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Dan Ferreira pede bênçãos e passagem com o primeiro álbum, ‘Ilá’, entre rap, samba e ijexá

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Conhecido como ator de novelas como ‘Segundo sol’ e ‘Amor de mãe’, artista baiano se lança como cantor com disco em que assina as dez músicas. Dan Ferreira na gravação do álbum ‘Ilá’, disco com dez faixas formatadas com produção musical de Gabriel Marinho
Daniel Lobo / making of do disco
♪ É com o toque do berimbau que Dan Ferreira inicia o primeiro álbum, Ilá, em rotação desde 9 de fevereiro. Manuseado pelo próprio Dan, o instrumento situa o ator, cantor e compositor soteropolitano na Bahia natal, mas logo uma batida de rap embasa a afro-brasilidade dessa faixa inicial, Pra começar.
Nos versos do rap, o artista menciona Clementina de Jesus (1901 – 1987), Elza Soares (1930 – 2022) e Milton Nascimento, o Bituca, referendando a negritude da música preta brasileira e, por extensão, o samba, cuja cadência também está embutida na gravação da faixa.
Pra começar sintetiza os caminhos percorridos por Dan Ferreira ao longo das dez faixas autorais deste primeiro álbum, anunciado em 2 de fevereiro quando o cantor pôs em órbita o single com o rap humanista Saturno.
O álbum Ilá é posto no mundo digital pelo selo Mondé Musical com distribuição feita via Believe. Criada pelo artista plástico Robinho Santana, a imagem do menino exposta na capa de Ilá sinaliza que, na base do álbum, estão as referências e influências amealhadas por Dan ao longo dos 31 anos de vida.
Ator escolhido para dar vida ao pioneiro pilar Alfredo da Rocha Vianna Filho (1897 – 1973) na cinebiografia Pixinguinha – Um homem carinhoso (2021) e a Gilberto Gil no ainda inédito filme Meu nome é Gal (2023), previsto para estrear em setembro, Dan Ferreira se apresenta como cantor com Ilá após ter ganhado projeção nacional como ator em novelas da Globo como Geração Brasil (2014), A lei do amor (2016), Segundo sol (2021) e Amor de mãe (2019 / 2021).
Capa do álbum ‘Ilá’, de Dan Ferreira
Arte de Robinho Santana
Gravado nos estúdios Casa da Música e Ofá, com produção musical de Gabriel Marinho (também responsável pela mixagem e criador dos arranjos em função dividida com Alexandre Seabra, Marcus Homem e Caio Brandão), o álbum Ilá costura os caminhos de Dan através da prosódia do rap, mas com todas as referências afro-brasileiras entranhadas na Bahia de todos os santos e orixás.
Se Dois de dezembro traz a voz da cantora baiana Larissa Luz, Marias é faixa embasada por levada percussiva que evoca a batida do samba-reggae. Já Rainha evolui na cadência do ijexá com discurso (inicialmente) falado e com a adesão vocal de Enjoyce – no canto que remete aos rituais do Candomblé – até cair no refrão cantado.
Já Coroa e Fogo tangenciam os padrões do rap, sendo que Fogo é aceso com as cordas (bem) orquestradas por Alexandre Primo e com citação de Gente (Caetano Veloso, 1977) no verso “Gente é pra brilhar”.
Faixa-bilíngue, Don’t come back mixa o R&B / soul norte-americanos no canto dos versos em inglês cantados por Jéssica Elen com a sintaxe do rap na parte da letra interpretada por Dan em bom português. A percussão de Robertinho Silva é a cereja desse bolo macio.
“Não compare a sua vida com o feed dos outros / Internet é só ansiedade”, alerta Dan em versos de Faz, outro rap de Ilá, álbum encerrado na bonita cadência do samba Bênção, levado pelo violão e o cavaco tocados por Marcus Homem.
O samba flagra Dan, o eterno menino eternizado na imagem da capa de Robinho Santana, pedindo benção e licença aos ascendentes e aos ancestrais. “Viver é simples, mas é para quem tem a manha”, conclui Dan Ferreira no arremate de Ilá, álbum com que também pede passagem no mundo da música.
No dicionário do Candomblé, ilá significa uma voz, um sinal da presença de um orixá no ambiente terreno. No dicionário da música, Ilá é o disco que dá voz a Dan Ferreira entre batidas de rap, samba e ijexá.

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