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Tulipa Ruiz precisa fechar a cortina do passado para voltar a expandir a discografia autoral

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Há sete anos sem apresentar álbum com repertório inteiramente inédito, artista lança remixes das músicas do primeiro disco e faz show com orquestra para festejar dez anos da edição do segundo. Tulipa Ruiz lança o álbum ‘Efêmera remix’
Kendy Higashi / Divulgação / Reprodução Facebook Tulipa Ruiz
♪ ANÁLISE – Há dez anos, no embalo da edição do segundo álbum, Tudo tanto (2012), disco ainda mais potente do que o primeiro, Efêmera (2010), Tulipa Ruiz percorreu o Brasil com show que encheu casas e teatros além do circuito Rio-São Paulo.
Passada uma década, a impressão que se tem é a de que a artista paulistana ainda continua presa a esse passado de glória, fazendo sucessivas revisões precoces desses dois discos. Dois acontecimentos quase simultâneos reforçam a sensação, aliados ao fato de que o quarto álbum da cantora e compositora, Tu (2017), ter saído há cinco anos com algumas releituras autorais entre músicas inéditas.
O primeiro foi o lançamento na noite de quinta-feira, 25 de agosto, do álbum audiovisual Efêmera remix, filmado na Casa Modernista, na cidade de São Paulo (SP), em novembro de 2020, em plena pandemia. A artista arregimentou 13 nomes – além do irmão Gustavo Ruiz, produtor do álbum original de 2010 – para darem nova forma a músicas como Só sei dançar com você (BaianaSystem), Pedrinho (alvo de remixes de Kassin e de Indrha), Brocal dourado (Pupillo) e Efêmera (Stéphane San Juan & Laurent Griffon).
O segundo acontecimento é a releitura do álbum Tudo tanto em show com a Orquestra Sinfônica Heliópolis, do Instituto Baccarelli, sob a regência do maestro Edilson Ventureli. As apresentações estão agendadas para sábado e domingo, 3 e 4 de outubro, do palco do teatro do Sesc Vila Marina, na cidade de São Paulo (SP).
Capa do álbum ‘Efêmera remix’, de Tulipa Ruiz
Reprodução
Em que pese o valor artístico desses projetos revisionistas (o disco Tu, por exemplo, é bom), causa estranheza o fato de uma cantora e compositora tão relevante estar tão voltada para o passado como se tivesse 30 ou 40 anos de trajetória pública na música, quando, a rigor, Tulipa tem somente 12 anos de carreira fonográfica.
Saudada pela mídia musical como a sensação de 2010 por conta de Efêmera, álbum que revelou artista de canto luminoso e dona de repertório autoral com sintaxe própria, Tulipa Ruiz confirmou a excelência da voz e a originalidade sedutora do cancioneiro no disco seguinte Tudo tanto.
Foi a partir do terceiro álbum – Dancê (2015), disco de menor fôlego autoral, que gerou show no qual a cantora pareceu não ter virado a página cênica do impactante show anterior Tudo tanto – que a carreira de Tulipa começou a perder o viço inicial.
Já são sete anos sem um álbum com repertório inteiramente inédito – tempo demais para uma das melhores cantoras e compositoras da cena musical dos anos 2010. Tempo que passou a ser ocupado com revisões precoces.
E não deve ser por falta de inspiração. Banho (2018), música ofertada para Elza Soares (1930 – 2022) incluir no álbum Deus é mulher (2018), mostrou compositora em forma – assim como Gravidade zero (2019), parceria com João Donato que se destacou no single duplo que juntou a cantora com o pianista há três anos.
Por isso mesmo, já passa da hora de Tulipa Ruiz fechar a cortina do passado para voltar a desenvolver uma discografia ainda associada aos álbuns Efêmera e Tudo tanto.

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