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Cantora de ‘Suddenly I See’ pensou que viraria rockstar, mas viveu crise pós-hit: ‘Tudo deu errado’

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Divórcio, morte do pai e fracasso de vendas dos discos seguintes fizeram KT Tunstall repensar a vida e quase desistir da carreira. Série ‘Quando eu hitei’ tem artistas que sumiram. Quando eu hitei: KT Tunstall relembra crise pós-hit e ‘premonições’
A escocesa Kate Victoria Tunstall tem 47 anos e alguns hits pop rock: um deles você certamente já ouviu. Em 2006, “Suddenly I See” foi trilha da novela “Belíssima” e do filme “O diabo veste Prada”. Mesmo assim, nos últimos anos, KT Tunstall pensou em desistir da carreira de cantora.
“Houve momentos em que eu fiquei tipo: ‘Uau, eu não sei se eu quero mais fazer isso’. Eu não estava ganhando muito dinheiro com turnês e os discos não rendiam dinheiro nenhum”, conta ela ao g1 (veja entrevista no vídeo acima).
“Eu ficava olhando para meus amigos, em empregos bem mais normais em que iam para casa todas as noites e tinham fins de semana com as famílias e ótimos relacionamentos. Eles podiam ir a casamentos e funerais e bar mitzvahs e festas e eu nunca podia ir a nada, porque eu estava sempre em turnê. Eu comecei a pensar: ‘Hmmmm… isso não era nada bom’.”
Na série “Quando eu hitei”, artistas do pop relembram como foi o auge e contam como estão agora. São nomes que você talvez não se lembre, mas quando ouve a música pensa “aaaah, isso tocou muito”. Leia mais textos da série e veja vídeos ao final desta reportagem.
KT Tunstall
Divulgação/Tom Oxley
Após o sucesso do primeiro álbum, perto de completar 20 anos, ela só tinha uma coisa na cabeça. “Eu pensava ‘Ah, eu serei uma rockstar, terei uma casa grande, um carrão e tudo será demais’. E adivinhe? Não foi demais, tudo deu errado.”
KT foi casada com o baterista Luke Bullen, ex-integrante de sua banda, entre 2008 e 2013. Meses antes, o pai dela havia morrido. “Dei uma pausa depois deste grande baque pessoal. Isso me redefiniu e estou feliz por tudo isso ter acontecido, porque fui capaz de entender que a música não é uma competição. Se você ganha a sua vida como músico, você está indo muito bem.”
‘Mãe’ do Ed Sheeran?
KT Tunstall
Divulgação/Piper Ferguson
KT começou a carreira em 2000, tocando na rua e em barzinhos em Londres. Foi nessa época que ela se apaixonou por um pedal de efeitos, do mesmo modelo que usa até hoje em shows… Ela grava e reproduz os sons que faz, tudo ao vivo e na hora do show, sobrepondo camadas.
“Mudou minha vida, né?”, reconhece. “Já tinha visto as pessoas usando pedal, mas eu nunca tinha visto ninguém bater a guitarra com o punho… Então, essa era eu, foi a primeira vez que eu acho que a maioria das pessoas viu isso.” Com fórmula parecida, um certo ruivo inglês bateu o recorde de turnê mais lucrativa de todos os tempos. “Eu conto uma piada no palco falando que Ed Sheeran sabe que eu sou a verdadeira mãe dele.”
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Entre 2004 e 2010, KT tocou em festivais pela Europa e veio ao Brasil para shows. Em todos os shows, a mais pedida era “Suddenly I See”. Ainda é. “Amo ver todo mundo feliz lembrando da vida em 2004, ouvindo essa música. Estou feliz por ter escrito uma música positiva. Se eu tivesse que cantar ‘Nothing Compares 2 U’ em todos os shows e ficar tipo chorando, seria muito difícil.”
“É um grande problema para se ter”, resume, arqueando levemente os ombros. “Tenho uma música que me faz poder ir a qualquer lugar do mundo. E as pessoas sabem a letra dela. Esse é o sonho de qualquer artista, que você veja uma multidão de pessoas cantando a sua música. Então, eu nunca poderia me sentir triste em ter que tocar essa música.”
