillaz que assina a produção musical dessa volta ao rap.
Não que os habituais colaboradores e amigos não estejam por perto, eles seguem na “contenção” e até assinam músicas, como “Ogum Ogum”. “Quem tem o Daniel Ganjaman do lado não quer mudar de ares, só quer continuar aprendendo com o mestre”, explica ele.
A aproximação com os produtores Zegon e Laudz rolou nos traps “Cleane” e “Sistema Obtuso”, lançados no ano passado, e desaguou no disco.
“Foi de modo muito natural, esse respirar o estúdio, esse estar próximo culminou também das canções estarem vindo e a gente estar ali junto e começar a construir isso. Não é que foi uma coisa pensada, floresceu”.
Criolo entende o quinto álbum como uma trilogia entre “Nó na Orelha” (2011) e “Convoque Seu Buda” (2014), por isso também hits mais antigos devem fazer parte do repertório do novo show. A estreia está marcada no Rio, no dia 14 de maio, e em São Paulo no dia 21.
Ele será acompanhado por DJ Dandan, Bruno Buarque (percussão, bases, MPC, voz e eletrônicos), Ed Trombone (percussão, sopros, teclado, voz e eletrônicos) e Mauricio Badé (percussão, voz e eletrônicos).
“A gente está tentando entender qual o melhor jeito de construir cada música respeitando sua história, sua estética, o porquê de como foi construída lá atrás e o porquê de como foi construído esse novo”.
“Só quero que vocês vão logo assistir porque não dá muito para explicar, não. Só posso te falar que ele só se completa depois que você assistir.”

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Lana Del Rey se casa com guia turístico em cerimônia reservada

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Em seu perfil no Facebook, Jeremy Dufrene aparece ao lado de Lana desde 2019. Mesmo assim, o namoro dos dois nunca foi anunciado. Jeremy Dufrene e Lana Del Rey
Reprodução/Facebook
Lana Del Rey se casou nesta quinta-feira (26) em Luisiana, nos Estados Unidos, segundo o site americano “People”. A cantora selou os laços com Jeremy Dufrene, guia turístico com quem ela já tinha sido vista, apesar de nunca terem assumido o namoro.
Fotos e vídeos publicados pelo site “Daily Mail” mostram Lana trajada com um vestido branco e de mãos dadas com Dufrene.
O casal registrou sua certidão de casamento na segunda (23). A cerimônia foi reservada a famílias e amigos.
Dufrene é capitão de uma empresa de aerobarco, a Arthur’s Airboat Tours, que oferece passeios por pântanos repletos de jacarés e pássaros. Em seu perfil no Facebook, Dufrene aparece ao lado de Lana desde 2019.
A última vez que a cantora esteve no Brasil foi em junho de 2023, quando ela se apresentou no festival Mita.

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Caso Diddy vai virar série produzida por 50 Cent; episódios falam de acusações contra o rapper

