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Festas e Rodeios

Quanto fica para a banda? Líderes de cachês acumulam queixas e ações de músicos e funcionários

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Músico diz que Wesley Safadão pagava R$ 4 mil por mês, ganhando R$ 600 mil por show. Gusttavo Lima foi condenado a pagar impostos e direitos trabalhistas em ação que cita ‘caixa dois’.
Wesley Safadão e Gusttavo Lima
Divulgação e Érico Andrade / g1
O quanto sobra de grandes cachês para quem não está no centro do palco? A polêmica dos shows bancados por prefeituras mostrou que os contratos são altos para os cantores. Mas os líderes de verbas recebidas acumulam queixas e processos de seus músicos e técnicos.
Entre os shows de prefeituras investigadas pelo Ministério Público, os maiores cachês são de Gusttavo Lima – até R$ 1,2 milhão. Em segundo lugar aparece Wesley Safadão, contratado por R$ 600 mil.
Eventos com Bruno e Marrone, Zé Neto & Cristiano e outros artistas também são questionados, mas com cachês mais baixos que os dos dois líderes entre esses shows no alvo do MP. Veja aqui a lista.
O g1 ouviu músicos e “roadies” (técnicos de palco). Veja os principais pontos e leia relatos a seguir:
Um músico que tocou com Wesley Safadão diz que recebia R$ 4 mil por mês. Na época, o cachê do cantor já chegava a R$ 600 mil por show, e eles faziam até 30 apresentações por mês.
Um ex-músico de Gusttavo diz ao g1 que ganhava R$ 600 reais por show, na época em que o cachê do cantor era de R$ 280 mil.
Dois roadies abriram processos alegando que Gusttavo Lima pagava salários com o que seus advogados chamaram de “caixa dois” – segundo eles, o cantor pagava um salário, mas declarava nos contracheques um valor menor, o que diminuiu o total de impostos e direitos trabalhistas que Gusttavo deveria pagar. Ele foi condenado a pagar a diferença aos roadies e ao Estado.
Um representante da Ordem dos Músicos do Brasil disse que recebeu, em 2018, denúncias de músicos de Gusttavo Lima que tiveram seus salários mensais reduzidos para R$ 8 mil, na época em que o cantor ganhava até R$ 300 mil por show e fazia até 30 apresentações por mês.
O g1 também falou com funcionários de outros artistas. Um músico de uma dupla veterana disse que recebe R$ 1,8 mil por show, e que estes sertanejos mais antigos pagam melhor do que os cantores mais jovens e em alta nas paradas.
O g1 procurou Gusttavo Lima e Wesley Safadão, que não comentaram os casos.
‘Cachezão’ dividido em ‘cachezinhos’
Em geral, o contratante, seja de prefeitura ou particular, paga o cachê todo ao artista. Com esse valor, o artista paga por sua equipe, logística e equipamentos.
Os contratantes também costumam bancar transporte, hospedagem e parte da alimentação do artista e de sua equipe.
Existem artistas que pagam aos seus músicos e técnicos por show; outros acertam uma quantia mensal. Alguns assinam carteira de trabalho; outros não.
Todos os músicos e técnicos que falaram com o g1 continuam no mercado de shows. Por isso, quem falou não quis se identificar. Outros músicos foram procurados e não quiseram conversar.
Menos do que ‘aquele 1%’…
Wesley Safadão
Romilson Sales / Divulgação
O instrumentista que tocava com Safadão por R$ 4 mil mensais diz que, em geral, a banda tinha mais cinco pessoas, e trabalhava sem parar: “A gente fazia entre 28 e 30 shows por mês.”
Isso significa que o cantor do hit “Aquele 1%” conseguia pagar todo o salário mensal de um músico com menos de 1% do cachê de um show, que chegava a R$ 600 mil.
Com 4% de uma só apresentação (R$ 24 mil de R$ 600 mil), Wesley pagava a banda pelo mês inteiro.
