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Festas e Rodeios

Ney Matogrosso transita entre o drama e a sensualidade em recital com o pianista Leandro Braga

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Cantor interpreta músicas de Caetano Veloso, Herbert Vianna, Noel Rosa e Roberto Carlos em ‘show diferente’ que celebrou os três anos do Teatro Prudential na cidade do Rio de Janeiro. Resenha de show
Título: Ney Matogrosso – Voz e piano
Artistas: Ney Matogrosso com o pianista Leandro Braga
Local: Teatro Prudential (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 24 de maio de 2022
Cotação: * * * * *
♪ Em 1979, Ney Matogrosso rasgou a fantasia e, de cara limpa, se confirmou um senhor cantor no show Seu tipo. Em 2022, esse senhor cantor nada mais tem a provar para ninguém. Ainda assim, é espantoso que, a pouco mais de dois meses do 81º aniversário, o senhor cantor continue em cena com o brilho intacto, sem fantasia, com “a voz que Deus me deu” – como Ney reiterou no palco do Teatro Prudential na noite de ontem, 24 de maio, ao cantar Ela e eu (Caetano Veloso, 1979) somente com o toque preciso do piano de Leandro Braga.
Canção ausente da discografia do artista, embora venha sendo eventualmente interpretada por Ney em shows nos últimos anos, Ela e eu foi uma das 14 músicas do roteiro seguido pelo cantor no recital que celebrou os três anos do Teatro Prudential, palco carioca de shows, peças e musicais.
“Tô nervoso, hein? Meu coração tá batendo”, confidenciou Ney ao público após cantar o samba-canção Último desejo (Noel Rosa, 1937).
Ninguém na plateia pareceu ter notado o nervosismo alardeado pelo cantor. Assim que entrou em cena para dar voz à canção De toda cor (Renato Luciano, 2016), pregando a diversidade sexual e humana, o cantor se mostrou seguro.
A leitura contínua das letras no teleprompter pode até ter limitado o movimento do artista em cena, mas jamais empanou a força das interpretações, muitas dramáticas e pautadas por inflexões e interjeições que acentuaram os significados de versos ou até mesmo deram novos sentidos às letras.
Com Ney, por exemplo, ficou à flor da pele o amor possessivo exposto nos versos da canção Nada por mim (Herbert Vianna e Paula Toller, 1985). A dramaticidade de Sim (Cartola e Osvaldo Martins, 1952) – samba-canção lançado há 70 anos na voz do cantor carioca Gilberto Alves (1915 – 1992) e revivido há 30 anos por Ney no álbum de 1992 em que interpretou o repertório do compositor Cartola (1908 – 1980) – deu o tom da maior parte do recital.
Só que, na voz de Ney, o peso do drama é alternado com a leveza da sensualidade, mote da interpretação do samba Amendoim torradinho (Henrique Beltrão, 1955) –número em que Leandro Braga batucou na madeira do piano – e do dengoso samba-canção Da cor do pecado (Bororó, 1939), cantado com direito à notas alongadas que pareceram deixar a música suspensa no ar, recurso adotado ultimamente pelo artista.
Com a súplica do choro Doce de coco (Jacob do Bandolim, 1951, com letra posterior de Hermínio Bello de Carvalho, 1968) e o lamento sofrido da balada A distância (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1972), um dos pontos mais altos de apresentação sem erros, Ney manteve a plateia na mão, com ouvidos que permaneceram atentos até na música menos conhecida Um pouco de calor (Dan Nakagawa, 2005), tema incorporado ao repertório do cantor desde o show Inclassificáveis (2007).
Ney Matogrosso domina a cena com o habitual magnetismo em show no Teatro Prudential no Rio de Janeiro
Pedro Ivo / Divulgação Teatro Prudential
Neste “show diferente”, assim caracterizado por Ney em cena para diferenciar o recital com Leandro Braga dos espetáculos turbinados com a potência sonora de grandes bandas, casos de Atento aos sinais (2013 / 2018) e do corrente Bloco na rua (2019), Ney Matogrosso se escorou somente no magnetismo das interpretações e da própria figura do artista.
Após a bela lembrança de Poema (Roberto Frejat e Cazuza, 1999) – número em que o piano de Leandro Braga evocou o arranjo da gravação original do álbum Olhos de farol (1999) – e de dois hits do trio Secos & Molhados, de cujo repertório o cantor pescou as pérolas nada raras Fala (João Ricardo e Luhli, 1973) e Rosa de Hiroshima (Gerson Conrad sobre poema de Vinicius de Moraes, 1973), Ney Matogrosso terminou o show consagrado no palco do Teatro Prudential pelo público majoritariamente idoso ou de meia-idade, após uma hora de apresentação.
A plateia queria (muito) mais, mas o cantor foi firme ao dizer que cantaria somente mais uma música, Sorte (Celso Fonseca e Ronaldo Bastos, 1985), o que fez sem sair do palco. Sorte foi a do público por poder testemunhar a grandeza deste senhor cantor de quase 81 anos.
Ney Matogrosso canta 14 músicas em recital de voz e piano com Leandro Braga
Pedro Ivo / Divulgação Teatro Prudential
♪ Eis as 14 músicas do roteiro seguido por Ney Matogrosso com o pianista Leandro Braga, em 24 de maio de 2022, no show que celebrou os três anos do Teatro Prudential na cidade do Rio de Janeiro (RJ):
1. De toda cor (Renato Luciano, 2016)
2. Nada por mim (Herbert Vianna e Paula Toller, 1985)
3. Último desejo (Noel Rosa, 1937)
4. Sim (Cartola e Osvaldo Martins, 1952)
5. Amendoim torradinho (Henrique Beltrão, 1955)
6. Doce de coco (Jacob do Bandolim, 1951, com letra posterior de Hermínio Bello de Carvalho, 1968)
7. A distância (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1972)
8. Ela e eu (Caetano Veloso, 1979)
9. Fala (João Ricardo e Luhli, 1973)
10. Um pouco de calor (Dan Nakagawa, 2007)
11. Da cor do pecado (Bororó, 1939)
12. Poema (Roberto Frejat e Cazuza, 1999)
13. Rosa de Hiroshima (Gerson Conrad sobre poema de Vinicius de Moraes, 1973)
Bis:
14. Sorte (Celso Fonseca e Ronaldo Bastos, 1985)
Ney Matogrosso canta ‘Sorte’ no bis de show no Teatro Prudential
Pedro Ivo / Divulgação Teatro Prudential

