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‘Mães paralelas’ mistura maternidade e questões políticas com sensibilidade; g1 já viu

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Novo filme de Pedro Almodóvar marca sua sétima parceria com Penélope Cruz. Cineasta resgata episódio histórico ocorrido durante a Guerra Civil Espanhola, na década de 1930 O mais incrível sobre o cineasta espanhol Pedro Almodóvar é o fato de que, mesmo realizando diversas obras cujo principal tema tem se repetido há alguns anos (no caso, a maternidade), ele sempre encontra variações que nunca demonstram cansaço e obtém o objetivo de emocionar o público.
Em seu mais recente trabalho, “Mães paralelas”, ele insere um novo elemento, relacionado a eventos históricos e políticos na Espanha, que se interliga com o assunto principal de maneira criativa e contundente. O filme estreou nos cinemas nesta quinta-feira (3) e chega à Netflix no dia 18.
Assista ao trailer legendado do filme “Mães Paralelas”
A trama é centrada na fotógrafa Janis (Penélope Cruz). Ela que pede ao arqueólogo Arturo (Israel Elejalde) que consiga encontrar os restos mortais de familiares assassinados pela Falange Espanhola, grupo de inspiração fascista que atuou durante a Guerra Civil ocorrida na década de 1930. Os dois acabam se envolvendo, mas o caso termina quando Janis se descobre grávida.
Apesar de ficar sozinha, a fotógrafa se anima com a gravidez e leva a gestação até o fim. Quando está prestes a dar a luz, ela conhece a jovem Ana (Milena Smit), com quem compartilha o quarto no hospital e também engravidou por acidente. Ao contrário de Janis, Ana não está tão contente por ser mãe, ainda mais com os conflitos que tem com a própria, Teresa (Aitana Sánchez-Gijón), uma veterana atriz de teatro.
Mesmo com os sentimentos contraditórios em relação à maternidade, Janis e Ana se tornam grandes amigas e, com o passar do tempo, confidentes em relação aos seus conflitos pessoais. Mas inesperadas reviravoltas surgem para mudar a vida dessas duas mulheres de uma maneira que elas jamais imaginariam.
Penélope Cruz e Milena Smit numa cena de “Mães Paralelas”
Divulgação
Amor de mãe
A ideia de fazer “Mães paralelas” não é recente. Almodóvar, que além de dirigir assina o roteiro, tinha a intenção de realizar esse filme há mais de uma década. Tanto que criou um pôster que aparece em uma cena de “Abraços partidos”, de 2009, também estrelado por Penélope Cruz.
O tempo foi crucial para que o cineasta aprimorasse seu texto e entregasse uma obra sublime em vários aspectos, seja na direção, na fotografia, trilha sonora (mais uma vez assinada pelo parceiro de longa data, Alberto Iglesias) ou no elenco. Mas o que mais chama a atenção foi a maneira que o espanhol escolheu para misturar dois assuntos complexos numa mesma história e conseguir torná-los igualmente tocantes.
Ana (Milena Smit) não se dá muito bem com a mãe, Teresa (Aitana Sánchez-Gijón) em “Mães paralelas”
Divulgação
Na questão da maternidade, “Mães paralelas” comove por mostrar as transformações sentidas por Janis, que inicialmente se apresenta como uma mulher extrovertida e bem resolvida com a vida que escolheu e que, com a gravidez, percebe também possuir um grande sentimento materno pela filha Cecília.
Ao conhecer Ana, Janis acaba passando para a jovem parte desse amor e faz com que ela tenha uma visão mais positiva de sua condição e até possa se tornar uma mãe melhor, apesar da pouca idade.
Assim, Almodóvar faz com que o público (principalmente o feminino) tenha uma boa identificação com os conflitos das protagonistas, um dos maiores méritos do cineasta.
‘Madres Paralelas’, novo filme de Pedro Almodóvar com Penélope Cruz
Divulgação
Memória viva
A outra questão que Almodóvar levanta em “Mães Paralelas” está no resgate da perseguição e morte de pessoas pela Falange Espanhola, um episódio triste e doloroso que não é muito divulgado. Através do desejo de Janis de resgatar os restos mortais de seus familiares, o filme discute aspectos sobre memória, legado e aprendizado.
Pode parecer até estranho um filme misturar dois assuntos tão distintos. Mas o diretor prova que é realmente um realizador diferenciado e não perde o foco em lidar com uma proposta tão complexa. Algo que talvez não ficasse tão impactante nas mãos de outro cineasta, que também não saberia tratar as reviravoltas da história com o cuidado e delicadeza necessárias para o filme.
Janis (Penélope Cruz) e Ana (Milena Smit) acabam unidas pelo destino em “Mães paralelas”
Divulgação
Em sua sétima colaboração com Almodóvar, Penélope Cruz entrega mais uma grande atuação em sua carreira como Janis. A atriz trabalha bem as camadas de sua personagem, além de criar uma ótima sintonia com a co-estrela Milena Smit, também excelente.
No elenco, vale destacar a participação de atrizes que se notabilizaram em trabalhos anteriores do diretor, como Julieta Serrano (“Dor e Glória”) e Rossy de Palma (“Mulheres à beira de um ataque de nervos”), que não atuava em um filme do diretor desde “Julieta”, de 2016.
Exibido na abertura do Festival do Rio de 2021 e com grandes chances de ser lembrado nas principais premiações do cinema, “Mães Paralelas” é uma obra terna, sensível e impactante. Como os melhores trabalhos de Pedro Almodóvar são capazes de oferecer.

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