Festas e Rodeios

Bárbara Eugenia anda pelo lado ímpar na rota minimalista do álbum ‘Crashes n’ crushes’

Published

on

Artista fluminense versa sobre colisões e conexões do amor em disco autoral gravado em Portugal. Capa do álbum ‘Crashes n’ crushes’, de Bárbara Eugenia
Arte de Bárbara Eugenia
Resenha de álbum
Título: Crashes n’ crushes
Artista: Bárbara Eugenia
Edição: Edição independente da artista
Cotação: * * * 1/2
♪ “O amor se acabou / E eu nem vi / Nem te vi / Partir”, reflete Bárbara Eugenia, em tons suaves, no refrão da canção O amor se acabou. Composta pela artista de origem fluminense e vivência paulistana, O amor se acabou foi feita para álbum de músicas inéditas que seria gravado por Wanderléa.
Como a Ternurinha desistiu do disco articulado por Marcus Preto, a música O amor se acabou terminou sendo gravada pela própria Bárbara Eugenia no quinto álbum solo da cantora e compositora, Crashes n’ crushes, lançado sem aviso prévio no último sábado, 4 de dezembro, oito meses após a artista assumir o alter ego de Djane Fonda em série de singles de textura eletrônica.
Na contramão de álbuns anteriores como Tuda (2019) e Frou frou (2015), discos de arranjos mais encorpados, Crashes n’ crushes foi arquitetado com sonoridade mais minimalista e afinada com o tom introspectivo de cancioneiro autoral que versa sobre aquela velha história, o amor.
Crashes n’ crushes – colisões e conexões, em tradução poética do título – é disco gravado em agosto deste ano de 2021 em Portugal, precisamente no estúdio A Loja, situado em Lisboa.
Bárbara Eugenia divide com Bianca Godoi – baterista do já mencionado álbum anterior Tuda – a produção musical calcada na sonoridade de instrumentos menos usuais como celesta (idiofone de percussão em forma de teclado), mandolin e theremin.
Contudo, o violão está presente na arquitetura de seis das onze músicas compostas entre 2012 e 2021 (foi neste ano, por exemplo, que a artista fez Do it anyway). Há também pianos, como o tocado pelo músico português Noiserv em Build a bridge, faixa na qual se ouve ao fim a voz do próprio Noiserv.
Bárbara Eugenia inclui ‘Estrela da noite’, música de Jorge Mautner, no repertório do álbum ‘Crashes n’ crushes’
Debby Gram / Divulgação
Aberto e fechado com duas vinhetas vocais, I don’t love you no more (Bárbara Eugenia, 2021) e Sambinha (Peri Pane e arrudA, 2012), respectivamente, o álbum Crashes n’ crushes se escora nessa sonoridade delicada que harmoniza canções mais ou menos inspiradas.
Da safra autoral bilíngue, composta por músicas em inglês e português, os destaques são Rain oh rain – canção de sotaque country realçado pelo toque slide da guitarra do compositor e músico mineiro Thiakov, parceiro de Bárbara Eugênia na composição – e Favorite music, faixa que evidencia o som do mandolin de Bianca Godoi, recorrente no disco.
Com sonoridade rascante, construída somente com o toque noise e pontiagudo da guitarra de Bárbara Eugenia, a regravação de Estrela da noite (Jorge Mautner, 2012) ilumina outra galáxia musical, mas se conecta pelo minimalismo e pela temática ao universo do álbum Crashes n’ crushes.
Afinal, como reforça a canção Straight from the stars, o disco versa basicamente sobre encontros e desencontros na eterna procura do amor, inclusive o amor próprio.
Assim como Straight from the stars, Ready to love é canção assentada no estúdio sobre o piano e o synth pilotados por Noiserv ao passo que We don’t know devolve a Crashes n’ crushes a atmosfera folk de algumas faixas do início do disco.
Enfim, Crashes n’ crushes é álbum em que, andando pelo lado ímpar da música brasileira do século XXI, Bárbara Eugênia canta a busca de um par, desfiando enredo afetivo comum a tantos outros discos.
Como a artista afirma, ao fazer coro com Bianca Godoi e Noiserv em versos do já citado Sambinha na vinheta final de Crashes n’ crushes, “Nesse mundo, veja bem, / Todo mundo quer alguém”.

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Trending

Copyright © 2017 Zox News Theme. Theme by MVP Themes, powered by WordPress.