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Raoni Ventapane, neto de Martinho da Vila, assina o samba-enredo da Unidos de Vila Isabel no Carnaval de 2025

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♫ NOTÍCIA
♪ É inevitável recorrer ao clichê de que “na casa de Martinho da Vila, todo mundo é bamba” quando chega a notícia de que um dos netos do compositor fluminense integra o time campeão dos compositores que assinam o samba-enredo escolhido pela Unidos de Vila Isabel na madrugada deste sábado, 28 de setembro, para o desfile das escolas de sambas do Rio de Janeiro no Carnaval de 2025.
Integrante da Ala de Compositores da agremiação azul-e-branca que Martinho da Vila carrega no sobrenome artístico, Raoni Ventapane assina com Ricardo Mendonça, Dedé Aguiar, Guilherme Karraz, Miguel Dibo e Gigi da Estiva o samba criado a partir do enredo Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece.
Filho de Analimar Ventapane, Raoni é cantor, compositor e ritmista da Swingueira de Noel, nome do grupo de bateristas da Unidos de Vila Isabel.
O samba-enredo de Raoni Ventapane venceu outros dois sambas na disputa realizada na quadra da escola, que será a última a desfilar na segunda-feira de Carnaval.
Raoni Ventapane (ao centro) celebra a vitória do samba-enredo ‘Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece’ na disputa encerrada na madrugada de hoje
Divulgação / Unidos de Vila Isabel
♪ Eis a letra do samba-enredo campeão da Unidos de Vila Isabel no Carnaval de 2025:
Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece
(Raoni Ventapane, Ricardo Mendonça, Dedé Aguiar, Guilherme Karraz, Miguel Dibo e Gigi da Estiva)
“Embarque nesse trem da ilusão
Não tenha medo de se entregar
Pois nosso maquinista é capitão
E comanda a multidão que vem lá do boulevard…
O breu e o susto em meio a floresta
Por entre os arbustos, quem se manifesta?…
Cara feia pra mim é fome
Vá de retro lobisomem, curupira sai pra lá.
No clarão da lua cheia
Margeando rio abaixo
Ouço um canto de sereia
Ê caboclo d’água
Da água que me assombra
A sombra da meia noite
Foi-se a noite de luar
Na tempestade, encantada é a gaiola
Chora viola, pra alma penada sambar
Nas redondezas credo em cruz ave maria
Quanto mais samba tocava, mais defunto aparecia
Silêncio…
Ao som do último suspiro vai chegar
A batucada suingada de vampiros
Quando o apito anunciar….
Eu aprendi que desde os tempos de criança
A minha vila sempre foi bicho papão
Por isso, me encantei com esse feitiço
Que hoje causa reboliço dentro desse caldeirão
Solta o bicho minha vila dá um baile de alegria
É o povo do samba virado na bruxaria
Quanto mais eu rezo, quanto mais eu faço prece
Mais assombração que aparece”

