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Michael Sullivan faz a festa no show ‘Ivanilton’ entre músicas inéditas, hits infantis e ‘sofrência total’ das baladas com Paulo Massadas

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Fagner, Alice Caymmi, Roberta Campos e Anayle Sullivan participam de apresentação que reiterou a grandeza do compositor que dominou as paradas nos anos 1980. Michael Sullivan canta os maiores sucessos da era ‘Sullivan & Massadas’ no show ‘Ivanilton’, apresentado na noite de ontem, 22 de março
Marcelo Castello Branco / Divulgação
Resenha de show
Título: Ivanilton
Artista: Michael Sullivan – com participações de Alice Caymmi, Anayle Sullivan, Raimundo Fagner e Roberta Campos
Local: Teatro XP (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 22 de março de 2023
Cotação: ★ ★ ★ ½
♪ “Sofrência total”, gracejou Michael Sullivan no palco do Teatro XP após Fagner cantar a balada Deslizes (1987) – um dos muitos hits radiofônicos com a assinatura de Michael Sullivan e Paulo Massadas, compositores que se tornaram donatários de boa parte das paradas de sucessos dos anos 1980, década dominada na música brasileira pela intensa produção da dupla, pela explosão do rock brasileiro e pelo apogeu do pagode carioca.
O gracejo foi feito antes de o próprio Sullivan cantar outra pérola já vintage da sofrência, Abandonada (1996), parceria com Paulo Sérgio Valle amplificada na voz passional de Fafá de Belém. Na noite de ontem, 22 de março, Sullivan estreou no Rio de Janeiro (RJ) o show Ivanilton, nome do álbum que está sendo lançado na noite de hoje, 23, com repertório inédito gravado com produção musical de Alice Caymmi.
Alice Caymmi canta o blues ‘Coisa à toa’ com Michael Sullivan no show ‘Ivanilton’
Marcelo Castello Branco / Divulgação
Aliás, a artista foi uma das convidadas do show feito também com intervenções de Roberta Campos, Fagner e Anayle Sullivan, mulher do anfitrião.
Com a voz cheia de soul, em forma diante dos 73 anos completados em 9 de março, Sullivan fez a festa em apresentação que simbolizou espécie de acerto de contas com os sonhos de Ivanilton de Souza Lima, o jovem pernambucano que desembarcou nas ruas da cidade do Rio de Janeiro na década de 1960 em busca de um lugar ao sol, alcançado já com o nome artístico de Michael Sullivan, a partir do estouro da canção em inglês My life (1976) na trilha sonora da novela O casarão (Globo, 1976).
Fagner extrai o riso cúmplice de Michael Sullivan ao participar do show ‘Ivanilton’
Marcelo Castello Branco / Divulgação
Falante e emocionado no palco do Teatro XP, Sullivan apresentou músicas inéditas do álbum Ivanilton – nas vozes de Alice Caymmi, Fagner e Roberta Campos – e reviveu os principais hits da era Sullivan & Massadas em roteiro aberto com citação de Versos na parede, parceria com Juliano Holanda que integra o repertório do disco Ivanilton.
A apresentação em sequência, durante duas horas, de músicas como Leva (1984), Nem um toque (1986), Talismã (1989), Estranha loucura (1987), Me dê motivo (1983), Retratos e canções (1986) e Amor perfeito (1986) reiterou a habilidade extraordinária de Sullivan & Massadas – muitas vezes minimizada pelos críticos musicais por puro preconceito – para fazer canções aliciantes que, com linguagem simples, tocam as pessoas por falarem “a voz do coração”, como ressaltou Alice Caymmi. Só que Sullivan foi além de Massadas. Quem há de negar a beleza atemporal de Dois (1996), balada composta por Sullivan com Paulo Ricardo em momento posterior?
Das músicas inéditas do álbum Ivanilton, a espessa Tempestade – parceria de Sullivan com Juliano Holanda apresentada na voz de Fagner – sobressaiu no roteiro ao lado de Loucura me pega, parceria de Sullivan com Marília Bessy bem defendida por Alice Caymmi em número solo.
Roberta Campos sofre com problemas técnicos ao dividir o palco com Michael Sullivan no show ‘Ivanilton’
Marcelo Castello Branco / Divulgação
Prejudicada por problemas técnicos, Roberta Campos se mostrou tensa em cena e rendeu pouco no canto de Onde eu for – parceria inédita de Sullivan com Celso Fonseca – e tampouco evidenciou a fluência de Um sonho a dois (Michael Sullivan e Paulo Massadas, 1986), sucesso de Joanna.
No set com Fagner, os ajustes técnicos geraram mais risos do que tensão pelas intervenções espirituosas do cantor cearense, amigo de Sullivan, que caiu no riso com as tiradas de Fagner. Com a voz em forma, já em tons mais graves, Fagner apresentou inédito acalanto de autoria própria e acertou o tom tristonho da já mencionada Tempestade após se mostrar inseguro com a lembrança de Desfez de mim (Michael Sullivan e Paulo Massadas, 1989), balada cantada por sugestão de Sullivan.
Coube a Anayle Sullivan fazer o solo de maior voltagem emocional da noite ao dar voz a Como nossos pais (Belchior, 1976) com segurança, merecendo os aplausos entusiásticos da plateia.
No bis, um medley com sucessos de Sullivan & Massadas no universo infantil – Lua de cristal (1990), É de chocolate (1984), Uni-duni-tê (1985) e He-Man (1986) – sublinhou o espírito festivo do show.
Encerrada ao som de Whisky a go go (Sullivan & Massadas, 1984), sucesso dançante do grupo Roupa Nova com alusões aos ritmos dos anos 1960, a festa feita por Michael Sullivan no show Ivanilton foi boa até para expor a grandeza desse compositor popular.
Anayle Sullivan sobressai no show ‘Ivanilton’ ao cantar ‘Como nossos pais’ (Belchior, 1976)
Marcelo Castello Branco / Divulgação

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