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‘O urso do pó branco’ provoca mais risos do que sustos e desperdiça seu potencial; g1 já viu

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Filme baseado em história real é dedicado a Ray Liotta, que morreu após filmagens. Longa dirigido por Elizabeth Banks, de ‘As Panteras’, derrapa quando destaca dramas pessoais dos personagens. A premissa de “O urso do pó branco”, filme que estreia nesta quinta-feira (30) no Brasil, é uma das mais irresistíveis que surgiram no cinema pop recente. Ele é inspirado numa história inusitada ocorrida em 1985 envolvendo drogas, corrupção, dinheiro e um urso. Tinha potencial enorme para ser uma das experiências mais divertidas e tensas nos cinemas.
É uma pena que o filme não consiga alcançar tudo o que poderia, limitando-se a ser um passatempo corriqueiro, que faz rir e dá alguns sustos.
Assista ao trailer do filme “O urso do pó branco”
A trama começa quando o traficante Andrew Thornton (Matthew Rhys, da série “The Americans”), dentro de um avião cheio de cocaína, resolve se livrar de um flagrante da polícia e joga a carga fora, na esperança de recuperá-la depois. A droga acaba espalhada por uma floresta no estado americano da Geórgia, para desespero de seu chefe, Syd (Ray Liotta, de “Os bons companheiros”, 1990).
O criminoso resolve convocar um de seus comparsas, Daveed (O’Shea Jackson Jr.) com seu filho, Eddie (Alden Ehrenreich, de “Han Solo: uma história Star Wars”, 2018). A ideia é conseguir recuperar a droga na floresta e diminuir o prejuízo.
Um urso preto encontra os pacotes da cocaína e acaba comendo seu conteúdo. Por causa disso, o animal passa a ter um comportamento alucinado e violento, em busca de mais pó, atacando quem encontra pelo caminho.
Sobra para todos: bandidos, guardas florestais, policiais, montanhistas e uma mãe (Keri Russell, também de “The Americans”) em busca da filha perdida na floresta. além de Suki , uma mãe que está em busca da filha (Brooklynn Prince, de “Projeto Flórida”, 2017) e de um amigo dela, Henry (Christian Convery). Eles estão perdidos na floresta.
Ursinho nada carinhoso
Sari (Keri Russell) tenta escapar de um animal enlouquecido em ‘O urso do pó branco’
Divulgação
A primeira metade de “O urso do pó branco” é boa, com equilíbrio entre terror e humor, graças ao roteiro de Jimmy Warden. São piadas e situações ácidas e politicamente incorretas emendadas em apenas 95 minutos de filme.
As cenas mostrando o ataque do urso são bem construídas (apesar da computação gráfica ser insuficiente em alguns momentos), tensas e sanguinolentas. O mérito é da diretora Elizabeth Banks, que faz um trabalho bem melhor do que o de “As Panteras” (2019).
Outro ponto a destacar é a trilha assinada por Mark Mothersbaugh (“Thor: Ragnarok”, 2017). Repleta de sintetizadores, a música ajuda a evocar o clima anos 1980 e deixa a experiência ainda mais divertida.
Barato cortado
Cena do filme ‘O urso do pó branco’
Divulgação
Só que a segunda metade de “O urso do pó branco” não mostra o fôlego do início. Algumas piadas passam a não funcionar e a ironia fica mais contida. Dá a impressão de que a diretora e seu roteirista tiveram medo de ir mais além.
O longa passa a não investir mais nos ataques do urso, mas sim nas questões envolvendo os personagens humanos. Porém, essa escolha se mostra equivocada pelo fato de que os “dramas” são pouco profundos. É difícil pensar em alguém que se importe com questões que nada tem a ver com o tal urso do título do filme.
Animal viciado em drogas ataca pessoas no filme ‘O urso do pó branco’
Divulgação
Dá até vontade de torcer para que o urso apareça logo e acabe com todas aquelas historinhas desnecessárias. Outro problema está no desfecho: quase não dá para ver o que está acontecendo. Embora Banks tenha mostrado competência para desenvolver cenas de tensão e suspense, ainda se mostra fraca para conduzir sequências de ação.
Já o elenco não tem grandes destaques, embora Alden Ehrenreich e O’Shea Jackson Jr. chamem a atenção na relação entre os seus personagens, mesmo que o roteiro oscile entre bons diálogos e outros nem tanto.
O filme se beneficia da participação de Ray Liotta, que sabia fazer bem personagens com caráter duvidoso. O ator morreu pouco depois de concluir as filmagens e o filme é dedicado a ele.
“O urso do pó branco” poderia ser um dos destaques do cinema em 2023, com uma história bem original. Poderia também satisfazer fãs de um bom thriller envolvendo animais, como o clássico “Tubarão”, de Steven Spielberg. Mas acabou reduzido a um simples e curto passatempo
Syd (Ray Liotta, com uma arma na mão) lidera grupo para resgatar drogas em ‘O urso do pó branco’
Divulgação

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