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Festas e Rodeios

‘Acabou vindo para cima de mim porque perdeu a cabeça’, diz ex de Ryan SP após foto em que funkeiro parece agredi-la

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Giovanna Roque reclamou de repercussão de imagem e disse que o músico está sendo alvo de ‘gente muito suja’ que deseja prejudicá-lo. MC Ryan SP e Giovanna Roque
Reprodução/Instagram
A influenciadora Giovanna Roque publicou no Instagram um vídeo em defesa de seu ex-namorado, MC Ryan SP. O post foi feito nesta sexta (27), horas após o vazamento de uma imagem em que o funkeiro parece estar dando chutes nela.
“O Ryan não é essa pessoa ruim que vocês estão pensando que ele é”, afirmou a influenciadora. “Ocorreu, sim, uma discussão no último término que a gente teve. O Ryan tinha aprontado e, nesse dia, eu perdi muito a cabeça, fiquei muito nervosa. Quebrei o telefone dele, fui para cima dele. E aí, ele ficou muito nervoso por conta dessas coisas e acabou vindo para cima de mim também, porque ele perdeu a cabeça. A gente deu abertura pro inimigo. Isso nunca aconteceu antes.”
Roque reclamou da repercussão da imagem e também disse que o músico está sendo alvo de “gente muito suja” que deseja prejudicá-lo. Os dois têm uma filha de nove meses.
“A gente realmente brigou”, afirmou ela. “Então, quer dizer que ele não pode errar uma vez?”
A assessoria do funkeiro disse que, por enquanto, não vai se pronunciar. Ryan é conhecido por hits como “Let’s Go 4”, “Filha do Deputado” e “Vai Vendo”.

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Quinteto Villa-Lobos irmana Caymmi, K-Ximbinho, Noel Rosa, Pixinguinha e Jacob nos sopros do álbum ‘Sempre’

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Quinteto Villa-Lobos lança o álbum ‘Sempre’ em 1º de outubro
Daniel Erbendinger / Divulgação
♫ NOTÍCIA
♪ Em cena desde 1962, o Quinteto Villa-Lobos sempre cruzou as fronteiras entre a música erudita e a canção popular brasileira ao longo dos 62 anos de atividade profissional.
Sempre – álbum que o grupo de sopros lançará na terça-feira, 1º de outubro, em edição da gravadora Biscoito Fino – investe nessa mistura de linguagens através dos registros fonográficos de temas de compositores brasileiros como Dorival Caymmi (1914 – 2008), Jacob do Bandolim (1918 – 1969), Joel Nascimento, K-Ximbinho (1917 – 1980), Noel Rosa (1910 – 1937) e Pixinguinha (1897 – 1973).
Formado atualmente por Aloysio Fagerlande (fagote), Cristiano Alves (clarinete), Philip Doyle (trompa), Rodrigo Herculano (oboé) e Rubem Schuenck (flauta), o Quinteto Villa-Lobos assina a direção musical e a produção do álbum em que irmana esses grandes compositores brasileiros nos sopros de Sempre.
Gravado no estúdio A casa, o álbum Sempre reproduz quatro arranjos de Paulo Sérgio Santos – como os do samba-canção Só louco (1955) e de Modinha para Gabriela (1975), temas de Caymmi – em tributo a este clarinetista que integrou o Quinteto Villa-Lobos por cerca de cinco décadas.
O repertório do disco inclui Ainda me recordo (Pixinguinha e Benedito Lacerda, 1932), Noites cariocas (Jacob do Bandolim, 1957), Teleguiado (K-Ximbinho, 1958) e O pássaro (Joel Nascimento, 1978), além de Visitando Noel, medley que agrega Feitiço da Vila (Vadico e Noel Rosa, 1934), As pastorinhas (Braguinha e Noel Rosa, 1934), Conversa de botequim (Noel Rosa e Vadico, 1935) e Palpite infeliz (Noel Rosa, 1935).
Capa do álbum ‘Sempre’, do Quinteto Villa-Lobos
Divulgação

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