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‘Ataque dos cães’ é faroeste silencioso com atuações poderosas e final arrebatador; g1 já viu

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Entre prováveis favoritos ao Oscar, filme de Jane Campion com Benedict Cumberbatch mantém público engajado com mistério e amarra pontas soltas em conclusão excelente. Durante grande parte de suas pouco mais de duas horas de duração, “Ataque dos cães” é um grande mistério. Um faroeste silencioso mais interessado nas nuances de seus personagens e em paisagens de tirar o fôlego, o primeiro filme de Jane Campion (“O piano”) em 12 anos mantém o público engajado e confuso até um final arrebatador.
Além da direção e do roteiro, ambos da cineasta, que se recusam a dar respostas fáceis até o último momento, o elenco de protagonistas encabeçado por Benedict Cumberbatch (“Doutor Estranho”) brilha e ajuda a manter a tensão sempre ao máximo.
Com grandes chances de indicações (e até vitórias) ao Oscar em categorias como melhor filme, direção e ator principal, “Ataque dos cães” estreia nesta quarta-feira (1º) na Netflix, após breve período nos cinemas.
Assista ao trailer de ‘Ataque dos cães’
Malvado pra cachorro
A adaptação do livro lançado por Thomas Savage em 1967 foca no relacionamento delicado de dois irmãos no velho oeste americano. Vaqueiros de uma família rica, eles guiam juntos o gado e até dividem o mesmo quarto em sua mansão, mas são praticamente opostos.
Enquanto o mais novo (Jesse Plemons) é do tipo calado, que não esconde o desconforto com a rotina, o mais velho (Cumberbatch), um cowboy nato, gosta de atenção e lidera o bando. Mas, mais do isso, tem uma crueldade infantil mas perigosa.
É óbvio então que o casamento do caçula com uma viúva (Kirsten Dunst, que forma um casal com Plemons desde 2016) provoca reações profundas na dinâmica do rancho.
Benedict Cumberbatch e Jesse Plemons em cena de ‘Ataque dos cães’
Kirsty Griffin/Netflix
O poder de Cumberbatch
Cumberbatch entrega uma das maiores atuações de sua carreira. Em suas mãos, o personagem transita entre protagonista e antagonista da mesma história de forma admirável.
Com uma perversidade escondida logo abaixo da superfície motivada por lesões pouco exploradas de propósito, ele é a grande força da natureza central no roteiro.
Dunst (“Melancolia”) também faz um excelente trabalho como o alvo de tamanha fúria, e sua transformação gradual causada pelo peso constante do cunhado é tão sutil que lembra o de alguém envenenado aos poucos.
Mas é o filho franzino da viúva, interpretado por Kodi Smit-McPhee (“X-Men: A Fênix Negra”), quem aos poucos assume o papel mais revelador da trama.
Inicialmente caçoado pelo por causa de seu jeito frágil, considerado impróprio para o velho oeste, e consciente do sofrimento da mãe, ele é inevitavelmente atraído pelo magnetismo do novo tio.
Kirsten Dunst em cena de ‘Ataque dos cães’
Kirsty Griffin/Netflix
A aposta de Campion
Com as já famosas belas paisagens da Nova Zelândia servindo como dublê para a região montanhosa do estado americano de Montana dos anos 1920, “Ataque dos cães” certamente deve ser lembrado entre os indicados a melhor fotografia.
Tamanha beleza se encaixa no desinteresse do roteiro de Campion (ganhadora de um Oscar na categoria por “O piano”) por respostas fáceis.
Distraído pelo espetáculo natural e confuso enquanto tenta entender as motivações de cada personagem, o público nem dá tanta atenção quando as explicações começam a ser dadas casualmente.
A estratégia tem um risco gigantesco, já que torna a produção perigosamente maçante na maior parte do tempo e exige uma grande recompensa no desfecho. Por sorte, ele acontece.
Sempre que a conclusão parece previsível, a dualidade com a qual a cineasta costura a relação dos protagonistas e seu aparente desinteresse por esclarecimentos baixa a guarda do espectador – que se torna um alvo fácil para uma resolução avassaladora em sua simplicidade.
“Ataque dos cães” podia ter dado muito errado, mas prova que grandes apostas podem conseguir resultados ainda maiores. Com um elenco maravilhoso e um roteiro silencioso, mas extremamente esperto, Campion prova que só não é mais celebrada por causa dos anos em que ficou afastada dos cinemas.
Se tiver sorte, o público não precisará esperar mais tanto tempo por sua próxima surpresa.
Kodi Smit-McPhee e Benedict Cumberbatch em cena de ‘Ataque dos cães’
Kirsty Griffin/Netflix

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