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Vinícius, dupla de João Bosco, fala sobre arrependimento por não ter gravado hit de Henrique e Juliano

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Ao g1, cantor conta que dupla acabou perdendo chance de gravar ‘Mudando de assunto’. Ele também falou sobre show que a dupla fará no retorno da Festa do Peão de Barretos. Vinícius, dupla de João Bosco, fala sobre show de abertura da Festa do Peão de Barretos
A pandemia de coronavírus trouxe uma pausa longa na agenda de shows em 2020 e 2021. Artistas aproveitaram para descansar, outros para investir em novos projetos, como fez a dupla João Bosco e Vinícius. Além de gravar dois álbuns (“Positivo” e “Parceria”), eles finalizaram várias guias.
Guia é o esqueleto da música. É o momento em que ela deixa de ser apenas um poema e ganha acordes e pausas.
Normalmente, a guia tem somente voz e um instrumento base (violão ou piano, por exemplo). Alguns compositores gravam suas próprias guias e enviam para os cantores. Outros apresentam só a letra para que produtores e intérpretes façam a própria guia e possam “sentir a música” antes de gravá-las.
A ideia de João Bosco e Vinícius para a gravação das guias durante a pandemia tinha o objetivo de ocupar o tempo livre deixado pela agenda de shows. Mas também evitava situações como a que aconteceu com “Mudando de Assunto” no passado. Por não terem gravado a guia, a dupla acabou deixando a composição apresentada a eles passar, e a faixa acabou nas mãos de Henrique e Juliano.
“A gente estava naquela maratona, naquela correria, e acabou que não fizemos [guia]”, conta Vinícius ao g1.
“E aí um dia eu estava aqui em casa, de boa, sossegado, sem fazer nada, peguei meu fone, comecei a dar uma pincelada no repertório de inéditas e ouvindo as músicas que a gente já tinha selecionado, comecei a ouvir e aí deu aquele ‘click’: ‘falei: ‘cara, essa música é boa’.”
Vinícius pediu para João Bosco ligar para o compositor, mas o sertanejo soube, então, que a música já tinha dono. “E aí ainda, por ironia do destino, para dar na nossa cara, a música virou música de trabalho”, relembra Vinícius.
E mais do que isso. Lançada em 2015, a música foi a terceira mais tocada nas rádios do país naquele ano, atrás somente de “Escreve aí”, de Luan Santana, e “Suíte 14”, de Henrique e Diego.
No bate-papo com o g1, Vinícius também falou sobre o show de abertura da Festa do Peão de Barretos que a dupla fará junto com Guilherme & Benuto e Clayton & Romário. O evento acontece entre os dias 18 e 28 de agosto, e faz parte do Circuito Sertanejo (veja programação).
João Bosco e Vinícius
Rubens Cerqueira/Divulgação
Apesar de estarem na programação de Barretos, a dupla não deve estar no evento de lançamento da festa, que acontece nesta quarta-feira (13), em São Paulo.
“Estamos numa loucura de shows. Graças a Deus, o mercado voltou aquecido, porque dois anos de paralisação foi osso”, conta Vinícius.
Embora celebrado, o retorno da agenda lotada ainda não está totalmente adaptado para os artistas. Saiba mais na entrevista a seguir com o cantor:
g1 – Para se acostumar com o ritmo de novo de shows é puxado, né?
Vinícius – Eu estava falando até com o Thiaguinho esses dias e ele estava me perguntando: ‘Vinícius, e a voz, como que tá?’.
Falei: ‘Thiaguinho, até a primeira hora e meia de show ainda vai bem, mas quando precisa esticar demais, duas horas a três horas de show, ela dá uma reclamada’.
Ele falou: ‘Eu também, não é fácil, né?’. Cara, a gente ficou muito tempo parado, né? Mas está bem legal. Está surreal o público. Eu estou percebendo que todos os shows estão bem cheios. Acho que o público está realmente retomando e isso foi muito importante. Essa paralisação deu uma oxigenada no público, nas pessoas. Acho que a gente voltou renovado.
g1 – Vocês vão abrir a Festa do Peão de Barretos. Em 2020, a festa foi adiada por causa da pandemia. Em 2021, os shows aconteceram sem público. Então agora vai ser a retomada da festa. Vocês já se apresentaram em Barretos muitas vezes, mas por conta desse retorno após dois anos, terá uma emoção diferente?
