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‘Drive my car’ leva Japão à disputa pelo Oscar de melhor filme com olhar sensível sobre luto; g1 já viu

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Narrativa conta com naturalidade história sobre aceitação e perdão. Com belas imagens e atuações, faz com que as três horas de duração pareçam bem menos e se afasta de qualquer previsibilidade. Nenhum filme deveria ter três horas de duração. Mas, se extremamente necessário for, que seja igual a “Drive my car”.
Com um olhar sensível sobre luto, perdão, aceitação e culpa, a produção consegue a indicação inédita para o Japão na categoria principal do Oscar enquanto faz com que sua longa duração não pareça mais do que as duas horas padrão.
Ganhadora de três prêmios no Festival de Cannes, a história baseada em conto do escritor Murakami Haruki estreia nesta quinta-feira (17) nos cinemas brasileiros.
O filme até tem poucas chances de realmente repetir o fenômeno de “Parasita” (2019) e levar a estatueta da Academia, mas não seria exagero afirmar que até que merecia.
Com uma trama sem pressa ou grandes surpresas, consegue manter o público envolvido e sem saber o que vai acontecer. É, sem dúvidas, um dos melhores de 2021.
Veja o trailer de ‘Drive my car’
Tensão invisível
“Drive my car” acompanha a vida de um ator e diretor de teatro veterano (Nishijima Hidetoshi) que ainda tenta superar as infidelidades de sua mulher poucos anos após se tornar viúvo.
Enquanto monta uma peça em diversos idiomas durante um festival, ele tem a oportunidade de confrontar a antiga relação e formar novas, como a com a jovem motorista de seu precioso carro antigo.
A premissa é tão simples que é até difícil justificar as três horas, porém, com o tempo, tudo encontra seu lugar.
Primeiro porque o diretor Hamaguchi Ryusuke constrói um ritmo tão natural que sua falta de pressa, inicialmente um pouco lenta demais, logo se confunde com a da própria vida real.
Nishijima Hidetoshi e Miura Toko em cena de ‘Drive my car’
Divulgação
Depois porque a aparente falta de tensão é superada principalmente pela imprevisibilidade do roteiro, que segura a atenção de um público ávido por entender para onde vai essa história sem história, e pelas atuações furiosamente contidas dos protagonistas, Nishijima e Miura Toko – ambos muito japoneses e muito universais, tudo ao mesmo tempo.
E se faltam grandes reviravoltas no enredo, sobram surpresas emocionais, como a cena em que uma das jovens estrelas da peça, a quem o público a essa altura tem motivo nenhum para gostar, entrega toda a humanidade escondida atrás de sua sutil arrogância.
Três horas podem parecer muito. A maioria dos filmes que se aventura por tamanha duração parece nem saber direito o que fazer com ela, o que faz com que invariavelmente tenham longos momentos arrastados (né, “Batman”?).
“Drive my car” toma o caminho oposto e, mesmo com uma narrativa que nunca passa da terceira marcha, entrega o suficiente para no mínimo o dobro do tempo – tudo borbulhando ali, logo abaixo da superfície.
Okada Masaki e Nishijima Hidetoshi em cena de ‘Drive my car’
Divulgação

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