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‘Licorice pizza’ não vai ganhar o Oscar de melhor filme e o azar é do Oscar; g1 já viu

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Filme sobre paixão adolescente é o mais leve e acessível da obra de Paul Thomas Anderson, um dos melhores cineastas de sua geração, mas tem poucas chances de vencer na categoria principal. Entre todos os indicados ao Oscar 2022 de melhor filme já lançados no Brasil, “Licorice pizza” só não é melhor – objetivamente – que “Ataque dos cães”. Mesmo assim, a premiação ganharia muito mais ao escolher a produção dirigida por Paul Thomas Anderson (“Trama fantasma”), que chega aos cinemas nesta quinta-feira (17).
Primeiro, e mais importante, pois se trata da história mais leve, pop e acessível entre aquelas criadas por um dos melhores cineastas de todos os tempos – PTA nunca errou, mas sua obra flutua mais entre absurdos cômicos densos (“Magnólia”) e dramas carregados (“Sangue Negro”).
Segundo pois ajudaria a reparar o grave erro da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pelo Oscar, ao esquecer das merecidas indicações aos dois protagonistas, Cooper Hoffman (filho de Philip Seymour Hoffman) e Alana Haim (do trio de irmãs cantoras Haim).
Em sua estreia em longas-metragens, a jovem dupla forma um dos casais mais adoráveis dos últimos anos e, com um carisma sem tamanho, deve deixar o público com rosto dolorido após sorrir ao longo das duas horas e 13 minutos de duração do filme.
Assista ao Trailer de “Licorice Pizza”
Insegurança sedutora
Com roteiro assinado pelo diretor, “Licorice pizza” é daqueles filmes quase sem enredo, mais interessado nos personagens e em suas relações do que em grandes desenvolvimentos dramáticos.
A ideia pode até surpreender quem acompanha a carreira do cineasta, indicado outras vezes ao Oscar por cinco filmes diferentes.
Esqueça as obsessões dos personagens marcantes de Daniel Day-Lewis ou as tramas interligadas de “Magnólia” (1999) ou “Boogie Nights” (1997).
Dessa vez, PTA quer apenas mostrar uma fotografia colorida de uma paixão naquela época em que tudo parece possível e perdido ao mesmo tempo.
Passada nos arredores da Hollywood dos anos 1970, a história acompanha a relação de um garoto de 15 anos – a mistura perfeita entre adolescente empreendedor inventivo com trambiqueiro malandro – e uma jovem dez anos mais velha e um tanto perdida na vida.
Falando assim, dá para entender quem achar que ele é centro do enredo, mas é Alana (por acaso, a cantora empresta o nome à personagem, assim como suas irmãs, que interpretam, você adivinhou, as irmãs da protagonista) quem carrega a trama.
Bradley Cooper, Cooper Hoffman e Alana Haim em cena de ‘Licorice pizza’
Divulgação
Sempre em busca de seu próximo negócio, com graus variados de sucesso (ele vai de ator mirim a dono de uma loja de colchões de água), o garoto tem pouco tempo para incertezas.
Tamanha confiança, o principal motivo para manter a moça ao redor de alguém tão mais novo, também afasta um pouco o olhar do diretor/roteirista e até do público, ironicamente.
Nas mãos de PTA, as inseguranças de Alana, em contraste com seu magnetismo, dão ao filme seu grande charme.
Acompanhar as idas e vindas da dupla, com todas as suas apostas, prepotências e enganos semi-inocentes é um prazer quase inexplicável, que deve aquecer até os corações mais duros com sentimentos de nostalgia – nos quais ter vivido nos anos 1970 é mero detalhe.
Seann Penn e Alana Haim em cena de ‘Licorice pizza’
Divulgação
Chances pelo Oscar
Aos 18 anos, Hoffman mostra que herdou o carisma sem limites do pai, que morreu em 2014. Sem ele, o jovem Gary facilmente soaria arrogante ou até forçado, mas graças ao ator se torna alguém real.
Uma indicação ao Oscar não seria um absurdo, mas dá para entender sua ausência com tantos atores de primeiro escalão na categoria.
Por outro lado, entre as atrizes a disputa também é intensa, com nomes como Olivia Colman e Nicole Kidman, mas Alana merecia demais estar ali – muito mais do que a “esnobada” Lady Gaga.
Em um ano sem tantas grandes produções brigando pelos prêmios principais, “Licorice pizza” poderia sonhar com mais do que suas três indicações (filme, direção e roteiro original).
Infelizmente, quando a cerimônia terminar, são grandes as chances de que PTA saia mais uma vez de mãos abanando. Azar do Oscar. Um dos maiores cineastas de sua geração há muito não precisa desse tipo de aprovação.

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