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Martinho da Vila insere poesia e encontro de religiões em álbum: ‘Pensei em juntar todo mundo’

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‘Mistura Homogênea’ reúne filhos, netos, Teresa Cristina, Djonga, Zeca Pagodinho e líderes religiosos. Ao g1, sambista de 84 anos diz que é ‘diferente para chuchu’ sair na Vila Isabel como tema. Martinho da Vila lança ‘Mistura Homogênea’, álbum em que canta com Teresa Cristina, Djonga, Xande de Pilares e Zeca Pagodinho
Divulgação/Albert Andrade
Toda noite Martinho da Vila pega um livro de poesia, de conto ou de crônicas que tem na mesa de cabeceira e lê um pouco antes de dormir. Ele gosta das histórias curtas para não desviar muito o sono.
O contato tão próximo com a poesia é um dos pilares de “Mistura Homogênea”, álbum recém-lançado do sambista de 84 anos.
Da leitura noturna, ele criou músicas a partir poemas do mineiro Geraldo Carneiro e do maranhense Salgado Maranhão. São elas: “Sim, Senhora” e “Canção de Ninar”.
Em “Dois Amores”, ele canta sobre como a paixão pela poesia se divide com a música em sua vida. A faixa com participação e poema inédito da escritora moçambicana Paulina Chiziane, autora de “Niketche: uma história de poligamia”, virou umas das preferidas do compositor.
“Tem hora que o amor pende mais para uma, em outros momentos é da outra… Fiz isso aí como um versinho, depois que resolvi musicar. São amores abstratos”, explica ao g1.
Outro pilar do álbum é a religião, presente em faixas como “Zuela de Oxum” e “Oração Alegre”. Esta última tem ares de encontro ecumênico com as participações do pastor Henrique Vieira, do rabino Nilton Bonder e do líder muçulmano César Kaab Abdul.
O encontro de religiões é, em alguma medida, comum na numerosa família Ferreira e nos encontros de fim de ano quando a turma toda se reúne.
“A gente canta de tudo, os evangélicos puxam os cantos deles, a gente puxa o ponto de umbanda, canta um samba. Fica tudo misturado, é legal”.
“Tenho ideia de um dia fazer um encontro ecumênico, com lideranças de todas as regiões principais praticadas no Brasil. Fiz, na música, como se estivesse acontecendo, como se estivesse todo mundo misturado”.
Martinho da Vila e Teresa Cristina
Divulgação
A ideia surgiu a partir de “Unidos e Misturados”, música que lançou como single com a participação de Teresa Cristina. Com o tema definido, Martinho seguiu escrevendo as outras músicas durante a pandemia.
“Pensei logo em juntar todo mundo, entendeu? Coisas diferentes, sons diferentes, arranjos diferentes”, conta. Ele acompanhou o trabalho de produção à distância.
No fundo, apesar de defender a tal mistura, “Era de Aquarius” é uma das poucas faixas em que o tema se justifica musicalmente: um samba com participação de Djonga.
A sugestão do rapper mineiro veio atrás do neto Guido. “Eu não conhecia o Djonga, fui ver uns vídeos dele e gostei bastante”.
Xande de Pilares, Zeca Pagodinho, Hamilton de Holanda e Carlinhos Brown também participam do álbum, além dos filhos Tunico e Alegria Ferreira.
Enredo da Vila Isabel
Martinho da Vila desfila na Sapucaí pela Unidos de Vila Isabel
Alexandre Durão/G1
São muitos carnavais inesquecíveis para Martinho da Vila, mas entrar na Sapucaí em abril vai ser um dos mais emocionantes. Ele vai ser homenageado no enredo da Unidos de Vila Isabel, sua escola do coração.
Ainda não estamos na véspera do Carnaval, mas Martinho já fala emocionado sobre o desfile. Emocionado e, de certa forma, tímido.
“Eu preferia assistir de camarote, só ver a homenagem e falar ‘pô, esse cara é legal”, diz, envergonhado com o fato de ser o centro das atenções. “Vai acontecer comigo na avenida, vou estar lá no meio da homenagem”.
Ele diz que ainda não sabe onde vai desfilar, se em um carro alegórico, se no meio da escola, só garante que a emoção é diferente neste ano.
“Caramba, é diferente para ‘chuchu’ ser enredo. Estou acostumado a criar e a fazer samba enredo, e não ser o enredo, mas é uma honraria, ainda mais na minha escola”.
O carnaval se conecta com o álbum já que é o samba “Canta, Canta, Minha gente! A Vila é de Martinho” que encerra o novo trabalho. Ao lado de filhos e netos, Martinho antecipa a justa homenagem que receberá na avenida.
Martinho da Vila será homenageado pela escola de samba Vila Isabel no carnaval 2022

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