Vinícius – É até meio clichê o que eu vou dizer porque a gente sempre fala isso, mas para um cantor sertanejo, pisar dentro da ferradura em Barretos é a mesma coisa de um jogador de futebol jogar dentro do Maracanã.
Se eu não me engano, esse é o nosso décimo segundo ano de Barretos. A gente já viveu experiências incríveis. Já cantamos com Chitãozinho e Xororó e com a orquestra do maestro João Carlos, é zerar a vida.
Mas cada ano é um ano. É um desafio grande. Vai ser a estreia, a retomada. E a gente vai fazer uma captação em DVD lá. Inclusive a gente já está até ensaiando para isso.
A gente enxerga isso como como uma oportunidade para mostrar realmente para as pessoas o que é Barretos também.
Leia também: João Bosco & Vinícius preparam live mais ‘light’ e comentam atrito com Naiara Azevedo
João Bosco e Vinícius durante show em Barretos 2017
Mateus Rigola/G1
g1 – Como vai ser a divisão do repertório para a apresentação em conjunto com Guilherme & Benuto e Clayton & Romário, para que os fãs não fiquem carentes dos hits de vocês?
Vinícius – A concepção do projeto é bem bacana, porque ela remete algo que a gente já fez lá atrás, no começo da nossa carreira, que é aquele lance de barzinho, aquela coisa bem retrô. E os meninos têm essa veia, essa pegada.
Cleiton e Romário é uma dupla que vem do bar, que tem essa experiência, tem essa cancha. Guilherme e Benuto também. Estamos falando de artistas que conhecem um repertório de música sertaneja e que tem já essa experiência, essa vivência.
Então a gente tá pegando músicas, fazendo alguns pot-pourris com músicas de cada artista para poder colocar o máximo de músicas dentro desse repertório. E o restante são músicas de bar, música sertaneja mesmo.
g1 – Nesses 12 anos aí que você comentou que já tocou em Barretos, tem alguma história marcante que possa compartilhar?
Vinícius – Uma história engraçada foi esse dia mesmo do Chitão, que a gente chegou para fazer o show e, dentro do nosso camarim, estava o repertório de show do Chitão.
Eu fiquei apavorado. Falei para o João: “Meu Deus do céu, o que que nós vamos fazer depois desses homens, gente? O que nós estamos fazendo aqui? Só tem sucesso”.
O repertório dos caras era “Chora, me Liga” do começo ao fim.
Foi bizarro, porque a gente chegou no nosso camarim, dei de cara com aquele repertório, e falei: “Misericórdia! Os homens estão no palco cantando, depois é a gente, que que eu tô fazendo aqui?”.
Mas assim, foi muito desafiador, foi muito legal. Chitão, Xororó, para mim, são referência máxima. Além de a gente ter uma amizade muito grande, um respeito monstro por eles, todas as vezes que a gente tem oportunidade de estarmos juntos, eles nos ensinam muito.
Os conselhos, os toques, o papo… é muito bom. Eles sempre nos ensinaram que a participação com um artista com uma nova experiência para uma carreira, para um artista que almeja uma carreira bem grande como a deles, é importante.
Tem muita gente que às vezes opta em não participar, e o Chitão e o Xororó desde o começo sempre frisaram, para mim para o João, que na medida do possível, participar de projetos com outros artistas sempre agrega demais. Acho que é por isso que eu vejo a música de uma forma muito plural.
João Bosco & Vinicius com Yasmin Santos na gravação do show ‘+Positivo+’
Flaney Gonzallez / Divulgação
g1 – Os artistas novos chegam em vocês para pedir conselhos também de carreira? Como que é essa união entre vocês e os que estão chegando agora?
