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Estudo da UFMG contradiz Bolsonaro sobre exploração de potássio em terras indígenas para fertilizantes

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O presidente disse que a saída está sob as aldeias da bacia do Amazonas. Já pesquisadores afirmam que só 11% das jazidas da região estão nestes territórios; importação de fertilizantes da Ucrânia e Rússia foi prejudicada pela guerra entre países. País importa 85% dos fertilizantes que utiliza e Rússia responde por 23% das importações. Potássio é o que mais preocupa e ‘certamente vai haver desabastecimento mundial’ desse nutriente, dizem analistas
Getty Images/BBC
Um estudo feito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostra que, ao contrário do divulgado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), as jazidas de potássio – elemento utilizado na fabricação de fertilizantes – localizadas em terras indígenas, representam 11% do total da Bacia da Amazônia. A pesquisa foi baseada em dados do próprio governo, como Agência Nacional de Mineração (ANM) e o Serviço Geológico Brasileiro (CPRM).
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Nesta segunda-feira (7), o presidente defendeu a aprovação do projeto de lei que regulamenta mineração em terras indígenas, enviado há dois anos pelo governo ao Congresso Nacional.
Segundo Bolsonaro, a aprovação do projeto poderá liberar a exploração de potássio, usado em fertilizantes no agronegócio, na região da foz do Rio Madeira. Como, o Brasil importa fertilizantes da Rússia, há o risco de falta do produto e de alta do preço dos combustíveis. O país europeu está em guerra com a vizinha Ucrânia
“Com essa crise internacional, dada a guerra, o Congresso sinalizou em votar esse projeto em regime de urgência. Eu espero que seja aprovado na Câmara agora em março para que, daqui a dois ou três anos, possamos dizer que não somos mais dependentes de importação de potássio para o nosso agronegócio”, disse Bolsonaro.
Porém, o estudo da UFMG mostra que não é bem assim.
“Se a gente considerar toda a área provável de haver reservas de potássio, que engloba possíveis depósitos e depósitos prospectáveis pelo CPRM e pela PETROMISA, apenas 11% dos 13,7 milhões de hectares são de territórios indígenas”, disse o pesquisador Bruno Manzolli.
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UFMG/Divulgação
A pesquisa mostrou também que as reservas de potássio que existem no Brasil podem sustentar o país até 2100. Se levar em conta as jazidas fora da Amazônia Legal, a autonomia chega a 2089.
O estudo mostra que Minas Gerais, Sergipe e São Paulo têm juntos reservas na ordem de 894,8 toneladas. Estima-se que na região de Nova Olinda do Norte e Itacoatiara, este número não passa dos 255 milhões de toneladas.
“Os dados mostram que há reservas em outros locais do país, além das terras indígenas. Não seria a única saída, como alegou o presidente”, disse Manzolli.
Nos depósitos Fazendinha, Arari e Autazes, que foram o foco do estudo, e que apresentam reservas prospectáveis, dos 83 mil hectares, apenas 9% é localizado em terras indígenas.
O município de Autazes, no interior do Amazonas, foi reconhecido pelo Ministério da Agricultura por ter potencial para ajudar a suprir a necessidade do Brasil em produção de fertilizantes. A cidade fará parte de um plano nacional que tem a intenção de tornar o país menos dependente do produto produzido em outros países.
De acordo com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, Autazes possui uma mega jazida de potássio, principal insumo para a produção de fertilizantes. Para o Governo Federal, a exploração seria suficiente para suprir 25% de toda a necessidade brasileira.
O g1 entrou em contato com o Palácio do planalto sobre o estudo da UFMG e aguarda retorno.
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