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‘Thor: Amor e Trovão’ tem piadas de mais e sentimento de menos; g1 já viu

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Quarto filme do deus nórdico da Marvel, o segundo com o diretor Taika Waititi, perde a mão no humor e ganharia mais se desenvolvesse lado humano. Produção estreia nesta quinta-feira (7). “Thor: Amor e Trovão” é engraçado. Tão engraçado que talvez supere até “Ragnarok” (2017), que conquistou público e crítica com o estilo leve e descontraído do diretor Taika Waititi.
Entre um ritmo alucinante de piadas e clássicos do rock dos anos 1980, no entanto, falta ao quarto filme da Marvel, que estreia nesta quinta-feira (7) no Brasil, outra das maiores características do cineasta: o talento para explorar o lado humano de seus protagonistas. Com sentimento, mas sem sentimentalismo.
Para quem conhece um pouco da carreira do neozelandês, é possível resumir ao falar que “Amor e Trovão” ganharia muito se fosse mais “A incrível aventura de Rick Baker” (2016) ou até “Jojo Rabbit” (2019) do que “O que fazemos nas sombras” (2014) – e se você nunca viu nenhum dos três, vai lá ver estes excelentes filmes agora mesmo. Só vai.
Assista ao trailer de ‘Thor: Amor e trovão’
Não é que a nova aventura do herói seja ruim, longe disso. A grande maioria das piadas funciona, e o ritmo de gracinhas e grandes cenas de ação faz com que as duas horas de duração pareçam muito mais. De uma forma boa.
O problema é que a história pedia mais. Em especial se comparado à última parte do filme, que introduz um dilema real à nova Thor interpretada por Natalie Portman – sim, ela também volta e está, para variar, ótima – e que aproxima o público do coração daqueles personagens super poderosos.
“Amor e Trovão” é bom, sim. Mas, se conseguisse reproduzir o clima de seu final emocionante, poderia ser, com o perdão do trocadilho, divino.
Natalie Portman e Chris Hemsworth em cena de ‘Thor: Amor e Trovão’
Divulgação
Poderosa e Thor
Assim como foi em “Ragnarok”, a sequência se inspira em uma excelente trama recente dos quadrinhos para reapresentar a doutora Jane Foster (Portman).
Relegada a mero interesse romântico nos dois primeiros filmes do herói, ela ganha um novo status como a nova portadora do martelo mágico do protagonista e ganha todos os seus poderes.
Ao lado de um surpreso Thor original (Chris Hemsworth) e da agora rei de Asgard Valquíria (Tessa Thompson), ela tenta impedir que um assassino cósmico (Christian Bale) complete seu plano de matar todos os deuses do universo.
Juntos, o trio, com a ajuda do guerreiro feito de pedra interpretado pelo próprio Waititi, consegue suprir a ausência do vilão/anti-herói Loki (Tom Hiddleston).
Presente nos três filmes anteriores do irmão adotivo, sua ausência pela primeira vez na franquia não é tão gritante – graças em especial à enorme química entre Thompson e Portman, que claramente se diverte com os músculos inéditos durante as cenas de ação e os momentos mais cômicos.
Tessa Thompson e Natalie Portman em cena de ‘Thor: Amor e Trovão’
Divulgação
A quantos filmes e séries eu preciso ter assistido?
Surpreendentemente poucos, considerando o passado recente da editora nos cinemas.
Se “Doutor Estranho no multiverso da loucura” (2022) exigia do espectador um conhecimento quase enciclopédico do MCU para ser totalmente apreciado, com referências a séries, filmes e até desenhos animados que sequer faziam parte da franquia, “Amor e Trovão” tem como maior trunfo uma história mais direta e simples.
Claro, convém ter assistido pelo menos os últimos dois capítulos estrelados por Thor e os “Vingadores” mais recentes, “Guerra Infinita” (2018) e “Ultimato” (2019), mas quem chega agora encontra um bom e divertido resumo dentro da própria trama.
Perda de tempo divina
O roteiro assinado por Waititi e pela estreante no MCU Jennifer Kaytin Robinson (“Alguém especial”) realmente faz um bom trabalho em situar o espectador mais casual dentro da nova aventura.
No entanto, está tão interessado em fazer piadas engraçadinhas e rir dos relacionamentos “quadrinescos” dos protagonistas que se esquece de apresentar riscos verdadeiros.
Christian Bale em cena de ‘Thor: Amor e Trovão’
Divulgação
O personagem de Bale (o Batman da trilogia dirigida por Christopher Nolan) cresce quase exclusivamente graças à força do ator, mas sua ameaça nunca é transmitida totalmente ao público.
Mais cedo ou mais tarde, todos devem se perguntar se o desaparecimento dos egoístas e até cruéis deuses realmente seria tão ruim. E a resposta nunca chega.
Entre tantas piadas, o lado humano da nova Thor, a maior força da história nos quadrinhos, é deixado em segundo plano a maior parte do tempo.
Quando finalmente aparece, já perto do final, eleva tanto o nível do enredo, das atuações e da mensagem do filme, que leva qualquer a pensar em como seria melhor se estivesse presente desde o começo.
O triste é que não é necessariamente por falta de tempo. Lá pela metade, os heróis pegam um desvio forçado que serve apenas para introduzir novos personagens para futuras franquias do MCU, sem qualquer avanço real para a história.
Tempo perdido que poderia ser facilmente dedicado ao aprofundamento das relações dos protagonistas e para explorar discussões que ficam meio corridas no final.
Pom Klementieff, Chris Pratt e Chris Hemsworth em cena de ‘Thor: Amor e Trovão’
Divulgação
O fim
Tudo isso torna “Amor e Trovão” tão frustrante quanto divertido. A pequena decepção pelo menos quase é afogada por uma das melhores partes finais do MCU.
Com uma batalha das mais empolgantes, cheia de emoção e leveza, o filme quase se redime totalmente de seus pecados e abre belas novas possibilidades para o personagem.
Resta aos fãs torcer para que o futuro de Thor nos cinemas siga o equilíbrio emocional deixado por seus últimos momentos de seu quarto filme. Pode ter sido breve, mas a parceria entre Waititi e Hemsworth já mostrou que consegue fazê-lo.
Natalie Portman em cena de ‘Thor: Amor e Trovão’
Divulgação

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