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Palavra Cantada analisa ‘Baby Shark’: por que música passou de 10 bilhões de views no YouTube?

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Com repetições e dança engraçada, música sobre família de tubarões se tornou vídeo mais visto da plataforma há dois anos. Dupla hit da música infantil brasileira analisa sucesso. Palavra Cantada reage a Baby Shark
Duas crianças, uma animação bem produzida, uma família tubarão e um ritmo chiclete já tinham conseguido um grande feito: eram a música mais vista no Youtube.
Nesta sexta-feira (14), “Baby shark” quebrou outro recorde: o vídeo da música infantil se tornou o primeiro do YouTube a chegar a 10 bilhões de visualizações.
Gravado em 2016, o hit ganhou fama internacional em janeiro de 2019. Naquele ano, o g1 conversou com o duo Palavra Cantada, hit da música infantil brasileira. Cantando para crianças desde 1994, Sandra Peres e Paulo Tatit, do Palavra Cantada, analisaram a música. Assista ao vídeo acima.
A fórmula deste pop chiclete mirim é simples:
Repetição
Brincadeira com sons
Repetição de sílabas
Ritmo de fácil memorização
Dancinha engraçada
Crianças fofas
É quase como qualquer outra música infantil, mas com números impressionantes. Já foi adaptada mais de 100 vezes, para diversos estilos e idiomas (incluindo português); ganhou o desafio #babysharkchallenge; e conquistou – ou enlouqueceu – pessoas de todas as idades.
Por que ‘Baby shark’ é tão hipnótica?
Cena de ‘Baby Shark’
Reprodução
“É meio irresistível ver criança se expressando. Tem essa coisa graciosa no jeito de falar, o jeito de dançar”, explica o músico. A dança inocente com os bracinhos ajuda a criar o fenômeno.
Ela não muda a melodia nem o ciclo rítmico, explicam os músicos. “Baby Shark” tem os mesmos acordes sempre: sol e lá menor.
A simplicidade alavanca o sucesso. A comunicação simples facilita a compreensão e a reprodução, colando de maneira natural na cabeça.
A incorporação dos personagens conforme a alteração de tonalidade da voz dá dinamismo e cria uma história. Isso torna a canção mais atrativa do que se cantada em um único tom.
E, claro, a repetição, rainha das músicas chicletes. “A criança aprende uma vez e só vai trocando os nomes. Acaba grudando”, avalia Sandra.
“Atirei o Pau no gato” já usava esses recursos. “Por que as crianças gostam? Não é porque vão matar os gatos, mas porque podem repetir as últimas sílabas e é um desafio”, explica Sandra.
Como criar um hit infantil?
O duo Palavra Cantada faz carnaval antecipado para crianças no Rio e em SP
Daryan Dormelles/Divulgação
Para criar uma música chiclete é preciso não pensar muito no fator grudento dela, garante o duo: “Nós não compomos pensando nisso, mas têm coisas que sabemos que funcionam”.
1,2, 3, 4… Reparou como rola esse tipo de progressão nos hits das crianças? “Como elas vão acertar a contagem, gera encantamento e expectativa”, diz Sandra. Jogos de palavras e rimas também funcionam.
“É legal sempre ter um elemento da fala que a criança e a família vão levar para a casa. Ela pode não lembrar nada da música, mas vai se lembrar desse pedacinho e levá-la como companhia.”
Além da letra, arranjos dinâmicos e instrumentos variados despertam a atenção. Misturar instrumentos mais “alegres” como pandeiros com a “tristeza” de violinos e oboés educam o ouvido da criança, dizem eles.
Existe música certa para criança?
Existe música de criança?
No fim de 2018, Anitta lançou o “Clube da Anittinha” de olho nos fãzinhos. MC Bruninho, Enzo Rabelo e Ruanzinho cantam funk e sofrência com uma abordagem do amor inocente da infância. Os pequenos consomem muita música, mas existe a certa para eles?
“Certa não sei, mas existe muita errada”, brinca Tatit. “A música é um mantra, ela sempre vai ser repetida. Então a criança vai repetir frases que não são do universo dela, se nutrindo desses elementos.”
Anitta e os personagens do desenho ‘Clube da Anittinha’
Divulgação
Mas música para criança não se resume a educação. Ensinar a contar, a soletrar, mostrar animais e falar sobre respeito estão nas letras infantis, mas não são o único caminho.
“A Palavra Cantada tem muitos elogios por causa da letra, por ser uma música inteligente. Têm músicas com letras bem sacadas, mas não são todas, têm brincadeiras também”, explica Tatit.
Tratar a criança como um ser complexo é fundamental para criar uma música que dialogue com elas. “A gente sempre encarou a criança como um ser que tem amor, medo, angústia, alegria, mas o mundo a encarava como um ser alegre e saltitante o tempo todo. Se você tem criança em casa, sabe que não é assim”, resume Tatit.

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