Festas e Rodeios

Duda Brack vai de BaianaSystem a Pabllo Vittar no recorte afiado do show ‘Caco de vidro’

Published

on

Artista reina na cena turbinada com a presença de Ney Matogrosso na estreia no Rio de Janeiro. Duda Brack se coroa no palco do Teatro Prudential ao cantar ‘Macho rey’
Kontraluz / Divulgação Produção Duda Brack
Resenha de show
Título: Caco de vidro
Artista: Duda Brack
Local: Teatro Prudential (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 13 de março de 2022
Cotação: * * * * 1/2
♪ Duda Brack conseguiu manter no show Caco de vidro o tom incisivo do álbum homônimo lançado em 4 de novembro. A cantora se mostrou tão dona da cena ao mostrar Caco de vidro no palco do Teatro Prudential na noite de domingo, 13 de março, que teria capturado toda a atenção do público mesmo sem a luminosa intervenção de Ney Matogrosso na estreia do show na cidade do Rio de Janeiro (RJ).
Chamariz da estreia carioca de Caco de vidro, a presença de Ney se justificou pelo fato de, no disco, o cantor ter posto a voz metálica em Ouro lata (Duda Brack, 2021), música que perfila Brasil jeca urbanoide entalado no funil da desigualdade e que, no show, se afinou com A cara do Brasil (Celso Viáfora e Vicente Barreto, 1998), música do repertório de Ney revivida em dueto com Duda após a entrada triunfal do cantor para jorrar a poesia de Sangue latino (João Ricardo e Paulo Mendonça, 1973) em número solo.
Na costura fina do roteiro, Sangue latino pulsou após Duda dar voz à canção cubana Sueño con serpientes (Silvio Rodríguez, 1975) em link afiado com o universo latino-americano.
Cantora de tons abrasivos, distante do registro cool dominante na geração de intérpretes da qual faz parte, Duda Brack também justificou em cena a coroa que pôs na própria cabeça – em adereço que remete ao figurino usado por Marisa Monte no show Portas (2022) – no canto de Macho rey (Ian Ramil e Juliana Cortes, 2020) em número revestido de teatralidade e feito fora do palco, no mezanino do teatro.
Entre ruídos e climas provocados pela sonoridade noise construída pelo guitarrista Gabriel Ventura e pelo baterista Barbosa, além de orquestra de sons sintetizados, Duda Brack já mostrou a que veio na primeira música do roteiro, Esmigalhado (Sandro Dornelles, 2016), tema (in)tenso ao qual se seguiu Saída obrigatória (Duda Brack e Chico Chico, 2021), retrato cotidiano da aglomeração humana no centro da selva das cidades – flash disparado pela artista no show com citação de Lágrimas de oro (1998), música em espanhol do repertório do cantor francês Manu Chao.
Como o álbum que lhe norteia, o show Caco de vidro resultou denso, politizado, o que favoreceu a inclusão no roteiro de Lucro (Descomprimindo) (Mintchum Garrammone e Russo Passapusso, 2016), tema da banda BaianaSystem, presente no disco.
Traduzida pela escolha do repertório, a postura assertiva da artista alicerçou A casa não cairá (Caio Prado, 2015), música do primeiro álbum da cantora, É (2015), posta de pé com citação de Feeling good (Anthony Newley e Leslie Bricusse), canção popularizada em 1965 pela cantora Nina Simone (1933 – 2003). Disco urgente e noise, lançado há sete anos, É tem repertório afim e igualmente incisivo, do qual Duda também rebobinou Vaza (Taís Feijão, 2014) no bis do show Caco de vidro.
Na lâmina abrasiva do show, cuja fluência foi prejudicada somente por breves interrupções, Duda desferiu Contragolpe (Duda Brack e Gui Fleming, 2020) com a mesma altivez e precisão com que concretizou a poesia de Tu (André Varga e Júlia Vargas, 2018), enquadrou o macho lixo em Toma essa (Bruna Caram, 2020) e mandou Carta aberta (Duda Brack, 2021) no tom recitativo do disco.
No bis, Duda se juntou novamente com Ney Matogrosso para cantar Interesse (Pedro Luís e Suely Mesquita, 1999) – música que Ney gravou em 2004 em álbum com Pedro Luís e a Parede e que Duda já cantava em 2015 no show do álbum É – após surpreender com a abordagem de Triste com T (Arthur Marques, Rodrigo Gorky, Maffalda, Pablo Bispo e Zebu, 2021), música gravada por Pabllo Vittar em tributo às bandas de forró eletrônico com refrão que surtiu ótimo efeito no show.
De BaianaSystem a Pabllo Vittar, passando por Nina Simone, Duda Brack reinou na cena armada em Caco de vidro, destronando o macho rey para empossar a ideologia feminista e política do show.
Duda Brack cita sucesso de Manu Chao no roteiro do show ‘Caco de vidro’
Kontraluz / Divulgação Produção Duda Brack
♪ Eis o roteiro seguido em 13 de março de 2022 por Duda Brack na estreia do show Caco de vidro no Teatro Prudential, na cidade do Rio de Janeiro (RJ):
1. Esmigalhado (Sandro Dornelles, 2016)
2. Saída obrigatória (Duda Brack e Chico Chico, 2021) /
Lágrima de oro (Manu Chao, 1998)
3. Lucro (Descomprimindo) (Mintchum Garrammone e Russo Passapusso, 2016)
4. Tu (André Varga e Júlia Vargas, 2018)
5. Carta aberta (Duda Brack, 2021)
6. Man (Alzira E e Itamar Assumpção, 1991)
7. A casa não cairá (Caio Prado, 2015) /
Feeling good (Anthony Newley e Leslie Bricusse, 1964)
8. Caco de vidro (André Vargas, 2021)
9. Contragolpe (Duda Brack e Gui Fleming, 2020)
10. Sueño con serpientes (Silvio Rodríguez, 1975)
11. Sangue latino (João Ricardo e Paulo Mendonça, 1973) – solo de Ney Matogrosso
12. A cara do Brasil (Celso Viáfora e Vicente Barreto, 1998) – com Ney Matogrosso
13. Ouro lata (Duda Brack, 2021) – com Ney Matogrosso
14. Macho rey (Ian Ramil e Juliana Cortes, 2020)
15. Toma essa (Bruna Caram, 2020)
Bis:
16. Vaza (Taís Feijão, 2014)
17. Triste com T (Arthur Marques, Rodrigo Gorky, Maffalda, Pablo Bispo e Zebu, 2021)
18. Interesse (Pedro Luís e Suely Mesquita, 1999) – com Ney Matogrosso

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Trending

Copyright © 2017 Zox News Theme. Theme by MVP Themes, powered by WordPress.