O músico diz que hoje toca com outros artistas ganhando por show, não por mês. “Eu acho muito melhor e confesso que acho até mais justo um músico trabalhar com cachê. Se você produz, ganha por aquilo que você produziu”, ele afirma. Seu cachê atual é de R$ 500.
Ele diz que o pagamento baixo é uma reclamação geral no mercado de forró, mesmo com o crescimento de popularidade do estilo. Os forrozeiros competem com os sertanejos nas paradas, mas não nos cachês.
“Um sertanejo que não tenha muito nome já paga R$ 500, R$ 600 por show. Os maiores nomes, a ‘paga’ já é de R$ 1,2 mil pra lá. É de se estranhar a cultura do forró de querer pagar fixo pra tocar 30 shows”, ele reclama.
O ex-funcionário de Wesley diz que, com o crescimento do cachê do cantor (ele recebe até R$ 780 mil), acredita que o salário da equipe não seja o mesmo. “Fiquei sabendo que deu uma melhorada, mas não sei de quanto foi essa melhorada”, ele diz.
O g1 procurou outros músicos e técnicos que tocam ou já tocaram com Wesley, inclusive um instrumentista e um assistente de turnês que abriram processos trabalhistas contra o cantor, mas nenhum deles quis falar.
Gusttavo condenado
Gusttavo Lima conversa com fãs no Ribeirão Rodeo Music 2022 em Ribeirão Preto, SP
Érico Andrade/g1
Os dois roadies que processaram Gusttavo Lima começaram a trabalhar com ele em 2015. O primeiro saiu em 2017 e o segundo, em 2018. Ambos recebiam R$ 350 por show e faziam, em média, 17 eventos mensais, com pagamento médio de R$ 5,9 mil ao mês.
Em 2018, o cachê de Gusttavo Lima chegava a R$ 300 mil. Na época, ele tinha três roadies, relata um ex-funcionário. Isso significa que, com pouco mais de 2% do cachê de uma noite ele pagava o salário mensal de um roadie. Com 6%, ele bancava a equipe toda.
Gusttavo Lima acertava com eles a remuneração por show, mas o pagamento era feito mensalmente. Eles tinham a carteira de trabalho em dia e assinavam contracheques.
Mas uma das alegações dos dois processos é que os contracheques mostravam quantias menores do que os salários de R$ 5,9 mil que eles recebiam na realidade. Um contracheque de janeiro de 2018, por exemplo, tinha o total de R$ 2,5 mil.
“O valor constante nos contracheques não condizem com a realidade, ou seja, não guardam semelhança com o real valor percebido pelo reclamante (prática do caixa dois)”, dizem os advogados nos dois processos.
O problema é que os direitos trabalhistas e impostos pagos por Gusttavo Lima aos funcionários foram calculados com base neste salário menor.
Nos dois casos, a Justiça do Trabalho concordou com os advogados dos roadies e condenou o cantor em segunda instância a pagar esta diferença nos direitos aos trabalhadores e nos impostos ao Estado.
Em uma das ações, o cantor terminou de fazer o pagamento de R$137.971,01 em abril de 2022. No segundo caso, ele já foi condenado em duas instâncias, mas ainda tem recursos no Tribunal Superior do Trabalho (TST). O total a ser pago caso o TST confirme a condenação não foi calculado.
O g1 procurou a advogada trabalhista Ana Cláudia Arantes (que não está envolvida nestes dois processos) para entender a condenação. Ela afirma que esta prática de anotar um valor menor do que o foi realmente pago é uma fraude.
“Isso é uma forma de burlar a legislação trabalhista, pois assim se paga menos impostos (que são gerados sobre a folha de pagamento), diminui a base de cálculo do recolhimento de INSS do empregado e gera pagamento menor ao trabalhador de horas e reflexos, férias, 13º e FGTS”, ela explica.
“É um prejuízo para o trabalhador e para os cofres públicos”, diz a advogada.
O g1 falou com um dos roadies, que disse que confirma tudo o que informou no processo, mas não quis comentar mais o caso. O outro roadie não respondeu às mensagens.
