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131 pessoas trans foram assassinadas em 2022, aponta associação

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Total ficou abaixo de 2021, mas acima da média da série histórica, iniciada em 2008. Ministro dos Direitos Humanos diz que governo tem o compromisso de mudar essa realidade. Antra entrega dossiê que retrata violência contra população trans aos ministros Silvio Almeida e Anielle Franco
Valter Campanato/Agência Brasil
O Brasil teve 131 pessoas trans assassinadas em 2022, uma média de 11 por mês, segundo relatório anual da Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra). As vítimas foram 130 mulheres trans/travestis e 1 homem trans.
A mais jovem tinha 15 anos e foi brutalmente morta: Ester foi encontrada decapitada e com um dedo decepado em Natal, em outubro. Ela era de Olinda, Pernambuco. Um homem de 26 anos confessou o crime, segundo a polícia, mas responderá em liberdade.
O número de assassinatos em 2022 ficou abaixo dos 140 contabilizados no ano anterior, mas acima da média da série histórica iniciada em 2008, que é de 121 mortes por ano. A série inclui dados contabilizados pelo Grupo Gay da Bahia, até 2016, e pela Antra, que começou a produzir um dossiê dos assassinatos em 2017.
A Antra explicou que o número de assassinatos pode ser maior porque não existem dados oficiais sobre a violência contra essa população no Brasil. Pelo 14º ano, o país continua sendo o que mais mata pessoas trans no mundo.
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Anderson Cattai e Kayan Albertin/G1
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O documento, divulgado pouco antes do Dia Nacional da Visibilidade Trans, que é no próximo domingo (29), foi entregue aos ministros dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, e da Igualdade Racial, Anielle Franco, em evento na tarde desta quinta (26), em Brasília.
“É possível construir um país com esses números que a gente viu agora? É possível construir alguma coisa que se chama nação suportando assassinatos de pessoas apenas porque elas são como elas são?”, questionou Silvio Almeida.
“Se nós não formos capazes, se não tivermos a decência de mudar essa situação, nós nunca seremos um país e nós não mereceremos ser um país. Então, é um compromisso deste governo, que é um governo decente, e de todo e qualquer governo decente, mudar a realidade estampada nesse relatório.”
“A gente quer fazer um pacto de que nós, junto com vocês, vamos transformar essa secretaria em ações e entregas importantes para essa população e importante para sociedade brasileira”, completou a secretária de Direitos da População LGBTQIA+, Symmy Larrat, que é uma travesti.
Pernambuco tem mais mortes
O Brasil seguiu em primeiro no ranking dos assassinatos de pessoas trans em 2022 elaborado pela ONG Transgender Europe, que monitora 171 nações. Depois vieram México e os Estados Unidos. Ao todo, 327 mortes foram contabilizadas em todo o mundo.
Entre os estados brasileiros, a maioria dos crimes (13) aconteceu em Pernambuco, seguido por São Paulo e Ceará, com 11 casos. Do total dos casos onde foi possível determinar o local do crime, 64% ocorreram em cidades do interior dos estados.
O perfil das vítimas segue o mesmo: a maioria é mulher trans/travesti, negra e que vive da prostituição. E a maioria (65%) foi morta com requintes de crueldade, assim como Ester, de 15 anos, em Natal.
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“Apesar das variações numéricas, no contexto geral não houve qualquer mudança significativa em relação à violência e à subalternização social que pessoas trans ocupam”, diz o dossiê produzido por Bruna Benevides, secretária de articulação política da Antra.
“E estas continuam enfrentando os piores índices de violência e violações de direitos humanos quando comparadas a qualquer outro grupo que enfrenta sistemáticas violências vindas do estado.”
O dossiê da associação também chamou a atenção para 20 casos de suicídio, sendo 13 de travestis/mulheres trans, 6 de homens trans/transmasculinos e 1 de pessoas não binária.

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