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Emo e pop-punk no Rock in Rio: nova geração abraça o som de Green Day, Avril Lavigne e Fall Out Boy

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Artistas tiveram auge no início do século, entraram em baixa, mas ganharam novo impulso e destaque em festivais; entenda o revival. Rock in Rio tem Avril Lavigne, Green Day, Fall Out Boy, CPM 22. Avril Lavigne, Billie Joe, do Green Day, Pete Wentz, do Fall Out Boy, e Badauí, do CPM 22, estão no Rock in Rio 2022
Divulgação
Se a Cidade do Rock não tivesse ficado vazia entre 2001 e 2011, provavelmente teria shows épicos de artistas emo. O período em que o Rock in Rio não aconteceu no Brasil coincidiu com o auge de astros do emo. Mas, como diz Badauí, do CPM 22, o mundo dá voltas.
Avril Lavigne, Green Day e Fall Out Boy chegam ao festival em uma época de “revival” do emo entre o público jovem. O som do pop-punk e do hardcore emotivo foi redescoberto por uma nova geração.
Avril Lavigne relembra suas voltas de skate e suas vindas ao Brasil
O dia 9 de setembro ganhou o apelido de “dia emo” do festival, com os três artistas estrangeiros no line-up. O CPM 22, ícone brasileiro do estilo, toca um dia antes no festival.
VEJA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA DO ROCK IN RIO 2022
Mas como é que os emos voltaram ao topo? O podcast g1 ouviu explicou esse retorno – tem a ver com nostalgia e inovação no TikTok e com parcerias com o hip-hop. Isso impulsionou os antigos e novos ídolos do emo e de seu estilo irmão, o pop-punk.
O termo pop-punk carrega uma contradição interna: o pop bonzinho junto do punk revoltado. A origem está nos anos 70, ainda no início do punk, quando bandas como Buzzcocks levavam aquela raiva para um lado mais romântico e adolescente. Por baixo do som áspero tinha uma canção redondinha.
Mas o termo ficou bem importante e virou fenômeno comercial nos anos 90. Depois do grunge, no mundo pós-Nirvana, o que todo mundo queria era esse som com alma alternativa e tino popular. O pop-punk do Offspring e do Green Day era perfeito para isso.
Foi só o começo de uma era de ouro que durou 15 anos. Em 1999, veio a explosão do Blink-182. Era um pop-punk moleque que tinha na bateria um cara chamado Travis Barker. Ele viria a ser fundamental na geração 2021.
Emo-pop
Matt Skiba, Travis Barker e Mark Hoppus, do Blink 182, posam para fotos no Grammy
Jordan Strauss/Invision/AP
Para engrossar a boa fase daquela época, veio a onda emo. O estilo surgiu na cena de hardcore de Washington, nos Estados Unidos, com músicas super barulhentas e sofridas. Foi ficando mais acessível no início dos anos 2000 e gerou o emo-pop – que dá para chamar também de pop-punk.
Vieram bandas fortes como Fall Out Boy, My Chemical Romance, Panic! at the Disco, Paramore… Não demorou para aparecerem, no Brasil, bandas como Fresno, CPM22 e Hateen.
Fresno no VMB
Daigo Oliva / G1
Mas, lá para 2009, essa fórmula estava mais que desgastada. E o rock em geral já estava perdendo para o rap o gosto do público adolescente. Foi aí que o pop-punk quase sumiu.
As bandas maiores até mantiveram o fã-clube e variaram o som, como o Green Day ou o Paramore – e, por aqui, a Fresno. Mas, para o público geral, o estilo era coisa do passado.
Travis onipresente
Mesmo assim, muita gente continuou bem ativa, como o já citado Travis Barker. O Blink 182 já estava em baixa e ele tinha feito reality show e quase morreu de acidente de avião – parecia um rockstar em queda livre. Mas ele começou a fazer muitas parcerias na eletrônica e no rap.
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Travis sacou que os DJs e MCs faziam um som que o antigo público do pop punk queria ouvir. O que tinha sobrado do espírito emo estava no rap.
O emo rap revelou MCs muito novos que juntavam o hip hop ao romantismo fatalista do emo. Pena que a tragédia não estava só nas letras, e os maiores ídolos morreram cedo: o Juice Wrld e o Lil Peep aos 21 anos e o Xxxtentación aos 20.
Os rappers XXXTENTACION e Lil Peep
Divulgação
Travis Barker tocou em uma das faixas do disco póstumo do Xxxtentación, “Skins”, e remixou uma parceria póstuma dele com Lil Peep, “Falling Down”.
Esse rap feito com jeito de pop-punk continuou sendo feito – e o Travis estava sempre na área. Ele produziu, por exemplo, o rapper Trippie Red e o cantor punk Mod Sun, que virou parceiro de uma musa da geração pop-punk anterior: Avril Lavigne.
Mod Sun e Avril Lavigne
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Mas o grande fenômeno do estilo no fim de 2020 – produzido por Travis Barker – foi Machine Gun Kelly. Ele ficou conhecido nos Estados Unidos como rapper meio bad boy que fazia sucesso e não era muito original. Mas com o disco “Tickets to my downfall” ele deu uma virada emo.
Se já rolava o rap com alma emo, o Machine Gun Kelly faz pop punk com jeitão imponente de rapper. Seu álbum, que virou nº1 nos EUA, é um grande encontro da nova geração. Todo mundo que importa da turma está lá, como o cantor britânico Yungblud e o americano Iann Dior.
Machine Gun Kelly
Divulgação
Desafios nostálgicos
Mas a volta do pop-punk não é só na voz dos cantores e MCs novos e antenados no rap. As bandas do início dos anos 2000 também ganharam força com ajuda do TikTok. “Dear Maria, count me in”, uma música de 2008 do All Time Low, foi uma das músicas que ressurgiram em vídeos virais nostálgicos.
Outro “challenge” (os “desafios” virais no TikTok) se espalhou com “I’m just a kid”, do Simple Plan, de 2002. A tarefa era reencenar fotos de família antigas e foi encarada por anônimos saudosos do emo e celebridades como o ator Will Smith.
All Time Low
Divulgação/Facebook/Álbum do grupo
Com tanta vitrine pro pop punk no app, agora despontam “tiktokers” que viraram cantores do estilo, como jxdn, LilHuddy e Nessa Barret.
De carona na guitarra
Vários artistas, mesmo que não sigam só esse estilo, entram na onda. Dá para ouvir pop-punk no som da cantora pop Halsey, da rapper Rico Nasty e até no meio do reggaeton do Bad Bunny.
Outra que embarcou foi a Willow, filha do Will Smith – talvez por ter visto o tal vídeo do pai com trilha de Simple Plan. O produtor de “Transparentsoul”, single pop-punk de Willow, é, claro, Travis Barker.
É nesse grupo dos adeptos parciais que entra Olivia Rodrigo. O disco dela vai bem além disso, mas, principalmente em “Good 4 U”, tem pop punk de primeira. A música lembra tanto “Misery business”, do ícone emo-pop Paramore, que Olivia acabou dando crédito de composição a eles.
O produtor não é Travis Barker (surpresa!), mas Dan Nigro também veio de uma banda de rock, chamada As Tall as Lions, antes de virar produtor. A banda surgiu na cena emo de Long Island, em Nova York, e fazia um indie rock emotivo.
Dan tem 39 anos e já produziu também gente como a Sky Ferrera e Carly Rae Jepsen. Ele conheceu Olivia pelo Instagram, sugeriu a parceria que levou a versão 2021 do pop-punk finalmente ao topo.

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