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Fã de Djavan e João Gilberto, Alessia Cara prepara cover de MPB para show no Lollapalooza

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Cantora explica ao g1 como transformou crises de ansiedade e noite de insônia em músicas que estarão no festival em São Paulo. E ela também disse que crianças a chamam de Moana… Alessia Cara ganhou o Grammy de artista revelação em 2018 cantando as angústias de uma jovem de 19 anos. Era essa a idade que ela tinha quando lançou “Here”, com letra sobre estar em uma festa e não se sentir bem com a música, as pessoas, o ambiente…
A cantora canadense transformou uma crise de ansiedade em música e conta que segue fazendo isso: tristezas profundas ou pequenas frustrações viram letras de música. “Sweet Dreams”, por exemplo, é sobre uma noite de insônia.
Essas e outras músicas intensas estarão no primeiro show dela no Brasil, no festival Lollapalooza, neste sábado (26). Mas a música mais inesperada do show será cantada em português, ela adianta ao g1. No YouTube, tem vídeo dela cantando “Flor de Lis” do Djavan e ela já disse ser fã de João Gilberto.
Line-up do Lollapalooza: veja horários
Alessia Cara pela primeira vez no Brasil
Alessia também falou que é chamada de Moana pelas crianças na rua (e, às vezes, finge que é). “How Far I’ll Go”, tema da animação da Disney, também estará no show.
g1 – Você vem dizendo que tem escutado bossa nova e música brasileira, artistas como João Gilberto e Djavan. E eu sei que foram uma influência para você em ‘Bluebird’ e ‘Find my boy’. Como será cantar essas músicas no Brasil?
Alessia Cara – Hmmm, vai ser incrível. Quer dizer, eu fui tão fortemente influenciada, especialmente neste álbum, pela música brasileira, pela cultura brasileira, a instrumentação e tudo mais. Então, vai ser muito legal tocar as músicas no país que me inspirou. Estar nessa parte do mundo… porque eu tenho me envolvido muito, muito fortemente com a música brasileira. Então, estou bem empolgada.
g1 – Tem alguma chance de você cantar uma música em português no Brasil? Seria legal se você fizesse isso, porque seus fãs brasileiros sabem que você canta bem em português…
Alessia Cara – Sim, eu não quero dar spoiler. Mas pode haver alguma coisinha lá para os fãs brasileiros. Tipo, não teria como deixar de fazer isso. Eu, definitivamente, farei algo. Então eu acho que meio que dei um spoiler, né? Mas não vou dizer o que é… [risos]
g1 – Eu tenho ouvido sua música por um tempo, e parece que você é uma artista mais madura agora, mas você tem só 25 anos. Como é ser tão jovem e experiente ao mesmo tempo?
Alessia Cara – As coisas sobre as quais eu escrevo são as mesmas, mas ao mesmo tempo eu me sinto uma artista completamente diferente agora. Também com tanta coisa que aconteceu na minha vida desde que eu fiz meu primeiro álbum, faz quase 10 anos, então é uma fase completamente diferente em que eu estou. Então, sim, eu me sinto como uma versão nova e melhorada.
Alessia Cara com o Grammy de Artista Revelação em 2018
REUTERS/Carlo Allegri
g1 – Desde ‘Here’ você tem sido muito franca, tudo que você canta parece pessoal. E eu queria saber se, no seu processo, tudo que você escreve, pensa, sente pode se tornar uma música? Ou tem filtro?
Alessia Cara – Sim, eu acho que meu processo é de imersão no que eu sinto cada dia e os sentimentos mais fortes são intensos, ou com algo que partiu meu coração, uma tristeza profunda. Ou ansiedade, ou até algo menor, alguma frustração que eu esteja lidando.
“Recentemente, minha música ‘Sweet dream’ escrevi sobre como eu não conseguia dormir uma noite, sabe? Então, eu tentei pegar esses momentos bem específicos da minha rotina, pequenos ou grandes, e o expandi-los e transformá-los em arte de alguma forma.”
Eu acho que esse é o verdadeiro propósito pelo qual passamos por coisas: transformá-las em ferramentas, em vez de deixá-las tomar conta da nossa vida, você só as usa como um poder em vez disso.
g1 – Você gosta de coisas bem ‘old school’. Estou falando sobre como você faz seu café, tira fotos, ouve música usando fones de ouvido com fio… Por que você acha que gosta tanto de coisas desse tipo e como ser esse tipo de pessoa afeta você como artista?
