Festas e Rodeios

Arnaldo Jabor deixa filme inédito ‘Meu último desejo’, baseado em conto de Rubem Fonseca

Published

on

Longa-metragem foi filmado em São Paulo, com roteiro baseado em ‘O Livro dos Panegíricos’, e tem Michel Melamed no elenco Imagem de divulgação de ‘Meu último desejo’, último filme de Arnaldo Jabor
Divulgação / Aurora Filmes
O cineasta e jornalista Arnaldo Jabor, que morreu nesta terça-feira (15) em decorrência de sequelas de um AVC, deixou um filme inédito. “Meu Último Desejo” é baseado no conto “O Livro dos Panegíricos”, de Rubem Fonseca.
A obra tem em seu elenco Michel Melamed, que prestou sua homenagem a Jabor em uma postagem no Instagram. Ele disse que teve “a honra de participar do último filme de Jabor, ainda inédito”.
Não há data de estreia divulgada.
Initial plugin text
O longa-metragem, produzido pela Aurora Filmes e coproduzido pela Globo Filmes, conta a história de Doutor, um ex-político famoso que agora passa os dias sozinho, em uma cadeira de rodas, e rodeado por lembranças do passado obscuro.
Vive com ele Lu, sua enfermeira, que sonha em ser atriz, e José, outro cuidador, de passado misterioso, que acabou de ser contratado. O trio mora em um apartamento antigo e sofisticado. Atormentado, Doutor planeja delatar antigos colegas políticos, envolvidos em um esquema de corrupção, que planejam a sua morte.
Enquanto isso, os laços entre os três personagens se estreitam, revelando segredos, frustrações e amores impossíveis.
Arnaldo Jabor foi um roteirista e diretor apaixonado por cinema. Em uma extensa carreira dedicada ao cinema, ele dirigiu sete longas, dois curtas e dois documentários. Também era cronista e jornalista.
Trajetória no cinema
Formado no ambiente do Cinema Novo, Jabor participou da segunda fase do movimento, um dos maiores do país, conhecido por retratar questões políticas e sociais do Brasil inspirado no neorrealismo italiano e na nouvelle vague francesa.
Arnaldo Jabor: veja trechos de filmes do cineasta
Mesmo antes de se tornar um premiado diretor e roteirista, já mostrava paixão pela sétima arte. Foi também técnico sonoro, assistente de direção e crítico de cinema. Ele se formou pelo curso de cinema do Itamaraty-Unesco em 1964.
LEIA TAMBÉM
ENTENDA: O que é o AVC, que levou à morte de Arnaldo Jabor
PLAYLIST: Reveja comentários de Jabor no Jornal da Globo
Com texto afiado, Jabor fez colunas críticas a vários governos
Em 1967, produziu o documentário “Opinião Pública”, seu primeiro longa metragem e uma espécie de mosaico sobre como o brasileiro olha sua própria realidade.
O primeiro longa de ficção que Jabor produziu, roteirizou e dirigiu foi “Pindorama”, em 1970. Ele tinha um excesso de barroquismo e de radicalismo contra o cinema clássico. No ano seguinte, foi indicado à Palma de Ouro, o maior prêmio do festival de Cannes, na França.
Arnaldo Jabor em entrevista a Serginho Groisman, no programa ‘Altas Horas’, em 2003
Acervo Grupo Globo
A partir daí, sucessos de bilheterias e obras premiadas marcaram a carreira do cineasta. Três anos mais tarde, fez um dos grandes sucessos de bilheteria do cinema brasileiro: “Toda Nudez Será Castigada”, uma adaptação da peça homônima de Nelson Rodrigues. Por ele, Jabor venceu o Urso de Prata no Festival de Berlim em 1973.
FOTOS: Reveja a carreira de Arnaldo Jabor em imagens
VÍDEO: Assista a trechos dos filmes do Jabor cineasta
O filme tem críticas à hipocrisia da moral burguesa e de seus costumes. É a história do envolvimento da prostituta Geni, interpretada pela atriz Darlene Glória, com o viúvo Herculano, personagem de Paulo Porto. O papel deu a Darlene o prêmio Kikito de Melhor Atriz no Festival de Gramado. O filme também ganhou um troféu no evento.
Nelson Rodrigues seguiu inspirando Jabor. O filme “O Casamento” (1975) foi adaptado de um romance do escritor e faz uma crítica comportamental da sociedade. Ele premiou a atriz Camila Amado com o Kikito de Melhor Atriz Coadjuvante e o Prêmio Especial do Júri no Festival de Gramado.
Outro sucesso do roteirista e diretor foi “Tudo Bem” (1978), o início de sua “Trilogia do Apartamento”. O filme investiga, num tom de forte sátira e ironia, as contradições da sociedade brasileira que já vivia o fracasso do milagre econômico.
Os protagonistas são Fernanda Montenegro e Paulo Gracindo. Em atuações consideradas primorosas, eles gravaram em um apartamento de classe média da época. O filme tem um elenco coadjuvante estelar, com Zezé Mota, Stênio Garcia, Fernando Torres, José Dumont, Regina Casé e Luiz Fernando Guimarães, entre outros.
“Tudo Bem” venceu o prêmio de Melhor Filme no Festival de Brasília e deu a Paulo César Peréio o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante na competição. O longa também foi selecionado para ser exibido no Festival de Berlim e na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes.
Em 1981, Jabor escreveu e dirigiu o premiado “Eu te amo”, que consagrou Paulo César Pereio e Sônia Braga no cinema brasileiro. O Industrial falido pelo milagre dos anos 70 conhece uma mulher e a convida para sua casa, onde vivem um intenso romance em meio às crises existenciais. A produção era de Walter Clark e a fotografia, de Murilo Salles.
Cinco ano depois, voltou com outro sucesso de bilheteria e crítica. “Eu Sei que Vou Te Amar”, de 1986, conta a história de um casal em crise, interpretado pelos jovens Fernanda Torres e Thales Pan Chacon. Foi mais um sucesso do cineasta gravado entre quatro paredes em uma casa projetada por Oscar Niemeyer, e deu o prêmio de melhor atriz para Fernanda Torres no Festival de Cannes.
O cineasta, escritor, crítico e colunista Arnaldo Jabor posa para foto durante entrevista em São Paulo, em março de 1995
Milton Michida/Estadão Conteúdo/Arquivo

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Trending

Copyright © 2017 Zox News Theme. Theme by MVP Themes, powered by WordPress.