Desanimado e demitido
O g1 falou com um músico que tocou durante oito anos com Gusttavo Lima. Ele afirmou que também assinava contracheques por valor menor do que realmente recebia. Mas ele diz que, no acerto ao final do contrato, recebeu uma quantia que considerou correta e não entrou na Justiça.
Ele ficou na banda até 2017 e ganhava R$ 600 por show. Ele conta que os outros músicos ganhavam R$ 550. Mas ele tinha um acréscimo de R$ 50 reais por ajudar a equipe de iluminação, além de tocar.
O músico conta que, na época, a banda variava entre 7 e 11 músicos. Com um cachê que já chegava a R$ 280 mil, Gusttavo Lima gastava, em cada show, cerca de 2% da remuneração com a banda.
Ele conta que antes de Gusttavo Lima estourar, o cantor pagava R$ 250 por show, o que era bom para um iniciante. O sucesso e os cachês foram crescendo e o pagamento aos músicos não subia na mesma velocidade.
O músico afirma que tinha amigos que tocavam com duplas sertanejas mais antigas, e que eles recebiam duas ou três vezes mais. “Esses mais velhos valorizam mais os músicos”, ele diz.
O instrumentista conta que, durante esse tempo, reclamou várias vezes com o cantor. Gusttavo respondeu que gastava com cada show cerca de R$ 80 mil em equipe, logística e equipamentos, o músico relata. Mas, na época, ele já ganhava até R$ 280 mil por noite.
Ele diz que foi ficando desanimado. O cantor percebeu e acabou o demitindo.
Panela velha é que faz cachê bom
Um instrumentista que trabalha com uma dupla veterana disse que, atualmente, esses artistas pagam entre R$ 1,2 mil e R$ 1,8 mil por show aos seus instrumentistas.
Este grupo de artistas mais antigos que pagam bem, segundo ele, inclui Bruno e Marrone, Zezé di Camargo e Luciano, Chitãozinho e Xororó, Leonardo, Eduardo Costa e outros.
Ele diz que, em geral, os veteranos pagam mais do que artistas mais jovens e que estão mais em alta nas paradas atualmente.
Em compensação, os veteranos fazem menos shows por mês. “Os ‘universitários’ ganham menos por show, mas tocam mais. É outro ritmo”, ele descreve.
OMB contra a redução
Emerson Biazon, representante em Goiás da Ordem dos Músicos do Brasil (OMB), diz ao g1 que já foi procurado por músicos que tocavam com Gusttavo Lima e que reclamavam do cantor. O caso aconteceu em 2018.
“Ele fez uma proposta para eles de cobrar mais barato”, lembra Biazon. Na época, os músicos alegavam receber uma média de R$ 21 mil mensais, e o cantor propôs que a remuneração passasse a ser fixa, de R$ 8 mil por mês. Eles não aceitaram e foram demitidos.
Gusttavo fazia até 30 shows por mês em 2018. Isso significa que eles passariam a ganhar R$ 266 por apresentação – ou seja, menos até do que a remuneração relatada pelo instrumentista que ficou na banda até 2017, de R$ 550.
Biazon diz que a OMB tentou ajudar os músicos e divulgar o caso que considerava injusto. A história chegou à imprensa e foi publicada no jornal “O Dia” em maio de 2018.
No fim das contas, ele diz que alguns músicos aceitaram o salário menor e foram recontratados. “O cara acaba aceitando também para fazer nome, por ser músico do Gusttavo Lima”, ele explica.

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Festival Global Citizen e Coldplay são confirmados para 2025 em Belém

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Festival foi confirmado por Helder Barbalho (MDB), e o show do Coldplay pelo ministro do turismo Celso Sabino, que disse que a banda se apresentará no estádio Mangueirão, o maior da capital paraense. Coldplay é confirmado em Belém.
Celso Tavares / G1
Belém deve receber em 2025 um show do Coldplay, ano que a cidade vai receber a 30ª Conferência das Partes (COP). A confirmação ocorreu neste final de semana em que o governador Helder Barbalho (MDB) está no festival beneficente Global Citizen, que, neste ano, ocorre em Nova York.
