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Canto vivo de Alaíde Costa pulsa na intensidade de álbum com arranjos e piano de Gilson Peranzzetta

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Idealizado por Geraldo Rocha, o disco ‘Harmonias que soam e ressoam’ é lançado somente no formato de CD com repertório que inclui músicas de Ivan Lins, Johnny Alf, Gilberto Gil e Tom Jobim. Capa do álbum ‘Harmonias que soam e ressoam’, de Alaíde Costa
Arte de Elifas Andreato
Resenha de álbum
Título: Harmonias que soam e ressoam
Artista: Alaíde Costa
Edição: Edição independente
Cotação: ★ ★ ★ ★
♪ Há três particularidades a respeito do mais recente álbum de Alaíde Costa, Harmonias que soam e ressoam, lançado de forma independente, sem vínculo com qualquer selo.
A primeira é que, em contraponto da tônica do mercado fonográfico, o disco está sendo lançado somente em CD, sem data por ora para ganhar edição digital.
A segunda é que, embora Harmonias que soam e ressoam suceda o álbum O que meus calos dizem sobre mim (2022) na cronologia fonográfica da cantora carioca, o disco foi gravado em abril de 2017 no estúdio carioca Cia. dos Técnicos, sob direção artística de Geraldo Rocha, com exceção da abordagem de Dindi (Antonio Carlos Jobim e Aloysio de Oliveira, 1959), faixa captada posteriormente com o toque do violão de Toninho Horta.
A terceira é que, embora o lançamento do disco seja oficialmente neste mês de janeiro de 2023, já houve pré-lançamento em evento em Belo Horizonte (MG) em dezembro de 2022, mês em que algumas cópias do CD começaram a circular extraoficialmente.
Feitas as devidas contextualizações, é justo atestar que Harmonias que soam e ressoam é mais um grande disco de Alaíde Costa, cantora de 87 anos.
“Quem canta refresca a alma / Cantar adoça o sofrer / Quem canta zomba da morte / Cantar ajuda a viver / Quem canta seu mal espanta / Eu canto pra não morrer”, pontua a cantora ao abrir o disco a capella, dando voz à Introdução (Antonio Carlos Jobim a partir de texto de Érico Veríssimo, 1985).
Como mostram as outras dez faixas do álbum, Alaíde Costa está bem viva. A refinada musicalidade do álbum Harmonias que soam e ressoam deve ser creditada tanto ao canto da artista quanto ao piano e aos arranjos de Gilson Peranzzetta, maestro do disco.
Cantora e pianista se afinam na atmosfera esfumaçada de A noite (Ivan Lins e Vitor Martins, 1979) e na lembrança de Melodia sentimental (Heitor Villa-Lobos, 1958, com letra de Dora Vasconcelos), esta feita com a adesão do baixista Rodrigo Villas.
Contudo, o sopro climático do trompete de José Arimatéa também sobressai ao longo do disco, criando a devida ambiência para o canto de Se eu quiser falar com Deus (Gilberto Gil, 1980) – em gravação arranjada por Geraldo Rocha e conduzida pelo violão de Gabriel de Aquino – e de Coisa nº 1 (Moacir Santos e Clóvis de Mello, 1963), tema levado por Alaíde nos vocalizes, assim como Setembro (Ivan Lins, Vitor Martins e Gilson Peranzzetta, 1991), em atestados da grandeza e sofisticação do canto da artista.
Com capa que expõe arte criada por Elifas Andreato (1946 – 2022), Harmonias que soam e ressoam é álbum que transita entre a recorrente intensidade de refinadas canções sentimentais – casos de Eu te amo (Antonio Carlos Jobim e Chico Buarque, 1980) e Medo de amar (Vinicius de Moraes, 1958) – e a eventual atmosfera jazzy que aclimata, por exemplo, Escuta (Johnny Alf, 1953), faixa embalada pelo baixo acústico de Rodrigo Villas.
Batizado com tema composto por Gilson Peranzzetta e Nelson Valência em homenagem à artista, o álbum Harmonias que soam e ressoam resulta grande como o canto vivo de Alaíde Costa.

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