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Caio Blat estreia como cineasta e diz que filme sobre debate político é ‘defesa da verdade’

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Ao g1, ele celebra lançamento no mesmo ano de ‘Medida Provisória’ e ‘Mariguella’: ‘É a minha geração de atores se transformando em diretores para dar resposta extremamente política’. Caio Blat estreia como diretor e fala sobre filme ‘O Debate’
Caio Blat fez sua estreia como cineasta em “O Debate”. O filme, lançado nesta quinta-feira (25), é baseado no livro homônimo de Jorge Furtado e Guel Arraes.
Os dois foram os responsáveis por convocar Caio para a função que ele já queria exercer há tempos.
“Eu sempre tive um interesse total no set, de entender a posição de câmera, de entender o processo todo do filme, não só o meu personagem. E tenho um prazer muito grande de dirigir os atores”, conta Caio ao g1.
“É uma coisa que eu tenho um prazer enorme por fazer e já há alguns anos que eu venho batalhando para dirigir.”
Antes, ele dirigiu peças, e um episódio do especial “Amor e Sorte” com a esposa Luisa Arraes.
Caio Blat estreia com diretor em “O Debate”
Divulgação
‘Desafio grande e prazeroso’
Para a estreia na direção de filmes, Caio estava “cercado de grandes artistas”, como ele diz. Além dos roteiristas, Guel e Jorge, ele contou com a orientação da produtora Flávia Lacerda, e dos atores Paulo Betti e a Débora Bloch, que interpretam o casal de protagonistas.
No filme, a separação da apresentadora e do editor-chefe, casados por 17 anos, atravessa por todo o roteiro em discussões acirradas do ex-casal sobre diversos pontos ideológicos. Os embates envolvem temas do debate político, narrado no filme, entre um presidente e um ex-presidente às vésperas das eleições.
Mas as divergências entre Paula e Marcos extrapolam a política e envolvem assuntos como monogamia, sexo, desejo, ciúme e liberdade.
“É um filme difícil, é um filme que tem quase o tempo todo um debate político, e eu tinha um desafio ali de construir um pouco a história afetiva do casal, o passado daquele casal, fazer a gente se envolver com ele, tornar um filme gostoso, fluido, diversificado, e no meio de tanta informação política.”
“Então, acho que era um desafio bastante grande e muito prazeroso, e muito urgente, porque a gente precisava fazer alguma coisa sobre a situação do país sabe?”, afirma.
Caio se diz muito “orgulhoso e emocionado” por ver que “O debate” estreia no ano em que Lázaro Ramos e Wagner Moura lançaram, respectivamente, “Medida provisória” e “Marighella”.
“É a minha geração de atores se transformando em diretores para dar uma resposta extremamente política. São três filmes extremamente políticos, engajados, para dar uma resposta ao que está acontecendo no país nesse momento. Acho muito legal.”
‘Cinema ao vivo’
Caio Blat dirige Paulo Betti e Débora Bloch em “O Debate”
Divulgação
Caio explica que “O debate” foi filmado em julho e lançado em agosto sobre um evento que acontece em outubro. “Ou seja, é um filme que tem a pretensão de interferir no debate da realidade enquanto ela está acontecendo.”
O ator revelou ainda que, durante as gravações, ele e Paulo Betti tiveram Covid-19, e que a equipe trabalhou em um “esquema de urgência”.
“Todo mundo trabalhou dobrado, virou as noites, trabalhou devido ao engajamento. Acho que todo mundo acreditou que esse filme era necessário, urgente. E com isso a gente conseguiu um feito que é muito notável.”
O roteiro, que já era bastante atual, ainda contou com algumas inserções de notícias que aconteciam ao longo das gravações, criando uma espécie de “cinema ao vivo”.
Algumas das falas inseridas foram sobre a defesa das urnas nas eleições e o caso da Juíza de Santa Catarina, que impediu uma menina de 11 anos estuprada de fazer um aborto.
“Normalmente a gente usa o cinema para refletir sobre o passado. É a primeira vez que a gente faz um filme enquanto as coisas estão acontecendo.”
“Então, de manhã, eu ligava pro Jorge e falava: ‘Jorge, hoje uma juíza tentou convencer uma menina de 10 anos a ter um filho. Olha até onde o fundamentalismo pode ser violento, já existe a lei do aborto, essa menina corre risco de vida’. E o filme fala sobre isso, então a gente precisa incluir essa informação no filme.”
“E assim a gente ia reescrevendo o filme diariamente, até o momento que ele estava sendo editado. É um filme que tem realmente uma costura, um reflexo, é um espelho direto da realidade.”
Ator mediador
Caio Blat dirige Paulo Betti e Débora Bloch em “O Debate”
Ricardo Brajterman/Divulgação
Além de dirigir, Caio Blat também atua no filme e aparece como o mediador do debate entre os presidenciáveis.
Ele, que se diz um “apaixonado pelo amor e pela política”, garante que não conseguiria assumir o posto de seu personagem na vida real. “De jeito nenhum. Jamais conseguiria. Acho que eu ia me exaltar, discutir, não ia conseguir.”
“O jornalismo realmente é uma profissão muito nobre, muito difícil. Você tem que pensar em todos os setores dos leitores, e todos os espectros da sociedade. Você tem que lidar com todas as opiniões divergentes, buscar um texto que reflita todos os lados. Realmente é muito difícil”, analisa o ator.
Não é só sobre política
Caio Blat na direção de “O Debate”
Divulgação
Além de conquistar o sonho na direção, Caio atingiu outra meta com “O debate”: “Sempre quis fazer filme de amor”.
“Eu acredito que o grande tema além da política é o amor. A gente conseguiu, nesse filme, unir as duas coisas de forma totalmente indissociável.”
“Cada escolha amorosa, política da relação, reflete nas escolhas deles no trabalho. A forma como eles decidem se separar, mantendo a cordialidade, o diálogo, continuando a trabalhar juntos… Eu acho que realmente é um filme que fala sobre uma utopia de diálogo e de capacidade de ouvir o outro lado.”
“É um convite pra gente retomar as conversas com afeto. A única coisa que vai romper com essa polarização e essa agressão dos ambos os lados é o afeto.”
“É possível discordar de quem você ama sem romper. Essa aqui é a ideia principal do filme.”

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