Segundo Helder, também em 2025, o próprio Global Citizen será realizado na capital paraense. O comunicado sobre o festival foi compartilhado pelo governador em seu perfil nas redes sociais.
“Ano que vem o festival será em Belém, destacando a nossa Amazônia para o mundo”, disse.
Também nas redes sociais, o ministro do turismo, Celso Sabino, afirmou que haverá show do Coldplay e que ele ocorrerá no estádio Mangueirão, o maior de Belém.
Ministro do turismo, Celso Sabino, confirma Coldplay em Belém e diz que show vai ocorrer no estádio Mangueirão.
Reprodução / Redes sociais
Largada para COP-30: show gratuito de Alok em Belém já tem data marcada e com direito a megaestrutura; confira
Governador Helder Barbalho e o DJ Alok, durante o festival Global Citizen. Alok fará um show gratuito em Belém, em novembro, marcando o início dos eventos da COP-30.
Reprodução/Redes sociais
Na noite desta sexta (27), o governador postou em suas redes sociais um vídeo no Central Park, onde ocorrem as apresentações, com a trilha de um dos hits do Coldplay.
“Escuta quem tá tocando aqui. Ano que vem será na Amazônia”, disse Helder Barbalho. No entanto, o governo do Pará não confirmou o show de Coldplay durante o festival em Nova York.
Em 2023, Helder também esteve presente no palco do evento, ao lado da secretária dos Povos Indígenas do Pará, Puyr Tembé, e da ministra Sônia Guajajara.
Festival Amazônia para Sempre
Em uma cerimônia realizada no último sábado (21), durante o Rock In Rio, Roberta Medina anunciou a criação do Festival Amazônia Para Sempre, em Belém.
O festival será realizado em setembro de 2025, em parceria com o Rock In Rio e o The Town. Na ocasião, foi dito que o evento teria uma atração internacional, mas nenhum nome foi confirmado.
Rock in Rio anuncia ação em prol da Amazônia
Segundo a organização, a apresentação acontecerá em palco flutuante, em formato de vitória-régia, com cenografia e iluminação criadas para promover um encontro entre a música e a natureza.
De acordo com os organizadores, a festa será transmitida para todo o país, com um conteúdo especial que vai mostrar o espetáculo e a música local.
📲 Acesse o canal do g1 Pará no WhatsApp
Convite de Janja
Em visita ao Pará em junho de 2023, na presença do presidente Lula, a primeira-dama Janja da Silva usou as redes sociais para convidar a banda Coldplay para a COP. Até a publicação de Celso Sabino, nenhuma outra autoridade tinha confirmado a vinda da banda a Belém.
“Hi, Chris, tudo bem? Você lembra que a gente teve junto com o presidente Lula lá no Rio de Janeiro e você disse que se a COP-30 fosse confirmada no Brasil, iria estar conosco”, disse.
Lula se encontra com Chris Martin, vocalista do Coldplay
Twitter/Reprodução
Em agosto daquele mesmo ano, uma equipe do Global Citzen visitou o estádio Mangueirão, em Belém. No estádio, a equipe do Global Citzen conheceu várias áreas do Mangueirão.
VÍDEOS: veja todas as notícias do Pará
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Uma justa medalha para Fausto Nilo, compositor octogenário da MPB que cimentou o chão da praça com poesia

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Parceiro de Moraes Moreira, Dominguinhos e Fagner em músicas pautadas por lírica geralmente festiva, letrista ganha homenagem da UBC em outubro. Fausto Nilo é o primeiro compositor laureado com a Medalha UBC pelo conjunto de obra que inclui os hits ‘Bloco do prazer’, ‘Pedras que cantam’ e ‘Zanzibar’
Reprodução / Facebook Fausto Nilo
♫ ANÁLISE
♪ Na terça-feira, 1º de outubro, Fausto Nilo será o primeiro compositor agraciado com a Medalha UBC – láurea concedida pela União Brasileira de Compositores – em cerimônia que acontecerá em Fortaleza (CE). No caso deste poeta e letrista cearense, a medalha celebra tanto o conjunto da obra do compositor quanto os 80 anos de Fausto Nilo Costa Júnior, artista nascido em 5 de abril de 1944 em Quixeramobim, município do interior do Ceará.