Vinícius – Quando a gente pensou em repaginar nossa discografia [no álbum “Positivo”], a gente já pensou assim: ‘Cara, nós precisamos compartilhar isso com outras pessoas, com outros artistas’. E nada melhor do que compartilhar isso com quem está chegando.
E essa energia nova também é muito importante para mim e pro João. Se for parar para pensar, a gente já fez quase tudo na vida de projeto.
E aí quando você pega essa energia dessa galera que está chegando, esse brilho no olho deles, e você coloca todo mundo junto para cantar, e vem um na sequência do outro e todo mundo querendo mostrar serviço, todo mundo querendo cantar muito, e com um repertório que a gente domina, que são músicas que construíram a nossa vida musical… O resultado disso não podia ser diferente do que foi.
Esse projeto foi muito significativo pra gente, e eu tenho certeza que para quem também participou.
g1 – E vocês produziram dois álbuns na pandemia, né?
Vinícius –
A pandemia, vou te falar uma coisa, financeiramente foi horrível. Acredito que, para todo mundo, para o mercado todo. Mas para mim, para o João, foi muito inspirador. Porque nesses 20 anos, a gente praticamente não teve férias.
A gente costuma até brincar que a gente não corre de trabalho. Sempre fomos muito dedicados à nossa agenda, muito disciplinados. E isso de certa forma nos fez trabalhar muito.
Então quando veio essa paralisação, eu, particularmente, fiquei uns três meses sem pegar violão. Aí começou a me dar aquela saudade. E fazia um certo tempo que isso não acontecia de uma forma espontânea, de uma forma natural.
E aí eu comecei a ligar para os compositores, comecei a conectar a galera. Eu acho que estava até sobrando música, porque esse povo faz música todo dia. E começou a chegar um milhão de músicas.
Aí a gente começou a construir um projeto novo, de inéditas (“Parceria”), que na minha opinião é um dos melhores projetos de repertório da nossa carreira. Foi todo produzido aqui [em casa], porque a gente não podia sair. E como a gente tinha muito tempo, a gente se divertiu.
A gente fez coisas que fazia muito tempo que a gente não fazia. A gente fez guia a milhão. “Ah, a música é mais ou menos”. Vamos testar, vamos cantar, vamos fazer uma guia. Quem sabe a música cresce, quem sabe a música fica boa, né?
A gente já deixou passar tantas músicas que depois se tornaram sucesso na voz de outros artistas por não fazer guia.
João Bosco e Vinícius entre Henrique e Juliano
Reprodução/Instagram
g1 – Você se lembra de alguma música que vocês deixaram passar por não fazer guia e depois viram estourar com outro artista?
Vinícius – Já passaram algumas músicas. Mas uma que a gente não fez guia, e que eu me arrependi muito de não ter feito, foi a “Mudando de assunto”, que Henrique & Juliano gravou.
A gente estava naquela maratona, naquela loucura, e o João mais pentelho: “Cara, vamos fazer guia”. E a gente naquela correria louca, acabou que não fizemos.
E aí um dia eu estava aqui em casa, de boa, sossegado, sem fazer nada, peguei meu fone, comecei a dar uma pincelada no repertório de inéditas e ouvindo as músicas que a gente já tinha selecionado, comecei a ouvir e aí deu aquele ‘click’. Falei: ‘cara, essa música é boa’.
Liguei para o João e falei: ‘João, conversa lá com compositor que é teu amigo, vamos fazer guia, essa música é boa’. Aí o João ligou e ele falou: ‘Cara, já foi. Já tem dono a música’.
E ainda, por ironia do destino, para dar na nossa cara, a música virou música de trabalho. Aí aguenta o João: “Falei que a música era boa, vocês não me dão moral, vocês não me ouvem. Tem que fazer guia.”
Aí agora na pandemia, como tinha muito tempo, eu falei: “João, esse projeto você vai ficar muito feliz. Vamos fazer guia de tudo. Vamos cantar tudo.”
João Bosco & Vinícius fazem live em Ribeirão Preto (SP)
Vinícius Moraes/Divulgação

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