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‘A pior pessoa do mundo’, indicado a 2 Oscars, cativa com história de amor e amadurecimento; g1 já viu

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Comédia dramática de Joachim Trier concorre a Melhor Roteiro Original e Melhor Filme Internacional no Oscar 2022. Renate Reinsve ganhou como Melhor Atriz no Festival de Cannes. Chegar aos 30 anos não costuma ser fácil para muita gente, porque começam a surgir pressões sociais ser mais maduro e bem resolvido no trabalho e na vida pessoal, mesmo quando ainda não se sabe direito quem você é.
Esse é o mesmo conflito que vive Julie (Renate Reinsve), a protagonista de “A pior pessoa do mundo”. A comédia dramática, com estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (24), acerta no tom ao tratar de questões (umas levas, outras nem tanto) de quem tem 30 e poucos anos.
Assista ao trailer do filme “A pior pessoa do mundo”
Dividida em 12 capítulos mais um prólogo e um epílogo, a trama mostra que Julie se encontra num mar de incertezas em sua vida. Apesar de boa aluna, decide deixar a faculdade de medicina para se tornar fotógrafa. Depois, ela arruma emprego de atendente numa livraria.
Na parte sentimental, a situação não é muito diferente, porque após vários relacionamentos fracassados, ela se envolve com o escritor e cartunista Aksel (Anders Danielsen Lie), mais velho que ela.
Em fases diferentes da vida, as coisas se complicam quando, após invadir uma festa, Julie conhece Eivind (Herbert Nordrum), e se encanta com o rapaz.
O encontro faz a jovem refletir se deve terminar com Aksel: seu relacionamento começa a cair numa rotina, embora ainda goste do namorado. Mas a vontade de estar com Eivind cresce com o passar do tempo e ela vê uma possibilidade de ter uma nova perspectiva de vida.
Amor que para o tempo
Julie (Renate Reinsve) se envolve com Eivind (Herbert Nordrum) em “A pior pessoa do mundo”
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Há dois grandes méritos que tornam “A pior pessoa do mundo” um filme que cativa do início ao fim. O primeiro está na direção criativa de Joachim Trier, que cria momentos interessantes, ora divertidos, ora intensos, valendo-se de vários recursos narrativos.
O mais marcante deles é a sequência em que a protagonista larga tudo e atravessa a cidade de Oslo (onde a história se passa) para se encontrar com seu novo amor.
Para ilustrar o encantamento dela por essa nova experiência, Trier faz com que tudo e todos ao redor de Julie fiquem parados e só ela aparece em movimento, como se o tempo parasse em nome de seus sentimentos. O efeito é impressionante e cria um tipo de magia que só o bom cinema pode produzir.
Julie (Renate Reinsve) e Aksel (Anders Danielsen Lie) num momento de descontração em “A pior pessoa do mundo”
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Trier (que assina o roteiro ao lado de Eskil Vogt) se destaca ainda com a cena em que a protagonista sente o efeito de um alucinógeno e tem uma espécie de acerto de contas com as pessoas que a magoaram, como o pai e até mesmo Aksel, na forma de uma animação feita a partir dos desenhos que ele faz. A sequência é tensa e impactante.
Mas o filme não impressiona só pelas partes técnicas. O longa se destaca pelos questionamentos que levanta sobre as escolhas que as pessoas fazem na vida e suas consequências. O ótimo texto (indicado a Melhor Roteiro Original) constrói uma protagonista humana demais. Ela acerta e erra em suas decisões e reflete sobre isso, de uma maneira realista. Nada é artificial.
Assim, não é difícil criar uma identidade entre Julie e o expectador, que certamente encontrará diversos pontos em comum com os conflitos da personagem.
Protagonista carismática
Renate Reinsve é o grande destaque do elenco de “A pior pessoa do mundo”
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O segundo mérito que torna “A pior pessoa do mundo” cativante é a excelente atuação de Renate Reinsve como Julie. A atriz mostra incríveis talento e carisma e, sem ela, o filme não teria o mesmo impacto.
Ainda mais porque sua personagem é bastante complexa, por fazer e dizer coisas que podem ser condenáveis por algumas pessoas, como o fato de não querer ser mãe ou de ferir os que a querem bem como seus namorados.
Nas mãos de uma atriz menos preparada, sua personagem poderia gerar antipatia. Mas Renate equilibra bem todos os lados de sua personagem. Ela cria uma cumplicidade com o expectador, que pode até se compadecer com seus questionamentos e com sua eterna busca em encontrar um sentido para a vida.
Renate Reinsve e Herbert Nordrum numa cena de “A pior pessoa do mundo”
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Por seu ótimo trabalho, ela recebeu o prêmio de Melhor Atriz do Festival de Cannes de 2021. O nome dele fez muita falta do nome dela entre as indicadas ao Oscar de Melhor Atriz.
Com uma ótima trilha sonora (incluindo “Waters of March”, versão em inglês de “Águas de Março” de Jobim, interpretada por Art Garfunkel), “A pior pessoa do mundo” disputa o Oscar de Melhor Filme Internacional e surge como a única produção que pode tirar a estatueta do favorito “Drive my car”.
Mesmo que não ganhe, isso não diminui sua excelência como mais um bom exemplo de cinema que merece ser conhecido pelo público brasileiro, ainda mais com um desfecho que fica na memória por um bom tempo.

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