Embora ligado ao Pessoal do Ceará, coletivo que movimentou a cena cultural de Fortaleza (CE) no início dos anos 1970, Fausto Nilo iniciou a trajetória como letrista de música em Brasília (DF), a convite de Fagner, cantor e compositor cearense de quem se tornou parceiro em 1972 em conexão iniciada com a música Fim do mundo, lançada naquele mesmo em EP de Fagner.
Em parceria com Moraes Moreira (1947 – 2020), Fausto Nilo teve letras cantadas em todo o Brasil, com destaque para Bloco do prazer (1979), Chão da praça (1979), Coisa acesa (1982), Eu também quero beijar (1981, com Pepeu Gomes na coautoria), Pão e poesia (1981) e Santa fé (1985).
Fausto Nilo também escreveu versos para músicas de Armandinho (Zanzibar, 1981), Caio Silvio (Pequenino cão, sucesso de Simone em 1981), Dominguinhos (1941 – 2013), Geraldo Azevedo (Chorando e cantando, 1986, hit na voz de Elba Ramalho) e Robertinho de Recife (Flor da paisagem – música-título do álbum lançado por Amelinha em 1977 – e O elefante, sucesso de 1982).
Compositor que animou muitos Carnavais com a poética festiva de letras cantadas em todo o Brasil, Fausto Nilo sempre cimentou o chão da praça com lirismo.
Contudo, a alegria dos versos deste parceiro letrista de Dominguinhos em Pedras que cantam (1981) – sucesso na voz de Fagner – extrapolou a folia, ecoando em todas as épocas. Por isso, a Medalha UBC merece o peito de Fausto Nilo.

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90 anos de Brigitte Bardot: como a visita da atriz francesa ainda impulsiona o turismo em Búzios seis décadas depois

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A visita dela ocorreu em duas ocasiões diferentes, ambas no ano de 1964. Existe uma orla em seu nome e um estátua da francesa, que completa 90 anos neste sábado (28), no local. Brigitte Bardot vistou Búzios e deixou o balneário famoso
Divulgação / Prefeitura
Coincidência ou não, no mesmo ano em que Brigitte Bardot completa 90 anos, também completa 60 anos que ela visitou Armação dos Búzios, na Região dos Lagos do Rio.
A atriz francesa, que faz aniversário neste sábado (28), esteve em Búzios, que ainda era distrito de Cabo Frio, em duas situações e ambas no ano de 1964. Ela chegou pela primeira vez em janeiro daquele ano e ficou quatro meses na cidade.
De acordo com José Wilson Barbosa, empresário e pesquisador, Brigitte Bardot veio ao Brasil por estar muito estressada e desejar passar um tempo em um lugar mais calmo e tranquilo.
Ela desembarcou no Rio de Janeiro, mas se assustou com a quantidade de fotógrafos e jornalistas que a aguardavam. A atriz chegou a ameaçar voltar para Paris.
“Ela queria anonimato, ela queria descansar. Já que era muito perseguida por paparazzis nos Estados Unidos e na Europa. Ela faz um acordo com os jornalistas no Rio de Janeiro, vai para o Copacabana Palace, faz uma sessão de fotos, dá entrevistas e depois disso ganha liberdade no Rio de Janeiro. Ela pega um iate de um empresário, faz um passeio, volta para o Rio de Janeiro e no Rio, ela pega um furgão. Ela pega vários mantimentos e vai para Búzios”, diz o pesquisador.
Brigitte Bardot durante visita ao Rio de Janeiro em janeiro de 1964
Arquivo Nacional/Fundo Correio da Manhã
De acordo com o pesquisador, ela foi vista pela primeira vez em Búzios no dia 13 de janeiro de 1964 e ficou hospedada em Manguinhos.
