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Pedro Altério, integrante do grupo 5 a Seco, faz a própria festa com ‘a voz de dentro’ no álbum solo ‘De cara limpa’

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Revelado no atualmente inativo quinteto paulistano, o artista mergulha em universo particular com as onze canções do primeiro disco individual, produzido por Tó Brandileone. Capa do álbum ‘De cara limpa’, de Pedro Altério
Lorena Dini
Resenha de álbum
Título: De cara limpa
Artista: Pedro Altério
Edição: Lemon Music / Believe
Cotação: ★ ★ ★
♪ “A minha festa sou eu”, sublinha Pedro Altério no verso final de Miudinho, parceria de Altério com João Cavalcanti que integra o repertório do primeiro álbum solo de Altério, cantor e compositor projetado nos anos 2010 como um dos integrantes do por ora inativo grupo paulistano 5 a Seco.
Intitulado De cara limpa, o disco aporta amanhã, 10 de fevereiro, com onze músicas orquestradas com produção musical de Tó Brandileone, outra voz do quinteto que entrou em recesso em 2019.
Com “a voz de dentro” mencionada na letra de outra canção do repertório autoral do álbum, Mistério do som (Pedro Altério e Paulo Novaes), o artista esboça universo particular em De cara limpa.
Se Miudinho se escora no baticum percussivo de Brandileone, Mistério do som se desvenda quase como um mantra, em sintonia com o tom interiorizado de Dentro um sonho, faixa climática que abre o disco com arranjo baseado nos teclados do polivalente Tó Brandileone, músico que – além de ter produzido, mixado e masterizado o álbum – pilota todos os instrumentos do disco De cara limpa, com exceção do violão e/ou da guitarra tocados pelo próprio Pedro Altério e da eventual bateria de Gabriel Altério.
Dentro um sonho é parceria do dono do disco com Pedro Viáfora, com quem Altério formou o duo Pedros após o hiato do 5 a Seco. O duo lançou há três anos o EP Movimento (2020), espécie de embrião deste primeiro disco solo de Altério.
Se o poder de sedução das canções oscila ao longo das 11 faixas, o acabamento sonoro do disco se revela invariavelmente bom e valoriza De cara limpa. As vozes postas por Altério e Brandileone em Tempo ao tempo (Pedro Altério e Pedro Viáfora), por exemplo, surtem belo efeito vocal que contribui para a evocação da leveza feita por essa faixa pop folk, conduzida pela levada serelepe do violão de aço de Altério.
Pedro Altério lança o primeiro álbum solo, ‘De cara limpa’, na sexta-feira, 10 de fevereiro
Lorena Dini / Divulgação
Pedro Altério e Tó Brandileone são parceiros nas canções Era pra ser e Mentira, esta formatada com a colaboração de Joe Chiccarelli na produção musical.
Mesmo quando busca leveza ou insinua extroversão mais pop, como na batida roqueira de Clamor (Pedro Altério e Paulo Novaes), como em Oxalá (Pedro Altério e Vinicius Calderoni) e como em Grão de areia (Pedro Altério e Pedro Novaes), uma interiorização quase melancólica se entranha persistente no disco.
Essa melancolia poética se afina com a boa lembrança de A idade do céu (La edad del cielo – Jorge Drexler, 1999, em versão em português de Paulinho Moska, 2003) no único desvio do trilho autoral em que caminha o disco.
De cara limpa é álbum que pede tempo ao tempo em um mundo próprio no qual Altério abre espaço para a cantora e compositora portuguesa Maro, convidada e parceira do anfitrião em Shame on me, única canção em inglês do repertório.
Mergulhado na voz de dentro, em movimentado traduzido pela bela foto de Lorena Dini exposta na capa do álbum, Altério emerge de cara limpa e de peito aberto nessa série de canções mais ou menos envolventes de um disco solo feito aparentemente sem grandes expectativas comerciais e com a consciência de que ele, Pedro Altério, pode fazer sozinho a própria festa.

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