♪ ANÁLISE – Entre as mudanças do Grammy Latino anunciadas ontem pela Academia Latina de Gravação para já entrarem em vigor na premiação deste ano de 2023, a mais importante é a criação de área dedicada exclusivamente ao compositor.
Na premiação da 24ª edição, agendada para novembro, o Grammy Latino vai laurear pela primeira vez o Melhor compositor do ano. Para poder concorrer nesta nova categoria, o compositor precisa ter um mínimo de seis canções recém-compostas, nas quais esteja creditado como autor ou coautor (no caso de parcerias), e não como intérpretes, produtores musicais ou engenheiros.
Ou seja, a categoria vai reconhecer e premiar a excelência da escrita de músicas, a arte do compositor que exerce fora dos holofotes a profissão de criar canções para serem gravadas por outros artistas, inclusive por parceiros que são cantores.
A criação desse prêmio específico é importante porque, em geral, compositores que não são cantores costumam ser esquecidos nas premiações e, comumente, têm a existência ignorada pelo público. É o caso, para citar um entre milhares de exemplos, do compositor baiano José Carlos Capinan, importante parceiro letrista de compositores cantores como Jards Macalé e Gilberto Gil.
A criação de categoria de natureza específica, idealizada para premiar os que exercem somente a arte de fazer música, contribuirá para dar visibilidade a um profissional que nunca aparece. Mas que merece aparecer porque, embora a música esteja sendo criada de forma cada vez mais sintética e industrial, a criação orgânica de uma canção ainda é peça importante na engrenagem que movimenta o mercado da música.
E por falar em música produzida em escala industrial, a criação da categoria Melhor interpretação de música urbana em língua portuguesa está entre as mudanças e alterações do Grammy Latino. Os fonogramas desta categoria podem incluir um mix de estilos urbanos com outros gêneros musicais desde que o caráter urbano predomine na gravação.
