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‘Mamma Mia!’ é musical feliz de Möeller & Botelho que enreda pela leveza e o poder das canções do ABBA

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Em cartaz no Rio de Janeiro, com temporada estendida até 30 de abril, o espetáculo expõe o brilho de Maria Brasil, jovem atriz de elenco que inclui André Dias, Claudia Netto, Gottsha e Maria Clara Gueiros. Maria Clara Gueiros (à esquerda), Claudia Netto e Gottsha vivem três irmãs na montagem carioca do musical ‘Mamma Mia!’
Caio Gallucci / Divulgação
Resenha de musical de teatro
Título: Mamma Mia!
Concepção da montagem brasileira: Charles Möeller & Claudio Botelho
Direção, cenário e figurinos: Charles Möeller
Versão brasileira: Claudio Botelho
Direção musical: Marcelo Castro
Elenco: Claudia Netto (Donna Sheridan), Gottsha (Rosie), Maria Clara Gueiros (Tanya), Maria Brasil (Sophie Sheridan), Diego Montez (Sky), André Dias (Harry Bright), Renato Rabelo (Bill Austin) e Sérgio Menezes (Sam Carmichael), entre outros atores.
Local: Teatro Multiplan (Rio de Janeiro, RJ)
Cotação: ★ ★ ★ ★
♪ Musical em cartaz no Rio de Janeiro (RJ) até 30 de abril – de quinta-feira a domingo – e com estreia em São Paulo (SP) prevista para julho.
♪ Em cena no Rio de Janeiro (RJ) desde 2 de fevereiro, em temporada já estendida até 30 de abril diante da alta procura de ingressos, a montagem de Mamma Mia! concebida por Charles Möeller & Claudio Botelho – dupla referencial no teatro musical brasileiro – enreda mais do que o filme de 2008 estrelado por Meryl Streep na pele de Donna Sheridan, personagem que cabe a Claudia Netto no palco do Teatro Multiplan.
As matérias-primas da peça e do filme são as mesmas, pois ambos se baseiam no texto folhetinesco escrito pela britânica Catherine Johnson com inspiração nas músicas do ABBA, grupo sueco que conquistou o universo pop entre 1974 e 1982 a reboque do cancioneiro dos compositores Benny Andersson e Björn Ulvaeus.
Só que a trama resulta bem mais fluente no palco – onde Mamma Mia! estreou em 1999, em Londres – do que na tela. Com assinatura própria, Möeller & Botelho conceberam um espetáculo pautado pela leveza em que tudo parece azul da cor do mar das ilhas gregas – tom predominante no cenário idílico de Möeller – mas com o tempero brasileiro da versão da dupla.
Aliás, para se deixar contagiar pelo musical, é preciso primeiramente se acostumar a ouvir as músicas do ABBA em português. No palco, o idioma das canções, vertidas por Botelho, soa inusitado nos primeiros números musicais, mas, superada a estranheza inicial, Mamma Mia! decola rapidamente e pousa feliz após duas horas.
A propósito, após o arremate da trama, o pocket show feito pelo elenco – puxado pelas vozes potentes de Claudia Netto e Gottsha – com versões originais em inglês de músicas como Waterloo (1974) e Dancing queen (1976) realça o espírito festivo da montagem, valorizada por elenco afinado.
Maria Brasil mostra vocação para estrela ao interpretar Sophie Sheridan no musical ‘Mamma Mia!’, em cartaz no Teatro Multiplan
Caio Gallucci / Divulgação
Até por cantar bem, Maria Brasil mostra vocação para ser estrela na pele de Sophie Sheridan, a jovem filha de Donna que, às vésperas do casamento, resolve investigar a identidade do pai entre três possíveis candidatos interpretados com desenvoltura por André Dias (Harry Bright), Renato Rabelo (Bill Austin) e Sérgio Menezes (Sam Carmichael). Maria brilha em todas as cenas.
Veterana dos espetáculos de Möeller & Botelho, Claudia Netto é a mãe livre do jugo do patriarcado masculino que tenta incutir na filha ideais feministas dentro do limite suave do texto. Como cantora, Claudia sobressai com a interpretação mais densa da balada The winner takes it all (1980), um dos últimos hits blockbusters do ABBA antes da dissolução motivada por crises conjugais dos dois casais do quarteto.
O solo da atriz honra a força dessa canção sobre separação em momento bissexto em Mamma Mia!, musical repleto de números coletivos e coreografados – como Money, money, money (1976) – que abafam por vezes as habilidades vocais do elenco, como as de Gottsha, escalada para dar voz e vida a Rosie, uma das duas irmãs de Donna. A outra irmã, Tanya, garante o riso pelo registro cômico de Maria Clara Gueiros, atriz menos vocacionada para o canto do que as colegas de elenco.
Mas tudo é ou busca a festa nessa encenação fiel ao tom da música do ABBA, grupo eternizado por cancioneiro de sentimentalismo explicitado em Chiquitita (1979) e por vezes ofuscado pelo irresistível apelo pop das músicas criadas com toques celtas.
Diante do poder da música do ABBA, até as pautas feministas do texto original de Catherine Johnson se diluem na encenação. E mal nenhum há isso.
Mamma Mia! é musical feliz justamente por ser direcionado para um público que quer sair feliz do teatro, com as músicas do ABBA na cabeça, sem pensar muito. Esse banho de felicidade nas ilhas gregas explica as sessões sempre lotadas e a prorrogação de temporada que ainda deve ir muito além do previsto por ora.
O ator André Dias é um dos destaques do elenco do musical ‘Mamma Mia!’ em cartaz no Rio de Janeiro de quinta-feira a domingo, até 30 de abril
Caio Gallucci / Divulgação

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