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Músico foi preso no dia 16 por acusações de tráfico sexual e agressão. Ele é é alvo de várias ações civis que o caracterizam como um ‘predador sexual violento’. Sean ‘Diddy’ Combs em foto de 2017, em Nova York.
Lucas Jackson/Reuters
O rapper 50 Cent está produzindo uma série documental sobre o caso Sean “Diddy” Combs, músico preso no dia 16 por acusações de tráfico sexual e agressão. Foi o que o próprio 50 Cent disse à revista americana “Variety”.
Dirigida por Alexandria Stapleton, a série está sendo desenvolvida pela Netflix e ainda não tem previsão de lançamento. 50 Cent diz que os episódios se debruçam em “uma narrativa complexa que abrange décadas, não apenas as manchetes ou clipes vistos até agora”.
Combs é alvo de várias ações civis que o caracterizam como um “predador sexual violento”. Ele é acusado de usar álcool e drogas para submeter as vítimas aos abusos. Suas residências foram alvo de buscas por agentes federais neste ano.
“Continuamos firmes em nosso compromisso de dar voz aos sem voz e apresentar perspectivas autênticas e diferenciadas. Embora as alegações sejam perturbadoras, pedimos a todos que se lembrem de que a história de Sean Combs não é a história completa do hip-hop e sua cultura. Nosso objetivo é garantir que ações individuais não ofusquem as contribuições mais amplas da cultura.”
Caso Diddy: entenda o que é fato sobre o caso
O caso
A prisão de Sean Diddy Combs em 16 de setembro movimentou a indústria da música, levantou teorias nas redes sociais e fez explodir as buscas pelo nome do rapper na internet.
Ele foi preso em Nova York, nos Estados Unidos, após meses de investigações. No meio disso, houve a divulgação de um vídeo que mostra Diddy arrastando e chutando, sua então namorada, no corredor de um hotel.
Após meses de investigação, o rapper e empresário Sean “Diddy” Combs foi preso acusado de, segundo a Promotoria de Nova York:
tráfico sexual;
associação ilícita;
promoção da prostituição.
Durante “décadas”, Sean Combs “abusou, ameaçou e coagiu mulheres e outras pessoas ao seu redor para satisfazer seus desejos sexuais, proteger sua reputação e ocultar suas ações”, segundo o documento da acusação, que afirma que ele usava seu “império” musical para atingir seus objetivos.
Ele se declarou inocente em tribunal. O pagamento de fiança foi negado e ele segue preso, aguardando julgamento. Segundo a imprensa internacional, caso seja julgado culpado das três acusações, Diddy pode ser condenado a prisão perpétua.
Leia também:
Entenda acusações de tráfico sexual e associação ilícita contra o rapper
A famosa prisão onde rapper Diddy está detido: ‘O caos reina’
Caso Diddy: advogado explica quantidade de óleo de bebê encontrada na casa do rapper

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Megaexposição reúne obras raras de Van Gogh; veja imagens

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Exibição do artista comemora 200 anos da National Gallery, em Londres. Megaexposição reúne obras raras de Van Gogh
Uma megaexposição na National Gallery, em Londres, reuniu algumas das principais pinturas de Vincent Van Gogh — algumas delas vistas poucas vezes em público. Intitulada de “Poetas e Amantes”, a exibição faz parte das comemorações dos 200 anos do museu. Veja no vídeo acima.
O National Gallery já contava com uma dúzia de pinturas de Van Gogh. Para a ocasião, foram selecionadas 60 obras, vindas de diversos países, como Estados Unidos, França e Holanda. Algumas delas nunca haviam saído dos países para os quais foram vendidos, como, por exemplo, “Noite Estrelada sobre o Ródano”.
Megaexposição reúne obras raras de Van Gogh
Reprodução/TV Globo
Foco nos últimos anos de vida do artista
A megaexposição se concentra em dois anos decisivos da vida de Van Gogh, entre 1888 e 1890, ano em que ele morreu aos 37 anos. Nesse período, Van Gogh viveu em Arles e Saint-Rémy, na Provença.
Durante essa fase, o artista produziu uma série de trabalhos marcados pelas cores vibrantes do sul da França e os tons de amarelo pelos quais é conhecido. Os curadores reuniram quadros e desenhos desse período para ilustrar esse momento da vida do pintor.
Megaexposição reúne obras raras de Van Gogh
Reprodução/TV Globo
Exibição inédita de ‘Girassóis’
Uma das séries mais conhecidas de Van Gogh, “Girassóis”, ganha destaque na exposição. Pela primeira vez, as obras estão sendo apresentadas conforme a visão original do pintor.
A National Gallery, que já possuía um dos quadros, trouxe outro emprestado dos Estados Unidos e incluiu a pintura “Canção de Ninar”, após descobrirem, por meio de cartas do artista ao irmão, Theo, que Van Gogh havia planejado compor os girassóis — um com fundo amarelo e outro com fundo azul — como moldura para a figura de uma mulher.
Megaexposição reúne obras raras de Van Gogh
Reprodução/TV Globo
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