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‘Red’, o novo filme da Pixar que rompe tabu da menstruação: ‘Todas temos, vamos celebrar isso’

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O desenho, que acaba de estrear na plataforma de streaming Disney Plus, aborda de forma delicada a chegada da puberdade, tema que não surge com frequência em filmes de família. Sandra Oh no evento de lançamento de ‘Red- Crescer é uma fera’, novo filme da Pixar
AP Photo/Chris Pizzello
“Todas as garotas menstruam. Então, vamos normalizar e comemorar!”, diz a atriz Sandra Oh, que faz a voz de uma personagem do novo filme da Pixar, Red – Crescer é uma fera, uma animação que fala sobre vergonha, grandes emoções e, sim, a menstruação.
Conhecida pelas séries Killing Eve e Grey’s Anatomy, Oh dubla Ming, a mãe de Mei, uma menina sino-canadense de 13 anos que é a personagem principal. A animação estreou em 11 de março na plataforma de streaming Disney Plus.
“Fiquei muito feliz que houvesse um filme sobre isso”, diz Oh à BBC. “É um assunto sobre o qual não se fala o suficiente, então fazer parte de um filme que fala sobre puberdade é importante para mim.”
A personagem principal, Mei, é inteligente, extrovertida e se dá bem com seus pais, um casal feliz.
A diretora Domee Shi e a dramaturga Julia Cho, corroteiristas do filme, se inspiraram em suas próprias infâncias para criar uma heroína reconhecível e original.
Mei lida muito bem com a pré-adolescência, até que a onda de hormônios a atinge.
De menina a panda
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Reprodução
A corrida hormonal pode nos fazer perder o rumo em algum momento, mas, para o filme infantil, as autoras criaram uma grande metáfora em Mei: sempre que ela se sente sobrecarregada ou algo a deixa desconfortável, ela se transforma em um panda vermelho gigante, uma versão fofa do Incrível Hulk.
Uma manhã, Mei acorda e percebe que se tornou um panda. Ela fica irritada com essa transformação repentina e se esconde no banheiro, um pouco enojada com os novos pêlos no corpo e o cheiro das suas axilas.
Essa metáfora direta tenta mostrar o que as mulheres jovens enfrentam quando chegam as grandes mudanças físicas e mentais que a puberdade acarreta.
Depois de um tempo, sua mãe lhe faz uma pergunta sutil: “A peônia vermelha floresceu?”. A delicadeza termina quando Ming entra no banheiro com uma pilha de absorventes higiênicos e analgésicos.
Rosalie Chang, que interpreta Mei, tinha 12 anos quando começou a gravar e atualmente tem 16. “Passei pela puberdade ao longo deste filme”, explica.
“O filme não pede desculpas por abordar a puberdade. Não tenta esconder, não tenta fazer piada, apenas fala diretamente. É um assunto realmente tabu, mas todo mundo passa por isso”, diz Chang.
A importância de falar sobre a menstruação
‘Red – Crescer é uma Fera’
Divulgação
A Pixar já explorou as emoções de uma jovem na animação Divertidamente (2015) e as tensões entre mãe e filha em Valente (2012), mas Red é a primeira incursão no tema da puberdade – um tema que não surge com muita frequência em filmes de família.
A diretora, Domee Shi, diz que a ideia de falar da menstruação e do constrangimento que as meninas podem sentir estava na cabeça dela “desde o início”. O filme trata do tema com delicadeza e mostra como Mei se sente constrangida principalmente com a reação da mãe.
Shi, que ganhou o Oscar de curta de animação por Bao (2018), coescreveu Red com Julia Cho.
A produtora Lindsey Collins diz que elas avaliaram a recepção do filme nas primeiras projeções que fizeram para outros colegas da Pixar. “Foi uma mistura de risos e choque – a melhor resposta que pudemos obter”, diz ela.
Carolyn Danckaert, fundadora do site A Mighty Girl, que tem conselhos para meninas e pais sobre menstruação, diz à BBC que muitos pais “têm dificuldades para iniciar conversas com seus filhos sobre tópicos como puberdade e menstruação, algo que os pré-adolescentes geralmente acham embaraçoso.”
“No entanto, quando eles assistem a um filme juntos, eles podem usar a experiência do personagem como uma oportunidade para abordar essas questões com um pouco de distância emocional, o que pode deixar as crianças mais à vontade”, diz ela.
Diretora Domee Shi, as atrizes Sandra Oh e Rosalie Chang e a produtora Lindsey Collins do filme ‘Red – Crescer é uma fera’
GettyI Images via BBC
Emma Thompson O’Dowd, especialista em saúde e bem-estar da instituição de caridade global para crianças Plan International UK, chama a inclusão da menstruação no filme de “maravilhosa”.
Sua pesquisa sugere que, “quando as meninas começam a menstruar, mais de dois quintos se sentem ansiosas e um terço se sente envergonhada”.
“Todas as crianças, mas especialmente as meninas, precisam aprender que a menstruação é uma parte saudável e normal da vida. Filmes como Red ajudam a quebrar tabus e criar oportunidades para conversas abertas e honestas.”
Um marco da animação
‘Red – Crescer é uma fera’, novo filme da Pixar, discute o tabu da menstruação
Divulgação/Pixar
Este filme também se destaca como o primeiro filme da Pixar dirigido exclusivamente por uma mulher, com uma equipe principal e um elenco principal femininos.
A Pixar, que foi comprada pela Disney em 2006, ganhou vários prêmios, incluindo 18 Oscars.
Collins diz que a equipe feminina se sentiu muito apoiada pelos executivos, que não se intimidaram com o tema do filme. Ela acrescenta que a equipe ser feminina “nos deu permissão para sermos ousados”.
Red também faz parte do fenômeno de popularidade dos filmes e programas de TV dirigidos por asiáticos. Além da popularidade, é uma questão de visibilidade.
A diretora do filme, que é sino-canadense, fala sobre a importância da representatividade. “Eu não sentia que havia muita representatividade para mim e minha família quando era pequena, eu não via meu reflexo na mídia”, diz.
Sandra Oh, que é asiática-canadense-americana, disse à revista Elle Canadá em 2020 que está “especialmente interessada em papéis que exploram a raça de um personagem”.
“Este é exatamente o projeto que eu estava procurando”, diz ela sobre Red, feliz por agora haver “mais oportunidades de contar histórias que eu não poderia contar no início da minha carreira”.
Relacionamento mãe e filha
A animação também fala sobre mães e filhas de todas as gerações da família de Mei.
Ming quer que sua filha honre suas tradições trabalhando no templo da família e ressente o desejo de Mei de ser uma adolescente típica.
Oh descreve Ming como uma mãe “amorosa e hipervigilante”. “Não conheço ninguém que não tenha um relacionamento complicado com a mãe”, diz ela. “É amor, mas também pode ser difícil.”
Shi acrescenta que havia muitas pessoas na equipe que têm ascendência asiática ou migrantes com “histórias semelhantes, que sentiam essa pressão e tensão com suas mães e pais”.
“Foi muito importante para nós contar essa história cheia de nuances”, diz ela.
“Mei realmente ama sua mãe e quer ser uma boa filha, mas ela está crescendo em um mundo muito diferente do mundo de seus pais.” .

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