A chegada da crise
KT Tunstall em 2004 e em foto recente
Divulgação/Site da cantora
Logo depois do único megassucesso, começou a enfrentar a tal crise. Na vida e na carreira. Os maiores hits ainda são os do primeiro álbum, “Eye to the Telescope”. O segundo e o terceiro discos não venderam tanto. Como ela se sentiu?
“Não me perguntam isso com frequência e acho que é porque as pessoas têm medo de fazer essa pergunta, porque é difícil para o seu ego quando você tem um álbum enorme que vendeu seis milhões de cópias. Meu segundo vendeu mais de um milhão e a gravadora disse que foi um fracasso. Se essa tivesse sido a venda do meu primeiro disco, teria sido um grande sucesso.”
Ela diz que só depois do quarto disco conseguiu “deixar tudo isso pra lá”. “Tive uma reviravolta pessoal… com meu pai morrendo, eu me divorciando. Resolvi vender tudo que eu tinha e me mudei de continente, porque não estava feliz. E parte do motivo de não estar feliz era porque sentia que ainda estava fazendo música boa. E era uma luta, era difícil fazer as rádios tocarem, fazer os fãs ouvirem, tocar na TV. E assim é a vida. É competitiva.”
KT Tunstall em foto da capa do álbum ‘Eye to the Telescope’, de 2004
Divulgação/Sony Music
A cantora, claro, ainda vive de música. Mesmo tendo perdido a audição do ouvido direito, após sofrer com zumbidos, continua compondo e cantando. Hoje, prepara o último álbum de uma trilogia, com discos sobre alma, corpo e mente. Não quer escrever canções só sobre amor e casais, como antes. Nos últimos anos, tem se dedicado a outros assuntos, como a morte, tratada em “Carried”.
“Você não vai morrer onde quer ser enterrado. Alguém tem que te levar até lá e é a última jornada que você vai fazer. Quem vai te levar? Escrevi essa música sobre o peso que outra pessoa precisa carregar por você. Dois meses depois, eu estava literalmente carregando as cinzas do meu pai numa mochila, em um trem!”
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Outra música premonitória, “Lost” foi lançada três anos antes. “Eu ainda estava com meu ex. A música era sobre esse relacionamento, mas eu não percebi. As músicas têm o hábito de fazer isso: você escreve sobre algo que você acha que é uma pequena história e uns anos depois você percebe que estava escrevendo sobre algo muito maior”. Era “como se a alma estivesse se impondo ao cérebro”.
Drama com final feliz
KT Tunstall na fase do álbum ‘Kin’, de 2016
Divulgação/Sony Music
Além das agitadas “Black Horse and the Cherry Tree” e “Suddenly I See”, uma balada rdo primeiro disco tocou bastante. “Other side of the world” foi feita para uma amiga. Ela estava namorando um conhecido só que morava nos Estados Unidos e ele no Reino Unido.
“Eles vieram para Londres para passar férias e estavam hospedados no meu apartamento e decidiram se separar no meu apartamento. Que drama! E eu fiquei falando: ‘Vocês só estão fazendo isso, porque sabem que vão ganhar uma música’. E foi o que eles fizeram. Enfim, hoje eles estão casados e com três filhos. Então, eu preciso escrever uma sequência muito feliz dessa música.”
KT Tunstall em 2013
Divulgação
Enquanto “Other side of the world” parte 2 não vem, KT Tunstall tem se dedicado a trilhas sonoras. Ela compôs as músicas do filme “Chasing Wonders” (2020), com a atriz espanhola Paz Vega. Ela gostou da experiência e agora está trabalhando em um musical baseado no filme “O Barato de Grace”, sobre uma jardineira viúva que cultiva e vende maconha para pagar dívidas.
Hoje, ela vive em uma casa em Topanga, cidade de 8 mil pessoas cheia de natureza e montanhas, na região de Los Angeles. “Eu basicamente vivo como um eremita em uma casa na árvore. E aí em turnê é completamente diferente”, explica.
“Eu estou falando com você de um hotel, com uma arte bacana aí atrás”, comenta, virando a cabeça para um imenso quadro emoldurado. “Eu gosto disso. Você conhece pessoas diferentes, você vê coisas diferentes. É tão louco quantas pessoas a gente conhece todos os dias, e eu não acho que o cérebro humano foi feito para conhecer tanta gente quanto a gente conhece. Eu não consigo me lembrar de ninguém.”
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