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Mulher trans recém-formada em pedagogia é expulsa de casa no Dia do Orgulho LGBTQIA+ em Alagoas

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Paloma Lorrany afirma que família se nega a aceitar sua identidade de gênero. Há menos de uma semana, ela comemorava conclusão da graduação pela Ufal. Paloma Lorrany, mulher trans formada em pedagogia, mira o futuro após ser expulsa de casa
Há menos de uma semana, o g1 contou a história de Paloma Lorrany da Conceição Lima, a primeira mulher trans formada em pedagogia no Campus Sertão da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Após essa comemoração, justamente no Dia do Orgulho LGBTQIA+, na terça-feira (28), Paloma foi expulsa da casa em que mora com a tia, que não aceita sua identidade de gênero.
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O Dia do Orgulho LGBTQIA+ não é exatamente uma data festiva, mas uma celebração do orgulho de ser quem é e da luta por direitos, que faz referência à revolta de Stonewall, em 1969, que despertou o ativismo gay e lançou luz sobre as discussões de gênero e orientação sexual. A expulsão de casa fica marcada na trajetória da pedagoga como mais uma luta a ser vencida.
Aos 42 anos, Paloma mora com a tia em um povoado de Água Branca, cidade do Sertão de Alagoas com cerca de 20 mil habitantes. A mãe faleceu quando ela ainda tinha 18 anos. Durante a graduação, ela precisava se deslocar diariamente para o município vizinho, Delmiro Gouveia, onde fica localizado o campus da Ufal em que estudou. Mas nem esse esforço foi recompensado pela família.
“Ontem, ao chegar em casa, ela falou: ‘Se você quiser viver sua vida, procure um canto onde você poderá andar até nua'”, diz a pedagoga ao ressaltar que a relação com a tia sempre foi marcada pelo preconceito.
“Ela nunca aceitou. Acho que só me dá um prato de comida porque se sente na obrigação mesmo. Eu não posso usar uma saia ou um vestido porque ela não aceita. Só que para sair da casa onde estou morando, tenho que sair para nunca mais voltar. Tenho que ter uma casa para viver minha vida e viver minha profissão de pedagoga”, explica.
Paloma Lorrany, pedagoga se vê como uma mulher empoderada
Arquivo Pessoal
Apesar de a transição de Paloma ter ocorrido há cerca de sete anos, ela disse que a tia e as primas nunca aceitaram a sua identidade de gênero.
“Ela não me chama de Paloma, me chama de Tony. Ela disse que vai morrer e não vai me chamar pelo meu nome. Tanto que em alguns documentos, como o do plano funerário, ela não colocou o meu nome. Nem ela nem as filhas dela me chamam de Paloma. Eu acho que deveriam chamar, porque já vão sete anos de transição”, lamenta.
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Mas o preconceito vivido dentro casa não abalou a determinação da pedagoga e a esperança de viver um futuro melhor, com dignidade, na profissão que escolheu.
“Eu me sinto empoderada, me aceito, e acho que para ser empoderada é preciso que as pessoas se aceitem com elas são. Eu passei a ser essa pessoa visivelmente feminina, com mais aceitação, com mais elogios. Antes mesmo dessa discussão que eu tive com ela, ontem, eu já tinha planos de procurar o meu lugar para viver sozinha, mas depois de ontem eu criei mais coragem para ter um lugar só meu, para viver minha liberdade”, afirma Paloma Lorrany.
Paloma pretende morar agora em Delmiro Gouveia, onde se formou pela Ufal. Lá ela já tem emprego, trabalha como servidora contratada temporária da Escola Municipal de Educação Básica Eliseu Norberto, onde faz a limpeza. O contrato dela é válido até dezembro deste ano, mas já busca nova oportunidade.
“Venho pedindo a pessoas em diversas áreas para que eu possa ser contratada, para poder ter minha renda e viver minha vida. Minha transição me fez ter essa visão de que sou uma mulher empoderada. Com uma visão riquíssima de profissão”, diz a pedagoga.
Professora planeja morar em Delmiro Gouveia, onde é servidora municipal
Arquivo Pessoal
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