“Durante sua permanência em Búzios, ela acabou criando uma situação inovadora na cidade, um fenômeno turístico. Naquela época só existia quatro estabelecimentos comerciais, não tinha nenhuma estrutura. Era uma aldeia de pescadores e a imprensa daquela época diz que Brigitte Bardot está em um paraíso secreto”, conta.
A secretária de turismo de Búzios, Patrícia Burlamaqui Chaves, fala que na época o então distrito era um local selvagem e pacato, sem comércio, hotelaria e gastronomia.
“Nesse período de quatro meses, que ela ficou aqui, ela passou realmente despercebida e pode estar no meio dos nativos vivendo de forma simples e despojada. Caminhando e visitando praias”, conta Patrícia.
Durante os meses em Búzios, a francesa tinha o hábito de passear em um fusca vermelho e caminhar pela praia de Manguinhos. Ela também esteve em bairros de Cabo Frio, como a Ogiva.
Brigitte Bardot durante visita ao Brasil em 1964
Estadão Conteúdo/Arquivo
Antigamente, como era uma pequena vila, era difícil o acesso a Búzios. O acesso ficou melhor com a construção da ponte Rio-Niterói, dez anos depois, em 1974. Após a visita da atriz, o local passou a ser mundialmente conhecido.
Brigitte Bardot foi embora da cidade em abril de 1964 e retornou em dezembro do mesmo ano. Ela ficou hospedada na casa de um amigo, que ficava na atual Rua das Pedras, mas a experiência que teve foi diferente da anterior.
“Ela nunca mais voltou a Búzios, até porque depois da permanência nela, ela se sentiu um midas. Assim como ela tirou Saint-Tropez do anonimato, ela fez o mesmo com Búzios e isso chateou muito ela. Porque Búzios mudou muito depois da permanência dela”, conta José.
A atriz chegou a ganhar o título de cidadã honorária e a Companhia Aldeão deu a ela um terreno em João Fernandes, mas ela nunca buscou nenhum dos dois.
Brigitte Bardot em 1963 e 2001
Jack Guez/AFP e Screen prod./Photononstop/AFP
Turismo impulsionado
Bastou duas visitas de Brigitte para que Búzios entrasse no circuito do turismo nacional e mundial.
José Wilson Barbosa conta que a presença dela fez surgir as primeiras pousadas da cidade, pois diversos jornalistas e fotógrafos foram descobrir onde era o paraíso secreto da francesa.
“A economia da cidade começou a gerar graças a presença da Brigitte Bardot, nesse período de quatro meses que esteve em Búzios”, conta.
Estátua de Brigitte Bardot é um dos principais pontos turísticos de Búzios
Tássia Thum/G1
A visita de Bardot foi tão importante para a cidade que em 1999, foi inaugurado a Orla Bardot e uma estatua da atriz foi colocada no local.
Atualmente, é um dos pontos mais visitados e diariamente diversas pessoas param para tirar foto com a estátua feita pela escultora Christina Motta.
Estátua é alvo das fotos de turistas e moradores.
Divulgação / Ascom Armação de Búzios
“Após as duas visitas de BB [Brigitte Bardot] a península, Búzios nunca mais foi a mesma. Os visitantes atraídos pelos relatos da época, vieram provenientes de vários países entre eles Argentina, Chile, França, Alemanha, Suíça, Espanha e tantos outros. Além de visitarem, se encantaram com e estilo de vida simples e ao mesmo tempo sofisticado dessa linda cidade que ainda então era bem rústica com suas casinhas de pescadores e com belas e selvagens praias”, explica Patrícia.
Ela diz que até hoje, seis décadas após a visita, o turismo ainda é impulsionado por Brigitte Bardot, devido a orla e a estátua em sua homenagem. “Esse fato sempre vai ter importância e relevância para o turismo”, concluí.
Bigitte Bardot
Sergio Quissak/Prefeitura de Búzios

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