Alessia Cara – Bem… que legal você ter notado isso. Obrigado mesmo por ter notado. Eu acho que nem eu mesma tinha notado isso sobre mim. Mas eu acho que embora eu realmente goste do rumo que o mundo esteja tomando em termos de tecnologia e sei que nós vivemos em um mundo muito diferente do que vivíamos cinco anos atrás… mas tenho um pouco de medo dessa nova onda de tecnologia, do futuro, dessa vida acelerada.
Alessia Cara
Shervin Lainez / Divulgação
Eu tento, no meu dia a dia, pequenas maneiras de manter essa ideia de tradição, uma certa nostalgia. Eu sou uma pessoa muito nostálgica. Eu sou alguém que tem muito medo do futuro e muito medo de não ser capaz de me ater a certos momentos.
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Eu acho que em pequenas coisas como ter meus fones de ouvido com fio, ou usar uma máquina de café tradicional, ou tirar fotos e revelar… isso é a minha maneira de manter um sentimento de nostalgia. Essas coisas vão fugindo da gente muito rapidamente, sabe?
g1 – Shawn Mendes, Ariana Grande, Billie Eilish, você… e muitos outros cantores estão falando cada vez mais sobre saúde mental, depressão, ansiedade… Por que você acha que isso está acontecendo com a música pop?
Alessia Cara – Eu acho ótimo que estejam todos falando disso, porque eu me lembro de quando eu estava lutando contra as minhas dificuldades quando eu era criança e tudo que eu sempre quis foi encontrar alguém que entendesse o que eu estava sentindo. Então, eu procurava músicas para ter algum tipo de senso de conexão, para saber que eu não estava sozinha.
Lollapalooza Chile: veja trecho do show de Alessia Cara (Divulgação / Lolla Chile)
Mas é uma linha tênue a percorrer, porque você não quer glamourizar ou romantizar coisas dolorosas. Você sabe que são coisas muito reais e sabe, por experiência própria, que não são nada românticas. É realmente muito difícil, mundano, sombrio e confuso. Eu tento o meu melhor quando estou escrevendo sobre isso para transformar essa dor em algo bonito e os outros têm que saber que não há problema em sentir essas coisas.
Não é uma coisa divertida, é real e podemos usar isso de um modo mais eficaz para beneficiar outras pessoas. Esse é o jeito que superamos momentos ruins, falando sobre isso e sabendo que não somos os únicos que temos essas experiências. Eu nem sabia se ia melhorar, mas só de saber que outra pessoa estava sentindo o que eu estava sentindo já era conforto suficiente para eu continuar.
g1 – Eu achei engraçado quando você disse que muitas crianças pensam que você é a Moana, por você cantar a música do filme [‘How Far I’ll Go’]. Daí por causa disso, e pelo cabelo, elas pensam que você é ela, ou pelo menos foi inspirada em você. Você tem que dizer a verdade para as crianças, mas elas são só crianças, elas podem começar a chorar… O que você faz?
Alessia Cara – É como ter que dizer às crianças que Papai Noel não existe ou algo assim. Às vezes, quando são bem pequenos, eu deixo pra lá, porque dá para ver como eles estão felizes em me ver. Então, eu falo tipo assim “Sim… eu sou Moana, sou ela”. Mas para as crianças mais velhas, eu tento explicar que eu só sou a dona da voz da música, mas tem uma atriz que a interpreta, e não sou eu.
“Mas é engraçado como muitas crianças pensam que estão se encontrando com a Moana de verdade, mas eu não falo nada se não bem pequenas, porque eu não quero, eu não quero arruinar os sonhos delas. ‘Aham, sou eu’. [Risos]”
g1 – Além dos shows, o que mais você quer fazer aqui no Brasil? Talvez ir até Ipanema, talvez ir em lojas comprar vinis brasileiros?
Alessia Cara – Sim, quero essas duas coisas, claro. Eu definitivamente quero ir para Ipanema e quero ouvir um monte de música. Eu quero ir a lugares que toquem bossa nova, quero comprar vinis para levar para casa. Então, eu quero aproveitar e devorar a cultura do Brasil.

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