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Isaurinha Garcia, cantora que faria 100 anos hoje, está na história da música brasileira pela voz personalíssima

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Intérprete original do sucesso ‘Mensagem’ caia bem no suingue do samba, cantava choro com leveza e sabia fazer o drama do repertório folhetinesco da era do rádio. Isaura Garcia (1923 – 1993), cantora paulistana morta há 30 anos, se torna centenária neste domingo, 26 de fevereiro de 2023
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♪ MEMÓRIA – Isaura Garcia (26 de fevereiro de 1923 – 30 de agosto de 1993) poderia estar festejando hoje 100 anos se não tivesse morrido há três décadas, aos 70 anos, vítima de edema pulmonar.
Quando morreu, Isaurinha Garcia – como era conhecida essa cantora paulistana da era do rádio – já estava fora de cena, esquecida pela indústria da música.
Hoje são poucos os que vão lembrar dessa intérprete imortalizada com o epiteto de A Personalíssima pela forma singular com que dava voz a sambas e a sambas-canção com o sotaque de quem se criou no Brás, italianíssimo bairro de São Paulo (SP), cidade natal da artista, de onde Isaura quase nunca se afastou, embora tenha atuado muito em palcos do Rio de Janeiro (RJ) e viajado pelo Brasil no apogeu da trajetória artística.
Talvez haja quem lembre que foi Isaurinha a cantora que amplificou Mensagem (Cícero Nunes e Aldo Cabral, 1946), o samba-canção dos versos “Quando o carteiro chegou / E o meu nome gritou / Com uma carta na mão…”. Mensagem conquistou o Brasil há 77 anos na gravação original de Isaurinha e reverberou décadas depois na voz teatral de Maria Bethânia, quando muitos já desconheciam o legado da cantora paulistana de vida folhetinesca.
Sim, fora dos palcos, Isaurinha viveu melodramas como o de Mensagem, seja quando fugiu de casa para poder tentar a sorte na música, seja quando amargou duras sofrências por conta de amores doídos. O casamento com o organista e arranjador pernambucano Walter Wanderley (1932 – 1986), por exemplo, gerou embates conjugais dignos dos dramas das novelas da era do rádio.
Voz da Rádio Record, que a contratou em 1938 após a cantora debutante vencer concurso com a interpretação do samba Camisa listrada (Assis Valente, 1938) que ecoava a referencial Carmen Miranda (1909 – 1955), a cantora transitou entre os auditórios das rádios, os estúdios de gravação e eventualmente até os sets cinematográficos, tendo soltado a voz no filme Caídos do céu (1946).
Embora a discografia de Isaurinha, iniciada em 1941, tenha fica marcada pelo estouro de Mensagem, a cantora emplacou sucessos como Aperto de mão (Augusto Mesquita, Jaime Florence e Horondino Silva, 1943), O sorriso de Paulinho (Mário Rossi e Gastão Viana, 1943), Edredon vermelho (Herivelto Martins, 1946) e De conversa em conversa (Lúcio Alves e Haroldo Barbosa, 1947), samba lançado na voz versátil da cantora.
Isaurinha Garcia sabia cair no suingue do samba, era brilhante quando contagiada pela febre do baião e dava voz a choros com a devida leveza e balanço.
Contudo, como muitas cantoras da era do rádio, também sabia fazer drama ao encarar o repertório geralmente folhetinesco da fase pré-Bossa Nova. A propósito, a união com Walter Wanderley, músico associado à bossa e grande amor da vida da artista, aproximou Isaurinha do cancioneiro da turma do amor, do sorriso e da flor.
Ainda assim, Isaurinha Garcia nunca deixou de ser… Isaurinha Garcia, A Personalíssima, cantora centenária a partir de hoje, mas desde sempre na história da música brasileira.

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